A LWSA (provedora de serviços de Internet), Ouro Fino Saúde Animal (farmacêutica veterinária) e Positivo Tecnologia (fabricante de eletrônicos) estudam deixar a B3, segundo fontes próximas ao assunto. As empresas ainda avaliam a execução dos planos.
Em agosto, a Cielo saiu da bolsa após oferta pública dos controladores. O Carrefour planeja deslistar o Atacadão ao comprar as ações restantes. A Globo busca retirar a Eletromídia, adquirida em novembro. Empresas menores também procuram sair.
LWSA, Positivo e Ouro Fino se recusaram a comentar.
A alta taxa Selic e a instabilidade política afastam investidores da bolsa. Muitos investidores preferem aplicar em renda fixa, que oferece mais segurança e retornos elevados. A B3 conta hoje com 429 empresas listadas, contra 463 em 2021. Metade das saídas aconteceu em 2024.
"O universo investível de renda variável no Brasil virou um ovo, é muito pequeno", disse Christian Keleti, CEO da Alpha Key Capital Management.
A B3 não registra novos IPOs desde 2021. Uma série de aquisições por empresas com participações existentes acelera as deslistagens.
"Investidores estratégicos começaram a aparecer, investindo a fechar capital", diz Keleti. "Essas coisas vão acontecer cada vez mais com os preços das ações que estão aqui, porque, principalmente para quem tem moeda forte, é muito barato para comprar."
As ações brasileiras negociam a 7,13 vezes os lucros dos últimos 12 meses. O valor está abaixo da média histórica de 10 anos, de 10,06 vezes, segundo dados da Bloomberg. O índice MSCI de mercados emergentes negocia a 12,46 vezes.
No México, movimento similar ocorre. O bilionário Ricardo Salinas Pliego busca retirar o Grupo Elektra do mercado após forte queda nas ações.
O volume de negociação do Ibovespa em 2024 caiu para R$ 23,9 bilhões diários, contra R$ 33,2 bilhões em 2021.
Raphael Figueredo, estrategista de ações da XP, disse que um cenário econômico desafiador pode tornar "menos onerosos para algumas companhias fechar o capital do que mantê-lo aberto", uma vez que as empresas envolvidas estão "sujeitas à especulação e aos fortes fluxos de saída motivados por resgates" de fundos.
As empresas que permaneceram na bolsa aumentaram recompensas e dividendos para manter a relevância de suas ações. Em 2023, as companhias registraram o maior volume de programas de recompra desde 2008.
"As empresas estão achando mesmo as suas ações muito baratas", disse Rafael Oliveira, gestor de ações da Kinea Investimentos. Ao invés de aportar em investimentos, afirmou, "elas estão enxergando que a recompra é talvez o investimento mais barato que pode fazer nesse contexto de juro elevado".