Novo mapa da Latam: cidades menores ganham destaque na estratégia da empresa

A Latam vai definir nos próximos meses quais novas rotas serão atendidas no Brasil

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A Latam, maior companhia aérea da América Latina, busca aumentar receita em cidades de pequeno e médio portes. A informação é do CEO da emprsa, Roberto Alvo.

A Latam assinou um acordo para comprar até 74 aeronaves da brasileira Embraer na segunda-feira (22), sendo 24 entregas firmes e 50 opções de compra.

O acordo destaca a rapidez com que a Latam se recuperou de sua reestruturação no Chapter 11 em 2020, enquanto seus pares regionais lutam para recuperar estabilidade financeira. A companhia aérea reportou um lucro ajustado recorde no ano passado e, em seguida, elevou o guidance duas vezes no primeiro semestre de 2025. A entrega das aeronaves da Embraer, a partir do segundo semestre de 2026, abrirá caminho para 35 novos destinos, disse Alvo em entrevista.

“Ainda temos uma parcela enorme da população que permanece isolada do ponto de vista aeronáutico”, disse ele. “Mas, como são cidades menores, os fluxos são menores e, para atendê-las, é preciso um avião um pouco menor também.”

A Latam definirá nos próximos meses quais rotas e cidades serão atendidas no Brasil com o primeiro lote de novos aviões.

Concorrência da Azul

A compra de aviões menores pela Latam vai prejudicar a concorrente Azul, de acordo com os analistas Francois Duflot e George Ferguson, da Bloomberg Intelligence. Atualmente, a Azul enfrenta pouca ou nenhuma concorrência em rotas secundárias no Brasil.

Na semana passada, a Azul apresentou um plano de reestruturação a um tribunal de Nova York para eliminar aproximadamente US$ 2 bilhões em dívidas, além de levantar cerca de US$ 950 milhões por oferta de ações.

A Azul, a Gol e Latam dominam o transporte aéreo no Brasil, o maior mercado da América Latina. Fora do Brasil, a Avianca, que também entrou com pedido de recuperação judicial em 2021, está em uma posição ligeiramente melhor.

“Conseguimos acompanhar o crescimento da demanda, que tem sido saudável no pós-pandemia, com uma estrutura e estratégia de custos muito rigorosas, mantendo a eficiência operacional”, disse Roberto Alvo. “A diversificação do nosso portfólio nos permite, no final das contas, decidir como queremos movimentar nossos ativos para obter o melhor retorno.”

Fora do Brasil, a expansão da Latam segue em ritmo mais lento. Embora o presidente da Argentina Javier Milei tenha implementado uma política de céus abertos no final do ano passado, a Latam não considera retomar voos domésticos no país neste momento e se concentra em rotas internacionais, afirmou Alvo.

Além disso, um novo aeroporto na capital do Peru, Lima, oferecerá conectividade internacional extra assim que a obra no local for concluída, acrescentou Alvo.

Apesar da rápida expansão da companhia aérea e da alta das ações neste ano, a dívida da Latam permanece em território especulativo, de acordo com duas das três agências de classificação de crédito. Alvo disse que recuperar a nota de grau de investimento não é um objetivo em si neste momento, mas que a meta é alcançar uma classificação BB+.

“A Latam tem números financeiros mais sólidos do que companhias aéreas com grau de investimento”, disse Alvo. “O problema é que estamos na América Latina. Obviamente, temos o impacto de estarmos em mercados emergentes.”

Atualmente, a empresa não está considerando emissões adicionais de títulos de dívida, apesar da onda de vendas de dívida corporativa chilena recentemente, tanto no mercado interno quanto no exterior. A empresa decidirá em outubro se pagará antecipadamente os títulos com vencimento em 2030.

“Veremos como estarão as condições de mercado no próximo ano e, eventualmente, poderemos tomar a decisão de refinanciar a dívida”, acrescentou.

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