Negócios
Grendene quer aumentar suas exportações com JV da 3G e ampliar vendas online
Alceu Albuquerque, diretor financeiro, também disse que empresa vai investir na fabricação de calçados mais confortáveis.
A Grendene (GRND3), uma das maiores fabricantes de calçados do país, e que é a maior exportadora de calçados do Brasil, quer ampliar seus negócios no exterior e ampliar sua exportação.
Em entrevista exclusiva ao InvestNews, Alceu Albuquerque, diretor financeiro e de Relação com os Investidores da Grendene disse que o mercado externo é o “grande driver de crescimento” da companhia.
“É um mercado extremamente grande em que a Grendene, apesar de ser a maior exportadora do Brasil, possui um share de 0,004% desse mercado que é gigantesco.”
alceu albuquerque, diretor financeiro
Para atingir seu objetivo, a dona das marcas Ipanema, Rider e Melissa criou um joint venture com a 3G Capital, do trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles, Carlos Alberto Sicupira, para explorar o mercado internacional e obter margens superiores as do mercado interno.
“Ao fazer essa JV, com o time da 3G, nós só não passaremos a ganhar com maiores volumes de exportação, mas passaremos a participar do resultado da distribuição dos nossos produtos nos mercados internacionais, porque agora nós somos sócios de uma distribuidora nos Estados Unidos, Canadá, China e Hong Kong.”
alceu albuquerque, diretor financeiro
Anunciada no segundo semestre de 2020, a joint venture com a 3G começou a funcionar em janeiro de 2021. A JV é baseada nos Estados Unidos, com gestão da 3G, com participação da Grendene no conselho.
No primeiro trimestre deste ano, a Grendene exportou 8,2 milhões de pares para o mercado internacional, que geraram R$162,5 milhões de receita bruta, uma queda de 15% em volume e 19,1% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado, reflexo
do cenário de desaceleração econômica internacional.
A queda das exportações da Grendene foi mais intensa do que a observada no setor de calçados como um todo, devido a dificuldade de exportar para alguns países da América Latina, especialmente a Argentina, Peru e Colômbia.
Além de ampliar suas exportações, a Grendene vai investir em suas lojas online, onde a venda é feita diretamente para o consumidor final. Esse canal online foi criado durante a pandemia de covid e tem uma loja virtual para cada uma das suas oito marcas.
Outro foco da empresa é o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado, com o uso da tecnologia AVA para a fabricação de produtos mais leves e confortáveis, que o consumo cresceu durante a pandemia.
Melissa foi o primeiro calçado
A Grendene nasceu em 1971 com a produção de telas de garrafões de vinhos. Somente em 1979, iniciou-se a produção de sapatos após uma viagem de um dos donos à região da Rivieira Francesa, que observou a sandália dos pescadores e decidiu fabricar a Melissa aranha, o primeiro calçado com utilização de plástico no Brasil. Ali nascia a marca Melissa, a primeira de calçados da companhia.
Além da Melissa, a Grendene possui outras marcas como Rider, Ipanema, Grendha, Zaxy, Cartago, Pega Forte, Mormaii e Grendene Kids.
Em 2022, a empresa produziu quase 150 milhões de pares de calçados, e seu market share sobre a produção nacional de calçados foi de 17,5%. Agora, o market share sobre o consumo aparente de calçados do Brasil chega a 15,6%, que é toda a produção nacional mais o que foi importado, subtraindo o que foi exportado. Já o market share sobre as exportações brasileiras é cerca de 24%, se consolidando como o maior exportador nacional neste segmento.
As marcas Melissa, Ipanema e as marcas masculinas, que incluem Rider e Catardo, possuem entre 24% e 25% de representatividade cada uma dentro da companhia.
“Em número de unidades produzidas, a Ipanema tem uma representatividade maior, porque tem um tíquete médio menor, de R$ 30 a R$ 35, enquanto uma Melissa é superior a R$ 100 a R$ 150 “, afirmou Alceu Albuquerque.
Ipanema e Rider x Havaianas
Já em relação a sua concorrente, a Haianas, da Alpargatas (ALPA4), domina o mercado de chinelos com cerca de 69% de representatividade e a Grendene, com as marcas Ipanema e Rider, possuem 26% das vendas no setor de autosserviço (quando os calçados ficam pendurados em stands e o consumidor compra em supermercados e calçados).
No entanto, a venda nos autosserviços representa 40% das vendas da Grendene, enquanto o forte é realizado nas lojas físicas.
Veja também
- Cerveja artesanal ganha status de “premium” no Brasil e desbanca marcas estrangeiras
- Eventual vitória de Trump nos EUA amplia pressão de alta do dólar no Brasil
- Na disputa entre indústria e China, a fibra óptica é a bola da vez e governo amplia taxa de importação
- Brasil pede à UE que não implemente lei antidesmatamento a partir do final de 2024
- Importadoras estocam café brasileiro na Europa se antecipando a novas regras ambientais