Negócios
Pequenos negócios faturam alto com instalação de energia solar
Empreendedores estão conseguindo buscar soluções mais baratas à conta de luz.
A conta de luz mais cara tem pesado no bolso de todos os brasileiros. Mas, para quem tem um empreendimento, o gasto com energia é ainda mais preocupante. Segundo a 14ª Pesquisa Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, o aumento de custos fixos – que incluem ainda insumos e combustível – passou a ser uma das grandes dificuldades para os empresários. Ainda assim, muitos empreendedores estão conseguindo virar a página ao buscar soluções mais econômicas, como a geração própria de energia.
O mercado em alta e mais acessível também tem beneficiado pequenos negócios que trabalham com a instalação de painéis solares. É o caso da RR Energia Solar Fotovoltaica, liderada pelo empresário Ronaldo de Souza Ramos, e que atua na região do município de Caieiras e da grande São Paulo há um ano. A empresa trabalha com a instalação de equipamentos para energia solar fotovoltaica. Segundo o proprietário, a procura por esse tipo de serviço só aumenta e falta até mesmo mão de obra especializada para a demanda crescente.
“A minha agenda é lotada. Se um cliente fecha uma compra hoje, por exemplo, eu só consigo marcar a instalação em 20 ou 25 dias”, explica. Para ele, o segmento aquecido só mostra que a geração de energia própria é um caminho sem volta. Apesar de 90% da clientela ainda ser residencial, no ramo empresarial, Ronaldo Ramos conta que a maioria dos pedidos são de pequenos comércios, como cabeleireiro, açougue e padaria, além de alguns escritórios de contabilidade.
O dono da RR Energia Solar, Ronaldo Ramos, durante a instalação de 86 painéis solares em um empreendimento imobiliário. Foto: Túlio Vidal/ASN.
O relato do empresário coincide com os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), que mostram que os pequenos negócios dos setores de comércio e serviços respondem por 12,5% dos mais de 1 milhão de sistemas solares instalados nos telhados brasileiros. Os consumidores residenciais estão no topo da lista, com 77,6% das conexões.
Empresas integradoras ou instaladoras de sistemas de energia solar fotovoltaica como a de Ronaldo são especializadas em desenvolver projetos, parcerias com fornecedores de equipamentos e instalar sistemas de energia solar em casas, comércios e indústrias, ou seja, fornecendo uma solução completa para o cliente final, desde a elaboração do projeto técnico, compra de equipamentos, instalação e homologação do sistema junto às concessionárias locais.
Investir agora para pagar menos depois
Mas outros segmentos também estão aproveitando as vantagens desse nicho, como empresas que vivem do turismo. No Rio Grande do Norte, o Village do Sol Hotel é um exemplo. Cansado das contas exorbitantes com energia elétrica, o empresário João Maria Pereira de Moura Júnior resolveu apostar na energia solar fotovoltaica.
A mudança tem apenas dois meses, mas já registra resultados impactantes. As despesas com energia reduziram de R$ 15 mil por mês – chegando a R$ 18 mil na alta temporada – para aproximadamente R$ 5 mil. “Foi uma diferença bem grande, pagamos em torno de um terço do que pagávamos antes”, comemora. O empresário precisou fazer um financiamento de R$ 380 mil para bancar a instalação, mas acredita que, ainda assim, vale a pena. “Compensa agora e, futuramente, mais ainda. Nós vamos encerrar o financiamento e depois pagaremos somente a demanda mensal à concessionária.”
Apesar de já conhecer a tecnologia da energia solar, João Maria disse que só se decidiu de vez pela geração distribuída depois de participar de uma Rodada de Negócios promovida pelo Sebrae, cujo objetivo era aproximar empreendedores de todos os segmentos a empresas responsáveis pela instalação de painéis fotovoltaicos que atuam no estado. No encontro, ele fechou negócio com a empresa de instalação.
O empresário João Maria Pereira colocou placas de energia solar no Village do Sol Hotel e já vê resultados na conta de luz. Foto: Josemar Gonçalves/ASN
Sustentabilidade no DNA
No outro lado do país, a cervejaria Edelbrau, em Nova Petrópolis (RS), foi pensada, desde o início, em 2011, sob o olhar da sustentabilidade e eficiência energética. Todo o prédio foi construído buscando aproveitar a iluminação natural. A propriedade também conta com cisternas que captam água da chuva, utilizada na limpeza de piso, no processo de pasteurização, nos vasos sanitários e na irrigação dos jardins. Em 2018 veio a contribuição mais robusta: com a instalação de 251 placas fotovoltaicas na fábrica, a cervejaria tornou-se a primeira do Brasil a gerar 100% da energia consumida na planta produtiva.
Placas solares na Cervejaria Edelbrau, em Nova Petrópolis (RS).
“Além de contribuir com o meio ambiente, conseguimos melhorar nosso custo operacional, pois a parcela do financiamento é inferior à conta de energia que estaríamos pagando”, argumenta o sócio-diretor da empresa com foco no turismo de experiência, Fernando Maldaner. “Todas essas ações que implementamos necessitam de um investimento significativo inicialmente. Mas, com o passar dos anos, ajudam a contribuir com os custos operacionais da empresa”, complementa. Foram aportados em torno de R$ 350 mil para o projeto de geração distribuída virar realidade.
Além de investir na energia solar, os empresários Fernando Maldaner (dir.) e o sócio Samuel Zang (esq.) implementaram diversas ações com foco na sustentabilidade do negócio. Foto Silvio Avila/ASN
A sustentabilidade está no DNA da Edelbrau. O empreendedor comenta que solicita diagnósticos contínuos de eficiência energética para o Sebrae, a fim de identificar novas oportunidades. A compra das placas solares apareceu em um desses relatórios, por exemplo.
“Fazemos parte de projetos setoriais do Sebrae há oito anos, principalmente nos de Turismo, Alimentos e Bebidas. O que sempre nos abriu muitas portas, como trocas de experiências com outros empresários, acesso a feiras, missões e consultorias. Todas essas trocas de experiências e aprendizados geraram insights que contribuíram em ações na empresa.”
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