Opinião
Demorou, mas a Copa do Mundo chegou; o que esperar dos negócios agora?
Após eleição e convocação dos atletas da seleção brasileira, marcas também entraram em ‘jogo’.
A convocação do técnico Tite dos 26 jogadores do Brasil para a Copa do Mundo, na última segunda-feira (7), fez renascer no Brasil o clima do Mundial. A menos de duas semanas do início do evento, a convocação foi o ponto de partida para o mercado aquecer o torneio num ano completamente atípico de Copa.
Pela primeira vez na história, o Mundial não será disputado nos meses de junho e julho, com o torneio sendo alocado em novembro/dezembro por conta do clima no Catar. Além disso, no Brasil, a primeira disputa transcorreu durante o mês de outubro e parece que entrou numa espécie de prorrogação, com o debate eleitoral mais acalorado de nossa história perdurando mesmo depois de termos eleito o presidente para o próximo quadriênio.
O fato é que o clima de briga política aliado ao adiamento da Copa para o fim do ano fizeram com que as marcas patrocinadoras da seleção brasileira e do próprio Mundial colocassem as ações para o torneio em modo soneca. Pelo menos até a última segunda-feira.
Foi depois de Tite anunciar seus jogadores, Daniel Alves incluído nessa lista, que os patrocinadores começaram a bater o bumbo pela torcida do hexa. Um levantamento feito pela Máquina do Esporte mostrou que as marcas preferiram esperar em 2022 para só respirar o clima de Copa quando o da eleição baixasse.
Se Lula ainda não definiu quem será seu Ministro da Economia, pelo menos temos o Mundial para entreter a população. A transmissão ao vivo do anúncio dos 26 nomes da Copa rendeu à Globo mais audiência do que o de costume, tanto no Rio quanto em São Paulo. Da mesma forma, os patrocinadores correram à TV e às redes sociais para anunciar que estão com o Brasil rumo ao hexa.
De certa forma, o roteiro da Copa de 2022 lembra aquele de 20 anos atrás, no Mundial da Coreia do Sul e do Japão. Era um torneio que pela primeira vez seria jogado na Ásia (agora será a estreia do Oriente Médio), o Brasil tinha tido uma eleição presidencial acirrada, que mobilizou a grande maioria da população (não tanto quanto agora), a economia global estava em crise e havia apreensão sobre o que seria o novo governo Lula.
As marcas, naquele ano, só entraram no clima da Copa quando o Brasil começou a engatar uma vitória atrás da outra e o povo começou a acreditar em Ronaldo, Rivaldo e cia. na busca pelo penta. Agora, elas vieram a campo praticamente no final do aquecimento para o jogo começar. Mas ainda com aquele olhar desconfiado de como o público irá torcer num momento tão atípico e num Mundial tão único.
Resta saber se o roteiro será escrito também com a conquista da taça pelo Brasil. No que depender da história e das probabilidades calculadas pelo colega Samy Dana aqui no Investnews, já encomendei a faixa do hexa!
*Erich Beting é jornalista formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e especialista em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan. Começou a carreira no jornalismo esportivo na Folha de S.Paulo e, em 2005, idealizou e lançou a “Máquina do Esporte”, principal veículo sobre negócios do esporte no país. Foi ainda analista de negócios do esporte no UOL e Sportv, além de ter atuado como comentarista de futebol do BandSports. Venceu por duas vezes o Prêmio Comunique-se, na categoria de Melhor Jornalista de Marketing & Publicidade. |
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