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Fusões na América Latina devem se recuperar em 2023, mas volta de IPOs demora

O volume de fusões e aquisições na América Latina caiu 35% neste ano, para 86 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv.

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Depois da forte queda no volume de negócios feitos na América Latina em 2022, executivos de bancos de investimento esperam um crescimento lento no ano que vem, liderado pelas operações de fusões e aquisições. As ofertas públicas iniciais de ações, conhecidas como IPOs, podem demorar um pouco mais para voltar, devido às altas taxas de juros em todo mundo.

O volume de fusões e aquisições na América Latina caiu 35% neste ano, para 86 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv.

Roderick Greenlees, chefe global da área de banco de investimento do Itaú Unibanco, disse que o valor total das fusões e aquisições deste ano, embora abaixo dos recordes do ano passado, ficou dentro da média histórica dos anos anteriores.

Executivos preveem que o volume de fusões e aquisições pode crescer até 20% no ano que vem, com a América Latina assumindo maior protagonismo entre os mercados emergentes. Muitos investidores já tiveram que sair da Rússia devido à guerra na Ucrânia e estão agora reduzindo a exposição à China. Muitos estão preocupados com o impacto de políticas erráticas para lidar com a Covid, tensões crescentes com os Estados Unidos e discussões sobre a opacidade contábil de empresas chinesas.

A América Latina tem uma grande oportunidade para aumentar participação em mercados emergentes, afirma o cohead de fusões e aquisições na América Latina do Citigroup, Nicolas Roca.

“A volatilidade ligada às eleições na região tende a ficar restrita a longo prazo e não afetará essa tendência”, afirmou, citando o exemplo da melhora dos mercados no Chile um ano depois da eleição do esquerdista Gabriel Boric.

Os investidores estão aguardando mais clareza sobre as propostas econômicas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o último esquerdista eleito na região depois do colombiano Gustavo Petro, disse Roca. Lula assume o governo no dia 1 de janeiro e já anunciou o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para o ministério da Fazenda.

Energia e Saúde

Divulgação SulAmérica

Pelo segundo ano consecutivo, fusões e aquisições na área de saúde estiveram entre as maiores da região. A compra da seguradora SulAmérica (SULA11) pela rede de hospitais Rede D’Or São Luiz por 3,1 bilhões de dólares num negócio pago com ações ressaltou a forte atividade na indústria.

A compra da operadora de shopping centers brMalls pela rival Aliansce Sonae, por 2,1 bilhões de dólares, começou com uma oferta não solicitada, tipo de negócio entre empresas listadas que até pouco tempo atrás era incomum no Brasil.

Empresas de energia devem dominar o ranking de fusões, especialmente da área de renováveis e empresas de transmissão, segundo Daniel Bassan, presidente da joint venture UBS BB.

Fabio Medeiros, chefe da área de banco de investimento no Brasil no Morgan Stanley, também vê potencial de consolidação entre empresas de petróleo menores que cresceram nos últimos anos comprando ativos vendidos pela estatal Petrobras. Espera-se que o governo Lula interrompa a venda de ativos pela petrolífera.

Altas taxas de juros e crescimento da inadimplência podem pressionar empresas de varejo a fechar negócios, aumentando o volume de fusões na indústria, acrescentou Bassan.

IPOs em marcha lenta

A volta dos IPOs em 2023 parece mais difícil, segundo as fontes. As emissões de ações caíram 61% este ano na América Latina, para 13,4 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv até 26 de dezembro.

Investidores brasileiros estão alocando mais recursos para investimentos de renda fixa, com as taxas básicas de juros em 13,75%. Embora os juros também estejam subindo em mercados desenvolvidos, a América Latina voltou ao radar dos investidores internacionais que estão reduzindo exposição em outros grandes mercados, disse Teodora Barone, chefe da área de renda variável em mercado de capitais do UBS BB.

O primeiro IPO do ano deve ser a listagem de ativos de energia detidos no Brasil pela China Three Gorges. Empresas de saneamento que planejavam ter ações na bolsa, como BRK Ambiental e Aegea, poderão voltar a avaliar as transações caso o governo Lula mantenha recentes mudanças regulatórias que incentivaram mais investimento privado no setor, segundo as fontes.

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