Fachada do prédio da JBS em GREELEY, CO. Foto: Chet Strange/Getty Images

A JBS anunciou nesta segunda-feira (17) que sua controladora J&F Investimentos e a BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, fecharam um acordo que viabiliza a dupla listagem das ações da companhia nas bolsas de valores de Nova York (Nyse) e São Paulo (B3).

Juntos, a holding da família Batista e o braço de investimentos do BNDES possuem 69,15% das ações da JBS.

O acordo prevê que a BNDESPar, detentora de 20,8% do capital da JBS, poderá receber até R$ 500 milhões caso as ações se valorizem abaixo de um patamar – não divulgado – estabelecido entre as partes.

Essa estrutura indica que o BNDESPar garantiu um piso de valorização para o processo, enquanto a J&F demonstra confiança na operação ao comprometer meio bilhão de reais na aposta de que a dupla listagem efetivamente destravará valor para todos os acionistas.

Com o entendimento, a BNDESPar comprometeu-se a se abster na assembleia de acionistas que decidirá sobre a dupla listagem, que ficará a cargo dos acionistas minoritários, uma vez que J&F e BNDESPar irão se abster.

A JBS ainda não divulgou um cronograma oficial para a dupla listagem, mas o acordo com o BNDES será válido apenas caso a operação ocorra até o fim de 2026. A expectativa é que a dupla listagem possa ocorrer ainda este ano.

Dupla listagem

A estratégia da dupla listagem foi anunciada oficialmente pela JBS em meados de 2023 e tem como objetivo ampliar sua base de investidores internacionais, especialmente fundos de investimento sem mandato para investir na bolsa brasileira, além de ter oportunidade de emitir dívida a custos mais competitivos frente a seus concorrentes internacionais.

Conforme a companhia divulgou à época, a iniciativa inclui a criação de ações Classe A para negociação na bolsa de Nova York e BDRs (Brazilian Depositary Receipts) Nível II na B3, lastreados a esses papéis internacionais.

Durante o processo, a JBS tem enfrentado resistências de grupos políticos e ambientalistas norte-americanos, que exigiram maior transparência sobre suas iniciativas ESG. A empresa afirmou que “há anos relata dados abrangentes sobre suas emissões de acordo com padrões da indústria” e tem trabalhado com parceiros, incluindo agricultores, para identificar formas de reduzir emissões.

Com a negociação dos papéis em Nova York cada vez mais encaminhada, a expectativa do mercado é que a estratégia da JBS permita competir em pé de igualdade com seus pares globais e obter uma avaliação de mercado mais próxima a de seus concorrentes.

A JBS é hoje uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com operações em 17 países através de mais de 250 fábricas, aproximadamente 280 mil funcionários, mais de 300 mil clientes e produtos comercializados em mais de 180 países.