Há possibilidade de que parte das entregas previstas para 2027 seja direcionada a outros países do grupo. “As primeiras 12 com certeza chegam ao Brasil; as segundas 12 ainda não definimos.”
Cadier destacou que a companhia vive “um momento excelente”, permitindo a abertura de novas rotas rentáveis já no primeiro semestre de 2026, antes mesmo da chegada da frota Embraer.
Entre os novos voos domésticos estão Guarulhos-Uberaba, Guarulhos-Juiz de Fora, Brasília-Campina Grande e Guarulhos-Caldas Novas. No internacional, a Latam lançará Guarulhos-Amsterdã em abril, Guarulhos-Bruxelas em junho e Guarulhos-Cidade do Cabo em setembro. Com essas rotas, a empresa deve atingir 63 destinos domésticos e 28 internacionais a partir do Brasil, ante 59 aeroportos atendidos este ano e 44 antes da pandemia.
A Latam também pretende acessar recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), mas as condições atuais dificultam a utilização pelas grandes aéreas do país. “Com as condições definidas recentemente, nenhuma das três companhias conseguiria tocar o recurso. Então é como anunciar um recurso que ninguém consegue utilizar”, afirmou Cadier. Ele espera novas discussões nas próximas semanas para tornar o fundo acessível.
Voos regionais
Em setembro desse ano, a Latam anunciou seu primeiro pedido de jatos Embraer: 24 aeronaves E195-E2 firmes, com 50 opções adicionais, num contrato avaliado em US$ 2,1 bilhões. Mais do que uma renovação de frota, a operação foi classificada pela própria empresa como “o maior passo desde a fusão”, marcando um novo estágio após o processo de reestruturação e a expansão da companhia no mercado de voos regionais.
O E195-E2, com capacidade para 132 a 146 passageiros, é o jato mais eficiente já produzido pela Embraer, consumindo 30% menos combustível por assento do que a geração anterior. As entregas começam no segundo semestre de 2026, com impacto completo a partir de 2027. Analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA classificam a operação como “expansão calibrada e compatível com disciplina de capital”. Embora o valor de tabela seja de US$ 2,1 bilhões, estima-se que o preço real, com descontos, tenha ficado próximo a US$ 1 bilhão, diluído ao longo de vários anos.
Segundo François Duflot, da Bloomberg Intelligence, a chegada dos E2s representa uma mudança estrutural no mercado brasileiro. “A Azul tem quase um monopólio nas rotas regionais, com pouca concorrência e margens elevadas. A entrada da Latam nesse segmento muda o equilíbrio. O impacto será gradual, mas é um movimento estratégico e de longo prazo.”
Os E2s permitirão à Latam ajustar a oferta à demanda em rotas hoje operadas por aeronaves maiores, como o Airbus A319, e atender a diferentes perfis de clientes, inclusive corporativos. A companhia planeja usar os novos jatos para alimentar hubs em rotas curtas e médias, além de abrir novos destinos em cidades menores. Cadier estima que a Latam adicionará 25 a 30 novos destinos no Brasil com os E2s, decisão que será tomada “relativamente rápido”.
