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Quais são os tipos de doping mais comuns nas Olimpíadas?

Lista de substâncias proibidas incluem anabolizantes, diuréticos, hormônios e até métodos de manipulação genética para melhorar o desempenho do atleta

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A cerimônia de abertura das Olimpíadas 2024 nem tinha começado na sexta-feira (26) quando o primeiro caso de doping foi anunciado. Segundo nota da Agência Internacional de Testagem (ITA, na sigla em inglês), uma amostra coletada do judoca iraquiano Sajjad Ghanim Sehen Sehen deu resultado positivo para esteroides anabolizantes não permitidos pela Associação Mundial de Anti-Doping (Wada).

De acordo com a ITA, ele foi “suspenso provisoriamente” até que o caso chegue a uma resolução final. Enquanto isso, ele não pode treinar ou competir em Paris.

O Time Brasil também teve desfalque. Em 15 de julho, o maratonista Daniel Nascimento foi flagrado pelo exame antidoping com uso de substâncias anabolizantes e não poderá mais disputar as Olimpíadas de Paris.

Daniel Nascimento foi pego no exame antidoping e está fora das Olimpíadas de Paris. Foto: Wagner Carmo/CBAt

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88% dos atletas já foram testados

O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (WADA) prometem muito rigor na fiscalização dos atletas que vão competir nas Olimpíadas para evitar o uso de substâncias proibidas que melhoram o desempenho dos esportistas.

A ITA diz que já passou 88% dos atletas olímpicos por algum teste antidoping desde o início do ano.

O teste de Daniel Nascimento deu positivo em exame feito pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), que constatou a presença de drostanolona, metenolona e nandrolona, três hormônios anabolizantes no sangue do maratonista. Ele foi suspenso preventivamente e não poderá ir aos Jogos Olímpicos. Com isso, o Brasil não terá mais representante na maratona masculina nas Olimpíadas de Paris.

A Wada publica anualmente uma lista atualizada com as substâncias proibidas para o uso dos atletas. Algumas não podem ser consumidas em um período prévio ou durante a competição, e outras não podem ser usadas em momento algum.

Outros casos no Brasil

O caso de Daniel não é o primeiro envolvendo esportistas brasileiros flagrados com doping. Muitos atletas que se tornaram até medalhistas olímpicos como o nadador César Cielo, o jogador de vôlei Giba, a saltadora Maurren Maggi, o saltador com vara Thiago Braz, a judoca Rafaela Silva e a ginasta Daiane dos Santos também já foram punidos ao longo de suas carreiras pelo uso de substâncias proibidas.

Nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, a jogadora de vôlei Tandara Caixeta foi suspensa em plena competição após um exame dar positivo para a substância ostarina e foi proibida de atuar profissionalmente até julho de 2025. Nos Jogos de Pequim, em 2008, quem foi pego no doping foi Rufus, o cavalo de Rodrigo Pessoa, do hipismo, e o atleta acabou suspenso e multado.

“Além de distorcer os resultados, muitas substâncias e métodos proibidos representam um risco à saúde dos competidores. As medidas antidoping devem proteger a saúde física e mental dos atletas ao mesmo tempo em que defendem os valores defendidos pelo esporte e pela competição: ética, perseverança e excelência”, afirma em nota o COI.

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No espaço do Time Brasil na Vila Olímpica, o Comitê Olímpico Brasileiro deixou cartazes para auxiliar os atletas sobre as regras antidoping. Foto: Marina Ziehe/COB

Como será o antidoping em Paris?

Uma vez recolhidas as amostras, Paris 2024 é responsável por transferi-las para os laboratórios responsáveis pelas análises. O único laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidoping na França, o Laboratoire Antidopage Français (LADF), foi escolhido para analisar as amostras humanas, enquanto o Laboratoire des Course Hippiques (LCH), reconhecido pela Federação Internacional de Esportes Equestres (FEI), irá coletar as amostras dos cavalos.

De acordo com o COI, mais de 1.000 pessoas estarão envolvidas nas diversas fases do antidoping. Cerca de 800 voluntários atuarão como acompanhantes para avisar os atletas sobre seus testes e acompanhá-los durante todo o processo e 360 profissionais ficarão responsáveis pela coleta das amostras e a realização dos testes.

O Laboratoire Antidopage Français (LADF), credenciado pela Wada, irá analisar as amostras humanas, e o Laboratoire des Course Hippiques (LCH), reconhecido pela Federação Internacional de Esportes Equestres (FEI), irá coletar as amostras dos cavalos.

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O que são os anabolizantes

Os esteróides anabolizantes são derivados da testosterona, o hormônio masculino, e em contato com as células do tecido muscular e agem aumentando o tamanho dos músculos. Também aumentam o metabolismo basal, o número de hemácias e a capacidade respiratória. O atleta ganha mais força e resistência ao esforço. Os anabolizantes também são comuns nas competições que exigem força, potência e explosão muscular, como atletismo, luta e levantamento de peso.

Ben Johnson foi flagrado no doping em Seul-1988 e perdeu o ouro olímpico e o recorde; em 1992, sem doping, não passou das semifinais. Foto: Divulgação/Comitê Olímpico do Canadá

O caso mais emblemático é do velocista canadense Ben Johnson, que ganhou os 100 metros rasos nas Olimpíadas de Seul, em 1988, mas teve seu recorde mundial e a medalha olímpica cassados depois que foi flagrado no doping com o uso do anabolizante estanozolol. A corredora norte-americana Marion Jones também perdeu as medalhas olímpicas conquistadas em Sydney-2000 após ser flagrada com uso do anabolizante tetrahidrogestrinona (THG).

O uso contínuo de anabolizantes pode provocar aumento do músculo cardíaco, infarto, atrofia dos testículos, engrossamento da voz, aumento do colesterol “ruim”, ginecomastia (crescimento das mamas nos homens), esterilidade.

Beta bloqueadores

Os betabloqueadores são remédios para hipertensão e reduzem a frequência cardíaca e a pressão arterial dos atletas. Por isso são usados em esportes que exigem concentração e precisão, como tiro esportivo, tiro com arco e golfe, além de modalidades não olímpicas, como jogo de dardos e sinuca.

Efeitos colaterais incluem fraqueza muscular, fadiga, dor de cabeça, alterações do trânsito intestinal e disfunções sexuais.

Eritropoietinas (EPO)

Hormônio sintetizado nos rins para aumentar o número de hemácias em casos de baixa oxigenação no sangue, no esporte é usado para o aumento do rendimento muscular e da resistência à fadiga. É mais comum em modalidades que exigem grande resistência como ciclismo e maratona. O caso mais famoso é do ciclista Lance Armstrong, banido do esporte depois de que se descobriu o uso de substâncias ilegais. Ele perdeu inclusive a medalha de bronze conquistada nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. As consequências do uso de EPO incluem hipertensão arterial, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar e insuficiência cardíaca.

Hormônio do crescimento (GH) e moduladores metabólicos

Secretado pela glândula hipófise, o hormônio do crescimento (GH) é usado como doping para aumentar a massa magra do atleta e reduzir o tempo de recuperação após uma atividade. É mais difícil de ser detectado nos exames antidoping. Como reação pode

provocar hipertrofia do coração, fígado, baço e rins, crescimento das mãos e pés, hipertensão arterial, osteoporose e problemas no coração. Já os hormônios moduladores metabólicos aumentam a concentração de testosterona no sangue em atletas homens.

Diuréticos e agentes mascarantes

Os medicamentos diuréticos aumentam o fluxo urinário e promovem uma rápida perda de peso pois impedem a retenção de água. É comum em modalidades onde as categorias são divididas pelo peso corporal dos atletas, como boxe, judô e outras lutas. Também são usados para mascarar a presença de outras substâncias no organismo. Pode provocar problemas como cãibras e doenças renais. Em 2009, a ginasta Daiane do Santos foi pega no doping por uso do diurético furosemida, e ela alegou que fez uso inconsciente durante tratamento estético.

Estimulantes

Agentes estimulantes como anfetamina, efedrina e cocaína aceleram o sistema nervoso central, aumentando a energia física e mental do atleta, elevando a adrenalina e reduzindo o cansaço. São mais encontrados em esportes que exigem velocidade, resistência e concentração, como basquete, ciclismo, vôlei e futebol. Seu uso pode causar ansiedade, insônia, taquicardia, hipertensão e dependência química.

Narcóticos

O uso de substâncias opióides como a morfina ajuda o atleta a reduzir a sensação de dor, comum em modalidades de ultra resistência como maratona e triatlo. Poder ser um risco ao esportista para agravar uma lesão além de provocar dependência química.

Canabinóides

O uso de drogas recreativas como maconha, haxixe e THC, que ajudam o atleta a relaxar e reduzir o estresse da competição também é proibido. A exceção é o Canabidiol, usado para fins terapêuticos.

Glicocorticóides

Podem ser usados em altas doses para mascarar a dor ou melhorar o desempenho no treinamento e na competição. 

Métodos proibidos

A manipulação do sangue, com a injeção de sangue no corpo do atleta, aumentando sua concentração plasmática; a manipulação química e física e o doping genético, com a utilização de elementos genéticos ou células que podem melhorar o desempenho esportivo também são métodos proibidos pela Wada.

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