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Governo e bancos credores discutem criação de FIP para ações da Braskem

A Novonor, antiga Odebrecht, vem tentando a venda do controle da Braskem há anos

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O governo e alguns dos maiores bancos em operação no país estão discutindo soluções para acelerar a saída da Novonor do controle da Braskem, a maior empresa petroquímica da América Latina, disseram pessoas familiarizadas com as negociações.

A Novonor, antiga Odebrecht, vem tentando a venda do controle da Braskem há anos, sem, contudo, conseguir fechar um acordo.

O grupo tem sido pressionado a desinvestir porque, no auge da operação “Lava Jato”, colocou suas ações da Braskem como garantia de R$ 15 bilhões em dívidas bancárias, incluindo dinheiro devido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES. Hoje, as ações oferecidas em garantia valem menos de um terço do valor da dívida.

Em vez de uma simples troca de dívida da Novonor por ações da Braskem, como proposto inicialmente, a ideia predominante hoje entre os bancos credores é consolidar essas ações em um fundo de participação privada (FIP) controlado pelos bancos.

O FIP proposto seria administrado por um executivo experiente com capital e conhecimento para fazer investimentos, visando o crescimento da empresa e, potencialmente, aumentando o seu valor de mercado, disseram três pessoas, que pediram anonimato porque as negociações são privadas.

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O governo Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do BNDES, está liderando algumas dessas negociações, disseram as fontes, com o objetivo de manter influência na empresa, por meio de um acordo de acionistas com a Petrobras, a segunda maior acionista da Braskem.

Em entrevista à Reuters, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, confirmou o interesse em resolver o impasse da Braskem.

“Há sim uma solução que está sendo construída, aliás, mais de uma”, disse Mercadante. “Todos os bancos credores estão interessados, assim como a Petrobras”, acrescentou, sem dar detalhes ou especificar um cronograma para as negociações.

Os outros bancos credores da Braskem, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander, não quiseram comentar.

A Novonor, que em maio disse em um comunicado que estava engajada na venda de sua participação na Braskem, também não quis comentar.

Fontes disseram que a Novonor gostaria de manter uma pequena participação na Braskem, mas nem todos os bancos concordam com isso.

O grupo de engenharia detém 50,1% das ações com direito a voto da Braskem e 38,3% do capital total.

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Devido aos desafios do setor petroquímico e uma série de problemas domésticos, incluindo questões ambientais, o valor de mercado da Braskem caiu para cerca de R$ 12 bilhões, reduzindo o valor das ações da Novonor para menos de R$ 5 bilhões.

“Para que essa dívida seja paga, as ações da Braskem têm que se valorizar”, disse uma fonte familiarizada com as discussões, calculando que o preço de saída das ações para os bancos seria em torno de 60 reais, cerca de quatro vezes o preço atual das ações.

A venda da maior parte da participação da Novonor para um terceiro que dividiria o controle com a Petrobras ainda não está completamente descartada, apesar de uma série de tentativas frustradas, disseram as fontes.

No entanto, vender o controle da Braskem continua sendo desafiador dado o acordo de acionistas com a Petrobras, segundo analistas e pessoas envolvidas nas negociações.

“Qualquer pessoa que adquirir a Braskem terá que lidar com um parceiro cujos interesses não necessariamente estarão alinhados com os seus”, disse Ricardo Schweitzer, analista financeiro independente.

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A Braskem também continua lidando com as consequências de um desastre de 2018 em Maceió, onde autoridades dizem que a extração de sal-gema pela empresa desestabilizou o solo, causando rachaduras nas edificações, forçando dezenas de milhares de moradores a deixarem suas casas.

Nos últimos seis anos, a Novonor se envolveu em negociações malsucedidas com a LyondellBasell, bem como com os grupos brasileiros Unipar e J&F Investimentos.

Uma pessoa familiarizada com a situação disse à Reuters que a LyondellBasell desistiu do negócio devido a incertezas relacionadas a uma investigação sobre o desastre de Maceió.

Em 2023, a National Oil Co (Adnoc), de Abu Dhabi, e o Apollo Global Management fizeram uma oferta conjunta de até R$ 37,5 bilhões para comprar todas as ações da empresa, antes que as negociações fracassassem.

A Adnoc continuou negociando sozinha, oferecendo-se para comprar apenas a participação da Novonor na empresa, mas também encerrou as negociações quando a situação em Maceió se tornou mais dramática, disseram duas fontes.

Dois dos grupos que chegaram a se interessar pela compra das ações da Novonor na Braskem ​​disseram à Reuters, sob condição de anonimato, que seria difícil comprar uma participação tão grande de uma empresa de propriedade conjunta com a estatal Petrobras. Os outros se recusaram a comentar ou não responderam a pedidos de comentários.

(Por Luciana Magalhaes e Marcela Ayres e Rodrigo Viga Gaier e com reportagem adicional de Paula Arend Laier)

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