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Itaú processa ex-CFO por conflito de interesses e irregularidades

Agência do Itaú na avenida Faria Lima, em São Paulo (Foto: Victor Dragonetti Tavares/InvestNews)

Agência do Itaú na avenida Faria Lima, em São Paulo (Foto: Victor Dragonetti Tavares/InvestNews)

No espaço de uma semana, o Itaú Unibanco tomou a segunda medida de combate ao que o banco classificou de “desvios de conduta” de altos executivos. Depois de demitir o então CMO (Chief Marketing Officer) Eduardo Tracanella por uso irregular do cartão corporativo, o banco publicou nesta sexta (6) ata de uma assembléia geral extraordinária em que informa que prepara uma de reparação de danos contra seu ex-CFO, Alexsandro Broedel Lopes, e um sócio dele, o professor e um dos maiores especialistas contábeis do país Eliseu Martins.

Segundo o Itaú, Broedel – que trabalhou no banco de maio de 2012 a julho deste ano – tinha uma sociedade com Martins na Broedel Consultores desde 2012 e teria ocultado essa informação do banco, apesar de Martins ser prestador de serviços do Itaú. Essa já seria uma violação ao Código de Ética do banco.

Além dessa violação, segundo o Itaú, de 2019 a 2024 Broedel teria contratado 40 pareceres de Martins por meio da Care (empresa na qual o professor é sócio junto com um de seus filhos). Por esses pareceres, teria efetuado pagamentos de R$ 13,5 milhões se valendo de sua alçada no cargo.

No mesmo período das contratações dos pareceres, a Care e outra empresa de Martins teriam realizado 23 transferências à Broedel Consultores e ao ex-CFO que “guardam estrita correspondência com pagamentos” feitos pelo banco à Care, segundo protesto interruptivo de prescrição protocolado na Justiça na sexta (6) pelo Itaú. Essas transferências totalizariam R$ 4,86 milhões. O Itaú suspeita que esses pagamentos seriam “rebates” dos pareceres contratados.

O objetivo da medida judicial é evitar que prescrevam eventuais irregularidades praticadas em um período anterior a três anos.

Broedel, que pediu demissão do Itaú em julho para assumir um cargo global no Santander, definiu como “infundadas e sem sentido” as acusações do banco e que vai tomar medidas judiciais. Em nota divulgada pelo Pipeline, o ex-CFO informou que Eliseu Martins já prestava serviços ao banco muito antes de Broedel ser contratado e que estranhava o timing do levantamento de suspeitas, depois de ter renunciado ao cargo para “assumir posição global em um de seus principais concorrentes”.

Eliseu Martins soltou comunicado se dizendo “estarrecido com as notícias” e protestando “veementemente” contra as declarações e decisões do Itaú. Informou que prestava serviços ao banco há quase cinco décadas, passando por várias gerações de gestores. Disse que chegou a prestar consultorias sem”formalidades”, decisão da qual se arrepende “dada a má-fé da interpretação dada pelo banco”.

Cartão corporativo

Na segunda-feira (2), o Itaú já havia informado a demissão de seu então CMO, Eduardo Tracanella – que trabalhou no banco por 27 anos – por uso inadequado do cartão corporativo, sem dar mais detalhes. Tracanella se pronunciou apenas via LinkedIn, agradecendo o Itaú e exaltando as ações de marketing realizadas e a equipe, sem fazer qualquer menção à questão do cartão corporativo. (Com agências de notícias)

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