Mercado de investimentos – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Fri, 01 Nov 2024 13:05:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Mercado de investimentos – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 Chegou: a partir de hoje você vai saber quanto seu assessor ganha com sua aplicação https://investnews.com.br/financas/investimentos/esta-chegando-em-duas-semanas-voce-vai-saber-quanto-seu-assessor-ganha-com-sua-aplicacao/ Thu, 31 Oct 2024 10:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=622434

“Se você não sabe o quanto está pagando, você está pagando muito caro.” A máxima, do fundador do Waze, Uri Levine, define bem o que acontece hoje no mundo dos investimentos

Muita gente coloca seu dinheiro em produtos financeiros oferecidos por bancos, plataformas ou escritórios de assessoria de investimentos achando que não está pagando nada por isso.

Mas a verdade é que, por trás de qualquer operação, tem sempre uma comissão. E ela pode ser relevante a ponto de alterar significativamente a remuneração líquida do cliente, que sequer está informado a respeito disso.

É essa falta de transparência que a Comissão de Valores Mobiliários quer corrigir. A partir de novembro, as plataformas que distribuem investimentos e os escritórios de assessores terão de deixar bem claro qual é a remuneração que elas recebem em cada produto financeiro distribuído. Em outras palavras, qual é a comissão que elas ganham cada vez que o cliente faz um investimento.

Na prática, o que vai acontecer a partir de hoje (1), a cada novo investimento –seja em ações, fundos de investimento, ETFs, COEs ou debêntures – o cliente precisará ser informado, no momento da aplicação, qual é a comissão que está sendo paga. Essa informação tem de estar disponível no aplicativo ou na área logada do site.

Se a operação for feita em uma agência bancária ou por telefone, o informe deve estar disponível para consulta em até três dias úteis. Detalhe importante: a regra da transparência só não está valendo para produtos bancários, como um CDB e uma LCI ou LCA (e isso virou uma queda-de-braço entre plataformas de investimento e bancos).

Os investidores também devem receber um extrato trimestral com essas informações, a começar em janeiro de 2025, com dados relativos a novembro e dezembro de 2024.

Um exemplo: em um fundo de investimento que cobra uma taxa de administração de 2% ao ano (comum em fundo de ações), uma prática comum é que 40% dessa taxa fique com a plataforma e com o assessor. Na prática, isso dá 0,8% ao ano . Metade disso fica com a plataforma e a outra metade com o escritório de assessoria. Essa informação, agora, terá de vir discriminada na hora da aplicação.

Quer um exemplo dos valores? Na carteira real de previdência de Juliana (nome fictício) é possível ver com mais clareza o peso da comissão de distribuição. Essa cliente tem três fundos PGBL, distribuídos pela plataforma XP. O Kinea Prev Atlas, no qual ela tem R$ 471.109,35 investidos, pagou R$ 101,97 neste mês apenas para o assessor (os dados da plataforma não estavam disponíveis); no Prev Absolute Vertex, onde estão R$ 486.375,24, a taxa foi de R$ 153,10; e no Genoa Capital Cruise Prev, com R$ 467.811,44 alocados, a taxa do assessor de investimento (também chamada de rebate) ficou em R$ 148,03.

“Nessa hora, o investidor vai poder avaliar se há uma discrepância entre o desempenho e o custo do fundo para tomar sua decisão”, explica Renato Breia, sócio fundador da Nord Wealth.

Fee based x comission based

Aqui, vale um esclarecimento. Com essas novas regras, definidas pela resolução 179, a CVM está dando um passo adiante em relação ao que foi a resolução 178, publicada no ano passado. Ali, a CVM separou de forma bem clara as atribuições das duas figuras que atuam nesse mercado: os assessores de investimento e os consultores.

O consultor de investimento, que atua no modelo fee based, em que é cobrada uma taxa diretamente do cliente, tem dever fiduciário junto ao investidor, ou seja, ele é responsável por defender os interesses de seus clientes, e não das instituições financeiras. Então, ele está proibido de receber rebates ou comissões cada vez que “vende” um produto.

Caso haja uma comissão inerente ao produto financeiro, a parte que iria para a assessoria vai ser devolvida ao cliente em forma de cashback. Se  descumprir a regra, não é só a instituição que será punida: o CPF do profissional que recebeu a comissão também será implicado judicialmente.

O assessor de investimento – que trabalha no esquema comission based e que era chamado até pouco tempo de agente autônomo – é uma espécie de vendedor que trabalha para a instituição financeira.  E vai ser remunerado por ela, por meio de comissões (os rebates, que até agora ficavam escondidos). Esse é o modelo mais comum no Brasil: quando você compra uma ação, aplica em uma debênture ou coloca dinheiro em um fundo por  meio de uma plataforma de investimentos, alguém está sendo remunerado por isso – mesmo que não saiba o nome do seu assessor.

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Tem um modelo melhor ou pior? Não. Cada um atende a um perfil específico de investidor. Se você é do tipo de mexe pouco na carteira, prefere concentrar seus investimentos em Tesouro Direto ou é super bem informado a ponto de conseguir escolher o melhor produto, o modelo da assessoria parece cair bem. Já para quem prefere deixar na mão de um especialista a decisão de encontrar as melhores oportunidades de investimento, sem dúvida o caminho da consultoria faz mais sentido.

Mas o importante é entender como funciona cada um desses modelos. É isso o que a CVM quer com a resolução que entrará em vigor em novembro: como trabalham e quanto cobram os assessores, para evitar potenciais conflitos de interesse. Afinal, o risco é que uma recomendação de investimento esteja escondendo uma política comercial: um fundo pode pagar para uma plataforma e seus assessores uma comissão mais alta para que se faça um esforço de venda do produto. E o tal fundo pode acabar sendo recomendado, mesmo que não seja exatamente o mais interessante para o cliente.

Empoderados

Para Luciane Effting, vice-presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, ao ter mais clareza sobre como funciona a remuneração do distribuidor, o investidor poderá fazer comparações entre as diferentes casas. E também refletir sobre eventuais conflitos na recomendação de determinado produto. Como consequência, isso pode ampliar a concorrência, o que tende a ser mais saudável para o mercado. “A medida vai empoderar o investidor na tomada de decisão”, afirma.

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O que já acontece – e que deve continuar acontecendo – é que as gestoras de fundos podem negociar comissões diferentes com as plataformas, a depender do tamanho da clientela que elas têm. Ao mesmo tempo, uma comissão mais gorda pode estimular um esforço maior de distribuição de um determinado produto.

“A política comercial existe e não é necessariamente ruim, mas é importante que o cliente saiba o que está em jogo”, explica Leandro Correa, vice-presidente de clientes da Warren Investimentos.

Para Nathan Cohen, fundador da RTS Partners, essa comparação de custos pode estimular.a procura por produtos mais baratos, como os ETFs. Esse é um mercado ainda pequeno no Brasil, mas que nos Estados Unidos movimenta mais de US$ 7 trilhões.

Outro efeito possível é um aumento da procura por casas que atuem no modelo de consultoria, com a cobrança da taxa fixa. Ele diz que isso aconteceu nos Estados Unidos, que adotou regras de transparência para o mercado de investimentos em 2011. Hoje, cerca de 60% do mercado de investimentos americano opera sob o modelo de consultoria, diz o especialista.

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“A Álgebra da Riqueza”, o livro de Galloway que vale para iniciantes ou profissionais tarimbados https://investnews.com.br/opiniao/colunistas-opiniao/a-algebra-da-riqueza-o-livro-de-galloway-que-vale-para-iniciantes-ou-profissionais-tarimbados/ Wed, 24 Jul 2024 10:50:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=602398 The Algebra of Wealth: A Simple Formula for Financial Security” é o mais novo livro (e já best-seller) de Scott Galloway, professor de Marketing da NYU Stern School of Business, empreendedor serial e autor de vários outros best-sellers nos Estados Unidos.

O livro se propõe a oferecer um guia prático de bons hábitos pessoais, profissionais e financeiros para potencializar o sucesso financeiro no longo prazo.

À primeira vista, o título pode induzir o leitor a acreditar que se trata de mais um livro de finanças, feito por um financista para financistas. Mas não é. E isso é uma excelente notícia.

Em geral, a maioria dos livros feitos por financistas (como eu) são chatos, monótonos e prolixos. Na dificuldade de expressar temas profundos de forma simples, direta e leve, deixamos de cumprir uma das missões nobres da nossa profissão: melhorar a educação financeira das pessoas.

Galloway é um craque na arte da escrita. Sua habilidade de combinar dados empíricos com narrativas pessoais e humor torna sua escrita não apenas reflexiva, mas também agradável de ler. Ele utiliza muitas analogias e exemplos do dia a dia para ilustrar conceitos complexos, o que torna as ideias do livro mais compreensíveis. Por isso, recomendo fortemente que leia sentado, com caneta ou marcador na mão. Inúmeros trechos são altamente “printáveis”, “postáveis” e compartilháveis.

A fórmula central de “The Algebra of Wealth” é “Riqueza = Foco + (Estoicismo x Tempo x Diversificação). O livro tem um capítulo dedicado a cada um desses elementos.

Em ESTOICISMO, o autor aborda como a prática dos valores estoicos (coragem, sabedoria, justiça e temperança) ajuda a alinhar o comportamento de curto prazo com os objetivos financeiros de longo prazo, promovendo hábitos saudáveis e escolhas de vida que contribuem para a construção de riqueza. Ele lembra que o capitalismo é um sistema espetacular para gerar riqueza, mas também altamente capaz de criar tentações de consumo excessivo.

LEIA MAIS: O estoicismo é pop, mas será que as pessoas entendem mesmo essa filosofia?

Em FOCO, o ponto forte são as dicas sobre gestão de carreira e geração de renda, enfatizando a necessidade de eliminar distrações e focar em atividades que realmente agregam valor. Comunicação é o maior ativo do mundo moderno, trabalho presencial é fundamental para acelerar o desenvolvimento profissional e fazer bom networking desde cedo irá te ajudar a criar aliados e mentores ao longo da carreira.

Sempre na pegada de criar alguma fórmula para facilitar o entendimento, vem mais uma: (Talento + Foco) -> Maestria -> Paixão. Com trabalho duro e foco em obter maestria do seu talento, a recompensa virá em forma de paixão.

Na segunda metade do livro, TEMPO e DIVERSIFICAÇÃO são abordados com temas relacionados a finanças pessoais e investimentos. A base do “Financial Security” (segurança financeira) parte de como ser eficaz controlando seu tempo (ativo mais valioso que uma pessoa tem) até como criar gatilhos mentais e regras simples para cumprir o orçamento familiar à risca.

Também são tratados vários conceitos que discutimos com nossos clientes no dia a dia de uma empresa de gestão de patrimônio: disciplina e capacidade de poupança, volatilidade do orçamento, alavancagem, organização do fluxo de caixa em buckets (categorias) e a ótica de uma carteira com objetivos de curto, médio e longo prazo.

Fiquei especialmente contente quando Galloway recomendou que as pessoas procurem um planejador financeiro CFP (Certified Financial Planner) para garantir que as decisões de investimento estejam alinhadas com os objetivos e a tolerância ao risco, mas o mais importante: alguém com quem se tenha uma relação fiduciária, em que os interesses estejam alinhados com os do investidor.

Em DIVERSIFICAÇÃO, Galloway aborda como uma carteira diversificada nos investimentos não é só fundamental para potencializar retornos, mas também uma estratégia para mitigar grandes riscos: “diversifique para maximizar o retorno, não o upside“, “risco é o preço do ganho”. Ele destaca também a importância de estar constantemente se atualizando sobre o que está acontecendo nos mercados, de controlar as emoções (um pouco de behavior finance, ou finança comportamental) e de utilizar instrumentos financeiros que minimizem o pagamento de taxas e impostos.

Talvez nesses dois capítulos da segunda metade o livro se assemelhe muito a outros livros de finanças pessoais, mas, ainda assim, dotado de uma didática incrível, ele vai te ajudar a fixar melhor alguns conceitos ou até te ajudar a compreender outros ainda não-compreendidos.

Acredito que o livro oferece grande valia para todos os tipos de interessados em investimento, desde jovens em início de carreira que buscam desenvolvimento pessoal até planejadores financeiros e educadores financeiros como eu.

Não tenho a menor dúvida que, ao chegar no Brasil, em pouco tempo o livro dividirá a prateleira dos livros de finanças mais recomendados.

[O livro “The Algebra of Wealth: A Simple Formula for Financial Security” tem previsão de lançamento no Brasil no início de agosto, pela Editora Intrínseca, sob o título “A Álgebra da Riqueza, Uma Fórmula Simples para o Sucesso“. Com 352 páginas e tradução de Antenor Savoldi Jr., o livro impresso será vendido por R$ 59,90 e o e-book por R$ 39,90.]

Renato Breia é economista, planejador financeiro CFP e sócio-fundador da Nord Wealth, onde administra o patrimônio de R$ 5 bilhões de clientes.

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Empresa apoiada por Mubadala vê ativos dobrando para US$ 100 bilhões https://investnews.com.br/negocios/empresa-apoiada-por-mubadala-ve-ativos-dobrando-para-us-100-bilhoes/ Tue, 23 Jul 2024 13:13:56 +0000 https://investnews.com.br/?p=602318 O Fortress Investment Group, a empresa apoiada pelo fundo soberano de Abu Dhabi Mubadala, disse que espera dobrar os ativos sob gestão para US$ 100 bilhões à medida que avança no setor de patrimônio privado e seguros.

“Para competirmos com empresas maiores como Ares, Apollo e Sixth Street, precisamos continuar crescendo os ativos, porque se não o fizermos, seremos menos relevantes”, disse o co-CEO Drew McKnight. O Fortress pretende estar entre os primeiros a ajudar as empresas com suas necessidades de capital, oferecendo dívida subordinada, ações preferenciais e ações estruturadas, entre outras coisas.

Impulsionados pelo apelo do capital permanente, vários gestores de ativos alternativos, incluindo Apollo Global Management Inc. e KKR & Co., têm buscado acessar pools de ativos de seguros. Muitos também construíram negócios para atrair indivíduos de alto patrimônio líquido que estão cada vez mais interessados em mercados privados.

McKnight foi acompanhado na entrevista pelo co-CEO Joshua Pack, que disse que o Fortress espera atingir o patamar de US$ 100 bilhões dentro de cinco anos — um aumento em relação aos cerca de US$ 49 bilhões no final de março — “com base nas conversas que estamos tendo com parceiros limitados e na demanda que temos visto”.

Da esquerda para a direita: Drew McKnight
Co-Chief Executive Officer & Managing Partner e Joshua Pack
Co-Chief Executive Officer & Managing Partner da Fortress
Da esquerda para a direita: Drew McKnight, Co-Chief Executive Officer & Managing Partner e Joshua Pack, Co-Chief Executive Officer & Managing Partner da Fortress

O Fortress não permitirá que a captação de recursos distraia sua missão de entregar retornos superiores para os investidores, disse McKnight.

“Há um caminho onde podemos realmente criar um produto melhor para nossos parceiros limitados tendo mais acesso a capital e sendo mais relevantes”, disse ele.

Pack, que ingressou na empresa em 2002, e McKnight, que chegou três anos depois, testemunharam a transição do gestor de ativos alternativos de uma empresa de capital fechado, passando pela oferta pública inicial em 2007, até sua privatização uma década depois pelo SoftBank Group Corp. de Masayoshi Son.

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No mês passado, a gestão do Fortress e o Mubadala concluíram a aquisição de 90% do capital do Fortress que estava nas mãos do SoftBank. Os co-CEOs estão chamando a última encarnação da empresa de “Fortress 4.0”.

É a primeira vez que a gestão possui amplamente uma parte significativa da empresa, com mais de 150 funcionários do Fortress detendo uma participação de 32%. O co-presidente Pete Briger e os sócios-gerentes Pack, McKnight e Jack Neumark são os maiores investidores individuais, e todos assinaram cheques como parte do acordo. Funcionários adicionais do Fortress podem se tornar acionistas ao longo do tempo por meio de um programa de incentivo.

Ao contrário de certos rivais de empréstimos diretos que buscaram parcerias com bancos para reforçar os pipelines de originação, McKnight disse que a empresa tem um fluxo amplo.

Embora o Mubadala esteja representada no conselho do Fortress por Hani Barhoush e Antoun Ghanem, McKnight enfatizou que a empresa de Abu Dhabi não tem economia preferencial.

“Eles pagam as mesmas taxas que todos os outros quando investem em nossos fundos”, disse McKnight. “Estamos cientes de que eles estão investidos virtualmente com todos os nossos concorrentes, mas também achamos que, se vamos ter parceiros de capital, eles são tão estratégicos quanto possível.”

O Fortress, que considera a América do Norte, Europa Ocidental, Japão e Austrália como geografias principais, planeja abrir um escritório em Abu Dhabi, disse Pack. Profissionais de investimento, incluindo o chefe de propriedade intelectual Eran Zur, passarão um tempo lá, assim como Harry Steel, um diretor administrativo dentro do grupo de formação de capital da empresa.

Os líderes da empresa não descartaram outra oferta pública inicial no futuro.

“Tudo está na mesa”, disse Pack, “mas é um passo de cada vez, e estamos focados em tudo o que queremos fazer no curto prazo.”

Contratações Sêniores

À medida que o Fortress busca crescer os ativos, ele mirará capital com durações e custos associados variados, disse Neumark.

Em 2022, a empresa contratou Adam Bobker, ex-aluno da BlackRock Inc., como co-chefe de seu esforço de patrimônio privado ao lado de Nils Wilson. No ano passado, a empresa nomeou Kenneth Pierce e Pradip Ghosh como co-chefes de sua divisão de seguros, pedindo-lhes para fazer parceria e investir em seguradoras da América do Norte e Europa. Antes de ingressarem, o Fortress assinou uma dessas parcerias com o Nassau Financial Group.

“Queremos ser um fornecedor de soluções para o mercado de seguros, seja por meio de participações minoritárias ou fornecendo capital de resseguro”, disse Neumark. “Não queremos ser vistos como um concorrente das seguradoras. Hoje não temos a visão de ser algo como a Global Atlantic ou Athene”, disse ele, referindo-se às divisões de seguros dos rivais KKR e Apollo.

No ano passado, Bob Warden, ex-chefe global de private equity da Cerberus Capital Management, ingressou no Fortress com um mandato para ajudar a originar, subscrever e gerir negócios.

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“Nossos investimentos em private equity sempre tiveram um toque próprio do Fortress”, disse Pack. “Gostamos de situações de estresse onde podemos assumir o controle de um negócio, ou gostamos de trabalhar potencialmente com equipes de gestão realmente boas que têm algum tipo de visão e bom comprometimento.”

A empresa prefere negócios ricos em ativos, uma definição que se estende além do mercado imobiliário para propriedade intelectual, reivindicações de litígios, acordos de licenciamento e direitos de filmes, entre outros.

Também é regularmente atraída por situações estressadas ou complexas. O Alamo Drafthouse é um exemplo. Em 2021, com a cadeia de cinemas esmagada pela pandemia, o Fortress adquiriu dívida descontada de bancos, fez parceria com outro patrocinador e a administração, colocou a empresa em administração de falências e injetou novo capital, antes de vendê-la no mês passado para a Sony Pictures Entertainment. O Fortress entregou um retorno de aproximadamente 26% antes das taxas nessa aposta, ou mais que dobrou seu capital investido, disse uma pessoa com conhecimento do assunto.

A empresa também identificou oportunidades para apoiar bancos regionais dos EUA em dificuldades. Este mês, o Fortress fez parte de um grupo que investiu no credor baseado na Califórnia First Foundation Inc. em um acordo liderado pelo diretor administrativo Henchy Enden e pelo ex-CEO do Wells Fargo & Co., Tim Sloan, que agora é vice-presidente e chefe de dívida imobiliária comercial no Fortress.

Separadamente, Jeff Runnfeldt, ex-chefe global de ações da Balyasny Asset Management, está ingressando na empresa em outubro como diretor de investimentos da unidade de fundos de hedge multimanager do Fortress, liderada por Todd Rapp.

Em maio, Michael Ronen, ex-sócio gerente da entidade que supervisionava o SoftBank Vision Fund, ingressou como chefe de investimentos de crescimento.

“Se houver oportunidades para jogarmos no campo da dívida de risco ou algum tipo de comércio estruturado”, disse Pack, “ele tem rede para isso.”

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Brasil e México voltam a atrair investidor após saída de Biden https://investnews.com.br/financas/brasil-e-mexico-voltam-a-atrair-investidor-apos-saida-de-biden/ Tue, 23 Jul 2024 12:49:49 +0000 https://investnews.com.br/?p=602310 Em um ano marcado por surpresas eleitorais, da Índia ao México, a última reviravolta veio da corrida presidencial nos EUA, e isso levou os investidores em mercados emergentes a se voltarem para alguns dos ativos que mais sofreram nos últimos tempos. 

Sem clareza sobre as chances da vice-presidente americana Kamala Harris de derrotar Donald Trump em novembro, casas como Van Eck e Robeco se preparam para volatilidade alta. Para se protegerem das oscilações, as gestoras recomendam ativos que foram duramente atingidos recentemente, como os brasileiros.

A retirada de Joe Biden da corrida presidencial nos EUA diminui o posicionamento contra moedas latino-americanas, como o peso mexicano, vistas como possíveis perdedoras se Trump vencer. 

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“Precisamos ter cuidado para não exagerar nas apostas baseadas nas eleições americanas, pois ainda é muito cedo e o mercado provavelmente permanecerá volátil”, disse Thys Louw, da Ninety One. 

Embora as probabilidades mais baixas de uma vitória de Trump sejam positivas “na margem” para reduzir o “ruído” relacionado com mercados emergentes, juros mais baixos nos países ricos, inflação ancorada nos países em desenvolvimento e melhoras estruturais na solvência serão os principais fatores no longo prazo, disse Janet He, chefe de pesquisa soberana para mercados emergentes da JPMorgan Asset Management.

O peso mexicano, o peso colombiano e o real brasileiro se destacaram na segunda-feira, liderando os ganhos nos mercados de câmbio dos países emergentes. Os três ficaram entre os retardatários na semana passada, em meio a preocupações crescentes sobre gastos públicos e o abandono de apostas de carry trade após a recuperação do iene japonês.

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As dívidas de países como Brasil e México agora parecem “baratas e atraentes” depois do selloff, disse Eric Fin, chefe de dívida ativa de mercados emergentes da Van Eck.

A Índia também desponta como uma opção atraente, segundo Philip McNicholas, estrategista de dívida soberana da Ásia na Robeco, em Singapura

Muitos investidores também ressaltam que a política monetária dos EUA continua a ser o fator mais crítico, com implicações de longo alcance para os fluxos de capitais, câmbio e apetite por risco nas economias em desenvolvimento.

“No curto prazo, acreditamos que o potencial para cortes de juros do Fed dominará os mercados, enfraquecendo potencialmente o dólar e levando ao fortalecimento de commodities e moedas emergentes”, afirmou Jennifer Gorgol, da Neuberger Berman.

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Brasileiros têm mais de R$ 1 trilhão no exterior e Receita busca atualização de ativos https://investnews.com.br/economia/brasileiros-tem-mais-de-r-1-trilhao-no-exterior-e-receita-busca-atualizacao-de-ativos/ Thu, 16 May 2024 16:26:25 +0000 https://investnews.com.br/?p=579763 Contribuintes brasileiros com aplicações no exterior têm até o fim de maio para atualizar informações sobre bens e direitos fora do país e optar por um novo modelo de tributação para fundos offshore, conforme lei aprovada no fim do ano passado.

De acordo com o diretor de programa da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária, Daniel Loria, cerca de 100 mil brasileiros possuem mais de R$ 1 trilhão em ativos no exterior já declarados ao Banco Central.

Ressaltando que esses valores não são irregulares, Loria afirmou que a maior parte dos recursos está em paraísos fiscais como Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman e outros territórios no Caribe.

Até 31 de maio, contribuintes podem aderir à atualização dos bens e direitos no exterior, inclusive offshore, com um pagamento de 8% sobre rendimentos — abaixo dos 15% da alíquota padrão. Quem não fizer essa atualização terá exigências mais complexas para controle da tributação sobre lucros dos regimes antigo e novo, além de perder o benefício da alíquota reduzida.

No mesmo prazo, controladores de offshore poderão optar por classificá-las como “transparentes”, fazendo com que a tributação de ativos desses fundos seja feita diretamente no Imposto de Renda da pessoa física detentora.

Entre outros pontos, a lei aprovada pelo Congresso estabeleceu cobrança anual de Imposto de Renda sobre ganhos desses ativos. A expectativa original de arrecadação com a medida em 2024 era de 7 bilhões de reais.

De acordo com Loria, ainda não é possível avaliar o resultado do programa e o volume de adesões porque, em geral, os contribuintes deixam para fazer as declarações no fim do prazo, que, nesse caso, vence em duas semanas. Ele disse não ter dados sobre as adesões feitas até o momento.

(Por Bernardo Caram)

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Dos campos para a Faria Lima: a nova jogada de Dudu Cearense https://investnews.com.br/negocios/dos-campos-para-a-faria-lima-a-nova-jogada-de-dudu-cearense/ Sat, 16 Mar 2024 14:51:37 +0000 https://investnews.com.br/?p=563572 Depois de anunciar sua aposentadoria pelo Botafogo em 2019, o ex-jogador da Seleção Brasileira, Dudu Cearense, saiu dos campos rumo à Faria Lima. Cursando economia e com certificações para atuar como assessor de investimentos, Dudu diz que encontrou no mercado financeiro a adrenalina dos jogos de futebol.

Com sua própria gestora, que conta hoje com R$ 25 milhões sob gestão, a missão encontrada pelo ex-jogador é fazer o planejamento financeiro de atletas na ativa, uma vez que muitos ao se aposentarem ainda jovens, acabam por não construir uma renda vitalícia. Mas o ex-jogador aponta que faz a gestão para além dos profissionais esportivos.

Em tempos de manchetes sobre atletas que perdem milhões ao cair em sistemas de pirâmides, especialmente envolvendo criptomoedas, Dudu aponta em entrevista ao InvestNews que esses casos foram um divisor de águas.

“Alguns jogadores me procuram, outros não. Eu costumo dizer pro atleta que a riqueza dele é o trabalho, mas que o mercado financeiro é para proteger capital e alavancar ao longo da vida para ter renda passiva futura”.

O gestor alerta para o fato de que quando um atleta chega aos 30 anos, ele não percebe que o rendimento em campo começa a “descer a ladeira, o que é natural”, aponta. “Tem quem pense que pode chegar aos 35 em altíssimo nível – e sei que alguns podem  –  mas quando um jogador não está nesse movimento, a sua renda começa a cair”. 

Segundo Cearense, há jogadores que conseguem fazer bons contratos anuais, mas isso pode não ser sustentado ao longo dos anos, uma vez que é normal acontecerem rescisões com clubes onde o salário é alto. Há ainda chances de o atleta cair para uma série “B”ou “C”. 

“Se ele construiu muito patrimônio nesse tempo, mas não tem liquidez, o que vai acontecer?  Vai ter que começar a queimar esse  patrimônio para pagar as contas e manter o padrão de vida. É aí que entra o meu trabalho”.

dudu cearense

Ainda assim, o analista aponta não dar conselhos para ninguém, mas sugestões. “Quando falo com um atleta costumo dizer que eu estou preocupado não com quanto ele ganha, mas em quanto consegue poupar.”

O ex-jogador fala no sentido de poder proporcionar ao atleta o mesmo salário para o resto da vida mesmo que este encerre a carreira na casa dos 30 anos.

Já para os que ainda têm uma estrada mais longa pela frente, a recomendação é a proteção de capital. “Muitos que moram fora ainda não conhecem a parte de investimentos internacionais. Mas se a pessoa fatura em dólar e investe em real, tem uma coisa muito errada aí”.

Utilizando jargões que vão desde spreads, valuations, downdrawn, volatilidade, taxa de juros futuros até teorias como a da “Pirâmide de Maslow”, Dudu aponta não rechear o discurso com palavras técnicas aos jogadores – “que não querem escutar isso” – mas indo direto ao ponto. 

“Falo pro cara que ganha R$ 20 mil hoje que ele precisa de R$ 4 milhões líquidos na conta para ter a mesma renda na aposentadoria”. Para esse cálculo o ex-jogador leva em consideração uma taxa de juros de 0,50% ao mês. O conservadorismo, segundo ele, é para manter os pés do cliente no chão.  

Dudu Cearense – Foto: Divulgação

Apaixonado pelo mercado financeiro mesmo antes de se aposentar, o ex-jogador da Seleção Brasileira apontou que seu start para se profissionalizar foi quando percebeu que já tinha construído um patrimônio, mas não tinha liquidez.

“Antes eu só investia em imóveis uma vez que as pessoas só enxergavam esse meio como forma de investimento. Mas apesar de construir um patrimônio, percebi que eu não tinha liquidez. Foi nesse momento que me deu um start: acho que eu vou estudar mercado financeiro”.

Foi em 2019 que, ao encerrar a carreira  pelo Botafogo, o ex-jogador começou a estudar economia, bacharelado que termina ainda este ano. Ele também tirou duas certificações, que são a de assessor de investimentos e especialista de investimentos, pela Anbima. “Para mim, essas são grandes vitórias no pós carreira, o que me possibilita a trabalhar onde quiser no mercado financeiro”. 

Depois de uma passagem pela LifeTime Asset Management, do BTG Pactual, onde geria uma carteira de quase R$ 100 milhões, Dudu montou a própria gestora, a Okto Investimentos, que conta com R$ 25 milhões sob gestão e cerca de 10 atletas assessorados (além de clientes fora do ramo). O ex-jogador define a empreitada como uma boutique de investimentos no segmento prime.

“O Dudu hoje especialista em investimentos jamais existiria sem o Dudu jogador de futebol. Se hoje eu me tornei um CEO da minha própria empresa, empreendendo, foi porque eu também fui um atleta da vida”, respondeu ao ser questionado sobre o balanço nas diferentes carreiras.  

Já sobre qual das profissões ele sente maior pressão, a de atleta ganha em disparado.  

“Eu costumo dizer que futebol e mercado financeiro não se conversam porque são mundos diferentes. O que mudou é que eu busco todos os dias a adrenalina que eu tive no futebol. E isso encontrei no mercado financeiro. Vou para uma reunião grande e fico na expectativa de fechar o negócio”

Mas sobre pressão, reitera:

“Eu não vou receber bombas no ônibus, na minha casa, não vou receber ameaças porque a carteira de investimentos está caindo. Não vai ter milhares de torcedores gritado: o CDB caiu, seu filho da mãe!”

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Após período defensivo, ativos de risco são a bola da vez para Ibiuna, Legacy, Genoa, Kinea e Verde https://investnews.com.br/financas/apos-periodo-defensivo-ativos-de-risco-sao-a-bola-da-vez-para-ibiuna-legacy-genoa-kinea-e-verde/ Fri, 16 Feb 2024 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=556712 É consenso entre algumas das principais gestoras independentes Ibiuna, Legacy, Genoa, Kinea e Verde que o cenário atual é propício para ativos de risco, o que inclui mercados emergentes. Juros mais fracos ao redor do globo, crédito menos restritivo e mais barato para as companhias, além de um dólar mais fraco parecem dar o tom do cenário que o investidor vai encontrar em 2024.

O cerne das recentes cartas publicadas pelas gestoras esbarra, em grande medida, no ritmo de corte de juros que o Federal Reserve (FED) pode adotar, o que tende a influenciar o preço dos ativos ao longo do ano. A expectativa mais recente dá conta de um primeiro corte em junho.

Segundo a Ibiuna, houve um exagero na precificação dos cortes na curva futura dos juros americanos. Por isso, alguma correção seria esperada. “Em nosso cenário central, o Fed começará a cortar os juros apenas no segundo trimestre e com parcimônia levará a taxa básica de juros a níveis próximos à neutralidade”. 

Ainda assim, janeiro encerrou com a taxa de 10 anos dos Treasuries dos Estados Unidos (títulos da dívida norte-americana) novamente próxima de 3,90% (depois de bater 4,18%), enquanto o S&P 500 tem fechado perto das máximas históricas. A Ibiuna vê o cenário como “construtivo”, após ter reduzido sua posição aplicada em bonds de 10 anos – títulos vistos como um “seguro” contra uma desaceleração acentuada da economia.

“Acreditamos que a queda de juros nos EUA é benéfica para renda fixa internacional, tanto atraindo novos recursos para a classe de ativos, como melhorando os fundamentos das companhias, via queda no custo da dívida”.

ibiuna, em sua última carta de gestão

A Kinea, por sua vez, fez em sua carta uma analogia da economia americana com Rocky Balboa, personagem do filme “Rocky“, interpretado por Sylvester Stallone. A imagem icônica do boxeador é correlacionada à resiliência norte-americana. “Sempre subestimado, mas igualmente determinado a vencer seus adversários, mesmo quando sofre no início da luta”, descreve a gestora.

Reprodução de imagem da carta da Kinea que faz analogia da economia americana com Rocky Balboa, personagem de “Rocky“.

Os gestores da casa apontam que, por anos, escutam a previsão de que, inevitavelmente, os EUA cederiam sua hegemonia à China no decorrer deste século. Porém, a Kinea parafraseia o escritor Mark Twain ao dizer que “notícias da morte da economia e do mercado norte-americano foram grandemente exageradas”.

Durante o mês de janeiro, a casa testemunhou a resiliência americana em diversas frentes: no mercado acionário, na força do dólar, fortes vendas no varejo, pedidos de auxílio desemprego voltando às mínimas históricas, além de taxas de juros mais altas quando comparadas ao final de 2023.

“Ao longo dos últimos 12 meses, o mercado norte-americano se colocou cabeça e ombro acima de seus competidores. Especificamente com relação à China, o resultado foi um massacre”, apontam.

Kinea, em SUA ÚLTIMA carta de gestão

O S&P 500 subiu mais de 28% desde o início de 2023 até janeiro deste ano, atingindo um novo recorde, sendo que seus equivalentes no mercado da China e Hong Kong amargaram quedas bruscas, ambos próximos a 20%.

A questão é que a boa performance do mercado americano nesse início de ano foi impulsionada pela Nasdaq, que, liderada pelo setor de semicondutores e algumas das grandes empresas de tecnologia como Microsoft e Meta, manteve performance distinta de seus pares de tecnologia chineses, que continuam recuando.

Por isso, a Kinea apontou continuar comprada em um mix de “temas seculares” como semicondutores, inteligência artificial, urânio e biotecnologia.

A Verde Asset, por sua vez, apontou ter ajustado sua alocação com maior exposição em papéis de tecnologia e os defensivos em comparação aos cíclicos por meio de seu fundo global. 

Mas a casa fez questão de pontuar que o bom desempenho das bolsas americanas não foi apenas puxado pelas “7 Magníficas”, mas também por dados que indicam uma melhoria na confiança do consumidor, acompanhada de expectativas de queda na inflação. 

A gestora de Luis Stuhlberger apontou ainda estar comprada em juro real americano, além de manter uma pequena alocação em petróleo e exposição em crédito high yield local e global. Em moedas, a Verde manteve posições compradas em real, peso mexicano e rúpia indiana, financiadas por posições vendidas em euro, renmini chinês, além de uma nova posição vendida em dólar de Taiwan.

Além disso, aumentou exposição em ações brasileiras e manteve a posição aplicada em juros reais – também brasileiros.

Da mesma forma, a Kinea informou que segue comprada em ativos “made in Brazil“, já que o entendimento é de que o valuation dos ativos locais está atrativo.

Comprados em Brasil

E por falar em território doméstico, outro ponto destacado pela Kinea foi a divulgação, por parte do governo, do plano “Nova Indústria Brasil” anunciado recentemente e que oferecerá subsídios e apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) a diferentes setores.

“Apesar dos ares de déjà vu da Nova Matriz Econômica e do risco fiscal crescente ao longo do mandato do presidente Lula, seguimos apostando que os riscos no curto prazo estão controlados”. 

kinea, em SUA ÚLTIMA carta de gestão

A justificativa é devido não haver, até o momento, gatilhos claros para uma guinada populista, como uma recessão ou queda acentuada de popularidade – “tendo em vista que o desemprego e a inflação estão baixos”.

Nesse sentido, a gestora permanece comprada em real, dado o diferencial de juros atrativos, com o início do ciclo de corte do Fed no radar. A questão é que a casa conta que isso ocorra ainda no 1º semestre, da mesma forma que a Legacy.  

Mas o entendimento desta última é que os elevados juros reais tendem a desacelerar as concessões de crédito, em especial, para pequenas e médias empresas, o que deve contribuir para a desaceleração da atividade econômica.

A gestora também chama a atenção para a quantidade de pedidos de recuperação judicial feitos em 2023 – atingindo patamares só vistos na recessão de 2015/2016. 

Em paralelo a isso, a Ibiuna acredita que o ciclo de queda da taxa Selic tende a reduzir as despesas financeiras das companhias, além de gerar algum crescimento de resultados operacionais. 

Como exemplo, cita a locadora de veículos Localiza, já que o ruído referente aos maus resultados da divisão de semi-novos (uma consequência das taxas de depreciação aplicadas em sua frota), tendem a convergir para resultados atrativos no médio prazo.

Cielo, PagSeguro e Stone devem se beneficiar da retomada de demanda e redução de custo de capital, além de alguma melhora do ambiente de crédito, na visão da gestora.

 “Com as empresas sendo negociadas em valuations razoáveis, parece ser um investimento interessante para os próximos meses”, aponta a Legacy. 

Se a visão da Genoa Capital estiver correta, as condições econômicas do país seguem indicando pouca urgência para que o Banco Central acelere o ritmo de cortes de juros. 

“O desemprego segue próximo das mínimas históricas, a massa de salários têm crescido de maneira bastante robusta […]. Com uma economia resiliente, há pouco incentivo para que o BC sinalize uma grande alteração em seu plano de voo”.

GENOA CAPITAL, EM SUA ÚLTIMA CARTA DE GESTÃO

A carteira da gestora segue comprada em real, agora também contra uma cesta de moedas e contra o euro. No Brasil, há posições taticamente tomadas nos juros nominais e vendidas em inflação. 

Já na seara global, a casa segue “liquidamente comprada” em ações nos EUA, em especial,  nos setores financeiro, de utilidades públicas, energia e consumo. Mas isso também se aplica a empresas brasileiras.

Na ponta vendida estão os setores de transportes e de alimentos e bebidas, com índices globais servindo como ativos de proteção.

Eleições nos EUA: um risco precificado

Na régua dos riscos, segue uníssona a corrida à Casa Branca, cujo desfecho se dará em novembro. O mercado parece já ter precificado um cenário de disputa entre Biden e Trump – o mais provável que se desenha até então – prevendo reações para as vitórias de um ou de outro.

Biden e Trump| Imagem wikipedia.org

Segundo a Ibiuna, o discurso do ex-presidente segue no sentido de “dobrar a aposta” nas políticas econômicas do seu mandato, principalmente em relação a barreiras e tarifas comerciais, o que seria bastante “pernicioso” para mercados emergentes, “principalmente para os exportadores”, aponta a gestora em carta.

Já a Legacy pontua que a perspectiva de vitória de Trump (o favorito nas pesquisas de intenção de voto) pode atenuar e mesmo reverter a tendência de enfraquecimento do dólar que se desenha pelo cenário macro, uma vez que o ex-presidente implementaria a imposição de tarifas à importação de bens.

Quanto à situação fiscal da maior economia do mundo, essa tende a permanecer vulnerável ao longo dos próximos anos, qualquer que seja o presidente eleito, pontua a gestora.

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Mudanças regulatórias devem fazer investidor buscar alternativas no mercado https://investnews.com.br/financas/mudancas-regulatorias-devem-fazer-investidores-buscarem-alternativas-no-mercado-aponta-btg/ Tue, 06 Feb 2024 19:55:37 +0000 https://investnews.com.br/?p=554901 Após mudanças nas regras sobre a tributação de fundos exclusivos, é esperado que os recursos investidos no segmento migrem para outras alternativas isentas ou com benefícios fiscais, afirmou nesta terça-feira (6) Eduardo Arraes, sócio da asset do BTG Pactual, durante evento realizado pelo banco.

Isso porque os fundos fechados — que não permitem o resgate de cotas no prazo de sua duração — terão de pagar o imposto de renda também sobre os ganhos acumulados através do come-cotas (retido na fonte) a cada seis meses. Até então, a tributação era feita apenas no momento do resgate do investimento, o que poderia nunca acontecer, segundo o Senado Federal.

Para Aymar Almeida, sócio da Kinea Investimentos, o capital investido pelos fundos exclusivos tinha uma certa inércia – mas quando retirado esse efeito, “acaba por gerar maior liberdade para esse capital, com o tomador de decisão sem precisar fazer a conta dos investimentos futuros e o pagamento de impostos”.

No entanto, Almeida disse que parte desses fundos passam a não fazer mais sentido, fazendo com que sejam substituídos por outras alternativas. 

Em resposta a essa fala do executivo durante o CEO Conference, evento capitaneado pelo BTG, o CIO da BB Asset, Marcelo Pacheco, apontou que são perceptíveis alguns fluxos vendedores – o que indica o desmonte de parte dos fundos exclusivos.

Ainda segundo Pacheco, com a redução de oferta desse tipo de produto, deve-se aumentar a demanda por outros ativos isentos, “o que deve mexer nos spreads”.

Já quanto às regras mais rígidas para novas emissões de CRAs, CRIs, LCIs, LCAs e LIGs a fim de se fechar brechas no setor privado, o BTG estima que até 60% das emissões realizadas em 2023 não seriam elegíveis com a nova decisão. E como forma de substituição a essas captações, as debêntures seriam uma espécie de “bote salva vidas” no setor privado.

“A questão é se terão novos bolsos para financiar e capacidade das debêntures para suprir essa demanda”, observa o moderador Cristiano Cury, do BTG. 

Já outro ponto discutido é que as Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), tendem a  “morrer” após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CNM), já que não poderão mais servir como lastro de poupança, perdendo assim o sentido da sua existência. Isso porque as instituições financeiras emitem esses títulos para captar recursos que possam ser utilizados no financiamento imobiliário para os seus correntistas.

Segundo a Kinea, o impacto nesse tipo de ativo tende a ser grande – a depender da velocidade em que ocorra.

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Como construir um patrimônio financeiro? https://investnews.com.br/colunistas/como-construir-um-patrimonio-financeiro/ Sat, 13 Jan 2024 10:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=546054 A maior falha no processo de desenvolvimento financeiro e patrimonial é aderir a investimentos da moda, ceder as recomendações dos assessores de investimento, comprar cotas de fundos ou sustentar posições agressivas, sem qualquer aderência a um plano de investimentos, composto por propósitos e metas.

Pergunte as pessoas como seu dinheiro está investido e elas irão contar suas aquisições e por que elas irão se valorizar, mas muito poucos saberão dizer o objetivo patrimonial correspondente, em um horizonte temporal definido.

A construção do Patrimônio Financeiro esperado e possível, não se dará através da aquisição improvisada, instintiva e ocasional de Títulos, Fundos, Ações, Propriedades, Criptos ou Tokens, mas pelo conjunto correto de ativos financeiros, ou seja, a diversificação adequada para você.

Afinal, o que é Diversificação de Investimentos?

“Diversificação é proteção contra a ignorância”.

Warren Buffett

Reduzida a tarefa de minimizar os riscos e abrandar a volatilidade da sua carteira de investimentos, a estratégia de diversificação se confunde com a renúncia de parte do retorno e pode ser ridicularizada como ‘proteção contra a ignorância”.

Simplificada sob a citação, “não coloque todos os ovos no mesmo cesto”, o conceito de diversificação dos investimentos mais parece uma extraído de um Conto de Grimm, do que uma estratégia de enriquecimento.

É habitual ver profissionais do mercado e investidores em geral, confundindo estratégia de diversificação, com hedge.  Mitigar perdas potenciais por meio de investimentos não correlacionados – que se movem em direções opostas, de forma que a perda de alguns, seja minimizada pelo ganho de outros, em proporção maior – são estratégias de hedge e não um modelo de diversificação das nossas carteiras. 

Do ponto de vista útil e funcional, a estratégia de diversificação está relacionada a um plano de metas financeiras e patrimoniais.

Observação Importante: caso você tenha condições de realizar perdas significativas em seus investimentos, em troca de uma chance de enriquecimento, por favor, considere a estratégia de diversificação uma tolice, que deve ser reservada aos conservadores ignorantes.

Entre 2020 e 2021, os investimentos realizados pelo portfólio de Warren Buffet, o Berkshire Hathaway, sofreram uma perda de US$ 10,8 bilhões. 

Conforme levantamento realizado por Jeremy Siegel – investidor, autor e professor norte-americano – desde o ano de 1800, as ações têm registado, consistentemente, um retorno médio líquido de 6,5% a 7% por cento ao ano (retirada a inflação).

Quais são suas metas financeiras e patrimoniais?

“Minha meta é obter a rentabilidade possível, o mais rápido possível e ficar rico.”

Todos nós queremos o máximo de retorno sob os nossos investimentos. O problema é que ter esse objetivo não proporciona nenhuma orientação útil sobre como investir e o colocará a mercê de indicações momentâneas, sem base e comprometidas por outros objetivos, que não os seus.

Suas metas de investimento podem ser qualquer coisa: comprar um carro novo em dois anos; comprar sua primeira casa em cinco anos; viajar duas vezes por ano, se se aposentar em 40 anos, montar um negócio próprio, proporcionar aos meus filhos educação de qualidade, tirar períodos sabáticos a cada 5 anos, garantir recursos emergenciais, realizar procedimentos estéticos, entre tantos 

  • O investimento deve começar com um objetivo específico correspondente a um horizonte temporal definido.
  • O mais importante é fazer com que os seus objetivos sejam o foco da sua estratégia. 
  • Após identificar uma meta, o planejamento do investimento pode tomar forma.

Etapas para definir Metas Financeiras

Revise o seu Orçamento – Receitas e Despesas: Para definir metas financeiras, você precisa descobrir quanto pode economizar para cada meta, dados seus níveis de gastos atuais.

Distribua suas Metas ao Longo do Tempo: Distribua suas metas financeiras em objetivos de curto, médio e longo prazo.Seja realista na escolha das metas, mas não deixe de adicionar alguns desafios, que parecem inalcançáveis hoje – como, por exemplo, a compra de um imóvel ou montar um negócio. 

Priorize as suas Metas: A priorização das metas é uma etapa importante na definição da estratégia de investimento. Nossa tendência é priorizar as metas de curto prazo, em detrimento das de longo prazo. No entanto, até que ponto a compra do carro dos seus sonhos em dois anos, irá comprometer o projeto educacional dos seus filhos nos próximos 10 anos. 

Determine como Alcançar as suas Metas: Nem todas as decisões tomadas nesta fase, dizem respeito a estratégias de investimento. Para alcançar suas metas patrimoniais pode ser que você tenha que fazer um curso e realizar uma mudança na sua profissão ou procurar um novo emprego. A estratégia de investimento desenhada nesta fase dependerá de uma série de fatores, como a condição doa mercado, o prazo de investimento, o risco que deve ser assumido, o volume a ser investido, entre outros. 

Importante: nesta fase de montagem da estratégia é importante contar com o apoio de um profissional especializado em planejamento e estratégias de investimento. Certifique-se de que este profissional possua experiência e credibilidade, não esteja vinculado as instituições de varejo financeiro, como bancos e corretoras, que não ganhem sobre o volume investido ou sejam incentivados por comissões e rebates sobre as vendas de determinados produtos e operações de investimento.

Monitore os seus Investimentos: Estabeleça um formato prático e resumido de acompanhar a rentabilidade. Lembre-se que, investimentos envolvem ganhos e perdas e as mudanças de estratégia  devem ter como foco o alcance das metas determinadas.

Revise as suas Metas: A vida muda ao longo do tempo, assim como nosso status financeiro, nossas necessidades e desejos. Portanto, revisite seu plano de investimentos em prazos determinados e verifique se as metas ainda fazem sentido para você.

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Gestoras admitem pessimismo em excesso e recalculam rota para 2024 https://investnews.com.br/financas/gestoras-admitem-pessimismo-em-excesso-e-recalculam-rota-para-2024/ Sat, 13 Jan 2024 09:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=546077 Algumadsdas principais gestoras independentes foram pessimistas demais quanto ao desempenho da economia local e global em 2023. Agora, recalculam a rota para 2024, apostando mais em ativos de risco do que inicialmente previam fazer. Kinea e Gávea, por exemplo, apontam em suas cartais mensais que esperavam um crescimento econômico muito menor do que de fato aconteceu, em especial, no Brasil.

Em carta, a Kinea fez uma alusão à filosofia estoica – originada na Grécia antiga – e o processo de investir, apontando para a necessidade de resiliência e de autocontrole como meios de alcançar o equilíbrio interno, independentemente das circunstâncias externas. 

Isso porque, olhando pelo retrovisor, a reflexão para o ano que começou entre os gestores da casa, foi: por que foi tão difícil identificar tendências em ativos globais e locais no ano passado?

ibovespa

Como os investidores vivem expostos a acontecimentos inerentes ao controle, como economia e política, a Kinea fez uma “mea culpa”em sua carta, citando que é preciso aceitar as mudanças e agir sobre o que se tem controle. “Os pensamentos e os portfólios”. Logo, vence o que melhor se adapta, e se for rápido, menor é o prejuízo.

A questão é que 2023 não foi marcado por grandes acontecimentos, mas por um crescimento econômico acima do esperado no Brasil e EUA, dada a política fiscal expansionista herdada da pandemia, segundo a Kinea em sua carta de janeiro.

Famílias americanas viram suas poupanças crescerem, o que gerou um colchão de amortecimento para os impactos da alta dos juros. Mas o mercado imobiliário resiliente foi decisivo para os EUA não entrarem em recessão, apontam os gestores.

Surpresas no caminho

No Brasil, além do fiscal, dois outros fenômenos parecem explicar as constantes surpresas no PIB ao longo do ano. Primeiramente, a quantidade de commodities exportadas pelo país tem sofrido inflexão.

“Não mais dependemos somente dos preços dessas commodities, pois tanto em grãos como em petróleo temos crescido a quantidade de forma substancial, afetando não somente nosso PIB, como também nossa conta corrente”.

Toda essa reflexão levou a aceitar os erros – com um gosto amargo –, em especial, na renda variável. 

“Para a bolsa, nossa posição vendida ao longo do ano no S&P 500 gerou resultado negativo, com o índice subindo 20% no ano quando escrevíamos essa carta, em um movimento muito concentrado nas chamadas ‘Magnificent 7‘, as grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos”.

gestores da kinea, em carta mensal.

As maiores receitas e lucros impulsionaram essas empresas em bolsa, em especial a Nvidia, fabricante de chips de inteligência artificial. E os gestores apontaram não ter identificado essa tendência.

Ilustração da sigla de inteligência artificial em placa de computador REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

“Refletimos que nosso principal erro foi ter mantido uma posição vendida nesse índice [S&P 500] quando deveríamos ter concentrado nossa posição no Russell ou outros índices globais com menor concentração dessas sete empresas, e que melhor representassem a dificuldade de crescimento de lucros observada no mercado como um todo em virtude do aperto monetário”. 

Perspectivas para 2024

Agora, a Kinea aponta que começou o ano com perspectivas mais positivas para os ativos de risco no Brasil e no exterior, como consequência do previsto afrouxamento monetário a ser conduzido por diversos bancos centrais, de um cenário global de inflação convergente e de um crescimento perto do potencial na maioria das principais geografias.

“Nossas preferências estão nos mercados emergentes, em renda fixa e bolsa, particularmente no Brasil. Também gostamos de áreas de crescimento estrutural nos Estados Unidos, como o urânio, biotech e semicondutores, e ativos que devem se beneficiar globalmente de uma gradual recuperação dos indicadores antecedentes da economia global (PMIs) ao longo do próximo ano”, apontam. 

Em sua carta de janeiro, a Gávea também acredita na visão positiva para os ativos de risco no Brasil com uma inflação mais benigna e queda nos juros – diferentemente da aposta no ano passado. Para os EUA, os gestores acreditam que alta da taxa dos juros pelo Federal Reserve (Fed) está mais próxima do fim, restando saber qual o número final que vai conter a inflação em torno dos 2%.

Já sobre a economia europeia, a Gávea acredita que a região sentiu muito mais os choques de uma política monetária restritiva do que os Estados Unidos.

Para 2024, a gestora segue com visão de arrefecimento na economia global, o que abre espaço para a redução nos juros nas principais economias. 

O seu fundo multimercado vem lucrando em posições compradas na queda dos juros globais e bolsa brasileira. Mas para este ano, foi reduzida a exposição em juros e as compradas em dólar contra o euro e o real montadas para proteção. Também foi aumentada a posição vendida em dólar contra países selecionados. 

Já a Genoa Capital espera uma estabilidade de atividade para o Brasil e acredita que o pior momento ficou para trás. Olhando para 2024, a gestora enxerga melhores fundamentos, com juros menores, aumento da renda disponível, expansão fiscal entre outros.

A expectativa é que o BC mantenha o ritmo de corte de juros de 0,5 ponto porcentual e que um maior corte só deva acontecer se as projeções para a inflação “melhorarem muito”. 

As principais contribuições para a carteira da gestora foi de ações compradas no Brasil e EUA e a favor da queda dos juros nominais no Brasil. Também contribuíram as posições comparadas em moedas da África do Sul. Foi mantida a posição comprada em real contra o dólar e uma cesta de moedas e vendidas no dólar de Cingapura contra uma cesta de moedas. 

A casa aposta também que os vencimentos americanos mais longos ficarão mais altos do que os prazos mais curtos.

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