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Para o físico Marcelo Gleiser, Brasil ‘está lento’ na energia limpa

Cientista mencionou regiões que estão à frente no quesito, como o estado da California, nos Estados Unidos.

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Ao mencionar a importância de mudar a forma como a energia é captada pelo planeta, Marcelo Gleiser, físico e astrônomo, afirmou que o Brasil está “muito lento” na transição para a energia limpa. O brasileiro, que é professor da Dartmouth College, nos Estados Unidos, falou durante a 5ª edição do Fórum CEO do Experience Club, plataforma de conhecimento e networking corporativo.

Marcelo Gleiser Crédito: Marcos Mesquita/Experience Club

“A gente criou todo esse mundo incrível industrial, literalmente comendo as entranhas desse planeta. O petróleo e o gás natural vêm debaixo da terra, só que existe um preço a ser pago”.  

O físico reiterou que mesmo o etanol, que é menos poluente que o petróleo – e do qual o Brasil é um dos maiores produtores mundiais – depende da agropecuária e, portanto, da retirada de recursos da natureza.

Gleiser mencionou regiões que estão à frente no quesito energia limpa, como o estado da California, nos Estados Unidos, que decretou que até 2035 todos os carros sejam elétricos.

“A gente simplesmente pode pegar essa energia do céu, que vem através da luz do sol e através dos ventos e que é muito mais inteligente e sustentável, para o nosso projeto de civilização futura em vez de continuar comendo as entranhas da terra”, disse Gleiser ao mencionar, por exemplo, a eletricidade gerada por painéis solares.

O físico frisou ainda que nós, humanos, temos a capacidade de autorreflexão, “o que faz com que a gente seja a voz do universo” e que o grande desafio da geração é continuar a crescer de uma forma sustentável em um planeta finito.

“Essa é a equação do futuro, que cada um de nós vai ter que resolver tanto no nível individual, como empresarial e de liderança. Agora estamos acordando para o fato de que mesmo que o planeja seja grande, ele não é infinitamente capaz de continuar a oferecer matéria-prima sem que a gente pague um preço”.

Ciência x liderança

Ao falar para uma plateia de mais de 300 CEOs na baixada santista, Gleiser mencionou que, se há algo que a ciência pode ensinar para a liderança empresarial, é que a ela “só avança quando erra”.

Ao fazer referência ao mundo corporativo e as relação das lideranças com os negócios, Gleiser explicou que a ciência cria modelos, mas que ao longo do tempo são substituídos por novas teorias.

“A ciência tem a capacidade de se autocorrigir e a humildade de entender que as respostas que a gente tem são falíveis e temporárias”.

O físico brasileiro citou como exemplo o inventor e futurista Ray Kurzweil, autor do livro “A Singularidade Está Próxima”. Ele acredita que até 2040 os computadores vão ter capacidade de processamento de dados muito maior do que a do cérebro humano.

“Isso é um completo absoluto absurdo, é é uma teoria que já parou de funcionar. A inteligência artificial é sem duvida fundamental para os negócios, mas a ideia de que uma máquina vai pensar é totalmente aleatória”.

Ao falar como as empresas podem lidar com erros em meio a uma imensa quantidade de dados, o físico fez referência às estatísticas.

“Os dados sempre têm uma margem de erro estatístico. Tem uns 5% que você não quer olhar, porque que são problemáticos, mas que podem acontecer”.

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