Economia – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Fri, 08 Nov 2024 12:06:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Economia – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 Americanos querem que Trump resolva imigração primeiro e desigualdade de renda na sequência https://investnews.com.br/economia/americanos-querem-que-trump-resolva-imigracao-primeiro-e-desigualdade-de-renda-na-sequencia/ Fri, 08 Nov 2024 12:06:28 +0000 https://investnews.com.br/?p=628841
Imigrantes em busca de asilo esperam para serem levados sob custódia por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA em Yuma, Arizona, EUA, no domingo, 20 de fevereiro de 2022. Foto: Nicolo Filippo Rosso/Bloomberg

Os norte-americanos veem a imigração como o problema mais urgente para o presidente-eleito, Donald Trump, resolver no novo mandato. E uma grande maioria acredita que ele fará deportações em massa de pessoas que vivem ilegalmente nos Estados Unidos, como mostrou uma pesquisa Reuters/Ipsos finalizada nesta quinta-feira (7).

Porém, os entrevistados da sondagem, que teve dois dias de campo e foi conduzida horas após o republicano obter a vitória nas eleições, estavam divididos sobre seu plano de expulsar um grande número de pessoas do território.

Perguntados sobre qual deveria ser a prioridade de Trump nos primeiros 100 dias de governo, 25% dos entrevistados disseram que era a imigração, tema muito mais mencionado do que qualquer outro.

Um total de 14% afirmou que ele deveria se concentrar na desigualdade de renda, enquanto 12% responderam que impostos deveriam ser a prioridade. Fatias menores citaram saúde, segurança, emprego e meio ambiente.

Cerca de 82% dos entrevistados disseram que Trump provavelmente vai ordenar a deportação em massa de pessoas, e essa opinião traz porcentagens similares entre os democratas e republicanos. Muitos disseram estar preocupados com a medida, incluindo 82% dos democratas e 40% dos republicanos. Cerca de nove entre dez republicanos disseram não estar preocupados com a possibilidade de o presidente-eleito ordenar deportações em massa.

Durante a campanha, Trump prometeu realizar uma repressão massiva à imigração, incluindo a promessa de deportar números recordes de imigrantes, em operação que o vice-presidente-eleito, JD Vance, calcula que possa tirar 1 milhão de pessoas do país por ano.

Trump repetidamente chamou a atenção para crimes supostamente cometidos por imigrantes ilegais, embora muitos estudos demonstrem que eles não cometem mais crimes do que os norte-americanos nativos.

Nesta quinta-feira (7), o republicano disse em uma entrevista à NBC News que cumprirá a promessa de realizar deportações em massa, independentemente do custo, dizendo: “Não é uma questão de preço. Não é. Não temos escolha”. Os norte-americanos se mostram divididos sobre a possível mecânica das deportações, como por exemplo se devem ser criados campos de detenção.

Um total de 58% dos republicanos, contra 15% dos democratas, concordaram que imigrantes ilegais devem ser “presos e colocados em campos de detenção, à espera de audiências de deportação”. A oposição a essa medida atrai 75% dos democratas e 31% dos republicanos.

Trump planeja usar um estatuto de 1798 para deportar rapidamente supostos membros de gangues, uma ação que deve acabar no Judiciário.

A pesquisa Reuters/Ipsos poll foi realizada online e entrevistou 1.471 adultos em todo o país. Os resultados possuem margem de erro de 3 pontos percentuais para a amostragem toda e de cinco pontos percentuais para os recortes de republicanos e democratas.

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PIB dos EUA cresce 2,8% no 3º trimestre impulsionado por gastos de defesa e consumo https://investnews.com.br/economia/pib-dos-eua-cresce-28-no-3o-trimestre-impulsionado-por-gastos-de-defesa-e-consumo/ Wed, 30 Oct 2024 14:35:10 +0000 https://investnews.com.br/?p=626569 Consumo nos EUA PIB
Consumo impulsiona PIB dos EUA no terceiro trimeste

A economia dos Estados Unidos registrou um crescimento sólido no terceiro trimestre, impulsionada pelo aumento nas compras dos consumidores e pelos gastos federais em defesa, numa fase pré-eleitoral. O Produto Interno Bruto (PIB), ajustado pela inflação, avançou a uma taxa anualizada de 2,8%, após crescer 3% no trimestre anterior, de acordo com a estimativa inicial divulgada pelo governo na quarta-feira.

O consumo das famílias, principal componente da atividade econômica, cresceu 3,7%, o ritmo mais rápido desde o início de 2023, com destaque para o aumento em bens de consumo, incluindo automóveis, mobiliário doméstico e itens recreativos.

Enquanto isso, um indicador fundamental de inflação subjacente subiu 2,2%, alinhando-se com a meta do Federal Reserve, segundo o Bureau de Análise Econômica dos EUA.

O desempenho da maior economia do mundo aponta para uma forte demanda interna, mesmo com o Federal Reserve afrouxando gradualmente sua política monetária mais rigorosa em décadas. O relatório chega às vésperas das eleições, momento em que os eleitores americanos confrontam os números da economia com suas próprias finanças, pressionadas nos últimos anos pelo alto custo de vida.

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“Quase nada está errado com este cenário”, afirmaram Carl Weinberg e Rubeela Farooqi, economistas da High Frequency Economics, em nota. “Uma normalização estável das taxas em um ritmo moderado é o que a economia precisa.”

Após a divulgação dos dados do PIB, o S&P 500 abriu em queda, a taxa de rendimento dos títulos do Tesouro de dois anos subiu e o dólar oscilou. Um relatório separado do Instituto ADP apontou forte contratação no setor privado em outubro.

O crescimento do PIB no terceiro trimestre foi limitado por flutuações no comércio exterior, com as exportações líquidas reduzindo 0,56 ponto percentual do total. Importadores aumentaram o volume de bens de consumo, em parte temendo uma possível greve prolongada dos trabalhadores portuários. Os estoques também subtraíram 0,17 ponto percentual.

Gastos do governo em alta

Apesar desses fatores, um índice de tendência de crescimento subjacente, que combina consumo e investimentos empresariais, avançou 3,2%, o maior avanço deste ano. Os gastos governamentais subiram 5% anualizados, com destaque para o maior aumento nos gastos federais desde 2021. Despesas de defesa nacional dispararam a uma taxa de 14,9%, o maior crescimento desde 2003, enquanto os gastos federais excluindo defesa subiram ao ritmo mais rápido em um ano.

O investimento empresarial fixo não residencial teve um aumento anualizado de 3,3%, o ritmo mais lento em um ano, afetado pelos gastos com infraestrutura. Por outro lado, os gastos empresariais com equipamentos foram os mais fortes desde o segundo trimestre de 2023, impulsionados pelo setor de transportes.

Investimentos em computadores e equipamentos periféricos saltaram 32,7%, o maior aumento desde 2020, refletindo o boom contínuo em inteligência artificial.

O setor de investimentos residenciais recuou 5,1% anualizados, a maior queda desde o final de 2022, em meio às pressões de altas taxas de hipoteca e preços elevados no mercado imobiliário.

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Esses números indicam que o Federal Reserve deve manter o curso de corte de juros nos próximos trimestres, incluindo na reunião da próxima semana. Os dados são um reforço para a vice-presidente Kamala Harris nos últimos dias da campanha contra o ex-presidente Donald Trump.

Na comparação anual, o PIB cresceu 2,7%, sustentando um nível acima de 2,5% por seis trimestres consecutivos — “a maior sequência de crescimento sólido desde 2006”, observou Bill Adams, economista-chefe do Comerica Bank.

Entretanto, o crescimento não tem sido distribuído de forma equitativa, com a parcela de renda destinada aos lucros empresariais ainda bem acima dos níveis históricos. A renda pessoal ajustada pela inflação, após impostos, subiu 1,6% anualizados, o menor avanço em um ano, segundo os dados do PIB.

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Dólar a R$ 6,00 e pressão sobre os juros: o contágio do ‘Trump trade’ para o Brasil https://investnews.com.br/economia/dolar-a-r-600-e-pressao-sobre-os-juros-o-contagio-do-trump-trade-para-o-brasil/ Wed, 30 Oct 2024 10:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=626334 Retrato do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, um homem idoso em terno formal azul escuro aponta enfaticamente para a câmera com expressão séria, fundo sugere uma ocasião oficial nos Estados Unidos.
O candidato republicano à presidência, ex-presidente dos EUA Donald Trump, faz um gesto após discursar em um comício de campanha na Pensilvânia. Foto: Getty Images/ Win McNamee

Dólar a R$ 6,00, juros de longo prazo em alta e mais dor de cabeça para o Banco Central. Essa é a resposta que se espera do mercado brasileiro caso haja uma vitória do republicano Donald Trump, de acordo com economistas e especialistas com quem o InvestNews conversou nos últimos dias. O cenário de vitória do republicano vem ganhando mais força por causa das últimas pesquisas eleitorais.

Espera-se que, em um mundo em que o republicano Donald Trump vença a eleição presidencial dos Estados Unidos, haja inflação, juros e dólar mais altos. E o Brasil não terá como escapar de um contágio.

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Essa previsão, quase consensual entre os economistas, já começou a se manifestar: em reação à vantagem do ex-presidente nas pesquisas eleitorais, os juros dos Treasuries, os títulos públicos americanos, subiram nos últimos dias, enquanto as principais moedas, inclusive o real, perderam valor. O ouro, considerado um ativo mais seguro para momentos de incerteza, também está subindo, assim como as bolsas  americanas. É o que analistas estão chamando de “Trump trade“.

A reação do mercado se baseia nas principais propostas do candidato apresentadas durante a campanha:

  1. Corte de impostos – pode ser um estímulo para o consumo e consequentemente, a inflação ;
  2. Desregulamentação da economia – estratégia que vai ao encontro dos interesses de alguns setores econômicos, especialmente o de tecnologia, e que pode destravar negócios e contribuir para a aceleração econômica;
  3. Política tarifária mais agressiva – ao restringir importações, a concorrência em muitos setores tende a diminuir e, como consequência, os preços sobem;
  4. Restrições imigratórias – menos imigrantes pode significar menos mão de obra e, consequentemente, ter efeitos sobre salários em alguns segmentos da economia.

The Wall Street Journal: Por que a promessa de Trump de taxar as importações deve ser levada a sério

O conjunto de medidas propostas pelo republicano tem impacto sobre a oferta de bens e serviços para a economia e também deve estimular a demanda. O resultado dessa equação é simples: mais inflação.

E para o Brasil?  “É o pior dos mundos”, diz Tony Volpon,  professor adjunto da Georgetown University em Washington D.C. e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. O primeiro ponto de contágio é via juros. Volpon explica que os estímulos econômicos prometidos por Trump podem trazer um problema para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) parecido com o que é vivido pelo Brasil.

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Agora, o Fed está em pleno ciclo de corte de juros. Mas, se as promessas do republicano forem concretizadas, a piora das expectativas de inflação vai obrigar o banco central americano a voltar a subir os juros lá na frente.

Um novo aumento de juros – ou simplesmente uma pausa na queda da taxa – teria o poder de mudar a direção do dinheiro global. “Um cenário com Trump tenderia a atrair mais capital, o que afetaria diretamente o câmbio e também as bolsas”, diz Volpon.

Hoje, as bolsas emergentes vêm sofrendo com a dinâmica global de juros. Enquanto nos Estados Unidos o corte da taxa deu força às ações, países como o Brasil lidam com os efeitos negativos do aperto monetário sobre o mercado acionário. Como resultado, a diferença média de preços entre as bolsas emergentes e o S&P chegou ao maior nível desde 2021.

Gráfico comparativo mostrando o desempenho superior e consistente do S&P 500 sobre o MSCI Emerging Markets Index de 2019 a 2024.

Mas alguns podem tirar vantagem de uma vitoria de Trump. Segundo relatório da XP Investimentos, empresas dos setores de exportação de commodities, como o agronegócio, podem se beneficiar em um governo Trump. É um efeito que já se observou no período entre 2018 e 2020, no auge da guerra comercial com a China, quando a demanda chinesa por commodities se deslocou dos Estados Unidos para o Brasil, beneficiando produtos como soja e milho.

Real mais fraco

O outro lado da moeda é o câmbio. O dólar tenderia a ganhar força no mundo, tanto pelo efeito do crescimento econômico americano quanto pela perspectiva de alta de juros. A desvalorização do real poderia pressionar ainda mais a inflação no Brasil. E traria um problema adicional para o Banco Central, que já tem enfrentado dificuldade em conter a inflação.

Os mercados globais estão se antecipando a esse cenário no movimento que foi batizado de “Trump trade“. Nesta terça-feira, o dólar comercial voltou a subir e fechou valendo R$ 5,7610, o maior nível desde 30 de março de 2021. Mas isso significa que o mercado já dá como certa a vitória de Trump? A resposta é não: trata-se de um movimento de proteção, como definem os especialistas do mercado.

Em 2016, quando Trump foi eleito, o mercado não esperava esse resultado. Por isso, diante de um cenário ainda incerto, investidores preferem se posicionar de forma preventiva. As contas dos especialistas mostram que as propostas de Trump adicionariam US$ 7,5 trilhões de déficit fiscal ao país – enquanto um eventual governo de Kamala Harris traria US$ 3,5 trilhões a mais de déficit.

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A vitória de Trump não está totalmente “no preço” – contemplada nos preços dos ativos –, diz Volpon. Isso significa que é preciso estar preparado para uma reação ainda mais negativa, caso o republicano realmente leve a eleição.

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O pacote de estímulos da China ainda não convenceu os economistas. A solução? Mais estímulos https://investnews.com.br/economia/o-pacote-de-estimulos-da-china-ainda-nao-convenceu-os-economistas-a-solucao-mais-estimulos/ Sat, 12 Oct 2024 15:27:45 +0000 https://investnews.com.br/?p=621838 Figura humana em preto e branco segura uma superfície triangular branca contra um fundo vermelho com estrelas, remetendo à bandeira da China.
Ilustração: João Brito

A China anunciou novas medidas para apoiar a economia, prometendo mais ajuda para o setor imobiliário em crise e para os governos locais endividados. No entanto, as autoridades ainda não convenceram os economistas de que estão fazendo o suficiente para vencer a deflação.

Em uma coletiva de imprensa muito aguardada neste sábado (12), o ministro das Finanças, Lan Fo’an, evitou mencionar valores específicos sobre o estímulo fiscal, como os investidores esperavam, indicando que os detalhes serão apresentados quando o Congresso Nacional do Povo se reunir nas próximas semanas. As medidas de apoio anunciadas, no entanto, deram pouca indicação de que as autoridades chinesas sentem urgência em impulsionar o consumo, que muitos economistas veem como essencial para reaquecer a economia e colocá-la em uma trajetória de crescimento mais positiva.

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“A política de apoio ao consumo parece bastante fraca”, disse Jacqueline Rong, economista-chefe da China no BNP Paribas. “Ainda é muito cedo para prever uma reversão significativa da pressão deflacionária ou uma recuperação do mercado imobiliário, que são as duas questões principais enfrentadas pela economia chinesa.”

Os dados que serão divulgados no domingo (13) provavelmente mostrarão que os preços ao consumidor em setembro permaneceram abaixo de 1% pelo 19º mês consecutivo, enquanto a deflação nos preços de fábrica se aprofundou, destacando a demanda fraca antes das recentes medidas de estímulo. As autoridades falaram pouco sobre a deflação na coletiva de uma hora de duração no sábado.

Antes do fim de semana, investidores e analistas esperavam que a China implementasse até 2 trilhões de yuans (US$ 283 bilhões) em novo estímulo fiscal, incluindo possíveis subsídios, vouchers de consumo e apoio financeiro para famílias com filhos. Isso ainda pode ocorrer nas próximas semanas: no ano passado, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, o legislativo da China, usou uma reunião no final de outubro para anunciar uma revisão orçamentária e a emissão de títulos adicionais.

Mas os comentários de Lan no sábado indicaram que a China está confortável com a direção geral da economia. Ele prometeu permitir que os governos locais utilizem títulos especiais para comprar imóveis não vendidos e anunciou o maior esforço em anos para aliviar o fardo da dívida das autoridades locais, nenhuma das quais é provável de proporcionar um impulso de curto prazo ao crescimento.

Funcionário checa fios de aço em um armazém em Dalian, China 15/05/2017. REUTERS/Stringer/File Photo

“Minha impressão é que as medidas de política fiscal demorarão um pouco para serem implementadas a tempo de atingirmos 5% este ano, a menos que o volume final do estímulo fiscal seja muito maior do que o previsto”, disse Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no ING Bank, referindo-se à meta de crescimento econômico da China para 2024.

Lan também sugeriu a possibilidade de emitir mais títulos soberanos e aumentar os gastos do governo, medidas que poderiam ser anunciadas quando os legisladores se reunirem no final deste mês ou no início de novembro.

Dúvidas e mais dúvidas

Sem novos recursos imediatos à vista, os formuladores de políticas centrais provavelmente se concentrarão em apoiar os governos locais para cumprirem seus orçamentos de gastos, utilizando recursos existentes para estabilizar o mercado imobiliário.

Permitir que os governos locais troquem suas dívidas por empréstimos mais baratos liberará recursos para serviços públicos e incentivará as autoridades a gastarem mais. E permitir que usem títulos especiais para comprar apartamentos não vendidos e transformá-los em habitação social pode ajudar a estabilizar a queda nos preços dos imóveis, dando aos proprietários uma maior sensação de segurança.

O Ministério das Finanças não forneceu um valor exato para nenhuma das medidas. Mas essas estão entre as ações que levam economistas a acreditar que “desta vez pode ser diferente” após tentativas anteriores de estímulo terem fracassado, segundo o Societe Generale.

Um trabalhador usa uma máquina para contar notas de 100 yuans chineses em Hong Kong, China.
Um trabalhador usa uma máquina para contar notas de 100 yuans chineses em Hong Kong, China. Foto: Paul Yeung/Bloomberg

“As perspectivas de uma recuperação sustentada e de uma reaquisição estão melhorando, com maiores chances de estabilização do setor habitacional e menos pressão com a desalavancagem dos governos locais”, afirmaram os economistas Wei Yao e Michelle Lam, do banco, em uma nota.

Quanto aos subsídios diretos, Lan disse no sábado que a China aumentará o número de bolsas de estudo e ampliará a ajuda financeira aos estudantes, uma medida que ocorre após o desemprego juvenil ter atingido o nível mais alto do ano em agosto. Ele também prometeu continuar oferecendo apoio aos grupos necessitados, citando um benefício único distribuído aos pobres no mês passado como exemplo.

A ausência de grandes subsídios não surpreende, já que Pequim há muito tempo se opõe ao que chama de “assistencialismo”.

“Nada de comida grátis para preguiçosos é o pensamento fundamental dos formuladores de políticas, por isso um subsídio em larga escala para toda a nação é improvável”, disse Bruce Pang, economista-chefe para a Grande China da Jones Lang LaSalle, referindo-se a um comentário semelhante feito pela principal agência de planejamento econômico do país.

Economistas há muito tempo defendem uma mudança nas prioridades da política fiscal para focar mais no consumo doméstico. Esse movimento em direção a um modelo de crescimento mais equilibrado e sustentável reduziria a dependência do país nas exportações para impulsionar a economia, em meio ao aumento das tensões comerciais.

O antigo manual de uso de investimentos financiados por dívida em projetos públicos — de estradas a pontes — tornou-se menos eficaz após décadas de urbanização que deixaram o país saturado de infraestrutura. Por causa da falta de projetos de alta qualidade, as autoridades têm mais dinheiro à disposição do que projetos para gastar.

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O Ministério das Finanças afirmou que o governo expandirá os setores elegíveis para receber apoio financeiro por meio da emissão de títulos locais especiais. Isso poderia injetar na economia até 1 trilhão de yuans que estão parados, segundo Ding Shuang, economista-chefe para a Grande China e Ásia do Norte no Standard Chartered.

As dificuldades financeiras dos governos locais estão intimamente ligadas à desaceleração do setor imobiliário. As vendas de terras, um dos principais motores de receita, estão diminuindo ao mesmo tempo em que uma desaceleração mais ampla reduz impostos e outras fontes de renda. Após um grande aumento de endividamento após a crise financeira de 2008 para sustentar o crescimento, e depois de enfrentar uma pandemia custosa, muitas localidades agora estão lutando para cumprir as necessidades diárias de gastos, como o pagamento de servidores públicos.

Algumas regiões optaram por adiar pagamentos a empreiteiros, impor multas pesadas e cobrar impostos retroativos de décadas atrás. Essas ações prejudicaram ainda mais a já frágil confiança no setor privado, levando Pequim a alertar as autoridades locais contra penalidades excessivas.

Porto de Xangai 13/01/2022 REUTERS/Aly Song

Ao permitir que os governos locais troquem mais “dívidas ocultas”, Pequim também tenta controlar os riscos de crédito em empresas que emprestaram agressivamente em nome dos governos locais nos últimos anos para ajudar a financiar infraestrutura. No entanto, títulos emitidos para trocas de dívidas não geram novo crescimento na economia, embora ajudem a manter a estabilidade financeira e social.

Esforços para lidar com os riscos da dívida dos governos locais “envolvem principalmente a transferência de dívida de uma parte do Estado para outra” e terão impacto limitado na demanda de curto prazo, disse Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na Capital Economics. Ele manteve sua previsão de crescimento para 2024 em 4,8% e revisou a previsão para o próximo ano para 4,5%, de 4,3%, citando o impulso fiscal.

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Larry Hu, chefe de economia da China no Macquarie Group, disse que o modelo de crescimento de duas velocidades da China, que depende da manufatura e das exportações para compensar o setor imobiliário, é “cada vez mais insustentável”. Ele afirmou que as autoridades precisarão mudar de direção quando as exportações enfraquecerem ou a demanda interna deteriorar-se ainda mais, levando a agitação social.

“O forte senso de urgência da reunião do Politburo de setembro sugere que este é o momento de virada”, escreveu Hu em uma nota no sábado. “Mas para confirmar isso, precisamos de mais evidências.”

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Após ataques de Israel ao Líbano, mísseis do Irã atingem território israelense https://investnews.com.br/economia/israel-ataque-libano-retaliacao-ira/ Tue, 01 Oct 2024 18:54:05 +0000 https://investnews.com.br/?p=619063
Sistema antimíssil israelense Iron Dome intercepta foguetes em Ashkelon, Israel, nesta terça (1º). Foto: Amir Cohen/Reuters

A violência no Oriente Médio escalou novamente nesta terça-feira (1º), depois que o Irã disparou dezenas de mísseis no território israelense, em retaliação contra os ataques de Israel no Líbano, que já duram dez dias e deixaram mais de mil mortos, incluindo cidadãos brasileiros e o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah.

O disparo de mísseis ocorreu depois que tropas israelenses lançaram ataques terrestres no Líbano nesta terça, na maior escalada da guerra regional desde o início dos combates em Gaza, há um ano.

Entenda abaixo a sequência de acontecimentos e os possíveis desdobramentos, segundo especialistas.

A incursão de Israel no Líbano

Nesta terça, as forças armadas israelense iniciaram incursões por terra sul do Líbano, em área de fronteira com Israel. Antes, durante a semana passada e o final de semana, bombardeios foram feitos na mesma região e em Beirute. Nos ataques, dois adolescentes brasileiros morreram.

Na mais recente rodada de guerra em quatro décadas de conflito intermitente, a luta entre Israel e o Hezbollah tem sido travada paralelamente à guerra de Israel em Gaza contra o Hamas, desde o ataque do grupo palestino apoiado pelo Irã contra Israel em 7 de outubro passado.

O objetivo declarado de Israel no Líbano é tornar as áreas do norte seguras contra disparos de foguetes do Hezbollah e permitir o retorno de milhares de residentes deslocados. Porém, seus ataques também tiveram um impacto devastador sobre os civis no Líbano.

O Ministério da Saúde do Líbano informou no domingo (29) que mais de mil libaneses foram mortos e 6 mil ficaram feridos nas últimas duas semanas, sem informar quantos eram civis. O governo disse que um milhão de pessoas — um quinto da população — fugiu de suas casas.

Além disso, 14 médicos no país foram mortos em ataques aéreos no fim de semana, disse o órgão.

Os mísseis do Irã contra Israel

Segundo a TV estatal iraniana, a elite da Guarda Revolucionária do Irã anunciou ter lançado “dezenas de mísseis” contra Israel nesta terça. De acordo com a Reuters, uma autoridade sênior iraniana disse que a ordem para o ataque partiu do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

A autoridade também disse que o governo iraniano “está totalmente pronto para qualquer retaliação”.

Teerã também afirmou que os disparos foram uma retaliação após uma série de acontecimentos: o assassinato de Ismail Haniyeh — líder do Hamas morto no Irã em julho, a intensificação dos ataques do regime sionista ao Líbano e a Gaza, o assassinato de Nasrallah e também do comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Abbas Nilforoushan.

Do lado de Israel, militares israelenses confirmaram o lançamento dos mísseis. Segundo a Bloomberg, um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disse que muitos mísseis foram interceptados no ar, mas vários atingiram regiões no sul e no centro do país.

Sirenes soaram em todo o país e os israelenses correram para se abrigar. Repórteres da televisão estatal se deitaram no chão durante as transmissões ao vivo.

Secretário-geral da ONU, António Guterres, em foto de 24 de setembro de 2024 na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Foto: Mike Segar/Reuters

Repercussão

Após os ataques, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, fez um apelo por um cessar-fogo imediato no Líbano e para que a soberania e a integridade territorial do país sejam respeitadas, segundo informou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.

“Uma guerra total deve ser evitada no Líbano a todo custo”, disse Dujarric em um comunicado, acrescentando que Guterres falou com o primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, nesta terça, dizendo a ele que a ONU estava pronta para ajudar os necessitados.

“O secretário-geral continuará seus contatos, e seus representantes no local também continuarão seus esforços para diminuir a escalada da situação.”

Stéphane Dujarric, porta-voz da onu, em comunicado

Mais tarde, ele disse aos repórteres em uma reunião que as forças de paz da ONU no Líbano, conhecidas como Unifil, tinham visto incursões esporádicas dos militares israelenses.

Os Estados Unidos condenaram o ataque do Irã nesta terça. Em coletiva com a imprensa, o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou que Israel parece ter derrotado o ataque sem perda de vidas.

“Deixamos claro que haverá consequências, consequências graves, para esse ataque, e trabalharemos com Israel para que isso aconteça”, afirmou ele, acrescentando que o governo do presidente Joe Biden ainda estava monitorando a situação e consultando os israelenses sobre os próximos passos em termos de resposta. Ele também disse que o governo estava acompanhando a morte de um civil palestino na Cisjordânia.

À Bloomberg, Bruce Riedel, pesquisador do Centro Brooking de Política do Oriente Médio e ex-agente de inteligência do governo americano, afirmou que a região está “na beira de uma ‘guerra total’ entre Israel e o Hezbollah, o que pode ser devastador para o Líbano e muito dolorosa para Israel”.

Segundo Riedel, “se eles trouxerem os iranianos também [para a guerra], a região inteira estará sob risco”.

Brasileiros no Líbano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou na segunda-feira (30) a repatriação de brasileiros que vivem no Líbano. Segundo a Reuters, o Ministério das Relações Exteriores disse nesta terça que a operação deve começar no final desta semana, com a retirada de cerca de 3 mil pessoas por meio de entre 10 e 15 voos.

O total depende de dois fatores: o número de brasileiros que confirmarem sua intenção de deixar o país e se o aeroporto de Beirute, capital do Líbano, permanecer aberto.

Por volta de 20 mil pessoas fazem parte da comunidade brasileira no país, mas, de acordo com o governo, 3 mil já pediram apoio para a repatriação. O número ainda deve variar para cima ou para baixo, caso o conflito avance e mais pessoas decidam sair, ou caso haja meios de as pessoas deixarem o Líbano por outras vias.

Com informações das agências Reuters e Bloomberg

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Brasil registra primeira deflação do ano em agosto, queda de 0,02% no IPCA, aponta IBGE https://investnews.com.br/economia/brasil-registra-primeira-deflacao-do-ano-em-agosto-queda-de-002-no-ipca-aponta-ibge/ Tue, 10 Sep 2024 12:36:25 +0000 https://investnews.com.br/?p=613848 O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, caiu 0,02% em agosto, após alta de 0,38% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10).

No acumulado de 12 meses até agosto, o IPCA teve alta de 4,24%, contra alta 4,50% do mês anterior. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,01 por cento em agosto, acumulando em 12 meses alta de 4,29%.

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Contribuíram para a deflação em agosto a queda de 0,51% nos custos de moradia, que veio na esteira de uma redução nas contas de eletricidade, bem como um declínio de 0,44% no preço de alimentos e bebidas. Por outro lado, o custo da educação subiu 0,73%. 

Impulsionadas por um mercado de trabalho aquecido e auxílio governamental, as famílias brasileiras estão gastando muito, mesmo com os altos custos de empréstimos pesando sobre suas finanças. As projeções de inflação permanecem bem acima da meta de 3% para este ano e o próximo.

Isso colocou o Banco Central, que pisou no freio em seu ciclo de flexibilização em junho, em uma situação difícil enquanto passa por uma sucessão de liderança.

Juros no radar

O ritmo robusto de crescimento da economia brasileira tem feito investidores apostarem que um aumento da taxa básica de juros Selic de seu nível atual de 10,5% é iminente na próxima semana.

Economistas dizem que o movimento também é necessário para responder a uma queda no valor da moeda, aumento dos gastos públicos e piora nas previsões de inflação.

No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o diretor de política monetária do banco, Gabriel Galipolo, para substituir o atual governador Roberto Campos Neto quando seu mandato terminar em dezembro.

Mas alguns no mercado não estão convencidos de que um aliado de Lula manterá a inflação sob controle enquanto o presidente esquerdista promete gastar para impulsionar o crescimento e melhorar as condições de vida.

(Com Bloomberg)

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Esforço do 2º semestre vai nos permitir cumprir meta fiscal de 2024, diz Haddad https://investnews.com.br/economia/esforco-do-2o-semestre-vai-nos-permitir-cumprir-meta-fiscal-de-2024-diz-haddad/ Wed, 28 Aug 2024 11:28:51 +0000 https://investnews.com.br/?p=610839 O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na noite desta terça-feira que o esforço feito pelo governo no segundo semestre permitirá o cumprimento da meta fiscal de 2024.

A meta do governo é de resultado primário zero este ano, mas com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar do otimismo em relação ao cumprimento da meta em 2024, Haddad citou uma série de desafios a serem enfrentados pelo governo para equilibrar as contas públicas, como as despesas bilionárias contratadas sem fontes de compensação.

Um dos desafios citados por ele foi a aprovação do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb), que “multiplicou os aportes da União”.

O novo Fundeb foi aprovado em 2020, ainda no governo Bolsonaro. Ele é formado por recursos de impostos e de transferências constitucionais de Estados, Distrito Federal e municípios, além de recursos provenientes da União. Pelas regras em vigor, as contribuições do governo federal subirão de forma gradativa até atingir 23% do fundo em 2026.

De acordo com Haddad, porém, quando o novo patamar do Fundeb foi aprovado, “não se aprovou fonte para isso”.

O ministro avaliou que o Fundeb é um “grande desafio” para 2025 — ano em que o percentual das contribuições da União estará em 21% –, mas que o ápice será atingido em 2026. “Não é uma operação simples”, acrescentou.

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Haddad disse ainda que o Orçamento de 2025, a ser encaminhado pelo governo ao Congresso, contará com programas sugeridos pelo setor privado, com as respectivas fontes de receitas. Segundo ele, a proposta é “equilibrada” e traz “mais conforto que a do ano passado”.

“Tudo começa pela área técnica, não há como maquiar números. É muito difícil você fechar um Orçamento, então ele vai equilibrado, mas eu digo a você com muita tranquilidade: essa peça orçamentária me causa mais conforto do que a do ano passado”, disse Haddad.

“A peça orçamentária do ano passado, na minha opinião, subestimava receitas ordinárias e superestimava receitas extraordinárias”, acrescentou. “Quero crer que essa peça de 2025, do ponto de vista técnico, traz uma segurança ainda maior para nós de que estamos em uma trajetória consistente.”

Haddad participou nesta terça-feira, por meio de vídeo, da Conferência Anual do Santander, evento que ocorre em São Paulo.

(Reportagem de Bernardo Caram; reportagem adicional de Victor Borges; texto e reportagem adicional de Fabrício de Castro)

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto 28/08/2023 REUTERS/Adriano Machado
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Medo de recessão nos EUA vai embora e Wall Street tem melhor semana do ano https://investnews.com.br/financas/investimentos/medo-de-recessao-nos-eua-vai-embora-e-wall-street-tem-melhor-semana-do-ano/ Sat, 17 Aug 2024 11:48:30 +0000 https://investnews.com.br/?p=608891 Por Stephen Culp

NOVA YORK (Reuters) – As ações dos Estados Unidos fecharam em alta nesta sexta-feira (16), marcando o maior ganho semanal do ano conforme preocupações com uma desaceleração econômica diminuíram.

Os índices S&P 500 e Nasdaq registraram a sétima sessão consecutiva de ganhos, com ações se recuperando de perdas provocadas por uma queda vertiginosa há duas semanas. A liquidação, desencadeada por dados econômicos fracos e temores maiores de recessão, confirmou que o Nasdaq havia entrado em território de correção.

Os três índices registraram seus maiores ganhos percentuais semanais desde o final de outubro, com o S&P 500 e o Nasdaq registrando o primeiro ganho semanal em cinco.

“O que estamos vendo nos mercados de hoje é uma extensão da recuperação e uma acalmada nos temores anteriores de recessão”, disse Greg Bassuk, presidente-executivo da AXS Investments.

Traders trabalham no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em 05 de agosto de 2024, na cidade de Nova York. O Dow caiu mais de 1000 pontos nas negociações da manhã, enquanto as ações globais despencavam após temores de uma recessão nas economias americana e japonesa. (Foto: Spencer Platt/Getty Images)
Traders trabalham no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em 05 de agosto de 2024, na cidade de Nova York. O Dow caiu mais de 1000 pontos nas negociações da manhã, enquanto as ações globais despencavam após temores de uma recessão nas economias americana e japonesa. (Foto: Spencer Platt/Getty Images)

“Os dados econômicos positivos são realmente o que está alimentando essa alta, dando mais confiança aos investidores de que a recessão provavelmente será evitada e que o Fed começará a cortar os juros em setembro.”

Uma série de importantes dados econômicos nesta semana, inclusive o índice de preços ao consumidor e um relatório de vendas no varejo, garantiram que a inflação continua a se aproximar da meta de 2% do Federal Reserve e que os gastos dos consumidores estão saudáveis.

Os dados desta sexta-feira mostraram que a construção de moradias unifamiliares nos EUA caiu para o menor nível em quase um ano e meio em julho, enquanto a avaliação preliminar da Universidade de Michigan sobre a confiança do consumidor em agosto mostrou uma melhora mais forte do que o esperado.

Os mercados financeiros estão apostando em uma probabilidade de 74,5% de que o Fed corte sua taxa básica de juros em 25 pontos-base ao final de sua reunião de setembro, com uma chance menor de 25,5% de um corte maior de 50 pontos-base, segundo a ferramenta FedWatch da CME.

O Dow Jones subiu 0,24%, para 40.659,76 pontos. O S&P 500 ganhou 0,20%, para 5.554,25 pontos. O Nasdaq avançou 0,21%, para 17.631,72 pontos.

Entre os 11 principais setores do S&P 500, o financeiro obteve o maior ganho percentual, enquanto o industrial sofreu a maior queda.

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Governo legaliza ‘jogo do tigrinho’; bets já fazem estrago na economia https://investnews.com.br/economia/bets-um-raio-x-do-estorvo-que-elas-representam-para-a-economia/ Fri, 02 Aug 2024 13:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=604633 “Ela sempre tinha muito sono de dia. Era porque passava a noite jogando, mas a gente não sabia. O marido acordava de madrugada e via ela no celular – achava que ela estava tendo um caso.”

A fala é de Joana (nome fictício), prima de R.S., 43 anos – uma vítima do vício em apostas online. No começo, R.S. apostava pequenas somas. Mas em pouco tempo isso não bastava. E o que era só um pouco foi virando mais e mais.

O dinheiro acabou. Vieram as dívidas: R$ 1,3 milhão, boa parte com agiotas.

Como agiota não entra na Justiça, chegaram as ameaças de morte. R.S. viu-se obrigada a queimar um apartamento no Ibirapuera, região nobre de São Paulo. O valor de mercado do imóvel era de R$ 800 mil. Ela vendeu por R$ 600 mil. Foi-se também um sítio, em troca de R$ 300 mil. Para completar, esvaziou R$ 400 mil da poupança do pai.

Agora ela recorre à família para comprar o enxoval de seu primeiro bebê, que está a caminho. A banca venceu – como sempre acontece nos jogos de azar.

Segundo Hermano Tavares, coordenador do programa ambulatorial do Transtorno do Jogo do IPq (Instituto de Psiquiatria), do Hospital das Clínicas/USP, não é simples perceber que algum ente querido está prestes a entrar num buraco desses. “A família, infelizmente, descobre quando o estrago já está avançado.”

Em meio a tudo isso, as apostas online ganharam mais um combustível na quarta-feira (31). Uma portaria do Ministério da Fazenda regulamentou a vertente mais tóxica da modalidade, que até então operava num limbo jurídico: os jogos tipo caça-níquel, como o “do tigrinho” – além dos de roleta, cartas e outros completamente aleatórios, de cassino. Para todos os efeitos,

Até aqui, a legalização só valia para as apostas esportivas. Ainda assim, 80% da receita das bets “esportivas” já vinha desses jogos. A portaria determina que 85% do faturamento com eles deve ser distribuído na forma de prêmios – limitando, obviamente, a banca a um ganho de 15% do que entrar. De resto, vale a regulamentação das apostas esportivas (mais sobre isso adiante).

Um problema para os negócios

Uma postagem recente de Rafael Tenório, empresário alagoano do setor de transportes, alertava que houve um aumento fora do padrão de seus funcionários pedindo antecipação de férias, 13º salário, empréstimo ou pior: acordo de demissão a fim de acessar o FGTS, e usar o dinheiro para pagar dívidas de jogo. 

A rede atacadista Assaí chegou a se pronunciar sobre o impacto das bets em suas vendas. Segundo o CEO da empresa, Belmiro Gomes, mesmo com uma inflação mais branda, a rede não tem visto uma recuperação no volume de receitas e isso se deve à maior pressão de outras despesas no orçamento das famílias – a maior delas, apostas online.

Foto: Getty Images

Um estudo do Santander corrobora a visão de Belmiro Gomes. O banco estima que os gastos com vestuário e calçados caíram de 3,5% para 3,1% do orçamento familiar entre 2018 e 2023, enquanto os gastos com apostas subiram de 0,8% para 1,9%.

“Nossas descobertas sugerem que os varejistas tradicionais não estão apenas competindo entre si pelo dinheiro suado dos consumidores, mas também com um hábito de consumo que promete gratificação instantânea, com o fascínio da riqueza sem esforço”, observam os analistas do banco no documento.

Outro levantamento, da SBVC (Associação Brasileira de Varejo e Consumo), apontou o seguinte: 63% dos usuários de bets dizem que tiveram a renda comprometida por conta do hábito.

Ou seja, cada vez mais gente está usando o dinheiro que sobra – e o que não sobra – com apostas. E isso já compromete gastos com itens básicos. De acordo com a SVBC, 19% dos apostadores passaram a comprar menos alimentos para jogar e 14% reduziram o consumo de produtos de higiene pessoal. Um em cada dez pedalou contas do dia a dia, como as de luz, água ou gás, para poder apostar.

Aposta não é investimento

De forma geral, a maioria dos usuários de bets enxerga a atividade como uma forma de conseguir dinheiro rápido, seja em em momentos de necessidade ou não. Pior: há os que confundem apostas com investimento.

Segundo um levantamento da Anbima, 14% da população adulta (22 milhões de pessoas) fez pelo menos uma aposta online no ano passado. Dessas, 22% consideram as bets uma forma de investimento financeiro. Vale lembrar: nem tudo o que envolve a possibilidade de ganhar dinheiro é “investimento”. Quando o ganho é incerto e “binário” (tudo ou nada) o nome é “aposta” mesmo – e pode servir para produtos do mercado financeiro também, como opções e minicontratos (mas essa é outra história).

As apostas do mercado financeiro, de qualquer forma, estão restritas a um número relativamente pequeno de pessoas – talvez alguns milhares entre os 5 milhões de CPFs registrados na bolsa. Já as apostas online, imediatamente acessíveis a qualquer brasileiro com um celular, geram uma crise de saúde pública – nas palavras do coordenador do IPq.

Hoje, o programa de vício em jogo do Hospital das Clínicas registra 200 novos casos para tratamento por ano. Sim, o número é pequeno, pois trata-se de apenas uma iniciativa, e a subnotificação é brutal. Mas em 2018, antes da chegada das bets no Brasil, esse número era de apenas 5.

Crédito: Adobe Stock

Hermano Tavares, do Ipq, lembra ter visto algo parecido na década de 1990. Daquela vez, o gatilho do vício tinha outro nome: bingos. “Tivemos mais buscas por tratamento contra o vício em jogo naquela época. E agora acontece de novo.” 

Para recapitular: a legalização dos bingos aconteceu em 1993. A modalidade espalhou-se feito pólvora pelo país, mas a ligação com atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, fez com que os bingos acabassem proibidos, em 2004.

Ainda há debates sobre a legalização dos jogos de azar, incluindo bingos e cassinos (banidos desde 1946). Mas, com a chegada das bets, o fato é que o jogo foi liberado no Brasil, para efeitos práticos.

A regulamentação

O fenômeno é recente. Foi em dezembro de 2018, ao final do governo Temer, que as bets foram autorizadas a operar livremente – com a promessa de que esse mercado seria regulamentado em até dois anos; o que não tinha acontecido até o fim do ano passado. Daí em diante surgiram mais de 500 empresas de bet. Hoje, 19 dos 20 clubes da Série A do Brasileiro têm algum patrocínio de bet – a exceção é o Cuiabá.

A regulamentação só veio mesmo em dezembro de 2023, com um Projeto de Lei sancionado por Lula – motivado pela necessidade de aumento de arrecadação de impostos. O PL determina que as bets devem ter sede no Brasil (o que não acontecia em diversos casos), que os sites e apps das casas de apostas tragam contato de serviço de atendimento ao consumidor e impõe restrições de horário para seus comerciais na TV.

Luciano Castán, do Cruzeiro, veste uniforme patrocinado pela Betfair; empresa patrocinou 19 dos 20 times na última temporada | Crédito: Bloomberg
Luciano Castán, do Cruzeiro, veste uniforme patrocinado pela Betfair; empresa patrocinou 19 dos 20 times na última temporada | Crédito: Bloomberg

Não menos importante: passa a incidir um imposto de 12% sobre a receita bruta das empresas de apostas. E os ganhos dos usuários ficam sujeitos a um IRPF de 15% – como o de qualquer ganho de capital.

Também ficou combinado que as empresas precisam de uma autorização do Ministério da Fazenda para operar. E que cada permissão terá um prazo de cinco anos. Em maio, a Fazenda estipulou em R$ 30 milhões o preço pela autorização.

Estima-se que as vendas brutas de apostas online no Brasil estejam entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões, segundo apontou a XP através de dados de um agregador de plataforma de apostas chamado BNL. O Santander avalia uma cifra ainda maior, de R$ 150 bilhões.

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Das Olimpíadas à Taylor Swift: viajar para ver esportes e shows está virando uma indústria trilionária https://investnews.com.br/economia/das-olimpiadas-a-taylor-swift-viajar-para-ver-esportes-e-shows-esta-virando-uma-industria-trilionaria/ Fri, 02 Aug 2024 11:59:31 +0000 https://investnews.com.br/?p=605112 Se você perdeu a conta de quantas pessoas ao seu redor recentemente postaram fotos em uma corrida de Fórmula 1 ou em um show da Taylor Swift, provavelmente não está sozinho. De acordo com uma nova pesquisa da Collinson International, que é proprietária dos lounges Priority Pass e LoungeKey em aeroportos ao redor do mundo, o turismo esportivo e musical está crescendo em taxas sem precedentes e está previsto para representar uma indústria de US$ 1,5 trilhão até 2032.

O turismo esportivo representa a esmagadora maioria desse valor. Avaliado em US$ 564,7 bilhões em 2023, espera-se que ele suba para US$ 1,33 trilhão nos próximos oito anos. Enquanto isso, o turismo musical deve contribuir com um adicional de US$ 13,8 bilhões, mais que dobrando seu valor atual de US$ 6,6 bilhões.

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Para os fins do seu relatório, publicado em 29 de julho, a Collinson definiu viajantes como qualquer pessoa que voou para um evento, seja internacionalmente ou dentro do próprio país. De 8.537 viajantes entrevistados de 17 países, mais de quatro em cada cinco (83%) já voaram para um evento esportivo, enquanto 71% já pegaram um avião para um show nos últimos três anos, ou planejam fazê-lo nos próximos 12 meses.

Públio assistindo prova de triathlon feminino individual nas Olimpíadas de Paris, em 2024. Crédito: Nathan Laine/Bloomberg/Bloomberg

A Collinson usou esses resultados para modelar como a indústria se expandiu e pode continuar a crescer—assumindo um crescimento linear, apesar de eventos históricos como a “Eras Tour” de Taylor Swift ou as primeiras Olimpíadas de Verão em oito anos a permitirem espectadores presenciais, que estão atualmente em andamento em Paris.

“As pessoas estão valorizando mais as experiências do que os objetos”, diz Christopher Ross, presidente da Collinson International EMEA. “Se você vai a um evento esportivo ou musical, a experiência não começa apenas quando você entra no estádio. É o planejamento, a própria viagem e a excitação.”

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Cerca de 83% das pessoas que viajam para eventos estão indo para jogos de futebol, partidas de basquete, as Olimpíadas, corridas de F1 ou torneios de tênis—os cinco eventos esportivos mais populares em ordem decrescente. Em um mundo onde as redes de streaming criaram caminhos facilmente acessíveis para o fandom, Ross diz que “a capacidade de se tornar um fã global se tornou muito mais uma realidade.”

O futebol capturou 69% dos espectadores esportivos da pesquisa, que disseram que recentemente viajaram para assistir a um jogo ao vivo ou tinham planos de fazê-lo no próximo ano. Isso inclui aqueles que estavam entre os mais de 1 milhão de fãs no Catar para a Copa do Mundo FIFA 2022, mas não aqueles que planejam assistir à próxima Copa do Mundo, em 2026.

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Enquanto isso, a Fórmula 1 vem crescendo em popularidade com as gerações mais jovens desde que a Netflix Inc. lançou sua série documental “Drive to Survive”, em 2019; 30% dos fãs de F1 atribuíram seu interesse no esporte ao programa. Em 2023, o fim de semana médio de corrida teve mais de 270 mil espectadores presenciais, em comparação com 195 mil em 2019.

Não é apenas que mais pessoas estão interessadas no esporte; os preços dos ingressos também estão subindo. Os ingressos para as corridas no Reino Unido neste verão chegaram a £600 (US$ 765) para assentos privilegiados no “grandstand”, com entrada geral frequentemente custando mais de £400 por pessoa—acima de cerca de £300 apenas dois anos atrás—o que levou o piloto britânico Lewis Hamilton a criticar publicamente o aumento dos preços.

Para o ponto de Ross, esses ingressos são apenas um aspecto da economia do turismo esportivo, que também inclui estadias em hotéis, refeições em restaurantes, corridas de táxi, merchandising e outras despesas. Os dados da Collinson mostram que 77% dos viajantes chegam um ou dois dias antes de um concerto ou competição, e 80% ficam de um a três dias depois. Os turistas esportivos gastam mais, com 51% ultrapassando US$ 500 por viagem por pessoa em passagens aéreas.

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Veja Las Vegas, que sediou uma corrida de F1 Grand Prix em novembro de 2023. O evento trouxe um impacto econômico de US$ 1,5 bilhão para a cidade, 50% a mais do que o Super Bowl arrecadaria apenas três meses depois. “É um público mais jovem”, diz Ross sobre os fãs de F1, que estão entre os mais propensos a adicionar despesas extras às suas viagens esportivas. “Parece contraditório, porque você pensaria que eles têm menos renda disponível”, Ross acrescenta.

Isso não diminui o efeito de outros eventos. As Olimpíadas de Verão em Paris, embora sejam menos um gigante do turismo internacional do que o esperado, ainda estão atraindo turistas suficientes para aumentar as reservas do Airbnb em 133% em relação ao mesmo período do ano passado. Espera-se que turistas internacionais gastem cerca de US$ 5.000 em estadias de hotel, passagens aéreas e custos de ingressos para eventos. E os fãs de esportes, segundo a Collinson, estão dispostos a gastar nos aeroportos também—o que é notável para a empresa. Mais da metade dos fãs de esportes, segundo sua pesquisa, gastam US$ 500 ou mais apenas no aeroporto; aqueles com idades entre 25-34 anos são os que mais gastam, com um terço deles gastando mais de US$ 1.000 enquanto esperam seus voos.

Taylor Swift Photographer: Terry Wyatt/Getty Images

No campo musical, a Collinson cita grandes eventos como Rock in Rio, Coachella e a “Eras Tour” de Taylor Swift como impulsionadores do turismo. Mas este último é uma anomalia sem precedentes. Os fãs de Swift impulsionaram aumentos de 45% nas vendas de passagens aéreas ano a ano para destinos como Milão e Munique durante as datas dos shows, de acordo com a United Airlines Holdings, e a turnê resultou em picos de reservas maiores para os hotéis de primeira linha de Paris do que até mesmo as Olimpíadas.

Para aqueles na indústria da hospitalidade, a questão agora é como lucrar com a tendência. A Marriott International usou a Eras Tour como uma oportunidade para ganhar novos membros para seu programa de fidelidade Bonvoy, prometendo ingressos gratuitos por meio de sorteios. Em contraste, a Auberge Resorts Collection, que possui 27 resorts cinco estrelas da Itália ao Havaí, está se associando à Mercedes-Benz para criar uma nova série de concertos a partir de outubro, com performances ao vivo até agora com Kate Hudson, Maren Morris e LeAnn Rimes. No icônico Blackberry Farm Resort, no Tennessee, que tem seu próprio salão de concertos, a programação de eventos inclui performances de Kacey Musgraves, Emmylou e Amigos, e Noah Kahan nos próximos meses, com ingressos de acesso geral normalmente começando em US$ 1.000 por pessoa.

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