Kepler Weber fecha maior contrato em cinco anos com projeto bilionário de etanol de trigo

Com investimento de R$ 1,26 bilhão, planta da Be8 marca estreia do Brasil na produção de etanol de trigo em escala industrial

A Kepler Weber, maior construtora de armazéns de grãos do país, acaba de fechar seu maior contrato dos últimos cinco anos. O cliente é a Be8, do empresário Erasmo Battistella, empresa de energias renováveis que vai erguer em Passo Fundo (RS) uma planta inédita no Brasil, com produção integrada de etanol, farelo e glúten vital a partir do trigo. O valor do contrato não foi divulgado.

Orçado em R$ 1,26 bilhão, o projeto terá capacidade para processar 525 mil toneladas de cereais por ano e gerar 220 milhões de litros de etanol, 155 mil toneladas de farelo e 35 mil toneladas de glúten vital. A Kepler será responsável por construir oito silos, somando uma capacidade total de 160 mil toneladas. A obra tem conclusão prevista para o segundo semestre de 2026.

Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber, afirma que o projeto está alinhado ao objetivo da empresa de participar de projetos que foque na “industrialização do agronegócio”, como a produção de biocombustíveis. A companhia já implantou projetos em mais de 50 países e vê nas novas biorrefinarias — como a da Be8 — uma alavanca importante de crescimento.

Etanol de trigo

A escolha por Passo Fundo, diz Leandro Zat, VP de operações da Be8, se deu pela disponibilidade de trigo de qualidade inferior para panificação — grãos que não atendem aos padrões do setor, mas que podem ser reaproveitados para a produção de etanol e para a extração do glúten vital.

Planta da Be8 no Rio Grande do Sul (Divulgação)

Embora esse tipo de trigo não seja ideal para pães, ele permite a separação industrial do glúten vital, uma fração protéica altamente valorizada pelas indústrias de alimentos, nutrição animal e cosméticos.

Será a primeira vez que esse insumo será produzido em larga escala no país. “Estamos transformando um grão subvalorizado em energia e insumos industriais”, afirma Zat.

Com mais de 1,3 milhão de hectares do Rio Grande do Sul dedicados à produção de culturas de inverno, como trigo, triticale, aveia e cevada, a Be8 vê no biocombustível uma oportunidade de incentivar o aumento da atividade pelo Estado, a exemplo do que ocorreu com o milho no Centro-Oeste anos atrás.

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