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CEO da Sabesp sai à caça de aquisições após bater metas de 2025

A Sabesp espera se beneficiar dos mais de R$ 62 bilhões em leilões, parcerias e concessões previstos para acontecer no Brasil até o final de 2027

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O CEO da Sabesp, maior empresa de saneamento da América Latina, está pronto para fazer aquisições agora que a recém-privatizada empresa atingiu os primeiros marcos para a universalização dos serviços estabelecido pelo governo de São Paulo.

“Estamos avaliando todas as oportunidades que estão vindo a mercado”, disse Carlos Piani. “Estamos avançados em relação à meta, então já nos permite sonhar.”

A Sabesp espera se beneficiar dos mais de R$ 62 bilhões em leilões, parcerias e concessões previstos para acontecer no Brasil até o final de 2027, de acordo com um levantamento da ONG Trata Brasil e GO Associados. A empresa também está aberta a aquisições, tendo comprado, no fim de semana, uma participação majoritária na Emae. 

Metas da Sabesp

O governo de São Paulo abriu mão do controle da Sabesp em julho de 2024, transferindo à Equatorial Energia uma participação estratégica como parte da privatização.

Embora tenham surgido dúvidas sobre a falta de experiência da empresa de energia em água e saneamento, a concessionária está a caminho de expandir esses serviços para mais de 90% da população do estado.

A Sabesp já atingiu as metas da universalização de água para 2025 e está próxima de atingir suas metas de coleta e tratamento de esgoto, com mais de 1,3 milhão de novas pessoas tendo acesso a esses serviços no primeiro semestre de 2025. A universalização é uma prioridade porque, se a concessionária não atingir essas metas, poderá enfrentar multas de até R$ 26 bilhões, segundo Piani, que assumiu a empresa há um ano.

“À medida que a gente vai avançando no nosso desafio aqui na Sabesp, isso nos credencia para olhar oportunidades com mais afinco e seriedade”, disse Piani. “O plano de crescer em São Paulo e fora de São Paulo é real”, disse ele na sede da empresa em 30 de setembro, não muito antes de a empresa anunciar sua mais recente aquisição.

A aquisição pela Sabesp de uma participação de 74,9% na Emae contribui para suprir algumas lacunas que a empresa tem no entorno de São Paulo.

O negócio de R$ 1,1 bilhão, que ainda está sujeito à aprovação regulatória e antitruste, “reforça a estratégia de longo prazo da Sabesp de integrar ativos de água e energia na Grande São Paulo, aprimorando o controle operacional e a segurança hídrica”, disse João Pimentel, analista do Citi, em relatório a investidores.

“O negócio da Emae foi originado passivamente”, disse Piani a analistas em teleconferência. “Fomos abordados pelo credor”, disse ele, acrescentando que espera a aprovação regulatória até o final do ano e a conclusão do negócio no primeiro trimestre.

A transação está sendo contestada judicialmente pelo empresário brasileiro Nelson Tanure, que detinha as ações da Emae antes delas terem sido tomadas pelos seus credores para vendê-las à Sabesp.

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Valorização das ações

As ações da Sabesp, que eram negociadas a cerca de R$ 67 quando o governo cedeu o controle, atingiram o pico de mais de R$ 132 no mês passado.

O ganho de mais de 40% desde julho de 2024 superou em muito o avanço de 10,6% do Ibovespa no mesmo período. A ação também se tornou uma das favoritas dos analistas, com apenas um entre os 17 analistas relacionados pela Bloomberg recomendando venda.

Além dos ganhos de eficiência esperados, os resultados financeiros da empresa agradaram os investidores.

O balanço do segundo trimestre mostrou um aumento de 77% no lucro líquido em relação ao ano anterior, quando a empresa ainda estava em processo de privatização, enquanto a geração de caixa operacional (Ebitda) subiu 21%.

No entanto, a Sabesp tem um plano para investir cerca de R$ 70 bilhões até 2029 para atingir a meta estadual de fornecer água para 99% da população e cobertura de esgoto para 90% nos 375 municípios que já atende.

Além de pelo menos nove leilões esperados em todo o país, com os governos recorrendo ao setor privado para ajudar a expandir os serviços, também há oportunidades de aquisição dentro do próprio estado. São Paulo planeja leiloar serviços de saneamento para mais de 210 cidades até meados de 2026, em negócios avaliados em cerca de R$ 75 bilhões.

Analistas também estão observando o potencial papel da Sabesp na privatização de outras concessionárias de serviços públicos em todo o país. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) é a principal delas.

Reajuste

A Sabesp também enfrenta agora seu primeiro teste de reajuste tarifário, já que os órgãos reguladores estaduais definirão todo ano, a partir de agora, os preços que ela poderá cobrar.

E com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, concorrendo à reeleição ou à presidência da República, o reajuste de 2026 pode ser particularmente desafiador.

O número final é visto por analistas como o próximo grande gatilho para as ações da Sabesp, com o Itaú citando “visibilidade limitada quanto à metodologia final” em um relatório recente. Piani disse na entrevista que espera que “o contrato seja cumprido”, mas não quis comentar sobre os números potenciais. Ele disse que um fundo estadual criado com os recursos da venda de participação do governo de São Paulo pode ser usado para subsidiar tarifas para os mais pobres caso o reajuste necessário seja superior à inflação.

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“Até que os investimentos anteriores sejam totalmente incorporados às tarifas, a Sabesp pode acessar quase todos os bolsos disponíveis” para financiamento, disse o CEO. A empresa captou R$ 15 bilhões este ano e Piani espera um ritmo semelhante no próximo ano, citando o forte apetite global por ativos de infraestrutura.

Ele disse que não há necessidade imediata de uma venda adicional de ações, o chamado follow-on, mas não descarta a possibilidade. “Não temos necessidade no curto prazo”, disse. “Mas é uma alternativa se tivermos uma oportunidade relevante e material para que a gente cresça de forma rentável no setor para frente”.

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