Microsoft, Amazon, Google e Meta lideram tsunami de gastos com IA

Gigantes aumentam capex com foco em IA, mas investidores reagem de forma desigual aos resultados

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Se existe alguma lição nos planos de investimento anunciados pelas maiores empresas de tecnologia nas últimas semanas, é a seguinte: nunca subestime o poder do FOMO — o medo de ficar para trás.

A Microsoft, que já havia batido um recorde de gastos de capital no último trimestre, com US$ 24,2 bilhões, agora planeja ultrapassar os US$ 30 bilhões no período atual. A Amazon também gastou pesado: US$ 31,4 bilhões no trimestre, quase o dobro de um ano antes — e pretende manter esse ritmo. Já a Alphabet, dona do Google, aumentou sua projeção de capex para US$ 85 bilhões em 2025.

A Meta não ficou atrás. A empresa elevou a estimativa mínima de investimentos em 2025 e disse que os custos devem crescer ainda mais no ano seguinte. No total, as quatro gigantes devem gastar mais de US$ 344 bilhões neste ano — boa parte dedicada à construção de data centers para rodar os modelos de inteligência artificial.

“Praticamente triplicamos o investimento em nuvem por causa da IA”, afirmou Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence.

A palavra de ordem entre executivos nesta temporada de balanços é acelerar os investimentos. “Precisamos que as equipes entreguem o máximo possível para colocar a infraestrutura no ar com rapidez e eficiência”, disse Amy Hood, CFO da Microsoft. Já Susan Li, CFO da Meta, explicou que o objetivo é garantir uma vantagem competitiva “no desenvolvimento dos melhores modelos de IA”.

Nem todos os investidores, no entanto, estão convencidos.

A Meta foi recompensada — em parte por ter superado as expectativas de receita no segundo trimestre e divulgado previsões otimistas. “O bom desempenho nos anúncios é resultado direto da IA, que melhorou a eficiência do nosso sistema”, disse o CEO Mark Zuckerberg. A empresa também reorganizou sua divisão de IA, agora chamada Meta Superintelligence Labs, e está investindo pesado na contratação de pesquisadores de ponta, com pacotes de centenas de milhões de dólares.

As ações da Meta subiram mais de 8% após a divulgação dos resultados.

Já a Amazon decepcionou. Suas ações caíram até 8,1% após um resultado fraco na área de nuvem, em contraste com os números robustos de Google e Microsoft. E o cenário deve continuar desafiador: segundo analistas da Bloomberg Intelligence, a margem operacional da nuvem da Amazon seguirá pressionada até 2026, à medida que os gastos aumentam.

Crédito: Montagem sobre Adobe Stock Photo

A Alphabet, por sua vez, manteve as ações praticamente estáveis após divulgar seus resultados. A empresa aumentou sua previsão de investimentos em US$ 10 bilhões e espera acelerar ainda mais em 2026. “A demanda está forte, especialmente em nuvem, e o ambiente de oferta é apertado. Por isso, estamos investindo mais”, disse o CEO Sundar Pichai.

Para o analista Nikhil Lai, da Forrester, o Google não tem escolha. “A OpenAI forçou a mão da empresa, que agora precisa gastar muito em infraestrutura e aplicações de IA.”

Já a Microsoft relacionou seus investimentos à alta de 39% nas receitas da Azure, sua divisão de nuvem, que superou as expectativas dos analistas. “Lideramos a infraestrutura de IA e ganhamos participação em todos os trimestres do ano”, disse o CEO Satya Nadella.

“Os retornos da Microsoft estão claros”, disse o analista Gil Luria, da DA Davidson. “A dúvida é se os clientes da empresa também terão retorno. Esse será o verdadeiro teste: se não tiverem, não vão continuar investindo no ano que vem.”

A Apple, por fim, ainda parece comedida. Embora seus planos de capex sejam modestos comparados aos dos pares, a empresa também aumentou suas projeções — e atribui parte disso aos investimentos em IA. “Vamos continuar expandindo os gastos de capital. Não será um crescimento exponencial, mas será substancial”, disse o CFO Kevan Parekh.

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