Rússia – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Wed, 23 Oct 2024 16:12:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Rússia – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 Brics não desafiará dólar se China e Índia não o levarem a sério, diz criador da sigla https://investnews.com.br/economia/brics-nao-desafiara-dolar-se-china-e-india-nao-o-levarem-a-serio-diz-criador-da-sigla/ Wed, 23 Oct 2024 16:08:30 +0000 https://investnews.com.br/?p=624333
Presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, e primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante reunião de cúpula do Brics, na cidade russa de Kazan. Foto: Sputnik/Alexander Kazakov/Reuters

A ideia de o grupo Brics desafiar o dólar norte-americano é conversa para boi dormir, enquanto China e Índia permanecerem tão divididas e se recusarem a cooperar em comércio, disse Jim O’Neill, o ex-economista do Goldman Sachs que criou a sigla Bric, à Reuters.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está usando a cúpula dos líderes do Brics para mostrar que as tentativas ocidentais de isolar a Rússia por causa da guerra na Ucrânia falharam e que a Rússia está criando laços com as potências emergentes da Ásia.

O’Neill introduziu o termo Bric em 2001 quando trabalhava no Goldman Sachs, em um trabalho de pesquisa que destacava o enorme potencial de crescimento de Brasil, Rússia, Índia e China — e a necessidade de reformar a governança global para incluí-los.

“A ideia de que o Brics possa ser um clube econômico global genuíno é, obviamente, um pouco equivalente às fadas, da mesma forma que o G7, e é muito preocupante que eles se vejam como uma espécie de alternativa global, porque é obviamente inviável.”

Jim O’Neill, em entrevista à reuters

“Parece-me ser basicamente um encontro anual simbólico em que países emergentes importantes, especialmente os barulhentos como a Rússia, mas também a China, possam se reunir e destacar como é bom fazer parte de algo que não envolva os EUA e que a governança global não é boa o suficiente.”

LEIA MAIS: Para driblar sanções, Rússia propõe que Brics desenvolvam sistema de pagamentos

Desafio ao dólar

A Rússia está tentando convencer os países do Brics a criar uma plataforma alternativa para pagamentos internacionais que seria imune às sanções ocidentais.

O’Neill, de 67 anos, disse que pessoas falam sobre alternativas ao dólar desde que ele começou a trabalhar com finanças, mas que nenhum dos países com potencial para desafiar o dólar havia feito nada para consegui-lo seriamente.

Segundo ele, qualquer moeda do Brics seria altamente dependente da China, enquanto Rússia e Brasil não seriam partes significativas da moeda, disse.

“Se eles quisessem levar realmente a sério as questões econômicas, por que não buscam genuinamente um comércio menos tarifário entre si?” Disse O’Neill.

“Levarei o grupo Brics a sério quando vir sinais de que os dois países que realmente importam — China e Índia — estão realmente tentando chegar a um acordo, em vez de tentar efetivamente se confrontar o tempo todo.”

Jim O’Neill

A Índia tem tentado restringir investimentos chineses no país desde que uma disputa de fronteira de décadas se transformou em um confronto entre guardas de fronteira em 2020. Os dois países se comprometeram a aumentar a cooperação nesta quarta-feira em suas primeiras conversas formais em cinco anos.

Pouco avanço

O’Neill, que admitiu que terá o nome “Sr. Brics estampado na testa para sempre”, disse que o grupo alcançou muito pouco nos últimos 15 anos.

Ele acrescentou que não é possível resolver questões verdadeiramente globais sem os Estados Unidos e a Europa, assim como não é possível para o Ocidente resolver questões verdadeiramente globais sem China, Índia e, em menor escala, Rússia e Brasil.

O grupo Brics surgiu a partir de reuniões entre Rússia, Índia e China, que depois começaram a se reunir mais formalmente, eventualmente acrescentando Brasil, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita ainda não aderiu formalmente.

O grupo agora representa 45% da população mundial e 35% da economia global, com base na paridade do poder de compra, embora a China seja responsável por mais da metade de seu poder econômico.

Putin abriu a cúpula nesta quarta-feira (23) dizendo que mais de 30 países manifestaram interesse em participar do grupo, mas que era importante encontrar um equilíbrio em qualquer expansão.

Trazer mais membros para o Brics dificultaria ainda mais a realização de qualquer coisa, disse O’Neill.

(Por Guy Faulconbridge)

]]>
Para driblar sanções, Rússia propõe que Brics desenvolvam sistema de pagamentos https://investnews.com.br/economia/russia-propoe-que-brics-desenvolvam-sistema-proprio-de-pagamentos-como-forma-de-driblar-sancoes-internacionais/ Fri, 11 Oct 2024 12:48:18 +0000 https://investnews.com.br/?p=621677

A Rússia está propondo mudanças nos pagamentos transfronteiriços realizados entre os países do Brics como parte de uma estratégia para contornar o sistema financeiro global. O país busca proteger sua economia das sanções internacionais.

Entre as alternativas propostas estão o desenvolvimento de uma rede de bancos comerciais capazes de realizar transações em moedas locais e a criação de conexões diretas entre bancos centrais, de acordo com um relatório elaborado pelo Ministério das Finanças da Rússia, o Banco da Rússia e a consultoria moscovita Yakov & Partners.

O documento descreve um “sistema multimoeda” que deve “proteger seus participantes de quaisquer pressões externas, como sanções extraterritoriais”. O relatório ainda argumenta que os interesses dos Estados Unidos “nem sempre estão alinhados com os interesses de outros participantes” da rede financeira global.

O plano também prevê a criação de centros de comércio mútuo para commodities como petróleo, gás natural, grãos e ouro.

LEIA MAIS: Produtos agrícolas caminham para maior alta mensal desde o início da guerra da Ucrânia

Após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, ordenada pelo presidente Vladimir Putin, os Estados Unidos e seus aliados impuseram severas sanções à Rússia. Essas medidas incluíram o congelamento de ativos estrangeiros do país e a exclusão dos principais bancos russos do sistema de mensagens financeiras SWIFT, utilizado nas remessas e pagamentos internacionais. Em resposta, a Rússia busca reduzir sua dependência do dólar.

No entanto, outros países do Brics que não enfrentam as mesmas sanções continuam a priorizar o acesso ao sistema financeiro baseado no dólar. Globalmente, 58% dos pagamentos internacionais, excluindo aqueles dentro da área do euro, utilizam o dólar, e 54% das faturas de comércio exterior são denominadas na moeda americana, de acordo com dados do Brookings Institution de 2022.

LEIA MAIS: Como o Brasil e outros países estão ajudando Putin a desafiar os EUA

O relatório foi publicado enquanto Putin se prepara para sediar a cúpula anual do Brics em Kazan, de 22 a 24 de outubro. O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi ampliado em janeiro para incluir Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito.

Entre as propostas, a Rússia sugere o uso de tecnologia de registro distribuído (DLT) ou uma nova plataforma multinacional para permitir transações com tokens.

“A principal vantagem do modelo de liquidação baseado em DLT é a eliminação do risco de crédito” associado ao sistema bancário convencional, afirma o relatório.

A tecnologia DLT poderia ainda reduzir o tempo de processamento e os custos, eliminando a necessidade de intermediários e verificações de conformidade, o que poderia gerar uma economia de até US$ 15 bilhões anuais para os países do Brics, caso metade das transações transfronteiriças passassem a utilizar esse sistema, segundo os autores do relatório.

]]>
Como o Brasil e outros países estão ajudando Putin a desafiar os EUA https://investnews.com.br/economia/como-o-brasil-e-outros-paises-estao-ajudando-putin-a-desafiar-os-eua/ Sat, 18 May 2024 12:27:21 +0000 https://investnews.com.br/?p=580597 Vladimir Putin está concluindo uma viagem à China, onde seus laços calorosos com o presidente Xi Jinping resultaram em um comércio crescente e uma coordenação de defesa cada vez maior. Mais de dois anos após o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, a situação da Rússia está longe do isolamento pretendido pelos Estados Unidos e seus aliados do G7.

Potências ocidentais impuseram sanções abrangentes, congelaram os ativos estrangeiros da Rússia e expulsaram os principais bancos russos do sistema de mensagens financeiras SWIFT. Um ano depois, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão para Putin, alegando crimes de guerra. Moscou parecia encurralada.

O apoio da China é espelhado por uma rede de outros estados que impediram que a Rússia se tornasse um pária. Muitos se juntam a Moscou para reforçar interesses comuns em cúpulas como o G20 e para rivalizar com as potências ocidentais em clubes como o BRICS. Alguns são movidos por interesses pragmáticos, focando em energia, comércio ou considerações econômicas. Para outros, o que importa é a cooperação militar ou o comércio de armas. Frequentemente, eles compartilham uma visão comum com a Rússia: um desejo de suplantar a ordem mundial liderada pelos EUA após a Guerra Fria.

Brasil

O que a Rússia ganha: A Rússia se beneficia diplomaticamente dos laços com a maior economia da América Latina e a liderança relativa que tem na região. O Brasil é um membro fundador do grupo de países BRICS juntamente com a Rússia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem procurado até agora posicionar seu país como uma nação neutra que pode manter laços tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia e rejeitou repetidamente os apelos para enviar armas a Kiev, argumentando que a estratégia dos EUA e da União Europeia está minando a perspectiva de uma solução negociada.

LEIA MAIS: Brasil é nona maior economia do mundo, segundo projeções do FMI

O que o Brasil ganha: No campo comercial, o Brasil importa fertilizantes russos, bem como produtos de diesel e petróleo. Mais importante, o Brasil ganha um parceiro nos esforços para reformar a ordem global liderada pelos EUA; Lula há muito tempo defende reformas nas instituições globais como o FMI para torná-las mais representativas do Sul Global. Mas, mesmo à parte de Lula, os líderes brasileiros há muito encontram na Rússia um aliado seguro e não crítico.

Lula discursa na Assembleia Geral da ONU 19/9/2023 REUTERS/Mike Segar

China

O que a Rússia ganha: A China tem sido um suporte diplomático e econômico vital para Moscou. A Rússia tem comprado eletrônicos, equipamentos industriais e carros, enquanto vende petróleo e gás ao seu vizinho asiático, mesmo que — como no caso do gás — seja com desconto em relação ao que ganhava fornecendo para a Europa. O comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 240 bilhões em 2023. Mas o que Moscou mais valoriza é ter um parceiro poderoso que compartilha do objetivo do Kremlin de desafiar a ordem liderada pelos EUA e excluir as alianças lideradas por Washington daquilo que consideram sua esfera de influência.

O que a China ganha: Pequim também aprecia ter outro estado autoritário e poderoso ao seu lado enquanto busca remodelar a ordem internacional. Rússia e China têm coordenado cada vez mais suas posições no Conselho de Segurança da ONU, onde ambos possuem poder de veto, e se uniram contra os EUA. A cooperação militar está se aprofundando e a Rússia vendeu à China alguns de seus sistemas de armas mais avançados. Uma vitória russa na Ucrânia enfraqueceria a influência dos EUA enquanto a China considera suas ambições sobre Taiwan, cujo território é reivindicado por Xi Jinping.

Arábia Saudita

O que a Rússia ganha: Primeiramente, a Rússia ajuda a moldar o mercado global de petróleo e maximizar a receita crucial para o Kremlin através da aliança OPEP+ de nações produtoras de petróleo, que os dois países dominam. A Arábia Saudita se esforçou para não condenar a Rússia após o início da guerra. Putin também visitou o Reino em dezembro, em uma rara incursão ao exterior que demonstrou que ele ainda é bem-vindo em algumas partes do mundo.

Presidente russo, Vladimir Putin 31/7/2022 Sputnik/Alexei Danichev/Pool via REUTERS

O que a Arábia Saudita ganha: Além da parceria OPEP+, a Arábia Saudita tem se beneficiado da ajuda russa para evitar o status de pária. Putin foi um dos poucos líderes a abraçar o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman com sorrisos e apertos de mão em uma cúpula do G20 em 2018, dois meses após agentes de seu país assassinarem o colunista do Washington Post Jamal Khashoggi. Desde então, o presidente dos EUA, Joe Biden, reverteu sua promessa de isolar Riad por causa do assassinato de Khashoggi e buscou fortalecer a aliança entre os dois países. Mas, como a política externa saudita é cada vez mais pragmática e movida por interesses econômicos, os laços com Moscou provavelmente se aprofundarão.

LEIA MAIS: Inteligência canadense alerta que China pode usar TikTok para espionar usuários

Turquia

O que a Rússia ganha: Putin equilibra a rivalidade geopolítica com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan em lugares como Síria, Líbia e a região do Cáucaso, enquanto promove o comércio com seu terceiro maior mercado de exportação no ano passado. A Turquia também se tornou um país crucial para importações indiretas de bens sancionados que a Rússia procura, ajudando Putin a manter os laços globais do país.

O que a Turquia ganha: Embora esteja oficialmente apoiando a Ucrânia na guerra, Erdogan se recusou a aderir às sanções contra a Rússia, que é um grande fornecedor de gás para a Turquia e está construindo lá sua primeira usina nuclear. As indústrias de turismo e agricultura da Turquia dependem fortemente do mercado russo. Erdogan se posicionou como um mediador autodeclarado entre a Ucrânia e a Rússia, ajudando a intermediar acordos sobre envios de grãos e trocas de prisioneiros.

Irã

O que a Rússia ganha: A Rússia recorreu ao Irã para drones que auxiliem sua guerra na Ucrânia e está construindo uma rota comercial que passa pela Índia e vai até com Teerã, o que pode ajudar a enfraquecer o impacto das sanções internacionais. Autoridades russas e iranianas discutiram o aumento da cooperação financeira e bancária para aliviar a pressão das sanções, enquanto Moscou aprende com a experiência do Irã de décadas de isolamento.

O que o Irã ganha: O Irã busca armas na Rússia, incluindo sistemas de defesa aérea e jatos de combate para substituir equipamentos obsoletos. Também contou com Moscou para construir sua usina nuclear de Bushehr. Teerã se uniu à Rússia para apoiar o presidente Bashar al-Assad na guerra da Síria e compartilha a hostilidade de Moscou à presença dos EUA no Oriente Médio.

Índia

O que a Rússia ganha: A Índia, o terceiro maior consumidor de petróleo bruto do mundo, tem sido um grande comprador de petróleo russo, com desconto desde a invasão da Ucrânia. Mas a aplicação mais rigorosa das sanções dos EUA, que visam sufocar o fluxo de petrodólares para os cofres do Kremlin, agora está interrompendo os suprimentos. O relacionamento com a Índia confere legitimidade à Rússia enquanto corteja o chamado Sul Global.

LEIA MAIS: Como o analfabetismo (ainda) emperra a produtividade do Brasil

O que a Índia ganha: Petróleo com desconto, mas a Rússia também tem sido um fornecedor de armas confiável e de longa data. Moscou tem estado disposta a ajudar a nação sul-asiática usando seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para apoiar os interesses indianos. Laços fortes com a Rússia também proporcionam um contrapeso a outras grandes potências globais, ajudando a Índia a manter sua autonomia estratégica.

Hungria

O que a Rússia ganha: O governo do primeiro-ministro Viktor Orban manteve laços estreitos com Putin, com o líder húngaro tendo se encontrado com seu homólogo russo em Pequim em outubro do ano passado. Isso proporcionou a Putin um aliado dentro da União Europeia que, de várias maneiras, bloqueou a ajuda financeira à Ucrânia, ameaçou atrapalhar as negociações de adesão de Kiev ao bloco e até atrasou por mais de um ano a adesão da Suécia à OTAN.

O que a Hungria ganha: Energia. A Hungria é uma das poucas nações da UE que ainda recebe gás russo, e a corporação nuclear russa Rosatom mantém um papel de liderança na expansão de sua única usina atômica. Enquanto isso, Orban, que declarou um modelo de “democracia iliberal”, recebe apoio para sua alternativa ideológica à ordem internacional liderada pelos EUA.

África do Sul

O que a Rússia ganha: O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa se recusou a condenar Putin pela guerra ou a apoiar resoluções das Nações Unidas censurando Moscou pela invasão. As duas nações são membros do BRICS e seus fóruns proporcionaram uma oportunidade para que seus líderes interajam regularmente. Ramaphosa persuadiu Putin a trocar uma participação presencial por uma remota na cúpula do BRICS ocorrida em Joanesburgo no ano passado, poupando Pretória de ter que decidir se o prenderia sob o mandado do Tribunal Penal Internacional.

O que a África do Sul ganha: Embora o comércio entre a Rússia e a África do Sul seja insignificante, eles têm laços históricos de longa data que remontam à postura proativa da União Soviética contra o regime de minoria branca. Vários membros do Congresso Nacional Africano buscaram refúgio e passaram por treinamento militar na Rússia durante a era do apartheid. Empresas russas estavam na corrida para construir novas usinas nucleares na África do Sul durante o mandato do ex-presidente Jacob Zuma, embora os planos para emitir um contrato tenham sido interrompidos desde que Ramaphosa assumiu o cargo em 2018, devido ao custo.

LEIA MAIS: Chat GPT no iPhone? Otimismo com IA impulsiona ações da Apple

A Rússia também tem buscado construir boa vontade na África através de assistência de segurança, armas e grãos — suprimentos alimentares que, em parte, foram interrompidos porque sua guerra na Ucrânia ameaçou o transporte marítimo no Mar Negro. Em troca, a Rússia quer acesso a mercados e novos aliados que possam suavizar o impacto das sanções e expandir sua influência militar às custas das potências ocidentais.

Cúpula dos Brics em Johanesburgo 23/8/2023 REUTERS/Alet Pretorius

Outros países

Uma amizade crescente com Kim Jong Un também beneficiou a Rússia. Os EUA, a Coreia do Sul e outros países alegam que a Coreia do Norte está enviando grandes quantidades de projéteis de artilharia, bem como mísseis balísticos de curto alcance com capacidade nuclear. Em troca, a Rússia é acusada de fornecer alimentos, matérias-primas e peças usadas na fabricação de armas para Pyongyang. A Rússia também vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para estender um painel de especialistas que relatam os desenvolvimentos do arsenal nuclear da Coreia do Norte.

Outros países, como os Emirados Árabes Unidos, onde dezenas de milhares de russos fizeram casa após a eclosão da guerra, e o Egito, bem como antigos aliados como Venezuela e Cuba, também mantiveram laços.

Por enquanto, apesar dos melhores esforços dos EUA e seus aliados, a Rússia está longe de estar isolada.

]]>
2 anos de guerra: Ações de petróleo se destacam, enquanto aéreas sofrem https://investnews.com.br/financas/2-anos-de-guerra-acoes-de-petroleo-se-destacam-mas-estabilizacao-de-precos-exige-cautela/ Sat, 24 Feb 2024 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=558852 Há exatos dois anos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciava a invasão ao país vizinho, à Ucrânia.

Na ocasião, as bolsas pelo mundo despencaram com receios dos impactos econômicos do conflito, em especial com a escalada de preços dos grãos e também do petróleo, devido à grande participação de ambos os países na produção mundial.

Se de um lado, os preços dos insumos subiram e acertaram em cheio o bolso dos consumidores, do outro, investidores expostos aos ativos atrelados ao petróleo, principalmente, tiveram bons retornos.

“O aumento do preço do petróleo fez com que diversas empresas do segmento conseguissem aumentar seus lucros em meio à escassez do produto”.

Marcello Corsi, economista da WIT Invest.

Em dois anos, os papéis da Petrobras (PETR3 PETR4), por exemplo, foram os que mais subiram entre as companhias que compõem o Ibovespa: quase 179%, de acordo com a levantamento feito por Einar Rivero da Elos Ayta Consultoria.

Em contrapartida, passados dois anos, os preços do petróleo e de grãos, como o milho e a soja, que atingiram cotações históricas, retornaram ao patamar anterior ao conflito.

O barril do petróleo Brent, por exemplo, que chegou aos US$ 122 em maio de 2022, está atualmente na casa dos US$ 84.

Essa redução ocorreu porque o mercado se adequou à nova realidade. “Tivemos uma restauração do fornecimento do petróleo e gás, em especial os países da Europa que são dependentes do gás e petróleo da Rússia, mas que diversificaram sua matriz”, explica Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília.

O mesmo ocorreu com o Brasil, conforme explica Ikedo. “Havia uma forte dependência na importação de fertilizantes, sendo a Rússia o principal fornecedor do Brasil que foi bastante afetada em 2022, fazendo com que fossem ampliadas as importações do Canadá”, acrescenta

Mas como os ativos ligados à commodities devem caminhar agora?

Para o economista da WIT Invest, Marcello Corsi, papéis de empresas ligadas ao petróleo, por exemplo, continuam sendo uma boa pedida, principalmente porque é um recurso que deve se manter escasso no futuro.

“Porém, o investidor deve estudar bem os ativos para não adquirir ações de empresas já próximas ao preço justo”.

Para efeito de comparação, o banco BTG estima um preço-alvo da ADR (recibo oferecido por empresas estrangeiras nas bolsas de valores dos Estados Unidos) da Petrobras em US$ 19 para os próximos 12 meses – o papel já está cotado na casa dos US$ 17 em Nova York. Ou seja, se levarmos em consideração este exemplo, o espaço para ganhos com valorização está cada vez menor.

Outro setor que vem ganhando com a guerra é o bélico. Luciana Ikedo afirma que, em 2023, mundialmente houve um aumento dos investimentos de 9% no segmento, tendo como principal influência a guerra entre Ucrânia e Russia. Com o mais recente conflito em Gaza, o setor pode ganhar ainda mais relevância. “Ainda veremos a alta dos ativos do setor e o aumento dos investimentos em 2024”.

O tombo das aéreas

Se de um lado empresas de commodity e do setor bélico conseguiram extrair pontos positivos, as companhias aéreas foram bastante prejudicadas especialmente por serem sensíveis aos preços dos combustíveis – um dos principais custos para as empresas do setor.

“O combustível a preços elevados por tanto tempo corroeu boa parte do resultado e balanço dessas empresas, que já estavam fragilizadas pelos impactos da pandemia”,

Marcello Corsi, economista da WIT Invest.

Esse cenário contribuiu para que o investidor fugisse da alocação no setor. A ação da Azul (AZUL4), por exemplo, foi uma das que mais caiu entre os papéis que compõem o Ibovespa. O recuo foi de 53,88% em dois anos.

Ao mesmo tempo, Corsi acredita que essas empresas já se adequaram ao novo cenário e que o preço do petróleo não deve voltar tão cedo aos patamares históricos. “O que traria um aperto maior seria se tivéssemos uma escalada da guerra com a entrada de outros países. Mas não estou vendo esse risco como provável para o momento”, diz.

A guerra vai continuar?

Ninguém sabe ao certo quando o conflito terá fim. Mas em caso de vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, o cessar fogo pode estar mais perto do que se imagina.

O político já afirmou que, se eleito, estuda encerrar a ajuda dos EUA – uma das maiores potências militares e econômicas do mundo – à Ucrânia, o que tornaria mais difícil para o país manter sua defesa.

“Podemos ter um choque momentâneo de oferta, com petróleo russo à disposição de todo o mercado (o que reduziria os preços). Porém, o principal conflito que pode afetar a comodity é o do oriente médio e o quanto os países produtores vão cortar ou não da produção. É uma comodity que gerará volatilidade nos próximos tempos”, alerta.

Decisão do BC

Hugo Queiroz, sócio diretor da L4 Capital, acrescenta que a guerra ainda traz reflexos para o Brasil, especialmente nas decisões do Banco Central.

“O BC ainda enxerga o risco monetário global em suas decisões e naturalmente não corta os juros em uma magnitude maior do que 0,5%, e isso gera impacto nos preços dos ativos da renda fixa e da renda variável”.

Ele acrescenta que, com o dinheiro “mais caro” as companhias sofrem o reflexo “com margem mais baixa, geração de caixa menor, o que pode contaminar a economia real”.

Ao mesmo tempo, conforme explica o professor do Ibmec, o Brasil passou a atrair mais investidores estrangeiros com a guerra, já que muitos acabaram deixaram de investir na Rússia.

“O risco fiscal da Rússia ficou extremamente elevado devido aos gastos exorbitantes com a guerra, o que acaba atraindo investidor de capital especulativo para o Brasil, que também oferece grandes prêmios, com taxa de juros elevada”, conclui.

]]>
Rússia retoma exportações marítimas de diesel https://investnews.com.br/economia/russia-retoma-exportacoes-maritimas-de-diesel/ Mon, 09 Oct 2023 14:55:59 +0000 https://investnews.com.br/?p=534116 A Rússia, o maior exportador de diesel por via marítima do mundo, logo à frente dos Estados Unidos, retomou as exportações do combustível nesta segunda-feira, depois de suspender a proibição da maioria de seus embarques de combustíveis após uma queda nos preços domésticos no atacado.

As exportações russas de gasolina e os suprimentos transfronteiriços de diesel por ferrovias e estradas ainda estão proibidos, disse o vice-primeiro-ministro Alexander Novak na segunda-feira.

Imagem de arquivo das instalações de exportação energética do porto do Mar Báltico de Primorsk, Rússia. 26 de fevereiro de 2018. REUTERS/Vladimir Soldatkin

Em 21 de setembro, a Rússia proibiu temporariamente a maior parte das exportações de gasolina e diesel para lidar com a escassez no mercado doméstico, com a operadora de oleodutos Transneft interrompendo os embarques de diesel de Primorsk a partir de 22 de setembro. A proibição foi parcialmente suspensa na sexta-feira.

A agência de notícias TASS citou um porta-voz da Transneft dizendo que o oleoduto havia reiniciado as exportações de diesel no sábado.

Pavel Sorokin, primeiro vice-ministro de energia da Rússia, disse à RBC TV que o armazenamento nas refinarias de petróleo estava cheio, o que poderia levar a um declínio nos volumes de refino.

Ele também disse que a proibição será totalmente suspensa quando o mercado doméstico estiver “saturado” de combustível.

“Tomaremos outras medidas dependendo da situação”, disse ele.

Caminhões-tanque carregados com diesel

Os dados do LSEG mostraram que um navio-tanque com uma carga de diesel deixou o porto russo de Primorsk, no Báltico, na segunda-feira, e outros três estavam atracados, prontos para serem carregados.

Todos os quatro navios foram fretados em setembro e estavam esperando em alto-mar desde que a proibição de exportação foi introduzida.

Espera-se que o Chiba, o Prime V, o Romeos e o Eternal Sunshine transportem, cada um, cerca de 33.000 toneladas de diesel com teor de enxofre ultrabaixo.

O diesel é o maior produto de petróleo exportado pela Rússia, com cerca de 35 milhões de toneladas no ano passado, das quais quase três quartos foram enviadas por meio de oleoduto. A Rússia também exportou 4,8 milhões de toneladas de gasolina em 2022.

Desse total, 3,5 milhões de toneladas de gasolina e 6,6 milhões de toneladas de diesel foram exportadas por ferrovia, de acordo com os dados do LSEG.

A Rússia tem enfrentado escassez e altos preços dos combustíveis nos últimos meses, o que prejudicou os agricultores, especialmente durante a temporada de colheita.

Desde que a proibição foi introduzida, os preços do diesel no atacado na bolsa local caíram 21%, enquanto os preços da gasolina caíram 10%.

]]>
Decisão russa de proibir exportação de diesel pode pressionar Petrobras https://investnews.com.br/economia/decisao-russa-de-proibir-exportacao-de-diesel-pode-pressionar-petrobras/ Thu, 21 Sep 2023 19:50:04 +0000 https://investnews.com.br/?p=528377 A decisão da Rússia desta quinta-feira (21) de proibir temporariamente as exportações de diesel em meio a uma escassez interna deverá impactar o mercado brasileiro e pressionar a Petrobras (PETR3 e PETR4) por reajustes nas refinarias, disseram especialistas à Reuters.

No caso de o produto da Rússia ficar escasso também no Brasil, a necessidade de importações de outras origens seria maior. Mas tais compras externas por importadores demandam uma conjuntura de preços mais altos da Petrobras, já que o diesel da estatal atualmente tem uma defasagem em relação ao mercado global, segundo analistas.

Tanques da Petrobras 17/06/2022 REUTERS/Ueslei Marcelino

A Rússia se tornou neste ano o principal fornecedor estrangeiro de diesel para o mercado brasileiro, tomando a posição dos norte-americanos ao ofertar o combustível com desconto em relação a outras origens, enquanto enfrenta sanções dos países do G7 aos derivados produzidos no país por conta da guerra da Ucrânia.

Somente em agosto, o diesel russo foi responsável por mais de 70% do volume importado pelo Brasil, que importa entre 25% e 30% de sua necessidade desse combustível.

“A partir do momento em que a grande fonte supridora acaba sendo reduzida na marra, a tendência é que o mercado responda como uma sinalização de restrição”, disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo.

O especialista destacou ainda que o diesel dos EUA, que tradicionalmente era o maior fornecedor externo do Brasil, está atualmente com valores R$ 0,50 por litro mais altos do que a média praticada pela Petrobras, principal fornecedora do Brasil, na venda a distribuidoras.

“O mercado já está reagindo, o preço do diesel subindo… a expectativa é que amanhã (sexta-feira) tenha reflexo no PPI (Preço de Paridade de Importação) da ordem de 5%”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araújo.

FOTO DE ARQUIVO: Vista mostra o terminal de petróleo bruto Kozmino na costa da Baía de Nakhodka, perto da cidade portuária de Nakhodka, Rússia, 12 de agosto de 2022. REUTERS/Tatiana Meel/Foto de arquivo

Com menor oferta do diesel russo, o produto importado deve ficar mais caro no Brasil.

Isso em um contexto em que defasagem de preços do diesel importado em relação ao da Petrobras é de 14%, nas contas da Abicom.

“Isso sem dúvida pressiona também a Petrobras, mas vamos aguardar, vamos ver como é que fica”, acrescentou Araujo, lembrando que importadores têm dificuldades de fazer compras externas com tal defasagem de preços, enquanto o Brasil depende do combustível importado para atender boa parte de suas necessidades.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues, concorda.

“A restrição anunciada pela Rússia, sem dúvida, afeta o Brasil… Com a restrição, a saída vai ser o mercado internacional, portanto a defasagem deve aumentar e a importação diminuir, pressionado a Petrobras”

diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues

Mas a Rússia não deu detalhes sobre tal restrição. Especialistas apontaram que será preciso aguardar os próximos dias para haver maior clareza sobre os desdobramentos.

A Rússia já reduziu suas exportações marítimas de diesel e gasóleo em quase 30%, para cerca de 1,7 milhão de toneladas, nos primeiros 20 dias de setembro ante o mesmo período de agosto, uma vez que as refinarias locais entraram em manutenção sazonal e o mercado doméstico enfrenta uma escassez de combustível e preços em alta, disseram operadores e dados do LSEG.

“A situação, se confirmada e mantida, aponta para um cenário de complexidade e volatilidade para o mercado brasileiro de diesel. A Rússia se tornou o principal fornecedor de diesel para o Brasil… isso terá implicações significativas para o país, dada a dependência de 30% do Brasil em relação ao abastecimento externo do produto”

ex-diretor da ANP Aurélio Amaral

Para o ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, a medida russa “pode ter um impacto bastante negativo”, pois a Petrobras teria que importar mais diesel, caso mantida a política atual de preços.

“Ou seja, está política de não acompanhar o PPI distorce o mercado e pode trazer desafios importantes para o abastecimento”

ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho

Com a nova gestão, a Petrobras abandonou a chamada política do PPI e anunciou uma nova estratégia que promete praticar valores mais favoráveis para ela e para seus clientes, ao mesmo tempo em que evita volatilidades externas aos consumidores, sem se desgarrar da referência do mercado global.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Os preços do petróleo operavam em alta nesta quinta-feira, com o mercado considerando o impacto da decisão russa. Por volta das 14h (horário de Brasília), o barril do Brent subia 0,15%, para US$ 93,67.

]]>
Heineken sai da Rússia com venda de operações por 1 euro https://investnews.com.br/negocios/heineken-sai-da-russia-com-venda-de-operacoes-por-1-euro/ Fri, 25 Aug 2023 17:42:57 +0000 https://investnews.com.br/?p=521949 A cervejaria holandesa Heineken (HEIA34) disse nesta sexta-feira (25) que completou sua saída da Rússia ao vender suas operações no país ao russo  Arnest Group pelo preço simbólico de 1 euro.

Copo da Heineken em restaurante de Hanói, no Vietnã 30/05/2019 REUTERS/Nguyen Huy Kham

A segunda maior cervejaria do mundo disse que o negócio recebeu todas as aprovações necessárias e provavelmente a deixará com uma perda extraordinária de 300 milhões de euros.

A Heineken, que anunciou a sua intenção de sair da Rússia em março de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, reconheceu que o processo demorou mais do que o esperado.

“Desenvolvimentos recentes demonstram os desafios significativos enfrentados pelas grandes empresas industriais ao saírem da Rússia”, disse o presidente-executivo, Dolf van den Brink, em comunicado.

Muitas empresas multinacionais correram para deixar a Rússia após o Ocidente ter imposto sanções sem precedentes a Moscou, mas o Kremlin retaliou confiscando alguns bens.

Algumas empresas estrangeiras que tentam sair da Rússia enfrentam um grande salto nos custos, uma vez que Moscou exige descontos maiores nos preços dos ativos que pretendem vender, disseram três pessoas com conhecimento do assunto.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto em julho para assumir o controle da subsidiária da Danone no país, assim como a participação da Carlsberg em uma cervejaria local.

Putin alerta Ocidente: Rússia não pode ser isolada
Presidente russo, Vladimir Putin, discursa durante visita ao Cosmódromo de Vostochny, na Rússia 12/04/2022 Sputnik/Evgeny Biyatov/Kremlin via REUTERS

A Anheuser-Busch InBev também disse que planeja sair de sua joint venture na Rússia com a turca Efes.

Questionado se as experiências da Danone e da Carlsberg aumentaram a urgência para a Heineken fechar um acordo, van den Brink disse a jornalistas: “a nossa preocupação aumentou, mas não a urgência. Isso mostrou que havia um risco real de nacionalização e tudo o que se podia fazer era procurar ser o mestre do seu destino.”

Ele não quis entrar em detalhes sobre por que a busca por um comprador demorou mais do que o esperado, chamando o processo de “altamente complexo”.

“Estamos felizes por termos encontrado um comprador adequado. Acreditamos que é uma parte confiável… Estamos felizes por este processo chegar ao fim e por podermos deixar a Rússia”

presidente-executivo, Dolf van den Brink

A Heineken tinha sete cervejarias na Rússia e 1.800 funcionários, que receberão garantias de emprego pelos próximos três anos.

A cervejaria holandesa retirou a sua marca Heineken da Rússia no ano passado e a produção da Amstel deverá ser encerrada dentro de seis meses.

A Heineken disse que o acordo, sem opção de recomprar o negócio, incluía uma licença de três anos para algumas marcas regionais menores, para as quais a Heineken não forneceria suporte à marca nem receberia quaisquer receitas.

O Grupo Arnest possui um importante negócio de embalagens de latas e é o maior fabricante russo de aerossóis, além de vender cosméticos e utensílios domésticos.

A Heineken disse que a transação terá um impacto insignificante em suas perspectivas para o ano inteiro.

]]>
Brasil acelera compra de combustível russo para níveis recordes https://investnews.com.br/economia/brasil-acelera-compra-de-combustivel-russo-para-niveis-recordes/ Thu, 17 Aug 2023 16:53:57 +0000 https://investnews.com.br/?p=519348 O Brasil acelerou para níveis recordes as compras de combustível da Rússia, que se consolida como principal fornecedor do país à medida que Moscou estabelece novos mercados após o veto da União Europeia.

As importações brasileiras de derivados de petróleo da Rússia devem saltar 25% este mês em relação a julho, para cerca de 235.000 barris por dia, mostram dados da Kpler. Isso supera de longe os EUA, que costumavam ser o principal fornecedor externo de combustível para o Brasil.

Bomba de petróleo em Almetyevsk, Rússia. REUTERS/Alexander Manzyuk/File Photo

O Brasil começou a aumentar acentuadamente as compras em fevereiro, mês em que a UE proibiu as importações dos combustíveis russos. Os EUA e seus aliados tentam limitar o fluxo de petrodólares para a Rússia para reduzir o financiamento da guerra que o país trava na Ucrânia. As medidas reduziram os preços dos combustíveis russos, que precisam ter valores atraentes para competir por novos mercados.

“Obter barris com desconto é um benefício financeiro” para o Brasil, onde o governo está sempre sob pressão para reduzir o custo dos combustíveis, disse Viktor Katona, principal analista de petróleo da Kpler.

Brasil importa mais combustível da Rússia; chegadas de produtos petrolíferos russos devem saltar para o nível mais alto em agosto (Imagem: Bloomberg)
Brasil importa mais combustível da Rússia; chegadas de produtos petrolíferos russos devem saltar para o nível mais alto em agosto (Imagem: Bloomberg)

O G7 e a UE também impuseram um teto global de preço sobre os produtos russos comercializado por empresas de seus países, que é de US$ 100 o barril para os principais derivados, como diesel, e de US$ 45 para os mais baratos, como lubrificantes. 

Sob o sistema, as empresas dos países do G7 podem transportar os embarques russos apenas se as cargas custarem menos do que esses preços. Katona estima que a compra de diesel russo reduziu os preços do combustível importado pelo Brasil em US$ 10 a US$ 15 o barril.

Desde que o limite entrou em vigor, o Brasil se tornou o segundo maior comprador de diesel russo no mundo, atrás apenas da Turquia, de acordo com a Kpler. No campo diplomático, o Brasil tenta assumir posição neutra sobre quem é o culpado pela guerra.

Desde junho, a Rússia também começou a fornecer gasolina ao Brasil, embora em escala muito menor, e é possível que os embarques de nafta também aumentem, segundo a Kpler.

“O Brasil é o maior mercado latino-americano, então as refinarias russas estão focadas no fornecimento para o país”, disse Katona. “Mesmo as empresas brasileiras admitem que a compra de diesel russo cria uma vantagem competitiva, então acho que continuará avançando.”

  • Confira ações da Petrobras (PETR4)
]]>
Banco dos Brics se volta para moedas locais com sanções à Rússia https://investnews.com.br/economia/banco-dos-brics-se-volta-para-moedas-locais-com-sancoes-a-russia/ Thu, 10 Aug 2023 11:27:38 +0000 https://investnews.com.br/?p=516855 Prejudicado pelo impacto das sanções contra a Rússia, uma de suas acionistas fundadoras, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) criado pelo grupo de países do Brics precisa aumentar sua arrecadação de fundos e empréstimos em moeda local, disse o ministro das Finanças da África do Sul à Reuters.

A África do Sul receberá líderes dos outros países do bloco – Brasil, Rússia, Índia e China – em uma cúpula em Joanesburgo neste mês, com o objetivo de fazer do bloco um contrapeso para o Ocidental.

O ministro das Finanças sul-africano, Enoch Godongwana, disse que aumentar o uso da moeda local entre os membros do NDB também estará na agenda, com o objetivo de reduzir o risco do impacto das flutuações cambiais em vez da desdolarização.

“A maioria dos países que são membros do NDB têm incentivado o banco a fornecer empréstimos em moedas locais”, afirmou ele.

Estabelecido em 2015 como o principal projeto financeiro do bloco, autoridades do banco e observadores dizem que a vocação do NDB de servir economias emergentes e a ambição de finanças desdolarizadas foram prejudicadas pelas realidades econômicas globais e pela invasão de Moscou na Ucrânia.

“(O NBD não está) fazendo tanto quanto os países membros exigem, mas essa é a direção estratégica para qual estamos empurrando o banco”, disse Godongwana em uma recente entrevista por telefone.

Aumentar a arrecadação de fundos em moeda local e levantar capital de novos membros também pode ajudar o NDB em tempos difíceis, o que reduziria sua dependência dos mercados de capitais dos EUA, onde as sanções contra a Rússia aumentaram os custos de empréstimos, disseram analistas.

O diretor financeiro Leslie Maasdorp disse à Reuters em entrevista na sede do NDB em Xangai que o banco pretende aumentar os empréstimos em moeda local de cerca de 22% para 30% até 2026, mas que há limites para a desdolarização.

“A moeda operacional do banco é o dólar por uma razão muito específica – o dólar é onde estão os maiores reservatórios de liquidez”, disse ele.

Dos mais de 30 bilhões de dólares em empréstimos aprovados pelo NDB, dois terços foram em dólares, mostrou uma apresentação para investidores em abril.

Essa dependência do dólar tornou-se uma desvantagem quando os EUA impuseram sanções à Rússia no ano passado.

O NDB interrompeu os empréstimos à Rússia, mas as medidas não impediram que a agência de recomendação Fitch rebaixasse o banco de “AA+” para “AA” em julho de 2022. Os custos dos empréstimos em dólares dispararam.

Um título de US$ 1,5 bilhão de cinco anos que o NDB emitiu em abril de 2021 tinha um cupom de 1,125%. Dois anos depois, um título de cinco anos de US$ 1,25 bilhão tinha um cupom de 5,125%. Isso é cerca de 30 pontos-base mais caro do que outros bancos multilaterais de desenvolvimento com classificações de crédito semelhantes, disse Alexander Ekbom, analista da S&P Global Ratings.

Como resultado desse prêmio de risco, disse Maasdorp, o NDB teve que controlar novos empréstimos.

Embora o NDB tenha aprovado empréstimos no valor de US$ 32,8 bilhões para projetos que vão desde linhas de metrô de Mumbai até iluminação solar em Brasília, os empréstimos em seu balanço valiam menos da metade desse valor no final de março.

E o banco acrescentou apenas US$ 1,29 bilhão em empréstimos novos ou aumentados no ano passado.

]]>
3 fatos para hoje: KPMG alertou Americanas sobre crise; Brics e IPC https://investnews.com.br/economia/3-fatos-para-hoje-kpmg-alertou-americanas-sobre-crise-brics-e-ipc/ Wed, 02 Aug 2023 11:18:34 +0000 https://investnews.com.br/?p=513413 KPMG alertou Americanas sobre falta de controle financeiro em 2019, diz sócia à CPI

A administração da Americanas (AMER3) recebeu vários alertas sobre as deficiências contábeis da companhia e a necessidade de melhorar os controles internos, disse uma sócia da KPMG nesta terça-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso.

A Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro após revelar um escândalo atualmente calculado em mais de 25 bilhões de reais, estava ciente das deficiências e rescindiu o contrato com a KPMG depois que a empresa de contabilidade invejou uma carta de controles internos , disse Carla Bellangero, sócia da KPMG no Brasil.

Um relatório de meados de junho, elaborado com base em informações de um comitê independente e de assessores da Americanas e publicado pela varejista atribuiu uma fraude a ex-executivos.

Além disso, também em junho, o depoimento à CPI do atual presidente do varejista, Leonardo Coelho, que assumiu a carga após o início da crise, teve dúvidas sobre a potencial participação de bancos e empresas de auditoria no caso.

Bellangero disse nesta terça-feira que a KPMG, que auditou de 2016 a 2019 as contas da B2W e da Lojas Americanas não encontrou manifestações de fraude em nenhuma das empresas. Em 2021, as duas companhias se fundiram para formar a atual Americanas.

No entanto, a KPMG encontrou “deficiências” no controle de verba de propaganda cooperativa e instrumentos semelhantes, disse Bellangero. Esses contratos são fechados entre varejistas e fornecedores para divulgação de determinados produtos.

A KPMG sinalizou a necessidade de melhorias nas contas das empresas, inclusive no orçamento desses contratos de propaganda, chamados de VPCs, para os diretores financeiros da Lojas Americanas e da B2W em agosto de 2019, afirmou Bellangero.

“Como não obtivemos nenhuma resposta desse e-mail, emitiu uma carta de controles internos para chamar a atenção da administração sobre a necessidade de melhorias”, acrescentou ela.

Seis dias depois, a Americanas rescindiu seu contrato com a KPMG, disse Bellangero. Na época, a B2W e as Lojas Americanas citaram “circunstâncias comerciais” como justificativa.

Procurada pela Reuters, a Americanas disse em nota que “a substituição da auditoria externa KPMG pela PWC em 2019 conto com a anuência da própria empresa de auditoria, que posteriormente manteve relação contratual com a companhia”.

As irregularidades contábeis da Americanas totalizam cerca de 25 bilhões de reais, e foram realizadas ao menos desde 2016 até 2022 e envolvidas dezenas de funcionários, com falsificação de contratos de VPCs e contabilização de transações com bancos, conforme informações divulgadas pela própria empresa e por Coelho.

Fabio Cajazeira Mendes, líder de auditoria da PwC, empresa que auditava os balanços da Americanas desde 2019 até este ano, disse que tal fraude, se comprovada, teria sido sofisticada e com conluio de ex-diretores.

Em casos como esse, disse ele, “há, infelizmente, a possibilidade de que essa fraude não seja detectada”.

Essa foi a primeira vez que representantes de empresas que prestaram serviços de auditoria para Americanas deram declarações com detalhes sobre o caso, à medida que até então as companhias indicaram se posicionadas de modo mais alegando necessidade de sigilo das informações.

Bellangero e Mendes ainda alegaram que foram tiradas de contexto comunicações entre as auditorias e executivas da Americanas, divulgadas por Coelho em junho à CPI e que apontavam para a suposta modificação da redação de documentos contábeis após pedidos da loja.

Em sua nota, a Americanas reafirmou ainda em relação aos apresentados por Coelho à CPI sobre mudança, pela KPMG, da Carta de Controles Internos, “que tal alteração foi realizada para reclassificar a VPC de ‘recomendações que mereceram atenção da Administração’, para ‘Outras Recomendações’, fazendo com que tal item deixesse de ser considerado como deficiência significativa”.

A Americanas reiterou também que “o relatório apresentado à CPI é preliminar e foi entregue às autoridades competentes, que conduziram suas próprias investigações”.

O ex-presidente da Americanas Miguel Gutierrez, que deixou a empresa no final de 2022, também deveria depor nesta terça-feira, mas alegou problemas de saúde. Procurado, o empresário não se posicionou.

Fábio Abrate, ex-executivo da companhia e ex-diretor de relações com investidores da B2W, compareceu ao depoimento, mas se competiu a responder aos parlamentares.

Presidente Lula em Bruxelas 17/7/2023 REUTERS/Johanna Geron
  • Confira a as ações da Via Varejo (VIIA3)

Em minoria, o Brasil vê com ressalvas estendidas do Brics defendido pela China e Rússia

A próxima cúpula do Brics, no final de agosto, em Joanesburgo, terá que resolver uma questão central para o futuro do bloco: a decisão de aceitar novos membros, em um movimento de forte pressão da China e apoiado pela Rússia , mas visto com ressalvas pelo Brasil, que admite estar em minoria na discussão, informou três fontes com conhecimento das discussões.

O tema vem dominando as conversas preparatórias para a cúpula entre os membros do grupo — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — desde que os chineses pediram que se cheguem a um acordo sobre critérios para admissão de mais membros durante a cúpula, que será a primeira presencial desde 2019, ocorrida no Brasil.

Atualmente, cerca de 30 países já declararam interesse em aderir, enquanto 22 apresentaram formalmente suas candidaturas. Entre os principais candidatos de hoje, e os que mais pressionaram pela entrada, estão Arábia Saudita, Emirados Árabes, Irã, Egito e Etiópia. A Argentina também está entre os candidatos, mas uma das fontes destacadas que a insistência do país pode não se manter depois das eleições deste ano, o que é algo a ser observado.

Enquanto a China e a Rússia se entusiasmaram como uma possibilidade de aumento de poder político no cenário global, o governo brasileiro teme uma diluição da influência do bloco.

“Uma extensão pode transformar o bloco em outra coisa. A posição do Brasil tem sido se preocupar com a coesão do grupo com alguma preservação do nosso espaço em um grupo de países importantes”, disse à Reuters uma das fontes envolvidas nessa negociação.

Outras duas fontes do governo que participaram das conversas, inclusive viajando para encontros preparatórios em Joanesburgo, corroboraram a mesma posição brasileira.

Não se espera que a cúpula termine com a decisão pela incorporação de novos países, apesar de nomes já estarem circulando. A decisão foi por uma discussão para estabelecer critérios e princípios, mas o governo brasileiro admite que está em uma posição minoritária.

A China sempre foi uma defensora ferrenha da extensão do bloco, e a pressão aumentou recentemente por questões geopolíticas, com o crescimento da disputa comercial entre os Estados Unidos e o país asiático, que terminou por envolver também os europeus.

Em uma resposta escrita à Reuters, o governo chinês afirmou que desde sua criação os Brics se transformou em uma “força positiva, estável e construtiva nos temas internacionais” e confirmou que defende novas adesões em breve.

“A China sempre advogou que o Brics é um mecanismo aberto e tolerante, e apoia a expansão de seus membros, e dá as boas-vindas a novos membros com os mesmos princípios para se unirem à ‘família Brics’ brevemente”, afirmou.

Já a Rússia, que era contrária à extensão, mudou de posição, também por uma necessidade de se contrapor ao G7 e ter mais aliados em meio à invasão da Ucrânia.

Nesta terça-feira, um porta-voz do governador russo confirmou que esse será o tema central da cúpula, da qual o presidente Vladimir Putin não participará, já que há pedidos internacionais de prisão contra ele.

“Esse é um tópico muito importante. Nós vemos mais e mais países declarando seu desejo de se unir aos Brics”, disse o porta-voz de Dmitry Peskov.

A Índia, que também era contrária, passou a defender novos membros no último mês, de acordo com diplomatas brasileiros, o que deixaria o Brasil em uma posição minoritária. No entanto, uma fonte do governo indiano afirmou à Reuters que o país ainda tem reservas em relação à expansão. “Se isso acontecer, tem que acontecer através de consenso”, disse, acrescentando que o país sempre defendeu uma política consistente para novos membros.

Decisão por consenso

O que se tenta agora é chegar em um acordo sobre critérios. O governo brasileiro defende que o processo seja gradual e com equilíbrio regional, e que se preserve de alguma forma o espaço dos membros originais.

A proposta é que novos membros sejam admitidos como países parceiros, e não membros plenos, como é feito em outras organizações. Os parceiros participariam das cúpulas, mas algumas ações do bloco, hoje em vigor, seriam limitadas. Seria uma forma de experimentar sem desfigurar o bloco e sem trazer o envolvimento que um grande aumento poderia causar.

Uma proposta da África do Sul aponta Arábia, Emirados, Egito e Indonésia como os primeiros candidatos, mas o Brasil vê aí também uma distração regional.

Representante da África do Sul no Brics, Anil Sooklal destacou que o princípio que guia os negócios no bloco é o consenso. “Se não tem consenso não tem acordo”, disse.

Com uma posição quase didática hoje, dificilmente o Brasil terá chance de sair vitorioso e os próximos anos devem ver uma introdução do bloco, criado formalmente em 2006 com uma reunião de chanceleres — na época, apenas como Bric, ainda sem a África do Sul , que ingressou em 2011.

Com a necessidade de consenso, o formato da tomada de decisões permitiria ao Brasil barrar algo que o desagrade, mas essa não é a tônica da diplomacia brasileira, diz uma das fontes.

“A gente vai ter que ceder em algum momento porque a gente é realista e o Brasil negocia, não é da nossa índole barrar. Mas provavelmente vai ser ruim e a gente vai ter que construir outros espaços internacionais”, disse a fonte.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; reportagem adicional de Laurie Chen, em Pequim; Krishn Kaushik, em Nova Délhi; Tim Cooks, em Johanesburgo; e Gareth Jones, em Moscou)

Vista aérea de São Paulo com edifício Itália e Copan ao fundo

IPC-Fipe cai 0,14% em julho e deixa inflação acumulada em 2023 em 1,92%

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, caiu 0,14% em julho, aprofundando queda em relação ao declínio de 0,03% de junho e também frente ao recuo de 0,01% visto na terceira quadrissemana do mês passado, segundo dados publicados nesta quarta-feira, 2, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O resultado de julho ficou abaixo das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, de baixa de 0,01% a acréscimo de 0,03%, com mediana de +0,02%.

Entre janeiro e julho, o IPC-Fipe acumulou inflação de 1,92%. No período de 12 meses até julho, o índice subiu 3,66%, vindo também abaixo das expectativas, que iam de 3,79% a 3,98%.

No sétimo mês de 2023, quatro dos sete componentes do IPC-Fipe desaceleraram ou caíram em ritmo mais forte: Habitação (de 0,25% em junho a 0,10% em julho), Alimentação (de -0,80% a -1,10%), Despesas Pessoais (de 0,51% a 0,07%) e Vestuário (de 0,32% a 0,11%).

Por outro lado, houve aceleração de junho para julho nas categorias Transportes (de -0,25% a 0,33%), Saúde (de 0,43% a 0,48%) e Educação (de 0,14% a 0,25%).

Veja abaixo como ficaram os componentes do IPC-Fipe em julho:

– Habitação: 0,10%

– Alimentação: -1,10%

– Transportes: 0,33%

– Despesas Pessoais: 0,07%

– Saúde: 0,48%

– Vestuário: 0,11%

– Educação: 0,25%

– Índice Geral: -0,14%

*Com Reuters e Estadão Conteúdo.

]]>