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Leilão da Pan entra na fase final; com marca avaliada em R$ 27 milhões, maior lance até agora foi de R$ 351 mil
Expectativa de leiloeiro e administrador judicial é de que a disputa entre ‘quem dá mais’ se acirre no final do processo, no dia 4/3.
Sem interessados nas primeiras duas fases, o leilão da Pan Chocolates entrou na terceira etapa nesta sexta-feira (16) e, até o final da tarde, havia recebido 4 lances. O maior até agora foi de R$ 351 mil – bem distante da avaliação inicial de mais de R$ 27 milhões e dos cerca de R$ 12 milhões que são estimados só em dívidas trabalhistas. Mas a expectativa é por uma disputa mais acirrada entre “quem dá mais” nos minutos finais do leilão, que se encerra definitivamente no dia 4 de março.
Pelo menos é o que dizem o leiloeiro oficial, Erick Teles, e o administrador judicial da falência da fábrica, Fabio Rodrigues Garcia. A justificativa para essa expectativa positiva entre eles é a estratégia que as empresas costumam adotar em situações como a do leilão da Pan.
O rito de venda da Pan após a falência da empresa tem seguido o percurso exigido por lei: o valor inicial de quase R$ 28 milhões determinado por uma perícia feita a pedido da Justiça de São Paulo. Sem lances por esse valor na primeira fase, a segunda começou com metade desse montante exigido como como lance mínimo. Também sem interessados, a última fase começou sem lance mínimo.
“Essa regra serve para ativos que não têm muito valor de mercado e tem que vender por qualquer valor. Mas quando você pega um ativo como a Pan, a terceira praça pode ser que saia até mais que o valor da avaliação”, diz Garcia.
“Estamos com expectativa muito boa em relação ao leilão da marca”, afirma ele. “O que a prática nos diz? A terceira praça ajusta o preço do ativo ao preço do mercado mesmo”, continua, emendando que “onde acontece o maior acirramento são nos últimos 5 minutos de leilão”.
O que aconteceu com a Chocolates Pan?
O objetivo do leilão é levantar dinheiro para pagar os credores da Pan após a falência. O valor a ser arrecadado agora virá na esteira dos R$ 71 milhões que foram desembolsados em outubro pela Cacau Show na compra da fábrica em São Caetano do Sul (SP). Os valores são inferiores à dívida total de R$ 260 milhões contabilizada pela Justiça na época da decretação de falência.
Especialistas citam diversos fatores que levaram a Pan a quebrar após 88 anos de existência, incluindo falta de investimentos para aumentar a produção, incapacidade para se adaptar às mudanças no varejo brasileiro e problemas na administração.
Como resultado das dificuldades, a Pan, famosa por produtos como lápis e moedas de chocolate, acabou entrando em recuperação judicial em 2021, mas não conseguiu se reerguer durante o processo. A falência foi pedida em fevereiro de 2023, quando as fábricas já tinham terminado metade das últimas encomendas de Páscoa que a Pan recebeu em sua história quase centenária.
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