Spotify tenta sufocar fraudes de IA ao mesmo tempo em que abre as portas para a nova tecnologia

Nos últimos 12 meses, o Spotify removeu mais de 75 milhões de faixas de spam

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O Spotify está adotando ferramentas de inteligência artificial para a criação de conteúdo e reprimindo fraudes e spam.

A empresa sueca de streaming está implementando novas políticas e aumentando os investimentos para proteger os artistas.

O Spotify informou ter reforçado as proteções para artistas e está oferecendo recursos mais claros contra deepfakes que usam IA que copiam a voz de um artista. A empresa também está implementando um sistema de identificação de spam que sinaliza proativamente e interrompe a recomendação de faixas que burlam o sistema de pagamento de royalties.

O Spotify está nua cruzada contra golpistas que desviam dinheiro dos detentores de direitos autorais. Mas a chegada de startups de IA generativa, como a Suno e a Udio, aumentou as apostas com softwares que podem imitar a voz de um artista, criar novas faixas que soam reais e aparecer em playlists.

Só nos últimos 12 meses, o Spotify removeu mais de 75 milhões de “faixas de spam”, informou a empresa.

No ano passado, o Departamento de Justiça dos EUA acusou um homem da Carolina do Norte de fraude em streaming de música após ele supostamente ter criado centenas de milhares de músicas com a ajuda de IA e usado bots para direcionar o acesso a essas músicas. Ele arrecadou US$ 10 milhões.

“A IA acelerou nossa urgência e mudamos algumas das táticas”, disse Charlie Hellman, CEO global do Spotify. “Mas nossos princípios e prioridades nessa área não mudaram. Nossos objetivos são proteger os artistas e suas identidades, manter a experiência na plataforma limpa e de alta qualidade e ajudar os ouvintes a terem uma experiência mais transparente com a música.”

Música gerada por IA

A IA é um tema altamente sensível na indústria musical. Grandes gravadoras processaram a Suno e a Udio por violação de direitos autorais, mas o mercado continua inundado com músicas geradas por IA.

Neste verão, o algoritmo do Spotify começou a promover a música de um novo grupo conhecido como Velvet Sundown, um artista misterioso que parecia ter sido gerado por IA e conquistou um número significativo de streams.

O Spotify foi criticado por promover o grupo e por não rotulá-lo como gerado por IA. Então, a biografia do grupo no Spotify foi atualizada para informar que ele foi criado em parte por IA.

Apesar das crescentes preocupações, o Spotify não banirá totalmente nem desencorajará músicas geradas por IA, exceto faixas que não estejam em conformidade com suas políticas de spam ou fraude.

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A empresa incentiva seus parceiros a divulgar como e quando implementam IA, mas a política é opcional, não obrigatória, deixando pouco incentivo para gravadoras e artistas compartilharem quando utilizaram a tecnologia.

O Spotify planeja adotar um novo padrão da indústria, desenvolvido pela DDEX, uma organização de padrões digitais, que introduzirá uma divulgação para conteúdo de IA em todas as plataformas de música. Alguns parceiros já se comprometeram com esse padrão, incluindo as distribuidoras CD Baby e DistroKid, bem como as gravadoras independentes Believe, Empire e Downtown Artist & Label Services.

Um porta-voz do Spotify disse que a plataforma está em negociações com as principais gravadoras, que demonstram ampla adesão.

Hellman disse que os artistas usam a IA em várias funções que não são nefastas — o ChatGPT pode escrever as letras enquanto um humano toca o instrumento ou vice-versa.

A definição de o que é uma música gerada por IA ainda é tênue. O Spotify não penalizará quem utiliza como uma ferramenta legítima. Sam Duboff, diretor de marketing do Spotify, disse que a empresa não viu músicas totalmente geradas por IA decolarem. “Em geral, quando a música não exige muito esforço para ser criada por IA, ela tende a ser de baixa qualidade e não costuma encontrar público”, disse ele.

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