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Fortunas de bilionários dos IPOs encolhem em meio à volatilidade do mercado

Entre os casos mais impactados estão Bob Pender, Dylan Field e Chris Ruddy, cujas fortunas despencaram após euforia inicial

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O retorno há muito aguardado dos IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês) deste ano criou 21 novos bilionários, mas o que veio depois das estreias impressionantes de muitas empresas foi, muitas vezes, uma história bem diferente.

Insiders cujas participações chegaram a pelo menos US$ 1 bilhão no primeiro dia de negociação, viram o valor desses investimentos despencar em uma média de 23% nas semanas ou meses seguintes, de acordo com o índice de bilionários da Bloomberg.

“Hype e ímpeto só te levam até certo ponto”, disse Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers. “Não faltaram ações e outros ativos especulativos, novos e antigos, com picos impulsionados pelo ímpeto e depois perderem força neste ano.”

Veja abaixo a lista com alguns dos bilionários criados pela retomada dos IPOs em 2025 e como eles se saíram desde a estreia de suas empresas.

  • Venture Global: Bob Pender e Mike Sabel
  • Valor atual da participação: Pender, US$ 6,8 bilhões; Sabel, US$ 6,8 bilhões
  • Variação desde o preço de abertura do IPO em 23 de janeiro: -71%
  • Variação desde o pico em 23 de janeiro: -72%

A tão aguardada estreia na bolsa de valores da Venture Global, exportadora de gás natural liquefeito, em janeiro, foi um dos primeiros IPOs após a posse do presidente americano Donald Trump. Embora o início tenha sido instável — a Venture Global reduziu a faixa indicativa do preço das ações em mais de 40% depois que os investidores rejeitaram o valor inicial da oferta — ainda era o maior IPO do setor de energia desde 2021. Isso garantiu aos cofundadores Mike Sabel e Bob Pender — que detinham, em conjunto, 81% de participação econômica na empresa — um patrimônio líquido de US$ 23,7 bilhões cada um na época. O período de lua de mel não durou muito: as ações despencaram mais de 60% no mês e meio seguinte e continuaram a cair.

  • Newsmax: Chris Ruddy
  • Valor atual da participação: US$ 340 milhões
  • Variação desde o preço de abertura do IPO em 31 de março: -38%
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  • Variação desde o pico em 1º de abril: -96%

Chris Ruddy — um ex-jornalista do New York Post e fundador da rede conservadora de notícias a cabo Newsmax — tornou-se um bilionário improvável no final de março, quando as ações da Newsmax dispararam mais de 2.200% nos dois primeiros dias de negociação, avaliando sua participação em mais de US$ 9,1 bilhões no papel. Essa euforia, porém, durou pouco: um dia depois, as ações da Newsmax caíram quase 80%, e o patrimônio líquido de Ruddy gira atualmente em torno de US$ 339 milhões, segundo cálculos da Bloomberg. No início de outubro, as ações da Newsmax ganharam 11% após a empresa anunciar planos para gastar até US$ 5 milhões para adicionar reservas de bitcoin e Trump Coin ao seu balanço, mas o preço da ação continuou em queda desde então.

  • Figma: Dylan Field e Evan Wallace
  • Valor atual das participação: Field, US$ 2 bilhões; Wallace, US$ 1 bilhão
  • Variação desde o preço de abertura do IPO em 31 de julho: -55%
  • Variação desde o pico em 1º de agosto: -68%

Em 2023, a Adobe se afastou de uma aquisição de US$ 20 bilhões da empresa de software de design Figma, após enfrentar resistência regulatória. A Figma superou esse valuation quando fez sua estreia na bolsa em julho, com as ações saltando 250%, a maior alta em um primeiro dia em pelo menos 30 anos para uma empresa listada em bolsa dos EUA, que arrecadou mais de US$ 1 bilhão. O IPO colocou o cofundador Dylan Field em posição privilegiada para desbloquear várias parcelas de um pacote gigantesco de remuneração, extremamente ambicioso, aprovado apenas um mês antes da oferta. As parcelas estavam programadas para serem liberadas de acordo com uma série de metas crescentes de preço das ações.

No entanto, as ações rapidamente devolveram a maior parte desses ganhos iniciais e caíram ainda mais quando a previsão de receita da Figma não impressionou os investidores em setembro. Isso enviou os papéis a uma queda de 20% no dia seguinte à divulgação dos resultados.

  • Bullish: Brendan Blumer e Kokuei Yuan
  • Valor atual da participação: Blumer, US$ 1,8 bilhão; Yuan, US$ 1,6 bilhão
  • Variação desde o preço de abertura do IPO em 13 de agosto: -54%
  • Variação desde o pico em 14 de agosto: -45%
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A Bullish, operadora de bolsa de ativos digitais, inicialmente planejava abrir seu capital por meio de uma fusão com uma empresa de aquisição de propósito específico em 2021, mas cancelou a parceria um ano depois, quando os mercados de criptomoedas esfriaram. Quando a empresa levantou US$ 1,1 bilhão em seu IPO em agosto, havia demanda ainda maior do que da primeira vez: a procura pela oferta superou em mais de 20 vezes o volume disponível, e as ações quase dobraram durante o primeiro dia de negociação, tornando os cofundadores Brendan Blumer e Kokuei Yuan bilionários.

Nos meses que se seguiram, porém, a Bullish — que também é dona da publicação sobre criptomoedas CoinDesk — perdeu força, com as ações em queda de cerca de 45% em relação ao seu pico.

  • Circle: Jeremy Allaire
  • Valor atual da participação: US$ 1,5 bilhão
  • Variação no preço das ações desde a abertura do IPO em 5 de junho: 18%
  • Variação desde o pico em 23 de junho: -69%
  • Fermi: Toby Neugebauer e Griffin Perry
  • Valor atual da participação: Neugebauer, US$ 2,1 bilhões; Perry, US$ 566 milhões
  • Variação desde o preço de abertura do IPO em 1º de outubro: -70%
  • Variação desde o pico em 1º de outubro: -77%
  • Klarna: Sebastian Siemiatkowski e Victor Jacobsson
  • Valor atual da participação: Siemiatkowski, US$ 816 milhões; Jacobsson, US$ 780 milhões
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  • Variação desde o preço de abertura do IPO em 10 de setembro: -43%
  • Variação desde o pico em 10 de setembro: -35%
  • Webull: Anquan Wang e Jun Yuan
  • Valor atual da participação: Wang, US$ 679 milhões; Yuan, US$ 248 milhões
  • Variação desde o preço de abertura no dia do fechamento do negócio SPAC em 11 de abril: -49%
  • Variação desde o pico em 14 de abril: -87%

Metodologia: A variação percentual na participação de cada insider é calculada com base no preço de fechamento de sexta-feira e utilizando a participação que o indivíduo detinha no momento em que sua empresa começou a negociar publicamente, sem ajustes por transações ou aquisição de direitos relativos a prêmios e baseados em ações.

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