Negócios
O que deu errado para Mark Schneider após 7 anos como CEO da Nestlé?
Apesar de Nestlé e Schneider não terem comentado, Reuter apurou que o CEO foi demitido do cargo
Mark Schneider, recém-destituído do cargo de CEO da Nestlé, conduziu a maior fabricante de alimentos do mundo durante a pandemia da Covid-19, aumentou as margens da empresa apesar da subsequente crise na cadeia de suprimentos e realizou uma reorganização histórica.
Então, quando foi que ele perdeu a confiança da diretoria?
Embora a Nestlé tenha se recusado a comentar sobre a natureza de sua saída ao anunciá-la na quinta-feira (22), e Schneider não tenha respondido a uma solicitação nesse sentido, três fontes disseram à Reuters na sexta-feira que o executivo havia sido demitido.
Uma fonte disse que a decisão foi tomada depois que a diretoria da Nestlé ficou cada vez mais preocupada com o fraco crescimento das vendas. Eles também citaram preocupações com a desaceleração do desenvolvimento de produtos, com produtos novos e renovados levando mais tempo para serem planejados e lançados.
“Há dois anos, Mark Schneider não podia fazer nada de errado; agora ele parece estar fazendo tudo errado”, disse Bruno Monteyne, analista da Bernstein, apontando para uma queda nas ações da Nestlé, que recuaram cerca de 30% desde o pico da pandemia no início de 2022.
No entanto, “esse é um bom motivo para romper com um presidente-executivo que há apenas dois anos era considerado o melhor presidente-executivo do setor?”, questionou Monteyne.
LEIA MAIS: Em maio, Nestlé anunciou investimentos de R$ 1 bi no café brasileiro
Ascensão e queda
Schneider, de 58 anos, tornou-se em 2017 a primeira pessoa de fora da empresa a liderar a Nestlé em quase um século. As ações atingiram o pico durante seu mandato, batendo um recorde de 129,5 francos suíços (US$ 152,73) no início de 2022.
Naquele ano, ele liderou uma reformulação da empresa, mudando sua diretoria executiva para se alinhar com uma nova estrutura geográfica.
Enquanto rivais como a PepsiCo e a Unilever não conseguiram sustentar o crescimento da margem operacional nos sete anos até 2023, Schneider aumentou a margem da Nestlé de 16,5% para 17,3%. Esse feito foi particularmente notável, dado o impacto que as margens do setor sofreram durante a pandemia.
No entanto, as preocupações da diretoria sobre os volumes de vendas lentos e a falta de investimentos não são infundadas, e foram levantadas repetidamente em chamadas com analistas e investidores nos últimos anos.
A Nestlé registrou um crescimento irregular das vendas durante os quase oito anos de mandato de Schneider em comparação com alguns de seus concorrentes, perdendo o impulso que ganhou durante a pandemia ao afastar os consumidores com preços muito altos em 2023.
No ano até meados de junho, de acordo com os dados da Nielsen analisados pelo Barclays, a participação da Nestlé no mercado de varejo caiu drasticamente na Europa em relação ao ano anterior e foi profundamente prejudicada nos Estados Unidos.
LEIA MAIS: O império da Mars: Pringles, Sucrilhos, M&M’s e Snickers agora pertencem a uma só empresa
Olhando para a concorrência
Outras empresas, como a PepsiCo e a Unilever, também perderam participação no mercado e volumes de vendas devido aos preços mais altos. Entretanto, nos últimos trimestres, elas conseguiram aumentar os volumes novamente, recebendo elogios dos analistas por apoiarem seus retornos com inovação e forte publicidade.
Inicialmente, a Nestlé não conseguiu reduzir seus aumentos de preços e, mesmo quando o fez no ano passado, os volumes — ou “crescimento interno real” — continuaram fracos.
O recuo de Schneider em relação ao marketing em 2022 também foi criticado repetidamente por investidores e analistas, apesar de seu novo impulso à publicidade desde então.
Seu substituto, Laurent Freixe, um francês de 62 anos, começou a trabalhar para a Nestlé há 40 anos em funções de marketing antes de subir na hierarquia para cargos executivos.
Ele se comprometeu imediatamente a focar a Nestlé no crescimento orgânico em vez de aquisições.
Veja também
- CBA vende participação na Alunorte para a Glencore por R$ 236,8 milhões
- BRF compra fábrica e passa a ser a primeira empresa de proteínas a produzir na China
- Argentina anuncia licitação para privatizar hidrovia Paraguai-Paraná
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029
- Enel prepara plano de investimentos para buscar renovação de suas concessões no Brasil