Exclusivo: Klabin paralisa fábrica no interior de SP por baixa rentabilidade no papel reciclado

Unidade de Paulínia operava em três turnos e agora ficará hibernada

A Klabin paralisou as atividades em sua unidade industrial em Paulínia (SP), hibernando as linhas de produção de papel reciclado que ainda funcionavam no local. A medida, segundo apurou o InvestNews, foi motivada por condições de mercado para o produto, em um momento de baixa demanda do mercado.

O desligamento da linha operacional ocorreu nesta segunda-feira (21) e foi comunicado aos trabalhadores em reunião interna logo na chegada do turno da manhã. A planta operava em três turnos.

No ano passado, parte das atividades já havia sido suspensa. A unidade de Paulínia foi incorporada à companhia em 2020, na aquisição dos ativos da International Paper no Brasil, e possui capacidade de 65 mil toneladas por ano.

Procurada pelo InvestNews, a Klabin confirmou a pausa das operações. Segundo a empresa, a decisão foi tomada “por questões mercadológicas que estão fora do controle da Companhia”. “A Klabin destaca que a suspensão temporária das operações dessa Unidade não impacta no fornecimento aos clientes da empresa.”

Condições de mercado

A hibernação da unidade de Paulínia está ligada à piora nas condições econômicas para a produção de papel reciclado. De um lado, o custo das aparas — resíduos de papel usados como matéria-prima — subiu bem acima da inflação nos últimos anos. De outro, o preço de venda do papel reciclado caiu, por conta de uma demanda menor.

Para piorar, o kraftliner — papel produzido a partir de fibras virgens e normalmente mais caro — se beneficiou da queda do dólar e passou a oferecer margens mais atrativas. Esse cenário tirou competitividade do reciclado, especialmente em unidades menores ou menos integradas, como Paulínia. 

Mesmo com o fechamento, a Klabin ainda mantém cerca de 400 mil toneladas por ano de capacidade em outras plantas de reciclados, como Piracicaba (SP) e Goiana (PE).

A Klabin possui 24 unidades industriais, sendo 23 no Brasil e uma na Argentina, com fábricas espalhadas por dez estados brasileiros. A companhia é a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do país, com capacidade total de 3 milhões de toneladas por ano. Os papéis voltados para embalagens — como papel-cartão, kraftliner e fluting — concentram a maior parte desse volume e estão no centro da estratégia da empresa.

No ano passado, a Klabin inaugurou uma nova planta de papéis ondulados no estado, na cidade de Piracicaba (SP), em um investimento de R$ 1,6 bilhão, colocando a companhia com um market share de 24% do mercado de caixas de papelão no país.

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