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Produtores brasileiros de aço estão ‘em choque’ com as metas de emissão

O setor de ferro e aço é responsável por cerca de 4% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil – abaixo da média global de 7%

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REUTERS/Wolfgang Rattay

As ambiciosas metas para reduzir as emissões de gases poluentes no Brasil – conforme anúncio na COP29 no Azerbaijão – deixaram as empresas siderúrgicas em choque. Segundo o chefe do grupo industrial Aço Brasil, o setor se recusa a adotar metas inatingíveis.

“Baku nos deixou em choque”, disse o presidente executivo da Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, a jornalistas na segunda-feira (16). “Tivemos reuniões difíceis com o governo. O setor não vai assumir metas que não sejam factíveis.”

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A maior economia da América Latina será a anfitriã da conferência climática do próximo ano, marcada para a cidade de Belém, no Pará. O país vem tentando se posicionar como líder em relação ao clima ao anunciar uma nova meta de reduzir as emissões em 67% em relação aos níveis de 2005 até 2035. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na semana passada um projeto de lei que cria o mercado brasileiro de créditos de carbono, que estabelecerá sanções aos emissores de carbono intensivo.

A Aço Brasil calcula que o setor siderúrgico precisaria de R$ 180 bilhões (US$ 29,3 bilhões) em gastos de capital para atingir emissões líquidas zero até 2050. O setor está preocupado com o fato de os consumidores não estarem dispostos a pagar mais pelo aço com uma pegada de carbono menor. A consequência poderia ser desastrosa para um setor que vem enfrentando crescentes “importações predatórias”, especialmente da China, disse Maria Cristina Yuan, diretora de relações institucionais da Aco Brasil.

As siderúrgicas estão pedindo ao governo brasileiro que adote um mecanismo de ajuste de fronteira de carbono semelhante ao da União Europeia para proteger a indústria local em meio à introdução do mercado de carbono, caso contrário o risco é “destruir a produção nacional”, disse Yuan. A Aco Brasil estima que as importações aumentarão 24% este ano, para 6,2 milhões de toneladas, apesar da adoção de medidas de proteção em junho.

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“Vamos pelo menos impedir a entrada de produtos siderúrgicos com uma pegada de carbono maior, porque, caso contrário, será uma luta muito desigual”, disse ela.

O setor de ferro e aço é responsável por cerca de 4% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil – abaixo da média global de 7%. O Instituto do Aço destacou que, no Brasil, setores como o agronegócio são responsáveis por um terço da pegada de carbono do país, bem acima do setor industrial. Yuan diz que, embora o setor não esteja se esquivando de reduzir suas emissões, isso não será suficiente para cumprir os compromissos do país.

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