Um grupo de investidores focados em ESG pediu aos reguladores dos Estados Unidos que neguem à JBS, maior produtora de carnes do mundo, um caminho para negociar ações em Nova York devido a alegações de que a empresa brasileira não divulgou adequadamente seu impacto ambiental.
O grupo, que inclui a gestora Green Century Capital, solicitou ao presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, em inglês), Gary Gensler, que “recuse-se a declarar efetivo o registro da JBS” a menos que a empresa divulgue mais dados, incluindo suas emissões indiretas de gases de efeito estufa.
O plano da JBS para uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York — que a empresa vê como um passo fundamental para desbloquear capital para aquisições nos EUA — foi anunciado há mais de um ano, e uma decisão da SEC está pendente. O plano foi recebido com entusiasmo por investidores da empresa e forte oposição de grupos ambientais e legisladores.
“A JBS tem um longo histórico de enganar investidores em seus registros corporativos, exagerando seu histórico ambiental e minimizando os riscos ambientais,” de acordo com uma carta de 8 de setembro à SEC divulgada na quarta-feira (2). O grupo inclui 18 investidores e organizações representando US$ 22,2 bilhões em ativos sob gestão.
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A JBS disse que a alegação de que não tem divulgado adequadamente suas emissões indiretas “é evidentemente falsa”. A empresa tem, há anos, relatado dados abrangentes sobre suas emissões de acordo com padrões da indústria globalmente reconhecidos e trabalhado ativamente com parceiros, incluindo agricultores, para identificar formas de reduzir emissões, afirmou a empresa, em comunicado.
A produtora de carne acrescentou que desde o ano passado está sujeita aos requisitos de informação e relatórios da Lei de Valores Mobiliários dos EUA de 1934 e outras leis federais de valores mobiliários.
A JBS se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa para zero líquido (também conhecido como net zero) até 2040, dependendo de numerosos fatores fora de seu controle, como mudanças na legislação e novas tecnologias.
A empresa também se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal de sua cadeia de suprimentos brasileira — incluindo os fornecedores dos pecuaristas de quem compra gado — até 2025.
Um porta-voz da SEC se recusou a comentar.
© 2024 Bloomberg L.P.
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