Negócios
Pedidos da Embraer ficam abaixo do esperado em Paris
Apesar disso, analistas viram pontos positivos no evento, como o retorno da empresa à China e o crescente interesse em sua unidade de aeronaves elétricas.
O número de pedidos mais fraco do que o esperado reportado pela Embraer (EMBR3) na maior feira aérea do mundo na semana passada decepcionou investidores, mas alguns analistas viram pontos positivos no evento, como o retorno da empresa à China e o crescente interesse em sua unidade de aeronaves elétricas.
Terceira maior fabricante de aviões do mundo depois da Airbus e da Boeing, a empresa brasileira conquistou 13 novas encomendas de jatos comerciais no Paris Air Show, ficando abaixo de estimativas do mercado e dos níveis de anos anteriores.
A demanda reduzida fez com que as ações da empresa caíssem cerca de 18% em uma semana, revertendo o ganho de 11% visto nos dias que antecederam o evento, quando participantes do mercado pareciam animados com as perspectivas de novos negócios.
“A atividade comercial da Embraer não foi forte o suficiente para atender às expectativas dos investidores”, disseram analistas da XP Investimentos, que permanecem com uma recomendação de compra para ações da empresa em meio a perspectivas de crescimento e uma avaliação atraente.
Os 13 novos pedidos ficaram aquém dos 74 fechados em Le Bourget em 2019 e dos 28 anunciados em Farnborough no ano passado, além de abaixo de algumas previsões otimistas do mercado, como a de pelo menos 30 pedidos esperados por analistas do JPMorgan.
Investidores ficaram especialmente desapontados com a falta de pedidos advindos do crescente mercado indiano, responsável por uma encomenda recorde de 500 aviões da Airbus e também por novos pedidos de jatos Boeing.
“Dados os anúncios significativos da Airbus, é possível que os acionistas da Embraer se sintam frustrados”, observaram analistas do BTG Pactual, que também têm uma recomendação de “compra” para as ações da fabricante de aviões.
Lento, mas lucrativo
Ainda assim, vários analistas permanecem otimistas com a empresa brasileira, uma vez que uma recuperação no setor de viagens no pós-pandemia segue impulsionando a entrada de dinheiro no setor.
O BTG disse que é importante observar que as vendas para Binter e American Airlines, que já eram clientes da Embraer, foram equivalentes a 19% da previsão de 65 a 70 entregas este ano, tornando-os “negócios significativos”.
Esses pedidos se somam a uma carteira de pedidos que permanece robusta, com o modelo E2 visto como basicamente esgotado para este ano e 2024 depois de pedidos de novos clientes — como Royal Jordanian, Salam Air e Scoot — terem realizado encomendas recentemente.
Apesar do ritmo lento em geral dos negócios no Paris Air Show, analistas da Zacks ainda os consideraram “lucrativos”, “ressaltando a confiabilidade e eficiência” da Embraer.
Outras notícias positivas durante o evento vieram da subsidiária Eve, que assinou acordos para a venda de até 150 aeronaves elétricas, e do acordo da Embraer para retornar ao mercado chinês convertendo jatos de passageiros em cargueiros.
As ações da Embraer ainda acumulam alta de 20% até agora este ano, e alguns analistas acreditam que o “upside” permanece.
“Acreditamos que a maior parte da empolgação pré-evento já foi ajustada nos preços, com espaço limitado para mais pressão”, disse a XP.
Veja também
- Embraer assina acordo para ampliar colaboração com empresa aeroespacial da Indonésia
- A ascensão do C-390: como o cargueiro militar se tornou uma grande cartada da Embraer
- Após acordo com a Suécia, Embraer vê potencial no mercado dos EUA para C-390
- ‘Carro voador’ da Embraer ganha novo impulso de US$ 50 milhões para sair do chão
- Visiona, da Embraer e Telebras, lançou primeiro satélite de observação da Terra feito por uma indústria brasileira