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Francesa Voltalia planeja data centers no Ceará com investidores de ByteDance e TikTok

A fornecedora francesa de energia renovável Voltalia está interessada em desenvolver projetos de data centers no Brasil

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A fornecedora francesa de energia renovável Voltalia está interessada em desenvolver projetos de data centers no Brasil com investidores que incluem a dona do TikTok, ByteDance, e a gigante de private equity Brookfield, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

A Voltalia, uma empresa de médio porte do setor de energia renovável, utilizaria seu portfólio de projetos no Nordeste do Brasil para fornecer eletricidade aos data centers no complexo de Pecém, um porto industrial no estado do Ceará, disseram as fontes.

Os data centers poderiam eventualmente alcançar cerca de um gigawatt de capacidade, afirmou uma delas, acrescentando que o modelo de negócios ainda está em discussão. Um gigawatt equivale aproximadamente à energia produzida por uma grande usina nuclear convencional.

O Brasil é considerado o país mais bem posicionado da América Latina para aproveitar o boom global de investimentos em data centers para alimentar a inteligência artificial, graças às suas diversas fontes de energia renovável, a um sistema elétrico interligado e à maior rede de cabos de fibra óptica de alta velocidade da região. Pecém fica próximo a um importante hub de cabos submarinos que chegam à cidade de Fortaleza, oferecendo uma das rotas mais curtas do Brasil para a Europa e a África.

A Voltalia aguarda a aprovação de um incentivo fiscal para projetos voltados à exportação em Pecém antes de finalizar parcerias que seriam responsáveis pela maior parte dos investimentos, disse uma das fontes. A empresa também iniciou conversas preliminares com gigantes de tecnologia dos EUA, incluindo Alphabet e Meta, segundo a mesma pessoa.

A maior parte dos gastos com data centers vai para hardware computacional de ponta necessário para IA, e o custo de um data center avançado de um gigawatt pode facilmente ultrapassar US$ 30 bilhões. Construir um data center de 1,5 gigawatt no Rio de Janeiro, por exemplo, deve custar cerca de R$ 50 bilhões. 

No Brasil, desenvolvedoras estabelecidas e com experiência no país normalmente constroem a infraestrutura básica dos data centers, enquanto empresas internacionais de hyperscale, como a ByteDance, investem na instalação do hardware computacional.

A fornecedora de energia renovável Casa dos Ventos planeja formar uma parceria com a ByteDance em pelo menos um desses projetos que já receberam incentivos fiscais, o qual consumiria cerca de 300 megawatts e custaria cerca de R$ 50 bilhões, segundo a Gazeta do Povo. Um porta-voz da Casa dos Ventos disse, em resposta a perguntas, que nada foi formalmente fechado com a ByteDance.

Um representante da ByteDance preferiu não comentar discussões específicas, mas afirmou em comunicado que a empresa está entusiasmada com a possibilidade de operar um data center no Brasil e está “em negociações avançadas com parceiros locais”.

A Voltalia não respondeu a pedidos de comentário. A Brookfield disse, por e-mail, que não tinha comentários a fazer. A Meta preferiu não comentar. A Alphabet não respondeu a solicitações de comentário.

O potencial de investimento chinês surge em um momento em que relações instáveis entre os Estados Unidos e o Brasil têm deixado alguns investidores norte-americanos mais cautelosos em relação a projetos ambiciosos na maior economia da América Latina, abrindo espaço para empresas chinesas de tecnologia.

Importância do Brasil

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Para o Brasil, Pecém representa uma oportunidade de ampliar sua liderança em capacidade de data centers em relação a outros países da região e ajudará a determinar o papel que o país desempenhará na indústria global. Quase metade de todos os data centers planejados ou existentes na América do Sul está no Brasil, segundo o Data Center Map, um site que monitora o setor.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu realizar sua primeira reunião bilateral durante uma recente viagem a Nova York com executivos do TikTok, da ByteDance, sobre um futuro data center em Pecém.

No mês passado, o governo autorizou incentivos fiscais para cinco projetos distintos de data centers em Pecém. A estimativa é que eles tragam mais de R$ 450 bilhões em investimentos na próxima década, incluindo mais de R$ 100 bilhões apenas em tecnologia avançada de computação para um data center que a subsidiária brasileira da ByteDance planeja construir na região.

“Acho que talvez o maior investimento que vai ter hoje no Brasil é o TikTok”, disse Uallace Moreira, o secretário de Desenvolvimento Industrial do governo Lula, em entrevista.

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