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Na solução para Braskem, pressa fala mais alto e bancos já aceitam manter Novonor no negócio, dizem fontes
Depois de muitos entraves, instituições credoras da ex-Odebrecht negociam conversão de dívida em ações
A solução para o impasse envolvendo a venda da Braskem pode estar perto de ser concretizada. Segundo fontes próximas às negociações ouvidas pelo InvestNews, todos os envolvidos – Novonor, Petrobras (controladores da companhia) e os cinco bancos credores – estão de acordo com a proposta que está sobre a mesa: a conversão da dívida da Novonor com os bancos em ações, e a transferência desses papéis para um fundo.
Como antecipou o InvestNews em agosto, a ideia é transformar os bancos credores – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES – em co-controladores da Braskem. Ou seja, eles passariam a ser os donos das ações da Braskem que pertencem à Novonor e que foram dadas aos bancos como garantia de uma dívida estimada em R$ 15 bilhões, contraída entre 2014 e 2019. As ações dos cinco bancos, então, seriam transferidas para um fundo, que terá um gestor independente.
A Novonor ficaria com uma participação pequena, inferior a 5%, em uma espécie de concessão por parte dos bancos para que a empresa da família Odebrecht assine o contrato. Segundo fontes que acompanham as negociações, as instituições financeiras estavam bastante relutantes em aceitar a Novonor na sociedade. Mas, agora, parece que a pressa falou mais alto. “Ninguém aguenta mais falar de Braskem”, define um interlocutor.
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A solução em negociação foi proposta pelos próprios bancos, exatamente para agilizar o processo. Isso porque, nesse formato, não será preciso encontrar um comprador para a fatia que hoje pertence à Novonor. Assim, os bancos poderão se desfazer de sua participação de forma pulverizada. E escolher o melhor momento para vender os papéis.
A estrutura negociada é semelhante à adotada para a reestruturação da companhia de saneamento Iguá. Em 2017, o Grupo Galvão Participações transferiu suas ações na companhia para um fundo que passou a ser gerido pela IG4 Capital. Na ocasião, os sócios da gestora injetaram recursos para o FIP comprar uma dívida do Bradesco no valor de R$ 186 milhões, convertida em equity pelo valor de face.
Para que a estratégia funcione, será preciso definir regras de lockup (bloqueio), como um prazo mínimo para que os cotistas desse fundo possam vender as ações no mercado. E esse é um dos aspectos que estão sendo analisados.
Ainda segundo as fontes, por causa do acordo de acionistas da Braskem, a Petrobras precisa aprovar a operação. E a petroleira já teria sinalizado estar de acordo. O desafio agora, além das regras de lockup, é definir o “valor justo” das ações que serão colocadas no fundo – que não necessariamente equivale ao preço praticado pelo mercado.
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A Petrobras é dona de 36,1% do capital total da Braskem. Outros 25,6% estão pulverizados no mercado. Já a Novonor é a acionista majoritária, com uma fatia de 38,3% do capital total. Só que, em meio à crise deflagrada pela Operação Lava Jato, a ex-Odebrecht deixou todas essas ações nas mãos dos cinco bancos, como garantia de sua dívida. É essa fatia que está, há anos, em discussão.
Disputa de longa data
Grandes companhias, tanto brasileiras como estrangeiras, já manifestaram interesse em comprar o controle da Braskem. Somente em 2023, a companhia recebeu ofertas da petroquímica Unipar, do grupo J&F e da Adnoc, estatal do setor de petróleo dos Emirados Árabes. O que inviabilizou o avanço das conversas foi, segundo fontes, uma certa intransigência por parte dos bancos em relação ao preço oferecido.
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A questão é que a dívida da Novonor com os bancos é de cerca de R$ 15 bilhões, mais do que o valor de mercado (número de ações da companhia multiplicado pelo valor negociado hoje na bolsa) da Braskem, de pouco mais de R$ 12 bilhões. Além da demora na venda, o que vem prejudicando a companhia é o momento negativo que o setor petroquímico enfrenta globalmente.
Mas o que mais pesa hoje sobre a empresa é a pressão por parte do governo de Alagoas por causa do desastre ambiental em Maceió. A empresa já desembolsou cerca de R$ 4,4 bilhões em indenizações, e existe o risco de novas cobranças.
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