Tarifas sobre metais entram em vigor e acendem alerta de uma guerra comercial global

Decisão de Donald Trump atrai uma rápida retaliação da Europa

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O aumento das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todas as importações de aço e alumínio entrou em vigor nesta quarta-feira (12), intensificando uma campanha para reordenar o comércio global em favor dos EUA e atraindo uma rápida retaliação da Europa.

A ação de Trump para aumentar as proteções para os produtores norte-americanos de aço e alumínio restabelece tarifas globais efetivas de 25% sobre todas as importações de metais e estende as tarifas a centenas de produtos feitos com os metais, desde porcas e parafusos até lâminas de escavadeiras e latas de refrigerante.

Os países mais afetados pelas tarifas são o Canadá, o maior fornecedor estrangeiro de aço e alumínio para os EUA, o Brasil, o México e a Coreia do Sul, que têm desfrutado de algum nível de isenções ou cotas.

O foco excessivo de Trump nas tarifas desde que assumiu o cargo em janeiro abalou a confiança dos investidores, consumidores e empresas de uma forma que os economistas temem que possa causar uma recessão nos EUA e um atraso ainda maior na economia global.

A Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia encarregado de coordenar as questões comerciais, reagiu rapidamente, dizendo que adotará tarifas sobre 26 bilhões de euros em produtos norte-americanos a partir do próximo mês.

"Estamos prontos para iniciar um diálogo significativo", disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, a repórteres, acrescentando que havia encarregado o Comissário de Comércio, Maros Sefcovic, de retomar suas conversas para "explorar melhores soluções com os EUA".

"Acreditamos firmemente que, em um mundo repleto de incertezas geoeconômicas e políticas, não é de nosso interesse comum sobrecarregar nossas economias com tais tarifas."

O Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim tomará todas as medidas necessárias para proteger seus direitos e interesses, enquanto o Secretário Chefe de Gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, disse que a medida pode ter um grande impacto sobre os laços econômicos entre os EUA e o Japão.

Canadá, Reino Unido e Austrália, aliados próximos dos EUA, criticaram as tarifas gerais, com o Canadá ponderando ações recíprocas e o ministro do Comércio do Reino Unido, Jonathan Reynolds, dizendo que "todas as opções estão sobre a mesa" para responder no interesse nacional.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que a medida e´é "contrária ao espírito da amizade duradoura de nossas duas nações", mas descartou a possibilidade de tarifas retaliatórias.

"As tarifas e a escalada das tensões comerciais são uma forma de autoflagelação econômica e uma receita para um crescimento mais lento e uma inflação mais alta", disse ele a repórteres.

Inicialmente, Trump ameaçou o Canadá com a duplicação da tarifa para 50% sobre suas exportações de aço e alumínio para os EUA, mas recuou depois que a província de Ontário suspendeu uma medida para impor uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para os Estados de Minnesota, Michigan e Nova York.

Esse incidente abalou os mercados financeiros dos EUA, que já estavam nervosos com a ampla ofensiva tarifária de Trump.

A agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA cortou as importações que se qualificavam para a entrada isenta de impostos sob acordos de cotas bem antes do prazo final da meia-noite, dizendo que a papelada da cota precisava ser processada até as 16h30, horário local, na terça-feira, nos portos de entrada dos EUA, ou as tarifas completas seriam cobradas.

(Reportagem de David Lawder; reportagem adicional de Philip Blenkinsop em Bruxelas, Andrea Shalal em Washington, David Ljunggren em Ottawa, Jarrett Renshaw e Arathy Somasekhar em Houston, Shubham Kalia e Gnaneshwar Rajan em Bengaluru e Renju Jose em Sydney)

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