Opinião
Esqueça a figurinha: o grande negócio da Copa do Mundo, para a FIFA, é outro
Entidade quer é unir o universo do e-Sports com o do esporte real; entenda.
Você já deve estar com a planilha montada para saber quantas figurinhas ainda faltam para completar o álbum da Copa do Mundo, não é mesmo? Algum parente já deve ter enviado pelo WhatsApp aquele vídeo mostrando que o custo para fechar a coleção seria suficiente para comprar uma passagem de ida e volta para Milão.
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A Panini, produtora do álbum, estima faturar cerca de US$ 1 bilhão com as vendas. Desse total, uma parte é paga à FIFA em direito de licenciamento. Mas sabia que, para a entidade esportiva, existe um produto licenciado que é bem mais interessante do que o álbum oficial da Copa do Mundo?
Em outubro do ano passado, a FIFA anunciou que chegava ao fim do acordo de 20 anos com a EA Sports, produtora do game de futebol mais vendido do mundo. A entidade faturava US$ 150 milhões ao ano para ceder à EA o direito de colocar o nome da FIFA no game. O negócio não foi para a frente depois de a instituição esportiva pedir US$ 1 bilhão anualmente para oferecer à Publisher o direito de usar a marca da FIFA e de suas competições no jogo.
O pedido da FIFA inviabilizou a renovação do contrato, que em 2023 terá a última edição do game. Mas acendeu uma luz sobre o grande negócio que o videogame oferece para o futebol. A expectativa da FIFA agora é de chamar produtoras para criar o game oficial da entidade. A empresa que será contratada, porém, não terá o direito de criar competições em cima do game. É nessa enorme fatia do mercado que a FIFA está de olho.
Mais do que o jogo em si, o que a entidade quer é unir o universo do e-Sports com o do esporte real. Fazer a Copa do Mundo presencial e virtual simultaneamente é um sonho muito capaz de acontecer em 2026, quando o Mundial será no Canadá, nos Estados Unidos e no México. E é a possível união do ambiente virtual e real que move a entidade para a carreira solo. A expectativa da FIFA é de que, dos atuais US$ 150 milhões que ela recebe com a divisão de esportes eletrônicos, a receita salte para cerca de US$ 1 bilhão, com eventos, venda de produtos licenciados e patrocínios.
A lógica seria a mesma de fazer com que a Panini virasse apenas a produtora do álbum de figurinhas da Copa, enquanto a FIFA passasse a vender os pacotes, organizar eventos de trocas e promover as mais diversas ações em torno do álbum.
A diferença, do ambiente dos games para o das figurinhas, é de que o mundo digital permite a expansão do negócio e a criação de diferentes eventos paralelos ao principal, que é a Copa do Mundo.
Esqueça a figurinha. O grande negócio da Copa do Mundo é o videogame. E esse jogo começa, para valer, a partir do ano que vem, quando a FIFA lançará a primeira edição de seu próprio jogo.
*Erich Beting é jornalista formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e especialista em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan. Começou a carreira no jornalismo esportivo na Folha de S.Paulo e, em 2005, idealizou e lançou a “Máquina do Esporte”, principal veículo sobre negócios do esporte no país. Foi ainda analista de negócios do esporte no UOL e Sportv, além de ter atuado como comentarista de futebol do BandSports. Venceu por duas vezes o Prêmio Comunique-se, na categoria de Melhor Jornalista de Marketing & Publicidade. |
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