Negócios
Mineradoras têm maior corte de dividendos no 2º tri; alerta para Vale?
Relatório mostra que setor de mineração foi o que mais contribuiu de forma negativa nos proventos totais pagos no período.
Os dividendos globais renovaram o recorde no segundo trimestre deste ano, totalizando US$ 568,1 bilhões, de acordo com a última edição do Índice Global de Dividendos da Janus Henderson. Os bancos, europeus principalmente, foram os principais responsáveis pela metade do aumento total de quase 5%, em base nominal.
Já o setor de mineração foi, de longe, o que mais contribuiu de forma negativa nos proventos totais pagos no período, cortando em US$ 6,9 bilhões, para US$ 15,4 bilhões. Ou seja, a remuneração aos acionistas ao final de junho de 2023 poderia ter sido ainda maior, não fosse o corte de 30,6% nos pagamentos nominais das mineradoras.
“Os grandes cortes nos dividendos de mineração que vínhamos prevendo desde o ano passado tiveram um impacto significativo [nos pagamentos totais das empresas no segundo trimestre deste ano]”, comentou a Janus Henderson ao InvestNews.
Sinal de alerta para Vale?
Ainda assim, a Vale (VALE3) ficou de fora dessa conta, já que não distribuiu dividendos no trimestre passado. Seria, então, um presságio para os acionistas da mineradora brasileira?
Não necessariamente. Afinal, a Rio Tinto figurou na lista dos 20 maiores pagadores de dividendos do mundo no segundo trimestre deste ano, ocupando o 12º lugar. Porém, a mineradora anglo-australiana promoveu um corte discricionário (“steep cut”) nos dividendos, uma vez que no mesmo período de 2022 figurou no Top 3 de pagadores globais.
Em números, a mineradora passou de pagamentos de US$ 8,3 bilhões no segundo trimestre do ano passado para quase metade desse valor um ano depois. Confira:
Maiores pagadores de dividendos do mundo (em US$ bi):
Ranking | 2T22 | 2T23 |
1 | Petrobras | Nestlé |
2 | Nestlé | HSBC |
3 | Rio Tinto | Mercedes-Benz |
4 | China Mobile | China Mobile |
5 | Mercedes-Benz | Bayerische Motoren |
6 | BNP Paribas | BNP Paribas |
7 | Ecopetrol | Microsoft |
8 | Allianz | Allianz |
9 | Microsoft | Sanofi |
10 | Sanofi | Axa |
11 | Aviva | Toyota |
12 | Axa | Rio Tinto |
13 | Apple | Zurich Insurance |
14 | Lvmh | Woodside Energy |
15 | Exxon Mobil | Lvmh |
Peso (e preço) das commodities
Para a Janus Henderson, uma medida melhor para aferir a evolução da remuneração aos acionistas entre as empresas do setor de mineração será o fim do ano. “Os dividendos das mineradoras vêm caindo desde o terceiro trimestre do ano passado por causa dos preços das commodities”, comentou.
Nesse quesito, merece atenção o comportamento divergente na cotação das matérias-primas metálicas. Tanto que na região da América Latina, o destaque no segundo trimestre deste ano ficou com o corte nos dividendos pagos pela mineradora Grupo México, terceira maior produtora de cobre do mundo.
Já a mineradora australiana BHP foi a maior pagadora de dividendos do mundo em 2022, “graças em parte aos fortes preços do carvão”, lembra a gestora de fundos globais. A ver, então, o que vem por aí para a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro e níquel.
No entanto, olhando no retrospecto, a Petrobras (PETR3; PETR4), que havia encerrado o segundo trimestre de 2022 como maior pagadora de dividendos do mundo, fechando o ano passado na vice-liderança, promoveu agora o maior corte de dividendos global, de quase 65%, no valor de US$ 6,3 bilhões, justamente devido ao preço mais baixo do petróleo.
- Descubra a história de Luiz Barsi Filho, o “Rei dos Dividendos”
Veja também
- Brasil é um dos únicos países que não tributam dividendos. Há espaço para começar
- ‘Imposto para milionários’ atingiria 15 mil pequenas empresas adeptas do Simples
- Gosta de dividendos? Balanços indicam boa safra de proventos em 2024
- Renovação de concessões de distribuição de energia terá regras mais rígidas; dividendos podem ser limitados
- A hora e a vez dos ETFs de dividendos