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Homem mais rico da Ásia vem de país emergente que desponta em inovação

Gautam Adani, magnata dos negócios indianos, reflete velha economia, mas ‘nova China’ atrai investidores pela tecnologia.

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Os investidores internacionais estão mudando a rota dos recursos nos mercados asiáticos. E o impulso para essa transição vem da Índia, considerada por muitos uma nova China. A segunda maior economia da Ásia vem preenchendo o espaço da tese de crescimento acelerado entre os emergentes, em meio à desaceleração econômica chinesa e às reformas no ambiente de negócios indianos.

Para o estrategista de investimentos do Franklin Templeton Institute, Kim Catechis, a Índia não é exatamente uma nova China. “Ela é potencialmente uma nova Índia”, destacou em relatório do fim do ano passado. Segundo ele, o país permanece como um local interessante para investir, abrindo uma janela de oportunidades sem precedentes. 

Gautam Adani, . Crédito: Kobi Wolf/Bloomberg

Porém, agora, o leque está mais definido. Nos últimos anos, a Índia passou por reformas estruturais para facilitar a indústria nacional e a produção da manufatura estrangeira, incentivando a tecnologia 5G e se movendo em direção a uma economia orientada para o consumo e os investimentos. 

“A Índia tem o ecossistema certo para a inovação como motor de crescimento futuro. Tem a estrutura política certa, que entende o papel do mercado de capitais, e a demografia certa”.

Daniel Graña, gerente de portfólio da Janus Henderson.

Mas o ranking de bilionários do mundo ainda reflete uma “velha Índia”. Gautam Shantilal Adani, empresário conhecido como o “rei da infraestrutura”, é fundador do conglomerado multinacional Adani Group. Ele reconquistou o posto de homem mais rico da Ásia, depois de ver sua fortuna diminuir em US$ 80 bilhões em 2023 e sair da lista dos top 10 global.

Atualmente, ele ocupa o 14º lugar no ranking de bilionários da Bloomberg e o 16º na lista da Forbes, em meio a investimentos que vão desde minas de carvão a usinas de energia, portos e aeroportos. Adani tem uma fortuna calculada em US$ 97,6 bilhões, ultrapassando seu compatriota Mukesh Ambani (US$ 97 bilhões), presidente da Reliance Industries. 

Sede do Adani Group, em Ahmedabad, India. Créditor: Dhiraj Singh/Bloomberg

Em 2022, o magnata foi o homem que mais enriqueceu, despontando rivais chineses de empresas gigantes como a ByteDance, dona do TikTok, e a Pinduoduo, do comércio eletrônico. Porém, em 2023, o Adani Group foi alvo de alegações de manipulação de ações e fraude contábil pela empresa de investimentos norte-americana Hindenburg Research.

Nascido na década de 1960 de uma família de classe média em Ahmedabad, perto de Mumbai, Adani iniciou a construção de sua fortuna importando PVC para uma fábrica fundada por seu irmão. Em 1995, abriu seu primeiro porto na Índia, e depois expandiu seu conglomerado para os setores de energia e mineração, o que abriu caminho para tornar-se um dos magnatas mais poderosos do mundo.

Nova Índia

A previsão é de que a tecnologia e o surgimento de empresas inovadoras, que priorizam a boa governança, devem tornar a Índia uma das rotas preferidas para quem busca oportunidades atraentes. “Normalmente, os investidores são atraídos por economias de rápido crescimento com a premissa de que esses mercados oferecem mais promessas para os investidores em ações”, destaca Catechis, do Franklin Templeton Institute.

Nesse sentido, o gerente de portfólio da Janus Henderson afirma que existem muitas opções que podem se alinhar a esse novo motor de crescimento indiano. Entre os setores, Graña destaca o biofarmacêutico, energias renováveis, baterias para veículos elétricos e até embalagens sustentáveis de bens de consumo

Segundo ele, é nítido o sucesso que muitas empresas indianas estão tendo ao tornar seus modelos de negócios globais, incluindo diversos setores. “A inovação nos mercados emergentes está crescendo, com cada vez mais histórias de empresas que estão buscando resolver problemas específicos desses países, aproveitando a tecnologia”, explica.  

Gautam Adani. Crédito: Adeel Halim/Bloomberg *** Local Caption *** Gautam Adani

Outro fator relevante, segundo Catechis, é que determinados setores na Índia, como empresas de bens de consumo rápido, oferecem margens mais amplas do que as médias globais. Ao mesmo tempo, o avanço da renda fixa local é promissora, avalia, diante da perspectiva de mais financiamentos tanto para o governo quanto para as empresas.

Aliás, setores tradicionais na Índia, como o financeiro e o turismo, também merecem atenção, uma vez que o consumo alinhado a serviços on-line e de pagamentos digitais deve ser um dos principais motores do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mantendo uma expansão de dois dígitos por décadas

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