A varejista afirma que o ajuste resulta de uma revisão contábil ligada à implantação de um novo sistema de custeio, adotado após expansão geográfica, maior complexidade tributária e necessidade de processos “mais robustos, integrados e automatizados”. A administração sustenta que a mudança não afeta caixa nem cláusulas de endividamento, os chamados “covenants”.
A empresa também reiterou que R$ 94 milhões do ajuste pertencem a 2024, enquanto a maior parte – cerca de R$ 1 bilhão – está relacionada à reapresentação de saldos de 2023 e de anos anteriores. O balanço revisado também alterou tributos diferidos e reduziu o patrimônio líquido.
No balanço do terceiro trimestre, o Grupo Mateus reconheceu que o desalinhamento físico-contábil ainda afeta a operação: só em 2025, foram registrados R$ 91 milhões em perdas de inventário e R$ 62 milhões em efeitos extraordinários da revisão de estoques sobre o custo da mercadoria vendida (CMV).
A redução do ativo total significa, na prática, que parte do que a empresa dizia ter – neste caso, estoques – estava registrada acima do valor real. Quando o ativo encolhe, o patrimônio líquido também diminui, e margens e lucros de anos anteriores precisam ser recalculados, já que o custo das mercadorias vendidas estava subestimado.
Mesmo sem mexer no caixa imediatamente, o ajuste afeta a credibilidade das demonstrações financeiras e reforça a percepção do mercado de que existem fragilidades nos controles internos.
