Zeina Latif: juro alto é ‘remédio necessário’ para conter inflação

Em entrevista ao InvestNews, a economista Zeina Latif defendeu que é um “remédio necessário”o atual patamar da taxa de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), em 13,75% ao ano, no mesmo patamar desde agosto de 2022. O juro alto é visto como vilão da economia e o Banco Central vem recebendo diversas críticas do governo federal por não reduzir a taxa.

“O juro elevado é um remédio necessário em alguns momentos pra conter a inflação, porque o mal maior seria a inflação elevada, teimosa, que vai ameaçando atingir patamares elevados”.

Zeina Lafif

Zeina, que também é consultora econômica na Gibraltar Consultoria, afirma que esse “é um momento cíclico” e os juros tendem a diminuir.

“É uma situação transitória, claro que gera esse desconforto, mas é essencial que o Banco Central tenha tranquilidade para fazer seu trabalho e trazer a inflação para baixo. Dá para a gente dizer que o pior já passou, eu acho que não vai demorar muito para o Banco central começar algum relaxamento da política monetária, mas ainda tem algumas resistências.”

A economista diz que o ambiente econômico instável afeta tanto o planejamento de compras das famílias de classe baixa e média, como o planejamento das empresas devido a compra de insumos com a volatilidade do dólar.

Politização da política monetária

Para a economista, é um equívoco do governo e do presidente Lula politizar a política monetária do Banco Central. Ela acredita que a Selic já teria diminuído se não tivessem dito tantas críticas.

“É um equívoco e que acaba sendo contraproducente, atrapalha o trabalho do Banco Central. É nítido que as falas do presidente agravaram esse quadro. A gente teria condições de ter hoje, possivelmente um Banco central já cortando juros se não fosse esse comportamento das expectativas , que está associada em parte com as falas do presidente. Politizar um tema tão técnico eu acho que é ruim. E quanto mais ruídos maior é a dificuldade do BC em cortar juros.”

Zeina Latif