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Fusão de Honda e Nissan tem uma missão: superar a chinesa BYD

Empresas têm enfrentado dificuldades na China, com quedas de venda de 28% e 38% no ano até novembro

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CEO da Nissan, Makoto Uchida, e o CEO da Honda, Toshihiro Mibe. Foto: Kiyoshi Ota/Bloomberg

A absorção da Nissan Motor Co. pela Honda Motor Co., em discussão nesta semana, pode oferecer às duas marcas japonesas, atualmente em dificuldades, a escala necessária para competir com a gigante chinesa BYD Co., conforme indicam os dados de vendas globais divulgados na quarta-feira.

De janeiro a novembro de 2024, a Honda vendeu 3,43 milhões de veículos em todo o mundo, enquanto a Nissan registrou pouco mais de 3 milhões de unidades. Nesse mesmo período, a BYD, maior montadora da China, alcançou 3,76 milhões de veículos vendidos, destacando como Honda e Nissan, isoladas, permanecem frágeis, mas, juntas, poderiam se tornar competitivas.

Desafios no mercado chinês

Ambas as empresas têm enfrentado dificuldades para competir com montadoras chinesas em ascensão, em um cenário onde a China superou o Japão como maior exportador mundial de carros no ano passado e deve ampliar essa liderança até 2025.

A Honda e a Nissan foram obrigadas a reduzir suas operações e quadro de funcionários na China, enquanto a Mitsubishi Motors Corp., que pode se juntar à fusão, praticamente encerrou suas atividades no maior mercado automobilístico do mundo.

As vendas da Honda na China caíram 28% em novembro, comparadas ao mesmo mês de 2023, enquanto sua produção recuou 38% ano a ano. Para a Nissan, as vendas no mercado chinês caíram 15,1%, com a produção local registrando queda de 26%.

Impacto da recompra de ações da Honda

A capacidade de investimento da Honda pode ser afetada por sua recompra de ações no valor de ¥1,1 trilhão (US$ 7 bilhões), conforme advertiu a S&P Global em um relatório. “Recompras de ações em grande escala não contribuem para fortalecer as bases futuras do negócio e resultam em saídas de capital,” observou a agência de classificação de risco.

Anunciada na segunda-feira, a recompra abrange até 24% das ações emitidas. As ações da Honda subiram 0,8% na quarta-feira.

Pressão global e o papel de Toyota

No cenário global, as vendas da Honda caíram 6,7% em novembro, para 324.504 unidades, enquanto a produção recuou 20,4%. Já a Nissan registrou queda de 1,3% nas vendas globais, com 278.763 veículos vendidos, e uma redução maior na produção, de 14,3%.

A potencial aliança Honda-Nissan poderia representar uma ameaça maior à Toyota Motor Corp., atualmente a maior montadora do mundo, seguida pela alemã Volkswagen AG. As vendas globais da Toyota em novembro totalizaram 984.348 unidades, queda de 0,2% em relação ao mesmo período de 2023, enquanto a produção recuou 9,4%.

Assim como suas rivais japonesas, a Toyota enfrenta desafios crescentes de veículos elétricos fabricados localmente na China e intensa concorrência por carros híbridos nos Estados Unidos. Nos mercados do sudeste asiático, sua participação também está sendo corroída por concorrentes chineses.

Investidores otimistas com a Toyota

Apesar da estagnação nas vendas, os investidores reagiram positivamente a um relatório do Nikkei que sugeriu que a Toyota planeja dobrar sua meta de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) para 20%. Em anos recentes, o ROE da Toyota variou entre 9% e pouco menos de 16%. As ações da Toyota subiram até 4,4% na quarta-feira. Em comunicado, a empresa afirmou não ter uma meta explícita ou prazo para o objetivo.

A luta por relevância global no setor automotivo continua acirrada, com montadoras japonesas tentando se reestruturar para enfrentar concorrentes chineses e adaptar-se às transformações no mercado global.

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