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Pan deve ser o mais afetado pela queda da taxa do consignado, avalia Itaú BBA
Segundo estimativas do banco, o setor perderá R$ 9 bilhões por ano em receita líquida com juros.
Para o Itaú Unibanco, o Banco Pan (BPAN4) será o mais afetado pela redução da taxa máxima de juros do empréstimo consignado para beneficiários do INSS aprovada na véspera pelo Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS). As ações da empresa chegaram a ceder mais de 5% na máxima desta terça-feira (14). Já o Banco do Brasil (BBAS3) é a instituição que deve enfrentar menos percalços.
Em relatório, Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, analistas do Itaú BBA, explicaram que o crédito consignado do INSS representa uma fatia relevante de R$ 230 bilhões do bolo de crédito no Brasil (levando em conta janeiro de 2023) – ou 7% de todo o crédito para pessoas físicas.
Segundo estimativas do banco, o setor perderá R$ 9 bilhões por ano em NII (receita líquida com juros) com os “spreads reduzidos quase pela metade”.
Entre as empresas que fazem parte da cobertura do Itaú, o crédito consignado do INSS tem destaque especial para o Banco Pan (que representa 30% do crédito total) e o Bradesco (6% do crédito total).
O Inter tem uma exposição total de 4% em sua carteira de crédito, mas suas taxas, reiterou o Itaú, já estão próximos do novo limite, portanto não terá impacto direto nos lucros.
Já o peso do crédito consignado para o Banco do Brasil é a menor, com 2% da fatia. “O Banco do Brasil mais uma vez se destaca como relativamente menos afetado devido a sua carteira de crédito mais diversificada e estrutura resiliente de NII”.
Porém, para os analistas da casa, no geral, a notícia não será bem recebida pelos investidores bancários. Além do impacto direto sobre os ganhos, a mudança é um lembrete “hostil” do risco de incertezas políticas em tempos de transição.
“Os spreads do produto já estavam no nível mais baixo em uma década. Vale lembrar que o Brasil também está em meio a uma discussão para limitar as taxas do cartão de crédito rotativo”, avaliou a equipe.
Mudanças nas taxas
O Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) aprovou na véspera a redução da taxa máxima de juros do empréstimo consignado para beneficiários do INSS proposta pelo governo federal. O colegiado definiu o novo limite em 1,70% por mês, contra o patamar anterior definido em 2,14%.
O CNPS também aprovou que o valor percentual para o cartão de crédito consignado chegará até o teto de 2,62%, contra 3,06% do valor percentual vigente.
Ao citar que mais de oito milhões de beneficiários possuem algum contrato ativo de consignado e cerca de 1,8 milhão já chegaram ao limite de utilização da margem – definida em 45% -, Carlos Lupi, Ministro da Previdência, falou sobre a importância da mudança nas faixas que receber menos de dois salários mínimos.
“Vejo essas atuais taxas como abusivas para os beneficiários do INSS, que são pessoas, em sua grande maioria, extremamente vulneráveis. Buscamos encontrar um caminho que seja o melhor para a parte mais frágil: o povo brasileiro”, avaliou.
O presidente do INSS, Glauco Wamburg, afirmou que a Previdência Social precisou tomar providências para proteger cidadãos tão vulneráveis visto que os beneficiários que usam o consignado tem renda média de R$ 1.700.
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