Negócios
Para bancos, aporte da Shein pode ser negativo e atrapalhar varejo local
Ao mesmo tempo, players domésticos terão mais condições de se posicionarem para competir com a empresa chinesa, que ficará sujeita às regras brasileiras.
Para o Itaú BBA e o Santander, o investimento de R$ 750 milhões no Brasil anunciado pela marca de fast fashion chinesa Shein na última semana pode ser negativo e atrapalhar o varejo local. Ao mesmo tempo, o aporte deverá ajudar a igualar o mercado, já que a empresa estará sujeita às leis brasileiras relacionadas à taxação no setor, assim como as companhias nacionais.
O analista Thiago Macruz, do Itaú BBA, e sua equipe mencionaram em relatório que o investimento empodera um novo entrante no mercado de varejo de vestuário e que pode ser um pouco negativo para os players nacionais.
Isso porque o ambiente competitivo deve se tornar mais desafiador “com o estabelecimento de um novo e feroz concorrente que visa acelerar sua presença no país através de um sólido pipeline de investimentos de médio prazo”.
Ao mesmo tempo, os analistas ponderaram que a participação direta da empresa chinesa no Brasil também nivela o mercado interno. “A Shein estará sujeita às mesmas leis brasileiras e quadro regulamentar de seus pares. Acreditamos que os players de vestuário doméstico serão melhores posicionado para competir com Shein localmente“, disse a equipe.
Além disso, mencionou a equipe do Itaú BBA, competir com as operações cross-border (comércio de fronteiras) da Shein é muito mais desafiador, “dada a sua provável vantagem de preços em relação aos custos de produção do mercado chinês”, apontou a equipe do Itaú BBA.
Santander
Ao pontuarem em relatório que o investimento tem implicações mistas para os varejistas de vestuário/moda listados na bolsa, Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, do Santander, avaliaram que a Shein pode atrapalhar o setor, “levando os principais players da moda a reavaliar suas estratégias de cadeia de suprimentos”.
Além disso, o trio de analistas ponderou que os varejistas locais devem tomar medidas como “investir em parcerias com fornecedores, acelerar a adoção do comércio eletrônico e gerenciamento de riscos de lucratividade devido ao aumento da concorrência e pressão de preços”.
O Santander mostrou ainda que a intenção da Shein de fazer parceria com quase 10% dos 22.500 fornecedores têxteis do país ofuscaria a rede atual da Renner e da C&A (com 1.400 e 800 fornecedores diretos/indiretos locais, respectivamente).
Na opinião da equipe do banco de investimento, os investimentos podem ser uma indicação de que a empresa está ciente de que suas vendas atuais e seu posicionamento competitivo provavelmente estão em risco devido ao aumento da supervisão do governo.
Isso porque o Governo Federal chegou a cogitar a taxação de encomendas importadas de pessoas físicas para pessoas físicas com valor igual ou abaixo de US$ 50, mas voltou atrás após repercussão negativa.
A equipe do Santander relatou que o valor total de importações de pequeno valor evoluiu no Brasil nos últimos anos, mas houve uma recente desaceleração de janeiro a fevereiro de 2023, o que pode ter implicações favoráveis para os varejistas locais de vestuário.
“Ainda assim, acreditamos que os preços da Shein podem permanecer competitivos, apesar dos possíveis aumentos de impostos de importação”.
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Sobre os investimentos da Shein
Na semana passada, a Shein enviou uma carta ao governo brasileiro, reiterando sua
compromisso com o país em meio aos contínuos debates sobre a tributação do comércio eletrônico internacional.
A empresa enfatizou que o Brasil é um dos três maiores mercados globais em termos de vendas e anunciou um investimento substancial de R$ 750 milhões na produção têxtil local.
O investimento envolve a parceria com aproximadamente 2.000 fabricantes brasileiros, fornecendo tecnologia e treinamento para modernizar seus processos produtivos e criar cerca de 100.000 novos empregos dentro três anos.
A carta de Shein também destaca sua ambição de estabelecer o Brasil como um dos principais fabricantes e polo exportador de produtos de moda e lifestyle na América Latina.
A companhia, que anunciou também um marketplace para produtos e vendedores no Brasil, afirmou que pretende fazer parceria com 2 mil fabricantes no país, o que deve gerar 100 mil empregos nos próximos três anos.
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