Desastre em Maceió: novo processo judicial agrava crise sobre os papéis da Braskem

Alagoas entrou com uma ação judicial de R$ 4 bilhões vinculada aos danos causados pelo colapso de uma das minas da Braskem

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Os títulos em dólar da Braskem estão sob pressão, depois de Alagoas entrar com uma ação judicial de R$ 4 bilhões (US$ 717 milhões) vinculada aos danos causados pelo colapso de uma das minas da empresa.

Este é mais um capítulo no desastre ambiental que se arrasta há anos, custando à gigante petroquímica seu grau de investimento em 2023.

A nova ação judicial, movida na semana passada, busca indenização pelos danos sofridos por moradores que vivem na periferia da zona afetada em Maceió, informou Alagoas em comunicado. As notas promissórias da Braskem com vencimento em 2034 caíram US$ 0,03 na segunda-feira (13) após a notícia.

A diretoria da Braskem informou que tomou conhecimento do novo processo pela mídia e que “avaliará e tomará as medidas pertinentes”, mantendo o mercado informado, de acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira. A empresa não quis comentar mais.

“Não sabemos como isso vai se desenrolar”, disse Filipe Botelho, analista da Lucror Analytics. O novo processo não era esperado pelos detentores de títulos e pode manter a dívida sob pressão no curto prazo, acrescentou.

Nelson Tanure

A ação judicial se soma às preocupações dos investidores com uma potencial aquisição pelo magnata Nelson Tanure, o que gerou temores de uma reestruturação da dívida. Em média, os títulos em dólar da Braskem renderam aos investidores uma perda de 3,3% no último mês, ficando atrás da maioria dos títulos corporativos latino-americanos, que retornaram 0,8% no mesmo período.

“Com certeza é um nome que tem sido negociado nas manchetes, então qualquer ruído adicional, como as notícias de Alagoas, pode interferir”, disse Arturo Galindo, analista da BCP Securities. “Ainda vemos o preço dos títulos pressionado principalmente pelo interesse de Tanure.”

Tanure é um investidor veterano conhecido por fazer operações de distress, incluindo Oi e Light . Embora não tenha pressionado por uma reestruturação, os investidores sinalizaram preocupação de que sua reputação como investidor em dívidas em dificuldades possa levar a um “haircut” para os detentores de títulos.

Sua oferta ocorre após anos de esforços do conglomerado industrial em dificuldades Novonor — anteriormente conhecido como Odebrecht — para vender sua participação na Braskem. Um possível acordo com a Adnoc de Abu Dhabi fracassou em maio de 2024, frustrando as esperanças que anteriormente haviam ajudado a impulsionar uma alta nos títulos da Braskem.

A mídia local noticiou que uma oferta vinculativa da Tanure dependerá de um acordo definitivo sobre a indenização devida pela Braskem pelo afundamento do solo no estado de Alagoas.

Um porta-voz da Tanure não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

No final de janeiro, a Braskem aumentou as provisões relacionadas ao desastre em Alagoas em R$ 1,3 bilhão, elevando o total para aproximadamente R$ 18 bilhões, mostram os documentos da empresa.

Apesar do aumento considerável, o ajuste teve impacto limitado nos lucros da empresa, já que os desembolsos devem ser distribuídos ao longo de mais de uma década, permitindo que os custos sejam absorvidos de forma mais gradual, afirmou a Fitch Ratings em relatório em fevereiro.

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