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Após acordo por Mariana, Vale busca sinal verde para explorar área controversa de Minas Gerais

Projeto, visto sob desconfiança por ambientalistas, passou por consulta pública no fim de maio e uma decisão ainda não foi tomada

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A Vale está tentando aumentar sua produção de minério de ferro, reavivando os esforços para desenvolver uma mina controversa em uma região montanhosa de Minas Gerais, conhecida por suas florestas exuberantes e vida selvagem ameaçada. A segunda maior produtora de minério de ferro do mundo está aguardando a resposta das autoridades ambientais após a realização de audiências públicas no final de maio para seu projeto Apolo, que ficou parado por anos.

A retomada da Vale para retomar seu plano de US$ 1,3 bilhão já impulsionou uma campanha nas redes sociais por parte de moradores locais e ambientalistas para impedir o desenvolvimento, localizado em uma área rica em biodiversidade próxima a um parque nacional.

Único novo plano de mineração da Vale para o estado de Minas Gerais, o projeto Apolo é visto como fundamental para recompor a capacidade de minério de ferro da empresa na região. Nele, a mineradora pretende produzir 14 milhões de toneladas da commodity por ano. A Vale espera obter uma licença de instalação no início de 2028 e iniciar as operações cerca de dois anos depois.

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A pressão da Vale e a resistência local são outro exemplo do conflito entre as empresas de recursos naturais, comunidades locais e meio ambiente, onde interesses opostos desencadeiam tensões que podem repercutir até em níveis mais altos do governo. Empresas de mineração, que vão desde gigantes como Rio Tinto e Barrick Gold até desenvolvedores como a Northern Dynasty e Gabriel Resources, viram seus projetos serem adiados ou cancelados devido a preocupações ambientais.

O projeto fica em uma região onde a Vale tem suas minas mais antigas e não muito longe dos locais de dois desastres com barragens de rejeitos – em 2015 e 2019 – que mataram 291 pessoas, danificaram o meio ambiente e prejudicaram a posição da empresa sediada no Rio de Janeiro no mercado global de minério de ferro.

O projeto Apolo fica na Serra do Gandarela, um refúgio montanhoso com florestas, espécies ameaçadas de extinção e rios cristalinos que fornecem água para Belo Horizonte. A maior parte da região tornou-se um parque nacional protegido há uma década, mas o projeto proposto pela Vale ficou fora dos limites do parque.

A empresa tem veiculado anúncios na televisão e na internet para mostrar às pessoas como os minerais são essenciais na vida cotidiana. Apesar disso, a oposição da comunidade é forte.

Os ambientalistas que protestam contra o Apolo temem que o projeto crie pilhas gigantescas de rejeitos que podem ser levadas em caso de chuvas fortes. Eles temem que as operações também ameacem o abastecimento de água de Belo Horizonte. O minério de ferro age como uma “esponja”, armazenando milhões de litros de água que alimentam rios e nascentes ao longo de décadas, de acordo com Daniel Neri, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, especializado em impactos da mineração.

“A Serra do Gandarela é a caixa d’água natural para socorrer Belo Horizonte se houver uma crise hídrica”, disse Neri. “Temos uma escolha a fazer: preservar a água ou enviar minério de ferro para a China.”

O Apolo inclui uma mina, uma usina de tratamento de minérios, pilhas de estéril – material sem valor após retirado o minério –, e um ramal ferroviário de 8 quilômetros para ligar a mina ao Porto de Tubarão. Há três anos a Vale fez alterações no projeto para atender parte das preocupações locais, incluindo a eliminação do uso de uma barragem de rejeitos. 

A empresa usará as tecnologias mais modernas para controlar a estabilidade e as emissões de poeira das pilhas de estéril de rocha que se acumularão gradualmente ao longo dos 29 anos de vida útil da mina, afirma o diretor de licenciamento ambiental da Vale, Lauro Amorim.

A operação reduzirá os volumes de água nas áreas vizinhas, segundo o relatório de impacto ambiental da Vale, mas a empresa afirma que haverá reposição. A água também não será usada para processar o minério, portanto sua qualidade será preservada, de acordo com Amorim. 

“Não vamos exaurir o aquífero”, diz o executivo. 

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