O CEO da OpenAI, Sam Altman, está em uma turnê global que inclui passagens por Tóquio, Seul, Nova Délhi, Dubai e Alemanha. A companhia americana e o japonês SoftBank Group Corp. anunciaram uma parceria estratégica para comercializar serviços de inteligência artificial para empresas em todo o Japão.
A iniciativa representa um dos maiores esforços da startup para expandir suas ferramentas de IA para clientes corporativos fora dos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, Altman e o fundador do SoftBank, Masayoshi Son, subiram ao palco em Tóquio para apresentar uma joint venture 50/50 entre a OpenAI e a divisão de telecomunicações SoftBank Corp., antes de uma reunião com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.
A nova empresa contratará cerca de 1.000 funcionários para promover os produtos da OpenAI em diversos setores da economia japonesa, como montadoras e varejistas, afirmou Son. Ele também revelou que empresas do grupo SoftBank — incluindo a LY Corp. e a PayPay Corp. — utilizarão as ferramentas da OpenAI em um volume estimado de US$ 3 bilhões anuais.
A parceria reforça o papel crescente do SoftBank no avanço da inteligência artificial, desde sua liderança no projeto Stargate, um fundo de US$ 100 bilhões nos EUA, até seus investimentos em data centers no Japão. Também reflete a adesão de Son ao modelo da OpenAI, que defende o uso de grandes volumes de dados para gerar melhores resultados.
“Se mais é melhor, devemos fazer muito. Mais cérebro definitivamente é melhor”, disse Son durante a apresentação, onde dividiu o palco com Altman. Ele também fez referência à ascensão da startup chinesa DeepSeek, que desafia a premissa de que o avanço da IA exige investimentos bilionários. “Algumas pessoas dizem que é possível fazer pequeno e compacto, mas isso é apenas pequeno.”
O SoftBank se junta a gigantes da tecnologia como Meta e Microsoft, que estão investindo bilhões de dólares na infraestrutura necessária para o futuro da inteligência artificial.
“O mundo vai precisar de muito poder computacional”, afirmou Altman a Son, destacando que os avanços em IA na saúde e na robótica estão prestes a revolucionar o setor. “O retorno sobre um aumento linear na inteligência é exponencial em termos de valor. Exige um grande investimento em infraestrutura, mas gera receitas proporcionais.”
O Japão, que perdeu a primeira onda de crescimento da internet, não pode se dar ao luxo de desperdiçar mais três décadas, alertou Son. No entanto, o país enfrenta desafios para avançar na IA devido ao alto custo da importação de petróleo e gás. Além disso, a população japonesa segue cautelosa em relação à energia nuclear desde o desastre de Fukushima em 2011, em um país que registra centenas de terremotos por ano.
“A adoção da inteligência artificial ainda é lenta em comparação com os Estados Unidos”, afirmou Ishiba durante seu encontro com Altman e Son.
Semanas antes, Altman e Son apareceram ao lado do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que anunciou um projeto multibilionário para construir data centers e infraestrutura nos EUA voltados à OpenAI. Com apoio da Oracle e do fundo MGX, dos Emirados Árabes, o chamado Projeto Stargate prevê um investimento de aproximadamente US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos para ampliar a capacidade computacional da IA.
Segundo Son, o primeiro-ministro japonês buscou conselhos sobre como fortalecer o setor de IA do país e discutiu uma reunião com Trump programada para esta semana. Ishiba também elogiou Son por ter conquistado a “enorme confiança” do ex-presidente norte-americano.
Durante o evento, Son trouxe ao palco um cristal roxo, em referência à metáfora que usou quando adquiriu a Arm em 2016 para prever o futuro da tecnologia. Ao lado do CEO da Arm, Rene Haas, e do chefe da divisão de telecom do SoftBank, Junichi Miyakawa, Son apresentou o conceito de “Cristal Intelligence”, que será o pilar da IA empresarial da nova joint venture.
“Estou muito animado”, declarou Son. “O Cristal pode tomar as melhores decisões com base em informações atualizadas e utilizando todos os dados passados em sua memória de longo prazo.”