Exclusivo: Tanure põe Ligga Telecom à venda por R$ 2,5 bi, com investimentos no 5G pela frente

Venda ocorre enquanto operadora precisa investir mais de R$ 1 bilhão para cumprir compromissos do leilão do 5G até 2029

O empresário Nelson Tanure está em busca de um comprador para a Ligga Telecom (ex-Copel Telecom), em um negócio que pode movimentar R$ 2,5 bilhões, apurou o InvestNews. O valor é próximo ao que o empresário baiano pagou em 2020 quando um de seus fundos, o Bordeaux, arrematou a companhia no processo de privatização da paranaense Copel.

O Rothschild & Co. conduz as conversas, mas ainda não surgiram interessados dispostos a pagar a quantia, segundo fontes. Recentemente, Tanure chegou a negociar a venda com o BTG Pactual por meio de uma troca de ações com a V.tal — maior rede neutra de fibra óptica da América Latina, controlada pelo banco —, mas as tratativas esfriaram ainda no ano passado.

A busca por um novo dono ocorre poucos meses depois de Tanure renunciar ao conselho de administração da Ligga, reforçando sinais de afastamento da gestão. Criada a partir da privatização da Copel Telecom, a operadora incorporou as concorrentes Sercomtel, Horizons e Nova Fibra, expandindo sua presença no Paraná e avançando para outros mercados.

Em 2023, a empresa fechou um acordo de R$ 200 milhões para dar nome ao estádio do Athletico Paranaense por 15 anos. Mas, em junho deste ano, o clube de futebol e a empresa entraram em litígio e o acordo foi rompido.

Ligga Telecom chegou a dar o nome do estádio do Athletico Paranaense (Divulgação)

No primeiro trimestre deste ano, a Ligga registrou prejuízo líquido de R$ 15,3 milhões, aumento de 21% frente a igual período de 2024. Por outro lado, a receita líquida avançou 18% no mesmo comparativo, para R$ 160,6 milhões.

O lucro operacional (Ebitda) ajustado subiu 35%, chegando a R$ 85,4 milhões. A dívida líquida da Ligga terminou o trimestre em R$ 871,7 milhões, alta de 0,9% com a alavancagem em cerca de 2,5 vezes o Ebitda.

Setor aquecido

A movimentação de Tanure acontece em meio a uma nova onda de consolidação no setor de telecomunicações. Após a pulverização de provedores regionais de internet por fibra (as ISPs), como Unifique, Brisanet e Alloha, grandes grupos voltam a mirar aquisições. A Vivo, por exemplo, negocia a compra da Desktop

Paralelamente, empresas de rede neutra — que oferecem infraestrutura compartilhada a diferentes operadoras — ampliam presença pelo país, caso da própria V.tal e da FiBrasil, da Vivo.

Na telefonia móvel, a corrida para implantar o 5G, que exige investimentos bilionários, pressiona o caixa das operadoras. No leilão realizado pela Anatel em 2021, a Ligga conquistou licenças para atuar no Paraná, em São Paulo e em estados da Região Norte (Amazonas, Amapá, Pará e Roraima), assumindo compromissos que somam mais de R$ 1 bilhão. 

O capex será destinado à instalação de cerca de 800 antenas em 300 cidades entre 2026 e 2029, o que ampliará a cobertura da empresa para 46% da população brasileira.

Procurado pelo InvestNews, Tanure não quis dar entrevista.

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