A Hapvida afirmou ao InvestNews que cumprirá integralmente a determinação, mas destacou que o ajuste não afeta as demonstrações financeiras consolidadas elaboradas segundo o IFRS 17, padrão usado para reportes ao mercado.
Segundo a companhia, as alterações exigidas pela ANS dizem respeito exclusivamente ao demonstrativo regulatório ANS-GAP de 2024, que segue metodologia própria e distinta daquela exigida pela CVM.
“Não existe qualquer hipótese de republicação de balanço no âmbito das demonstrações IFRS divulgadas ao mercado”, disse a empresa, reiterando que os efeitos contábeis relevantes “já estão integralmente refletidos” no padrão internacional.
O caso tem origem no acordo firmado no âmbito do Programa Desenrola, que perdoou dívida de R$ 866 milhões da Hapvida com o SUS. Antes da conclusão formal da análise pelo governo, a companhia registrou os efeitos desse benefício no balanço regulatório — movimento que agora levou a ANS a exigir a revisão das demonstrações enviadas à agência.
As ações da Hapvida fecharam com queda de 6,30%, cotadas a R$ 14,57, após terem figurado entre as maiores quedas do Ibovespa no início do pregão. A queda do papel se intensificou na sessão diante da derrocada da Bolsa brasileira na sessão desta sexta.
(Atualização às 15h10: Este texto foi atualizado após esclarecimentos enviados pela Hapvida)
Hapvida sob pressão
O debate desta sexta soma-se a uma derrocada mais longa: nos últimos seis meses, a ação acumula queda de quase 63%, levando o valor de mercado a R$ 7,64 bilhões — menos da metade dos R$ 16 bilhões na época da listagem na Bolsa.
É um retrato da perda de confiança na capacidade da empresa de estabilizar resultados e recuperar previsibilidade. JP Morgan, Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco e Banco do Brasil rebaixaram recentemente a recomendação para o papel.
Em relatório divulgado no fim de novembro, após o balanço do terceiro trimestre, o Itaú BBA descreveu uma companhia enfrentando um curto prazo mais duro, pressionada por rentabilidade menor e visibilidade reduzida para uma virada rápida.
Uma das leituras centrais do banco é que a Hapvida vive uma desconexão entre receita por beneficiário e custo por beneficiário, num contexto de maior utilização e necessidade de investimento para manter qualidade e retenção.
O relatório também destaca que a expansão recente de infraestrutura adicionou custos relevantes. Desde o início do ano, a companhia abriu sete hospitais e 25 unidades ambulatoriais, com cerca de 500 novos leitos — um aumento de capacidade que ainda precisa ganhar tração para diluir os custos fixos.
