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Exclusivo: credores fecham acordo com a Light

Debenturistas e bancos assinaram termos do plano proposto pela companhia

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[Matéria atualizada às 19h00 de quinta (11) com os detalhes do acordo assinado entre a Light e os credores]

O acordo entre a Light, em recuperação judicial desde maio de 2023, e credores foi assinado nesta quinta-feira (11). Após meses de negociação, tanto os debenturistas, detentores da maior parte da dívida da companhia, quanto os bancos credores – Bradesco, Itaú, Santander e Citi – aceitaram os termos do plano de reestruturação da dívida, estimada em R$ 11 bilhões, conforme antecipou o InvestNews. Os termos do acordo ainda serão submetidos à assembleia geral de credores da companhia, marcada para o dia 25 de abril..

Segundo fontes ouvidas pelo InvestNews, o plano prevê a conversão de até 35% dos débitos em ações, via debêntures conversíveis, em um limite de até R$ 2,2 bilhões. Quem aderir à conversão vai receber a dívida corrigida pelo IPCA mais 5% ao ano em um prazo de oito anos. Quem não aderir receberá em 13 anos, com correção pelo IPCA mais 3% ao ano. O pagamento dos juros vai começar a ser feito no dia 12 de maio.

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Para fazer frente ao pagamento dessa dívida e também aos investimentos essenciais da empresa, foi definida a capitalização da companhia em até R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 1 bilhão deve vir dos acionistas de referência – Nelson Tanure, Ronaldo Cézar Coelho e Carlos Alberto Sicupira. Outros R$ 500 milhões devem devem vir do grupo econômico para ajudar a amortizar dívidas. Esse capital pode ser, por exemplo, uma transferência do caixa da Light S.A., a controladora, para a Light Sesa, o ponto crítico do grupo. A capitalização terá um bônus de subscrição (warrant) de uma ação a cada 2 ações convertidas.

Longa crise

A crise da Light vem se formando há anos. A empresa, que atende a 4,5 milhões de pessoas em mais de 30 municípios do Rio de Janeiro, enfrenta o desafio do roubo de energia, por meio de ligações clandestinas, os chamados “gatos”. Diante da combinação de receitas fragilizadas, alto endividamento, a Light passou a ter dificuldade para manter os investimentos necessários em sua rede, quadro que colocou em xeque, inclusive, a renovação da concessão, que vence em julho de 2026.

Embora essa situação fosse conhecida, ela acabou ganhando uma proporção maior em março de 2023, quando a companhia contratou o escritório LaPlace, especializado em reestruturações financeiras. O mercado de capitais estava, naquele momento, muito machucado pelo evento da Americanas. E reagiu de forma muito negativa ao risco da Light seguir para o caminho da renegociação de seu passivo – o que, de fato, ocorreu.

Sem avanços nas tentativas de acordo extrajudiciais, a Light partiu para o caminho da recuperação judicial em julho. Esse movimento foi bastante controverso, uma vez que a lei veta a  concessionárias de serviços públicos de energia elétrica a possibilidade de entrar em RJ. A solução encontrada foi encaminhar o pedido em nome da holding controladora da Light SESA e solicitar que os efeitos da RJ fossem estendidos às concessionárias.

Nos últimos meses, o principal interlocutor do lado da companhia junto aos credores foi o empresário Nelson Tanure, hoje o maior acionista da companhia, com 21,8% das ações. Ele ampliou sua participação desde o início da crise da empresa, em maio. Ronaldo Cezar Coelho detém 20% do capital da empresa.

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