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Modelo de negócios ‘compre agora e pague depois’ é desafiado pela alta dos juros

Os consumidores pagam suas compras em parcelas, geralmente sem juros, e as empresas BNPL cobram dos varejistas online uma taxa por cada transação.

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Redução de gastos do consumidor, taxas de juros crescentes e condições de crédito mais complicadas criaram problemas para os negócios de pagamento em parcelas, o Compre Agora Pague Depois (BNPL), levantando a perspectiva de consolidação no setor.

As empresas criaram um dos segmentos de crescimento mais rápido em finanças ao consumidor, com volumes de transações atingindo US$ 120 bilhões em 2021, contra apenas US$ 33 bilhões em 2019, segundo a GlobalData.

Esse modelo surgiu em um ambiente de taxas de juros muito baixas, que permitiu que fintechs levantassem fundos a um custo relativamente pequeno e oferecessem empréstimos aos clientes em sites de compras online.

Os consumidores pagam suas compras em parcelas, geralmente sem juros, e as empresas BNPL cobram dos varejistas online uma taxa por cada transação.

O modelo se mostrou popular entre jovens consumidores durante a pandemia de covid-19, à medida que os volumes de comércio eletrônico dispararam, com as transações representando 2 de cada US$ 100 gastos em comércio eletrônico no ano passado, de acordo com a GlobalData.

Mas o setor enfrenta um acerto de contas à medida que as circunstâncias que alimentaram seu crescimento estão chegando ao fim, com os consumidores cortando gastos e aumentando as taxas de juros, elevando os custos de financiamento das empresas BNPL.

Existem mais de 100 empresas BNPL em todo o mundo, de acordo com a 451 Research da S&P Global Market Intelligence.

O anúncio da Apple (AAPL34) esta semana de que lançaria seu próprio serviço BNLP intensificará ainda mais a concorrência e derrubou o preço das ações de empresas listadas como Affirm, líder de BNPL nos Estados Unidos, e as das australianas Zip e Sezzle.

Os preços de suas ações já estavam sob pressão, com a Affirm caindo cerca de 75% neste ano.

As ações da empresa de pagamentos Block de Jack Dorsey, que comprou a provedora australiano de BNPL Afterpay em janeiro, caíram cerca de 48% em 2022.

A maior empresa de BNPL, Klarna, que foi avaliada em US$ 46 bilhões após um investimento há um ano, demitiu recentemente 700 funcionários – 10% de sua força de trabalho.

Para players menores, o acesso a financiamento para emprestar aos compradores se tornará mais difícil.

“A maioria dos provedores do BNPL não tem acesso a depósitos”, disse Jordan McKee, analista da 451 Research. “Certamente há algumas exceções a isso. Mas geralmente eles precisam tomar fundos para emprestar e, à medida que as taxas de juros aumentam … está mais difícil repassar aos consumidores e isso pressiona suas margens”.

O setor também enfrenta crescente escrutínio de reguladores.

O Ministério das Finanças do Reino Unido abriu consulta sobre regulação das empresas BNPL. O ministro de serviços financeiros da Austrália disse nesta semana que o governo pressionará para regular os credores do BNPL sob as leis de crédito.

Keane, do Deutsche Bank, disse que os lojistas podem suportar taxas mais altas se as empresas BNPL trouxerem mais clientes para seus sites, mas isso favorecerá grandes players.

Algumas instituições financeiras também podem estar interessadas em chances de fusões e aquisições no setor, dizem analistas.

O Deutsche Bank estima que esse mercado possa chegar a US$ 482 bilhões até 2025 e responder por 5,6% dos gastos com comércio eletrônico, incluindo pagamentos de viagens e eventos.

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