O tarifaço de 50% de Donald Trump contra as exportações do Brasil começou a valer a partir da última quarta-feira (6), mas Minerva e Suzano não esperaram para agir — encheram armazéns nos Estados Unidos com antecedência para proteger clientes e receitas.
No caso da Minerva, líder sul-americana em carne bovina, a operação envolveu acelerar embarques do Brasil nas semanas anteriores à vigência da tarifa e direcionar volumes extras para centros de distribuição americanos. A empresa apostou que, com a escassez de gado nos EUA — maior produtor mundial de carne bovina —, manter carne disponível no destino garantiria preços melhores e contratos ativos.
Além disso, preservou rotas de fornecimento via unidades no Paraguai, Uruguai e Argentina, sujeitas a tarifas menores, para sustentar o abastecimento. “A expectativa é de que o desequilíbrio global entre oferta e demanda se intensifique a partir de 2026”, disse o CEO Fernando Galletti de Queiroz, durante teleconferência de resultados do segundo trimestre.
Plano da Suzano
A Suzano, maior exportadora mundial de celulose, seguiu lógica parecida: aumentou embarques para os EUA antes da medida e estocou volumes em depósitos para atender clientes locais durante os primeiros meses do tarifaço.
Ao mesmo tempo, reduziu em 3,5% sua produção anual – cerca de 450 mil toneladas – porque a incerteza sobre redirecionar parte dessa celulose para a China esfriou negociações de preço no maior mercado da empresa.
Embora o produto tenha entrado na lista de isenções no fim de julho, o cenário já havia travado conversas sobre reajustes. “Não é o cenário ideal para discutir aumentos”, disse o CEO Beto Abreu.
As ações das duas empresas reagiram positivamente após a divulgação dos resultados do segundo trimestre — no caso da Minerva, impulsionadas por lucro recorde; no da Suzano, pela expectativa de melhora de preços com cortes de oferta no mercado global.