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Apostas esportivas crescem durante a Copa e confirmam favoritismo pelo Brasil

Segundo a Betfair, empresa britânica de jogos de azar, 41% dos apostadores acreditam que o título de 2022 vai para a seleção brasileira.

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Com o início da Copa do Mundo 2022, muitos apostadores investiram em palpites para fazer uma renda extra. Profissionais ou não, torcedores têm tomado conta do mercado das apostas esportivas. A chegada dos jogos no Catar tem gerado a expectativa de que jogadores e casas de apostas vão crescer expressivamente. Segundo projeção publicada pela Odds Scanner, os números devem aumentar 30% durante o campeonato.

Crédito: Adobe Stock

Apesar da grande movimentação do mercado de apostas durante a Copa no Catar, a prática já vem se tornando uma tendência há alguns anos. Em 2020, o setor cresceu no Brasil, mesmo com as restrições dos jogos e campeonatos devido à covid-19. Segundo levantamento da H2 Gambling Capital, as apostas online se popularizaram durante a pandemia, movimentando mais de R$ 12 bilhões no país só em 2020.

Em entrevista ao InvestNews, Débora Dias, especialista em apostas esportivas e jornalista que trabalhou cobrindo a Copa do Mundo em 2018 e as Olimpíadas do Rio de 2016, compartilhou sua visão sobre este mercado. Dias faz parte do site AplicativosdeApostas.com e começou a apostar em 2011, durante a faculdade.

Para ela, o aumento desse mercado se deu pelo marketing adotado pelas casas de apostas nos últimos anos, patrocinando times, jogadores e campeonatos. Segundo a especialista, “essa constante e crescente exposição ajudou a popularizar a aposta esportiva no país”. Além disso, acredita que haverá “um boost (aumento) nas apostas esportivas devido ao fato de o Brasil estar se destacando nesta Copa”, afirma.

Débora Dias, gerente de conteúdo do site aplicativosdeapostas.com. / Divulgação.

De acordo com dados do relatório publicado pela Grand View Research, empresa norte-americana de consultoria e pesquisa de mercado, o valor do mercado global de apostas esportivas chegou a US$ 76,75 bilhões em 2021. A expectativa é de que o mercado ultrapasse US$ 80 bilhões em 2022. Além disso, a empresa projetou que até 2030 esse valor possa chegar a US$ 182,12 bilhões, com uma taxa de crescimento anual composta de 10,2%.

A pesquisa analisou as regiões da Europa, América do Norte, Ásia-Pacífico, América Latina, Oriente Médio e África. Entre elas, a região com maior número de apostas foi a Europa. Os esportes considerados foram: futebol, basquete, beisebol, corrida de cavalo, críquete e hóquei. O futebol aparece em 1º lugar, como o esporte mais apostado ao redor do mundo.

Favoritismo brasileiro

Para boa parte dos apostadores, a previsão é de que o Brasil voltará do Catar com o hexacampeonato. Segundo as casas de apostas, a seleção brasileira de futebol é a favorita para levar o título de 2022. A Betfair, empresa britânica de jogos de azar que opera uma das maiores bolsas de apostas online do mundo, divulgou um relatório em que 41% dos jogadores acreditam que o título vai para o Brasil.

Na maioria dos sites de apostas, a odd – que representa a probabilidade de um resultado acontecer – em caso de vitória brasileira na final da Copa é de 4.5. Significa que, para cada R$ 10 apostados, o retorno será de R$ 45 em caso de acerto. Pelos cálculos da equipe de research da XP, que estimou a probabilidade de cada seleção ser campeã, o Brasil tinha 19,28% de chance de levar o título, seguido da Argentina, com 13,34%, da França, com 10,84%.

Palpites dos apostadores

Leonardo Herculano, apostador amador do Bet365,  acredita que a seleção brasileira tem o melhor time da Copa.  “Acho que esse ano é nosso”, afirma. O jovem aposta casualmente e os ganhos não chegam a ter um impacto significativo em sua renda mas, segundo ele, já é suficiente para repor o gasto de sair socialmente ou realizar uma compra ou outra durante o mês.

Leonardo Herculano, apostador amador. / Divulgação.

O apostador acredita que nenhum outro time tem reservas tão fortes quanto o Brasil. “Quem está no banco para entrar, em praticamente todas as posições, não perde em nada ou quase nada para quem está de titular”, palpita. Ele defende  também que o desempenho do time nas eliminatórias da Copa tenha influência. “O time ficou quase invicto no ciclo pré-Copa, por isso o Brasil tem ganhado tanta popularidade para ser campeão”.

Débora também está otimista sobre a vitória brasileira. “A expectativa é grande para o hexa! Meu palpite inicial é pelo hexa brasileiro e pela artilharia do Mbappé”, disse, e acrescentou: “Se o Tite conseguir acertar o time, o hexa vem!”.

Além do favoritismo nas apostas, a presença do mercado se tornou mais comum também dentro dos campos. Nos últimos anos, as casas de apostas patrocinaram cerca de 35 clubes de futebol nacional entre as séries A e B. A PixBet, por exemplo, patrocina o  Flamengo, Santos e América-MG. A Betano também está com o nome associado a grandes clubes da Série A de futebol como o Fluminense, São Paulo e Botafogo.

Regulamentação a caminho

Em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, foi sancionada a Lei 13.756/2018, que legalizou a atividade de apostas esportivas de quota fixa no Brasil.  Modalidade lotérica que determina no momento da aposta quanto o jogador ganhará em caso de acerto do prognóstico. 

Porém, o artigo 29, inciso 3º da lei dispõe que a União tinha o prazo de dois anos, até 2020, para regulamentar este tipo de aposta. Esse prazo foi prorrogado por mais dois anos devido à pandemia. Sendo assim, o limite é até dezembro deste ano para regular as apostas esportivas no país.

Até o momento, o atual presidente, Jair Bolsonaro, não tinha se posicionado em relação à regulamentação da prática no país. Para especialistas, a regulamentação será positiva, possibilitando um mercado com maior segurança jurídica para as casas de apostas e para os apostadores. Além disso, parte das receitas obtidas com a modalidade deve ser direcionada para o Fundo Nacional de Segurança Pública.

A especialista, Débora, acredita que a falta de regulamentação atrapalha a popularização e a utilização dos aplicativos e sites de apostas. “Força as casas de apostas a colocarem o acesso ao download de seus aplicativos pelo site. Isso porque as lojas de app Google Play e Apple não permitem que aplicativos de apostas apareçam no resultado da pesquisa em países onde o setor ainda não é regulamentado. Isso definitivamente afasta potenciais apostadores”, diz. 

Para ela, esse é um dos motivos que afastam os potenciais apostadores, por exemplo. Já Leonardo apresenta uma opinião divergente. Para ele, só a regulamentação não seria suficiente para gerar um aumento significativo no número de apostadores no país. Para o apostador amador, o cenário social e econômico brasileiro também influencia a quantidade de pessoas dispostas a se arriscarem financeiramente por seus times do coração.

“Em um país que para maioria da população cada R$ 1 importa muito, isso acaba tendo um peso maior do que a regulamentação em si, na minha visão.”, disse.

Apostas pelo mundo

Segundo os dados da Grand View Research, a Europa é a região com maior prática de apostas esportivas no mundo, responsável por 37% das participações no ano de 2021. De acordo com um estudo do mesmo ano da Universidade de Nottingham Trent, os cinco países que mais apostam no mundo são: (1º) Holanda; (2ª) Itália; (3ª) Estônia e Rússia; e (4º) Finlândia.

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