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Família controladora da Hapvida aumenta participação após empresa perder R$ 7 bilhões

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Os acionistas controladores da Hapvida estão aumentando suas participações na operadora de saúde após resultados fracos provocarem a pior queda das ações da empresa desde sua abertura de capital em 2018.

A família do CEO da Hapvida, Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima, controladora da companhia, comprou cerca de R$ 250 milhões em ações. É o que afirmou uma pessoa familiarizada com o assunto à Bloomberg. A própria empresa adquiriu outros R$ 500 milhões em ações, disse a mesma fonte, que pediu anonimato por não se tratar de informação pública.

Um porta-voz que representa tanto a companhia quanto a família não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Estimativas abaixo do esperado

As compras ocorreram após a Hapvida divulgar resultados do terceiro trimestre que decepcionaram os investidores, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficando cerca de 11% abaixo da média das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg.

As ações da Hapvida caíram mais de 40% na quinta-feira, sua maior queda já registrada, o que eliminou cerca de R$ 7 bilhões em valor de mercado.

Revisões para baixo

Os números trouxeram uma série de revisões para baixo de analistas. O BTG Pactual reduziu em 20% a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2026 e revisou o preço-alvo do grupo de saúde para R$ 50 para o próximo ano, de uma projeção anterior de R$ 67. Já o JP Morgan cortou o preço-alvo para R$ 39 ante R$ 52 e rebaixou a recomendação para neutra. O Goldman Sachs, por sua vez, ressaltou que o Ebitda ficou 27% abaixo do consenso do mercado.

Há a percepção entre as casas de análise que os custos fixos ficaram mais altos que o previsto após a abertura de unidades hospitalares e ambulatoriais. Ao longo dos últimos meses a Hapvida vem executando o maior investimento de sua história: R$ 2 bilhões até 2026 para erguer dez hospitais em sete capitais, além de clínicas, laboratórios e unidades de pronto atendimento próprias.

Além disso, existe um fator pontual: também houve uma maior frequência de utilização que se somou a vendas mais fracas entre junho e setembro.

O fator que sintetiza a piora dos números é o fluxo de caixa livre negativo. Houve uma queima de caixa de R$ 51 milhões. O número acendeu um sinal de alerta entre os analistas, porque funciona como um termômetro do impacto das aquisições feitas pela rede.

Outros números do período reforçam as preocupações. A operadora de saúde apresentou uma dívida líquida de R$ 4,25 bilhões no fim do terceiro trimestre, com alta de 3,7% em relação ao mesmo período de 2024.

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Já a sinistralidade caixa alcançou 75,2%, aumento de 1,3 ponto percentual comparado ao segundo trimestre, acima do consenso do mercado que esperava alta de 0,8 ponto.

O Ebitda ajustado recorrente alcançou R$ 613 milhões, uma queda trimestral de 20%. O resultado ficou bem abaixo da média das projeções de analistas que colocavam a linha em R$ 778,5 milhões.

O BTG Pactual considerou os resultados como “muito fracos”. Na opinião da casa, os dados mostram haver riscos em relação à tese de crescimento do grupo. Há uma combinação de fatores desfavoráveis que pesam sobre as perspectivas da companhia, como índice de sinistralidade veio acima do esperado, fluxo de caixa livre e crescimento orgânico menores que o esperado, além de um aumento de despesas em geral.

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