Rússia – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Sat, 24 Feb 2024 01:23:06 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Rússia – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 2 anos de guerra: Ações de petróleo se destacam, enquanto aéreas sofrem https://investnews.com.br/financas/2-anos-de-guerra-acoes-de-petroleo-se-destacam-mas-estabilizacao-de-precos-exige-cautela/ Sat, 24 Feb 2024 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=558852 Há exatos dois anos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciava a invasão ao país vizinho, à Ucrânia.

Na ocasião, as bolsas pelo mundo despencaram com receios dos impactos econômicos do conflito, em especial com a escalada de preços dos grãos e também do petróleo, devido à grande participação de ambos os países na produção mundial.

Se de um lado, os preços dos insumos subiram e acertaram em cheio o bolso dos consumidores, do outro, investidores expostos aos ativos atrelados ao petróleo, principalmente, tiveram bons retornos.

“O aumento do preço do petróleo fez com que diversas empresas do segmento conseguissem aumentar seus lucros em meio à escassez do produto”.

Marcello Corsi, economista da WIT Invest.

Em dois anos, os papéis da Petrobras (PETR3 PETR4), por exemplo, foram os que mais subiram entre as companhias que compõem o Ibovespa: quase 179%, de acordo com a levantamento feito por Einar Rivero da Elos Ayta Consultoria.

Em contrapartida, passados dois anos, os preços do petróleo e de grãos, como o milho e a soja, que atingiram cotações históricas, retornaram ao patamar anterior ao conflito.

O barril do petróleo Brent, por exemplo, que chegou aos US$ 122 em maio de 2022, está atualmente na casa dos US$ 84.

Essa redução ocorreu porque o mercado se adequou à nova realidade. “Tivemos uma restauração do fornecimento do petróleo e gás, em especial os países da Europa que são dependentes do gás e petróleo da Rússia, mas que diversificaram sua matriz”, explica Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília.

O mesmo ocorreu com o Brasil, conforme explica Ikedo. “Havia uma forte dependência na importação de fertilizantes, sendo a Rússia o principal fornecedor do Brasil que foi bastante afetada em 2022, fazendo com que fossem ampliadas as importações do Canadá”, acrescenta

Mas como os ativos ligados à commodities devem caminhar agora?

Para o economista da WIT Invest, Marcello Corsi, papéis de empresas ligadas ao petróleo, por exemplo, continuam sendo uma boa pedida, principalmente porque é um recurso que deve se manter escasso no futuro.

“Porém, o investidor deve estudar bem os ativos para não adquirir ações de empresas já próximas ao preço justo”.

Para efeito de comparação, o banco BTG estima um preço-alvo da ADR (recibo oferecido por empresas estrangeiras nas bolsas de valores dos Estados Unidos) da Petrobras em US$ 19 para os próximos 12 meses – o papel já está cotado na casa dos US$ 17 em Nova York. Ou seja, se levarmos em consideração este exemplo, o espaço para ganhos com valorização está cada vez menor.

Outro setor que vem ganhando com a guerra é o bélico. Luciana Ikedo afirma que, em 2023, mundialmente houve um aumento dos investimentos de 9% no segmento, tendo como principal influência a guerra entre Ucrânia e Russia. Com o mais recente conflito em Gaza, o setor pode ganhar ainda mais relevância. “Ainda veremos a alta dos ativos do setor e o aumento dos investimentos em 2024”.

O tombo das aéreas

Se de um lado empresas de commodity e do setor bélico conseguiram extrair pontos positivos, as companhias aéreas foram bastante prejudicadas especialmente por serem sensíveis aos preços dos combustíveis – um dos principais custos para as empresas do setor.

“O combustível a preços elevados por tanto tempo corroeu boa parte do resultado e balanço dessas empresas, que já estavam fragilizadas pelos impactos da pandemia”,

Marcello Corsi, economista da WIT Invest.

Esse cenário contribuiu para que o investidor fugisse da alocação no setor. A ação da Azul (AZUL4), por exemplo, foi uma das que mais caiu entre os papéis que compõem o Ibovespa. O recuo foi de 53,88% em dois anos.

Ao mesmo tempo, Corsi acredita que essas empresas já se adequaram ao novo cenário e que o preço do petróleo não deve voltar tão cedo aos patamares históricos. “O que traria um aperto maior seria se tivéssemos uma escalada da guerra com a entrada de outros países. Mas não estou vendo esse risco como provável para o momento”, diz.

A guerra vai continuar?

Ninguém sabe ao certo quando o conflito terá fim. Mas em caso de vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, o cessar fogo pode estar mais perto do que se imagina.

O político já afirmou que, se eleito, estuda encerrar a ajuda dos EUA – uma das maiores potências militares e econômicas do mundo – à Ucrânia, o que tornaria mais difícil para o país manter sua defesa.

“Podemos ter um choque momentâneo de oferta, com petróleo russo à disposição de todo o mercado (o que reduziria os preços). Porém, o principal conflito que pode afetar a comodity é o do oriente médio e o quanto os países produtores vão cortar ou não da produção. É uma comodity que gerará volatilidade nos próximos tempos”, alerta.

Decisão do BC

Hugo Queiroz, sócio diretor da L4 Capital, acrescenta que a guerra ainda traz reflexos para o Brasil, especialmente nas decisões do Banco Central.

“O BC ainda enxerga o risco monetário global em suas decisões e naturalmente não corta os juros em uma magnitude maior do que 0,5%, e isso gera impacto nos preços dos ativos da renda fixa e da renda variável”.

Ele acrescenta que, com o dinheiro “mais caro” as companhias sofrem o reflexo “com margem mais baixa, geração de caixa menor, o que pode contaminar a economia real”.

Ao mesmo tempo, conforme explica o professor do Ibmec, o Brasil passou a atrair mais investidores estrangeiros com a guerra, já que muitos acabaram deixaram de investir na Rússia.

“O risco fiscal da Rússia ficou extremamente elevado devido aos gastos exorbitantes com a guerra, o que acaba atraindo investidor de capital especulativo para o Brasil, que também oferece grandes prêmios, com taxa de juros elevada”, conclui.

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Rússia retoma exportações marítimas de diesel https://investnews.com.br/economia/russia-retoma-exportacoes-maritimas-de-diesel/ Mon, 09 Oct 2023 14:55:59 +0000 https://investnews.com.br/?p=534116 A Rússia, o maior exportador de diesel por via marítima do mundo, logo à frente dos Estados Unidos, retomou as exportações do combustível nesta segunda-feira, depois de suspender a proibição da maioria de seus embarques de combustíveis após uma queda nos preços domésticos no atacado.

As exportações russas de gasolina e os suprimentos transfronteiriços de diesel por ferrovias e estradas ainda estão proibidos, disse o vice-primeiro-ministro Alexander Novak na segunda-feira.

Imagem de arquivo das instalações de exportação energética do porto do Mar Báltico de Primorsk, Rússia. 26 de fevereiro de 2018. REUTERS/Vladimir Soldatkin

Em 21 de setembro, a Rússia proibiu temporariamente a maior parte das exportações de gasolina e diesel para lidar com a escassez no mercado doméstico, com a operadora de oleodutos Transneft interrompendo os embarques de diesel de Primorsk a partir de 22 de setembro. A proibição foi parcialmente suspensa na sexta-feira.

A agência de notícias TASS citou um porta-voz da Transneft dizendo que o oleoduto havia reiniciado as exportações de diesel no sábado.

Pavel Sorokin, primeiro vice-ministro de energia da Rússia, disse à RBC TV que o armazenamento nas refinarias de petróleo estava cheio, o que poderia levar a um declínio nos volumes de refino.

Ele também disse que a proibição será totalmente suspensa quando o mercado doméstico estiver “saturado” de combustível.

“Tomaremos outras medidas dependendo da situação”, disse ele.

Caminhões-tanque carregados com diesel

Os dados do LSEG mostraram que um navio-tanque com uma carga de diesel deixou o porto russo de Primorsk, no Báltico, na segunda-feira, e outros três estavam atracados, prontos para serem carregados.

Todos os quatro navios foram fretados em setembro e estavam esperando em alto-mar desde que a proibição de exportação foi introduzida.

Espera-se que o Chiba, o Prime V, o Romeos e o Eternal Sunshine transportem, cada um, cerca de 33.000 toneladas de diesel com teor de enxofre ultrabaixo.

O diesel é o maior produto de petróleo exportado pela Rússia, com cerca de 35 milhões de toneladas no ano passado, das quais quase três quartos foram enviadas por meio de oleoduto. A Rússia também exportou 4,8 milhões de toneladas de gasolina em 2022.

Desse total, 3,5 milhões de toneladas de gasolina e 6,6 milhões de toneladas de diesel foram exportadas por ferrovia, de acordo com os dados do LSEG.

A Rússia tem enfrentado escassez e altos preços dos combustíveis nos últimos meses, o que prejudicou os agricultores, especialmente durante a temporada de colheita.

Desde que a proibição foi introduzida, os preços do diesel no atacado na bolsa local caíram 21%, enquanto os preços da gasolina caíram 10%.

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Decisão russa de proibir exportação de diesel pode pressionar Petrobras https://investnews.com.br/economia/decisao-russa-de-proibir-exportacao-de-diesel-pode-pressionar-petrobras/ Thu, 21 Sep 2023 19:50:04 +0000 https://investnews.com.br/?p=528377 A decisão da Rússia desta quinta-feira (21) de proibir temporariamente as exportações de diesel em meio a uma escassez interna deverá impactar o mercado brasileiro e pressionar a Petrobras (PETR3 e PETR4) por reajustes nas refinarias, disseram especialistas à Reuters.

No caso de o produto da Rússia ficar escasso também no Brasil, a necessidade de importações de outras origens seria maior. Mas tais compras externas por importadores demandam uma conjuntura de preços mais altos da Petrobras, já que o diesel da estatal atualmente tem uma defasagem em relação ao mercado global, segundo analistas.

Tanques da Petrobras 17/06/2022 REUTERS/Ueslei Marcelino

A Rússia se tornou neste ano o principal fornecedor estrangeiro de diesel para o mercado brasileiro, tomando a posição dos norte-americanos ao ofertar o combustível com desconto em relação a outras origens, enquanto enfrenta sanções dos países do G7 aos derivados produzidos no país por conta da guerra da Ucrânia.

Somente em agosto, o diesel russo foi responsável por mais de 70% do volume importado pelo Brasil, que importa entre 25% e 30% de sua necessidade desse combustível.

“A partir do momento em que a grande fonte supridora acaba sendo reduzida na marra, a tendência é que o mercado responda como uma sinalização de restrição”, disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo.

O especialista destacou ainda que o diesel dos EUA, que tradicionalmente era o maior fornecedor externo do Brasil, está atualmente com valores R$ 0,50 por litro mais altos do que a média praticada pela Petrobras, principal fornecedora do Brasil, na venda a distribuidoras.

“O mercado já está reagindo, o preço do diesel subindo… a expectativa é que amanhã (sexta-feira) tenha reflexo no PPI (Preço de Paridade de Importação) da ordem de 5%”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araújo.

FOTO DE ARQUIVO: Vista mostra o terminal de petróleo bruto Kozmino na costa da Baía de Nakhodka, perto da cidade portuária de Nakhodka, Rússia, 12 de agosto de 2022. REUTERS/Tatiana Meel/Foto de arquivo

Com menor oferta do diesel russo, o produto importado deve ficar mais caro no Brasil.

Isso em um contexto em que defasagem de preços do diesel importado em relação ao da Petrobras é de 14%, nas contas da Abicom.

“Isso sem dúvida pressiona também a Petrobras, mas vamos aguardar, vamos ver como é que fica”, acrescentou Araujo, lembrando que importadores têm dificuldades de fazer compras externas com tal defasagem de preços, enquanto o Brasil depende do combustível importado para atender boa parte de suas necessidades.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues, concorda.

“A restrição anunciada pela Rússia, sem dúvida, afeta o Brasil… Com a restrição, a saída vai ser o mercado internacional, portanto a defasagem deve aumentar e a importação diminuir, pressionado a Petrobras”

diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues

Mas a Rússia não deu detalhes sobre tal restrição. Especialistas apontaram que será preciso aguardar os próximos dias para haver maior clareza sobre os desdobramentos.

A Rússia já reduziu suas exportações marítimas de diesel e gasóleo em quase 30%, para cerca de 1,7 milhão de toneladas, nos primeiros 20 dias de setembro ante o mesmo período de agosto, uma vez que as refinarias locais entraram em manutenção sazonal e o mercado doméstico enfrenta uma escassez de combustível e preços em alta, disseram operadores e dados do LSEG.

“A situação, se confirmada e mantida, aponta para um cenário de complexidade e volatilidade para o mercado brasileiro de diesel. A Rússia se tornou o principal fornecedor de diesel para o Brasil… isso terá implicações significativas para o país, dada a dependência de 30% do Brasil em relação ao abastecimento externo do produto”

ex-diretor da ANP Aurélio Amaral

Para o ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, a medida russa “pode ter um impacto bastante negativo”, pois a Petrobras teria que importar mais diesel, caso mantida a política atual de preços.

“Ou seja, está política de não acompanhar o PPI distorce o mercado e pode trazer desafios importantes para o abastecimento”

ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho

Com a nova gestão, a Petrobras abandonou a chamada política do PPI e anunciou uma nova estratégia que promete praticar valores mais favoráveis para ela e para seus clientes, ao mesmo tempo em que evita volatilidades externas aos consumidores, sem se desgarrar da referência do mercado global.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Os preços do petróleo operavam em alta nesta quinta-feira, com o mercado considerando o impacto da decisão russa. Por volta das 14h (horário de Brasília), o barril do Brent subia 0,15%, para US$ 93,67.

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Heineken sai da Rússia com venda de operações por 1 euro https://investnews.com.br/negocios/heineken-sai-da-russia-com-venda-de-operacoes-por-1-euro/ Fri, 25 Aug 2023 17:42:57 +0000 https://investnews.com.br/?p=521949 A cervejaria holandesa Heineken (HEIA34) disse nesta sexta-feira (25) que completou sua saída da Rússia ao vender suas operações no país ao russo  Arnest Group pelo preço simbólico de 1 euro.

Copo da Heineken em restaurante de Hanói, no Vietnã 30/05/2019 REUTERS/Nguyen Huy Kham

A segunda maior cervejaria do mundo disse que o negócio recebeu todas as aprovações necessárias e provavelmente a deixará com uma perda extraordinária de 300 milhões de euros.

A Heineken, que anunciou a sua intenção de sair da Rússia em março de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, reconheceu que o processo demorou mais do que o esperado.

“Desenvolvimentos recentes demonstram os desafios significativos enfrentados pelas grandes empresas industriais ao saírem da Rússia”, disse o presidente-executivo, Dolf van den Brink, em comunicado.

Muitas empresas multinacionais correram para deixar a Rússia após o Ocidente ter imposto sanções sem precedentes a Moscou, mas o Kremlin retaliou confiscando alguns bens.

Algumas empresas estrangeiras que tentam sair da Rússia enfrentam um grande salto nos custos, uma vez que Moscou exige descontos maiores nos preços dos ativos que pretendem vender, disseram três pessoas com conhecimento do assunto.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto em julho para assumir o controle da subsidiária da Danone no país, assim como a participação da Carlsberg em uma cervejaria local.

Putin alerta Ocidente: Rússia não pode ser isolada
Presidente russo, Vladimir Putin, discursa durante visita ao Cosmódromo de Vostochny, na Rússia 12/04/2022 Sputnik/Evgeny Biyatov/Kremlin via REUTERS

A Anheuser-Busch InBev também disse que planeja sair de sua joint venture na Rússia com a turca Efes.

Questionado se as experiências da Danone e da Carlsberg aumentaram a urgência para a Heineken fechar um acordo, van den Brink disse a jornalistas: “a nossa preocupação aumentou, mas não a urgência. Isso mostrou que havia um risco real de nacionalização e tudo o que se podia fazer era procurar ser o mestre do seu destino.”

Ele não quis entrar em detalhes sobre por que a busca por um comprador demorou mais do que o esperado, chamando o processo de “altamente complexo”.

“Estamos felizes por termos encontrado um comprador adequado. Acreditamos que é uma parte confiável… Estamos felizes por este processo chegar ao fim e por podermos deixar a Rússia”

presidente-executivo, Dolf van den Brink

A Heineken tinha sete cervejarias na Rússia e 1.800 funcionários, que receberão garantias de emprego pelos próximos três anos.

A cervejaria holandesa retirou a sua marca Heineken da Rússia no ano passado e a produção da Amstel deverá ser encerrada dentro de seis meses.

A Heineken disse que o acordo, sem opção de recomprar o negócio, incluía uma licença de três anos para algumas marcas regionais menores, para as quais a Heineken não forneceria suporte à marca nem receberia quaisquer receitas.

O Grupo Arnest possui um importante negócio de embalagens de latas e é o maior fabricante russo de aerossóis, além de vender cosméticos e utensílios domésticos.

A Heineken disse que a transação terá um impacto insignificante em suas perspectivas para o ano inteiro.

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Brasil acelera compra de combustível russo para níveis recordes https://investnews.com.br/economia/brasil-acelera-compra-de-combustivel-russo-para-niveis-recordes/ Thu, 17 Aug 2023 16:53:57 +0000 https://investnews.com.br/?p=519348 O Brasil acelerou para níveis recordes as compras de combustível da Rússia, que se consolida como principal fornecedor do país à medida que Moscou estabelece novos mercados após o veto da União Europeia.

As importações brasileiras de derivados de petróleo da Rússia devem saltar 25% este mês em relação a julho, para cerca de 235.000 barris por dia, mostram dados da Kpler. Isso supera de longe os EUA, que costumavam ser o principal fornecedor externo de combustível para o Brasil.

Bomba de petróleo em Almetyevsk, Rússia. REUTERS/Alexander Manzyuk/File Photo

O Brasil começou a aumentar acentuadamente as compras em fevereiro, mês em que a UE proibiu as importações dos combustíveis russos. Os EUA e seus aliados tentam limitar o fluxo de petrodólares para a Rússia para reduzir o financiamento da guerra que o país trava na Ucrânia. As medidas reduziram os preços dos combustíveis russos, que precisam ter valores atraentes para competir por novos mercados.

“Obter barris com desconto é um benefício financeiro” para o Brasil, onde o governo está sempre sob pressão para reduzir o custo dos combustíveis, disse Viktor Katona, principal analista de petróleo da Kpler.

Brasil importa mais combustível da Rússia; chegadas de produtos petrolíferos russos devem saltar para o nível mais alto em agosto (Imagem: Bloomberg)
Brasil importa mais combustível da Rússia; chegadas de produtos petrolíferos russos devem saltar para o nível mais alto em agosto (Imagem: Bloomberg)

O G7 e a UE também impuseram um teto global de preço sobre os produtos russos comercializado por empresas de seus países, que é de US$ 100 o barril para os principais derivados, como diesel, e de US$ 45 para os mais baratos, como lubrificantes. 

Sob o sistema, as empresas dos países do G7 podem transportar os embarques russos apenas se as cargas custarem menos do que esses preços. Katona estima que a compra de diesel russo reduziu os preços do combustível importado pelo Brasil em US$ 10 a US$ 15 o barril.

Desde que o limite entrou em vigor, o Brasil se tornou o segundo maior comprador de diesel russo no mundo, atrás apenas da Turquia, de acordo com a Kpler. No campo diplomático, o Brasil tenta assumir posição neutra sobre quem é o culpado pela guerra.

Desde junho, a Rússia também começou a fornecer gasolina ao Brasil, embora em escala muito menor, e é possível que os embarques de nafta também aumentem, segundo a Kpler.

“O Brasil é o maior mercado latino-americano, então as refinarias russas estão focadas no fornecimento para o país”, disse Katona. “Mesmo as empresas brasileiras admitem que a compra de diesel russo cria uma vantagem competitiva, então acho que continuará avançando.”

  • Confira ações da Petrobras (PETR4)
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Banco dos Brics se volta para moedas locais com sanções à Rússia https://investnews.com.br/economia/banco-dos-brics-se-volta-para-moedas-locais-com-sancoes-a-russia/ Thu, 10 Aug 2023 11:27:38 +0000 https://investnews.com.br/?p=516855 Prejudicado pelo impacto das sanções contra a Rússia, uma de suas acionistas fundadoras, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) criado pelo grupo de países do Brics precisa aumentar sua arrecadação de fundos e empréstimos em moeda local, disse o ministro das Finanças da África do Sul à Reuters.

A África do Sul receberá líderes dos outros países do bloco – Brasil, Rússia, Índia e China – em uma cúpula em Joanesburgo neste mês, com o objetivo de fazer do bloco um contrapeso para o Ocidental.

O ministro das Finanças sul-africano, Enoch Godongwana, disse que aumentar o uso da moeda local entre os membros do NDB também estará na agenda, com o objetivo de reduzir o risco do impacto das flutuações cambiais em vez da desdolarização.

“A maioria dos países que são membros do NDB têm incentivado o banco a fornecer empréstimos em moedas locais”, afirmou ele.

Estabelecido em 2015 como o principal projeto financeiro do bloco, autoridades do banco e observadores dizem que a vocação do NDB de servir economias emergentes e a ambição de finanças desdolarizadas foram prejudicadas pelas realidades econômicas globais e pela invasão de Moscou na Ucrânia.

“(O NBD não está) fazendo tanto quanto os países membros exigem, mas essa é a direção estratégica para qual estamos empurrando o banco”, disse Godongwana em uma recente entrevista por telefone.

Aumentar a arrecadação de fundos em moeda local e levantar capital de novos membros também pode ajudar o NDB em tempos difíceis, o que reduziria sua dependência dos mercados de capitais dos EUA, onde as sanções contra a Rússia aumentaram os custos de empréstimos, disseram analistas.

O diretor financeiro Leslie Maasdorp disse à Reuters em entrevista na sede do NDB em Xangai que o banco pretende aumentar os empréstimos em moeda local de cerca de 22% para 30% até 2026, mas que há limites para a desdolarização.

“A moeda operacional do banco é o dólar por uma razão muito específica – o dólar é onde estão os maiores reservatórios de liquidez”, disse ele.

Dos mais de 30 bilhões de dólares em empréstimos aprovados pelo NDB, dois terços foram em dólares, mostrou uma apresentação para investidores em abril.

Essa dependência do dólar tornou-se uma desvantagem quando os EUA impuseram sanções à Rússia no ano passado.

O NDB interrompeu os empréstimos à Rússia, mas as medidas não impediram que a agência de recomendação Fitch rebaixasse o banco de “AA+” para “AA” em julho de 2022. Os custos dos empréstimos em dólares dispararam.

Um título de US$ 1,5 bilhão de cinco anos que o NDB emitiu em abril de 2021 tinha um cupom de 1,125%. Dois anos depois, um título de cinco anos de US$ 1,25 bilhão tinha um cupom de 5,125%. Isso é cerca de 30 pontos-base mais caro do que outros bancos multilaterais de desenvolvimento com classificações de crédito semelhantes, disse Alexander Ekbom, analista da S&P Global Ratings.

Como resultado desse prêmio de risco, disse Maasdorp, o NDB teve que controlar novos empréstimos.

Embora o NDB tenha aprovado empréstimos no valor de US$ 32,8 bilhões para projetos que vão desde linhas de metrô de Mumbai até iluminação solar em Brasília, os empréstimos em seu balanço valiam menos da metade desse valor no final de março.

E o banco acrescentou apenas US$ 1,29 bilhão em empréstimos novos ou aumentados no ano passado.

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3 fatos para hoje: KPMG alertou Americanas sobre crise; Brics e IPC https://investnews.com.br/geral/3-fatos-para-hoje-kpmg-alertou-americanas-sobre-crise-brics-e-ipc/ Wed, 02 Aug 2023 11:18:34 +0000 https://investnews.com.br/?p=513413 KPMG alertou Americanas sobre falta de controle financeiro em 2019, diz sócia à CPI

A administração da Americanas (AMER3) recebeu vários alertas sobre as deficiências contábeis da companhia e a necessidade de melhorar os controles internos, disse uma sócia da KPMG nesta terça-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso.

A Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro após revelar um escândalo atualmente calculado em mais de 25 bilhões de reais, estava ciente das deficiências e rescindiu o contrato com a KPMG depois que a empresa de contabilidade invejou uma carta de controles internos , disse Carla Bellangero, sócia da KPMG no Brasil.

Um relatório de meados de junho, elaborado com base em informações de um comitê independente e de assessores da Americanas e publicado pela varejista atribuiu uma fraude a ex-executivos.

Além disso, também em junho, o depoimento à CPI do atual presidente do varejista, Leonardo Coelho, que assumiu a carga após o início da crise, teve dúvidas sobre a potencial participação de bancos e empresas de auditoria no caso.

Bellangero disse nesta terça-feira que a KPMG, que auditou de 2016 a 2019 as contas da B2W e da Lojas Americanas não encontrou manifestações de fraude em nenhuma das empresas. Em 2021, as duas companhias se fundiram para formar a atual Americanas.

No entanto, a KPMG encontrou “deficiências” no controle de verba de propaganda cooperativa e instrumentos semelhantes, disse Bellangero. Esses contratos são fechados entre varejistas e fornecedores para divulgação de determinados produtos.

A KPMG sinalizou a necessidade de melhorias nas contas das empresas, inclusive no orçamento desses contratos de propaganda, chamados de VPCs, para os diretores financeiros da Lojas Americanas e da B2W em agosto de 2019, afirmou Bellangero.

“Como não obtivemos nenhuma resposta desse e-mail, emitiu uma carta de controles internos para chamar a atenção da administração sobre a necessidade de melhorias”, acrescentou ela.

Seis dias depois, a Americanas rescindiu seu contrato com a KPMG, disse Bellangero. Na época, a B2W e as Lojas Americanas citaram “circunstâncias comerciais” como justificativa.

Procurada pela Reuters, a Americanas disse em nota que “a substituição da auditoria externa KPMG pela PWC em 2019 conto com a anuência da própria empresa de auditoria, que posteriormente manteve relação contratual com a companhia”.

As irregularidades contábeis da Americanas totalizam cerca de 25 bilhões de reais, e foram realizadas ao menos desde 2016 até 2022 e envolvidas dezenas de funcionários, com falsificação de contratos de VPCs e contabilização de transações com bancos, conforme informações divulgadas pela própria empresa e por Coelho.

Fabio Cajazeira Mendes, líder de auditoria da PwC, empresa que auditava os balanços da Americanas desde 2019 até este ano, disse que tal fraude, se comprovada, teria sido sofisticada e com conluio de ex-diretores.

Em casos como esse, disse ele, “há, infelizmente, a possibilidade de que essa fraude não seja detectada”.

Essa foi a primeira vez que representantes de empresas que prestaram serviços de auditoria para Americanas deram declarações com detalhes sobre o caso, à medida que até então as companhias indicaram se posicionadas de modo mais alegando necessidade de sigilo das informações.

Bellangero e Mendes ainda alegaram que foram tiradas de contexto comunicações entre as auditorias e executivas da Americanas, divulgadas por Coelho em junho à CPI e que apontavam para a suposta modificação da redação de documentos contábeis após pedidos da loja.

Em sua nota, a Americanas reafirmou ainda em relação aos apresentados por Coelho à CPI sobre mudança, pela KPMG, da Carta de Controles Internos, “que tal alteração foi realizada para reclassificar a VPC de ‘recomendações que mereceram atenção da Administração’, para ‘Outras Recomendações’, fazendo com que tal item deixesse de ser considerado como deficiência significativa”.

A Americanas reiterou também que “o relatório apresentado à CPI é preliminar e foi entregue às autoridades competentes, que conduziram suas próprias investigações”.

O ex-presidente da Americanas Miguel Gutierrez, que deixou a empresa no final de 2022, também deveria depor nesta terça-feira, mas alegou problemas de saúde. Procurado, o empresário não se posicionou.

Fábio Abrate, ex-executivo da companhia e ex-diretor de relações com investidores da B2W, compareceu ao depoimento, mas se competiu a responder aos parlamentares.

Presidente Lula em Bruxelas 17/7/2023 REUTERS/Johanna Geron
  • Confira a as ações da Via Varejo (VIIA3)

Em minoria, o Brasil vê com ressalvas estendidas do Brics defendido pela China e Rússia

A próxima cúpula do Brics, no final de agosto, em Joanesburgo, terá que resolver uma questão central para o futuro do bloco: a decisão de aceitar novos membros, em um movimento de forte pressão da China e apoiado pela Rússia , mas visto com ressalvas pelo Brasil, que admite estar em minoria na discussão, informou três fontes com conhecimento das discussões.

O tema vem dominando as conversas preparatórias para a cúpula entre os membros do grupo — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — desde que os chineses pediram que se cheguem a um acordo sobre critérios para admissão de mais membros durante a cúpula, que será a primeira presencial desde 2019, ocorrida no Brasil.

Atualmente, cerca de 30 países já declararam interesse em aderir, enquanto 22 apresentaram formalmente suas candidaturas. Entre os principais candidatos de hoje, e os que mais pressionaram pela entrada, estão Arábia Saudita, Emirados Árabes, Irã, Egito e Etiópia. A Argentina também está entre os candidatos, mas uma das fontes destacadas que a insistência do país pode não se manter depois das eleições deste ano, o que é algo a ser observado.

Enquanto a China e a Rússia se entusiasmaram como uma possibilidade de aumento de poder político no cenário global, o governo brasileiro teme uma diluição da influência do bloco.

“Uma extensão pode transformar o bloco em outra coisa. A posição do Brasil tem sido se preocupar com a coesão do grupo com alguma preservação do nosso espaço em um grupo de países importantes”, disse à Reuters uma das fontes envolvidas nessa negociação.

Outras duas fontes do governo que participaram das conversas, inclusive viajando para encontros preparatórios em Joanesburgo, corroboraram a mesma posição brasileira.

Não se espera que a cúpula termine com a decisão pela incorporação de novos países, apesar de nomes já estarem circulando. A decisão foi por uma discussão para estabelecer critérios e princípios, mas o governo brasileiro admite que está em uma posição minoritária.

A China sempre foi uma defensora ferrenha da extensão do bloco, e a pressão aumentou recentemente por questões geopolíticas, com o crescimento da disputa comercial entre os Estados Unidos e o país asiático, que terminou por envolver também os europeus.

Em uma resposta escrita à Reuters, o governo chinês afirmou que desde sua criação os Brics se transformou em uma “força positiva, estável e construtiva nos temas internacionais” e confirmou que defende novas adesões em breve.

“A China sempre advogou que o Brics é um mecanismo aberto e tolerante, e apoia a expansão de seus membros, e dá as boas-vindas a novos membros com os mesmos princípios para se unirem à ‘família Brics’ brevemente”, afirmou.

Já a Rússia, que era contrária à extensão, mudou de posição, também por uma necessidade de se contrapor ao G7 e ter mais aliados em meio à invasão da Ucrânia.

Nesta terça-feira, um porta-voz do governador russo confirmou que esse será o tema central da cúpula, da qual o presidente Vladimir Putin não participará, já que há pedidos internacionais de prisão contra ele.

“Esse é um tópico muito importante. Nós vemos mais e mais países declarando seu desejo de se unir aos Brics”, disse o porta-voz de Dmitry Peskov.

A Índia, que também era contrária, passou a defender novos membros no último mês, de acordo com diplomatas brasileiros, o que deixaria o Brasil em uma posição minoritária. No entanto, uma fonte do governo indiano afirmou à Reuters que o país ainda tem reservas em relação à expansão. “Se isso acontecer, tem que acontecer através de consenso”, disse, acrescentando que o país sempre defendeu uma política consistente para novos membros.

Decisão por consenso

O que se tenta agora é chegar em um acordo sobre critérios. O governo brasileiro defende que o processo seja gradual e com equilíbrio regional, e que se preserve de alguma forma o espaço dos membros originais.

A proposta é que novos membros sejam admitidos como países parceiros, e não membros plenos, como é feito em outras organizações. Os parceiros participariam das cúpulas, mas algumas ações do bloco, hoje em vigor, seriam limitadas. Seria uma forma de experimentar sem desfigurar o bloco e sem trazer o envolvimento que um grande aumento poderia causar.

Uma proposta da África do Sul aponta Arábia, Emirados, Egito e Indonésia como os primeiros candidatos, mas o Brasil vê aí também uma distração regional.

Representante da África do Sul no Brics, Anil Sooklal destacou que o princípio que guia os negócios no bloco é o consenso. “Se não tem consenso não tem acordo”, disse.

Com uma posição quase didática hoje, dificilmente o Brasil terá chance de sair vitorioso e os próximos anos devem ver uma introdução do bloco, criado formalmente em 2006 com uma reunião de chanceleres — na época, apenas como Bric, ainda sem a África do Sul , que ingressou em 2011.

Com a necessidade de consenso, o formato da tomada de decisões permitiria ao Brasil barrar algo que o desagrade, mas essa não é a tônica da diplomacia brasileira, diz uma das fontes.

“A gente vai ter que ceder em algum momento porque a gente é realista e o Brasil negocia, não é da nossa índole barrar. Mas provavelmente vai ser ruim e a gente vai ter que construir outros espaços internacionais”, disse a fonte.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; reportagem adicional de Laurie Chen, em Pequim; Krishn Kaushik, em Nova Délhi; Tim Cooks, em Johanesburgo; e Gareth Jones, em Moscou)

Vista aérea de São Paulo com edifício Itália e Copan ao fundo

IPC-Fipe cai 0,14% em julho e deixa inflação acumulada em 2023 em 1,92%

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, caiu 0,14% em julho, aprofundando queda em relação ao declínio de 0,03% de junho e também frente ao recuo de 0,01% visto na terceira quadrissemana do mês passado, segundo dados publicados nesta quarta-feira, 2, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O resultado de julho ficou abaixo das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, de baixa de 0,01% a acréscimo de 0,03%, com mediana de +0,02%.

Entre janeiro e julho, o IPC-Fipe acumulou inflação de 1,92%. No período de 12 meses até julho, o índice subiu 3,66%, vindo também abaixo das expectativas, que iam de 3,79% a 3,98%.

No sétimo mês de 2023, quatro dos sete componentes do IPC-Fipe desaceleraram ou caíram em ritmo mais forte: Habitação (de 0,25% em junho a 0,10% em julho), Alimentação (de -0,80% a -1,10%), Despesas Pessoais (de 0,51% a 0,07%) e Vestuário (de 0,32% a 0,11%).

Por outro lado, houve aceleração de junho para julho nas categorias Transportes (de -0,25% a 0,33%), Saúde (de 0,43% a 0,48%) e Educação (de 0,14% a 0,25%).

Veja abaixo como ficaram os componentes do IPC-Fipe em julho:

– Habitação: 0,10%

– Alimentação: -1,10%

– Transportes: 0,33%

– Despesas Pessoais: 0,07%

– Saúde: 0,48%

– Vestuário: 0,11%

– Educação: 0,25%

– Índice Geral: -0,14%

*Com Reuters e Estadão Conteúdo.

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Recuperação da Ucrânia depende do retorno de milhões de mulheres https://investnews.com.br/economia/recuperacao-da-ucrania-depende-do-retorno-de-milhoes-de-mulheres/ Mon, 24 Jul 2023 21:20:39 +0000 https://investnews.com.br/?p=508993 A Ucrânia precisa que suas mulheres refugiadas voltem para casa, e logo.

Quase um ano e meio após a invasão russa comandada pelo presidente Vladimir Putin, o custo da resistência foi devastador. A menos que os mais de seis milhões de refugiados da Ucrânia retornem, parte desse dano será permanente.

A maioria dos homens de 18 a 60 anos não tem permissão para deixar o país, o que explica por que 68% dos refugiados ucranianos são mulheres, com uma disparidade de gênero ainda maior entre os adultos. O fracasso em persuadir as 2,8 milhões de mulheres em idade produtiva a retornar pode custar à Ucrânia até 10% de seu PIB anual pré-guerra, de acordo com Alexander Isakov, da Economia Bloomberg.

Mulheres e crianças em fuga da Ucrânia se reúnem na estação de trem de Przemysl, em 2 de março de 2022. (Foto: Bloomberg)
Mulheres e crianças em fuga da Ucrânia se reúnem na estação de trem de Przemysl, em 2 de março de 2022. (Foto: Bloomberg)

São US$ 20 bilhões por ano no pior cenário, o que facilmente superaria o pacote de ajuda de quatro anos proposto pela União Europeia para a Ucrânia, no valor anual de € 12,5 bilhões (cerca de US$ 14 bilhões).

“Para mim, pessoalmente, a vitória será quando as famílias ucranianas se reunirem na Ucrânia, não no exterior”, disse a vice-ministra da Economia, Tetyana Berezhna, em entrevista. “Portanto, a tarefa mais importante agora para a Ucrânia, para o governo ucraniano, é fazer todo o possível para que as mulheres com filhos voltem para seus maridos e se reúnam na Ucrânia.”

Valeriya Lyulko, (esquerda), sua mae, Dana, e o filho Nikos, refugiados em Frankfurt, Alemanha. Foto: Sandra Weller/Bloomberg

Mesmo antes da guerra, a maior fragilidade econômica da Ucrânia era demográfica, com taxa de fertilidade de apenas 1,2, entre as piores da Europa. Dezenas de milhares de soldados e civis mortos, e um número ainda maior de feridos ou traumatizados demais para trabalhar, reduzem ainda mais o número de consumidores e membros da força de trabalho indispensáveis ​​à recuperação.

Ataque na região ucraniana de Odessa 21/7/2023 Divulgação via REUTERS

O governo tem planos ambiciosos para a reconstrução pós-guerra que dobrariam o tamanho da economia até 2032, mas o ministério da economia diz que a Ucrânia tem 4,5 milhões a menos do número de trabalhadores e empresários necessários para atingir essa meta. O objetivo é preencher a lacuna com um misto de retorno de refugiados — 60% dos quais têm diplomas — e talentos estrangeiros.

Para tanto, está trabalhando em incentivos para trazer as mulheres de volta à força de trabalho, incluindo uma nova lei trabalhista que visa restringir a disparidade salarial entre gêneros, e subsídios para ajudar as esposas de quem luta na linha de frente a iniciar negócios.

O foco é persuadir os refugiados a retornarem a lugares como Mykolaiv.

Ataque russo em Mykolaiv 20/7/2023 REUTERS/Viktoria Lakezina

Quando a Dinamarca concordou em liderar um programa de reconstrução da cidade portuária, o embaixador Ole Egberg Mikkelsen sabia que estaria ajudando a restaurar a infraestrutura de água e energia para tornar a cidade habitável novamente. Ele não esperava que o esforço envolvesse a construção de abrigos antiaéreos para crianças.

O projeto foi acordado em 3 de julho para restaurar até 16 escolas danificadas, acrescentando abrigos quando apropriado, “porque as famílias com crianças disseram que não voltariam para uma cidade tão perto da linha de frente sem isso”, disse Mikkelsen.

Mas isso ainda não é suficiente para convencer Daria Chestina a voltar do Brasil com sua filha de nove anos, Varvara.

Varvara perdeu contato com seus amigos depois de fugir dos bombardeios e dos tanques que passavam por Mykolaiv. Quando chegou a Curitiba, ela ficou reclusa, zangada e sem vontade de comer.

Chegando lá, Chestina, gerente comercial de um grande terminal de grãos no porto de Mykolaiv antes da guerra, rapidamente encontrou trabalho em uma consultoria de commodities brasileira. E Varvara agora está feliz em sua escola internacional, onde aprende português e inglês.

A mãe de Chestina já voltou para Mykolaiv para reabrir sua padaria, e ela mesma visitou a cidade em maio. Mas, para Chestina, os abrigos antiaéreos escolares não são suficientes para remover a ameaça das barragens de mísseis, de que ela já teve que fugir uma vez, na cidade de Luhansk, em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e alimentou uma insurgência armada na região de Donbass, no leste da Ucrânia.

Prédio destruído por ataque aéreo russo, em Orikhiv, região de Zaporizhzhia 10/07/2023 Comandante militar regional de Zaporizhzhia Yurii Malashko via Telegram/Divulgação via REUTERS

“Se eu não tivesse minha filha, já estaria de volta à Ucrânia”, disse Chestina, de 31 anos, que teme que jovens como ela, que falam uma língua estrangeira e têm habilidades globalmente requisitadas pelo mercado de trabalho, nunca retornem. Isso pode esvaziar um recurso crítico para a construção de uma nova Ucrânia.

Se as pessoas não voltarem, disse ela, então “por que fazemos esta guerra?”

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Fundo que só investe em democracias livres supera 97% de emergentes https://investnews.com.br/esg/fundo-que-so-investe-em-democracias-livres-supera-97-de-emergentes/ Thu, 13 Jul 2023 21:00:09 +0000 https://investnews.com.br/?p=504396 Um gestor de fundos com padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) que evita investir em nações classificadas como antidemocráticas tem um de seus melhores anos, depois que a estratégia o ajudou a evitar colapsos em vários mercados emergentes.

Thierry Larose, gestor da Vontobel Asset Management, administra um fundo de títulos em moeda local de mercados emergentes sustentáveis de US$ 330 milhões. De Zurique, ele monitora os rankings da Freedom House, em Washington, e coloca na lista proibida todos os países identificados como “não livres”. Isso deixa um terço do universo dos mercados emergentes de fora, o que inclui alguns dos maiores países.

Nações ‘não livres’ ficam de fora

Os rankings da Freedom House, com 210 países e territórios, levam em consideração eleições, liberdade de expressão e estado de direito. Entre as nações classificadas como “não livres” estão China, Rússia, Egito, Turquia e Tailândia. A estratégia do fundo é baseada na afirmação de que regimes autocráticos tendem a apresentar mais instabilidade no longo prazo, porque carecem dos pesos e contrapesos tipicamente presentes em democracias mais fortes.

“Essa estrutura de filtragem nos ajudou muito”, disse Larose, que coadministra o fundo com Carl Vermassen para a Vontobel, de controle familiar, e que tem US$ 230 bilhões sob gestão.

“Se não houver um mínimo de democracia ou liberdade em um determinado país, as chances são altas de que as instituições sejam mais fracas, implicando maior incerteza em todos os níveis e, para os mercados financeiros, maior probabilidade de volatilidade e retornos erráticos.”

Thierry Larose, gestor da Vontobel Asset Management.

A regra do fundo de não financiar regimes autoritários o salvou do colapso na Rússia após a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin e de perdas no Egito e na Turquia. Combinado com o rali deste ano nas democracias da América Latina, isso o coloca à frente de 97% dos mais de 5 mil fundos de mercados emergentes de renda fixa monitorados pela “Bloomberg”.

O fundo da Vontobel gerou retornos totais de 17% em dólar em 12 meses, em comparação com 4% no índice de dívida local de mercados emergentes de referência da Bloomberg.

Evitar Rússia

A Rússia, que já foi a favorita de investidores em mercados emergentes, foi expulsa dos índices de referência dos mercados emergentes e recebeu fortes sanções dos EUA e Europa.

Ucrânia desafia exigência russa de depor armas em Mariupol
Tropas pró-Rússia vasculham carros na cidade portuária ucraniana de Mariupol 20/03/2022 REUTERS/Alexander Ermochenko

A Turquia, classificada como “não livre” pela Freedom House por reprimir dissidentes e limitar a liberdade de expressão, lidera as perdas em dívida local de mercados emergentes este ano, com uma queda de quase 40%. O Egito, onde a oposição significativa é praticamente inexistente, segundo a organização, perdeu 18%, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Por outro lado, três dos cinco países com melhor desempenho neste ano — Colômbia, Brasil e Polônia — são classificados como “livres”, enquanto outros dois — Hungria e México — foram classificados como “parcialmente livres” no relatório anual “Freedom in the World” do think tank.

Larose permite o investimento em países “parcialmente livres” e, embora possa haver diferenças de opinião sobre as designações, “preferimos confiar nas classificações fornecidas por terceiros para fins de objetividade”, disse.

“Você não pode ser muito rigoroso se quiser investir em mercados emergentes”, afirmou. “Se quiser democracias completas, acabará com um portfólio com Canadá, Nova Zelândia, Suíça.”

Thierry Larose, gestor da Vontobel Asset Management.

Embora autocracias muitas vezes se esforcem para evitar default da dívida em moeda forte, o que poderia desestabilizar seus regimes e arriscar a apreensão de ativos internacionais pelos tribunais dos EUA, o conjunto de riscos é diferente para a dívida local.

“Nossa convicção é que, se não houver liberdade e democracia suficientes, há um risco maior de que decisões não pragmáticas e irresponsáveis sejam tomadas, levando a mais incerteza e, no final, a mais volatilidade dos ativos”.

Thierry Larose, gestor da Vontobel Asset Management.

“Esses países são mais propensos a não tomar medidas ortodoxas e pragmáticas e, historicamente, têm deixado de pagar suas dívidas locais com mais frequência do que países livres ou parcialmente livres”.

Favoritos do fundo

Países emergentes que devem se beneficiar mais da queda dos juros nos EUA e da forte demanda da China são classificados como livres, acrescentou Larose. Sua cesta de favoritos inclui títulos da Coreia do Sul, Malásia, República Tcheca, Israel, África do Sul, Brasil e México.

No entanto, sua estratégia nem sempre funcionou. Em 2019, o gestor teve um desempenho inferior ao de seus pares, quando Egito e Rússia entregaram os maiores retornos aos investidores, enquanto Argentina e Chile tiveram as maiores perdas.

“Essa é uma grande restrição, mas estamos felizes em usar essa estratégia, pois a vemos como uma salvaguarda”, afirmou. “Às vezes, você vai ficar de fora, mas, na média, é benéfico.”

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3 fatos para hoje: Deflação na China, Congresso ouve Mauro Cid e Putin https://investnews.com.br/geral/3-fatos-para-hoje-deflacao-na-china-congresso-ouve-mauro-cid-e-putin/ Mon, 10 Jul 2023 11:19:16 +0000 https://investnews.com.br/?p=502421 Pressão deflacionária na China aumenta à medida que preços ao consumidor arrefecem

Os preços ao produtor da China caíram em seu ritmo mais rápido em mais de sete anos em junho, enquanto os preços ao consumidor arrefeceram até ficar à beira da deflação, aumentando os argumentos para que as autoridades usem mais estímulos para reanimar a demanda fraca.

O agravamento da deflação dos preços no portão das fábricas e o movimento dos preços ao consumidor em direção à deflação pela primeira vez desde fevereiro de 2021 são um mau presságio para o crescimento econômico da China.

O ímpeto da recuperação pós-pandemia da China desacelerou ante uma rápida retomada vista no primeiro trimestre, com enfraquecimento da demanda por produtos industriais e de consumo, levantando preocupações sobre a saúde da segunda maior economia do mundo.

“Acreditamos que o ambiente de deflação mais desafiador e a desaceleração acentuada no ímpeto de crescimento apóiam nossa visão de que o banco central entrou em um ciclo de corte de juros”, disseram economistas do Barclays em uma nota de pesquisa.

O índice de preços ao produtor chinês caiu pelo nono mês consecutivo em junho, com baixa de 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta segunda-feira, a queda mais acentuada desde dezembro de 2015. Isso se compara a uma queda de 4,6% no mês anterior e uma queda de 5,0% apontada em uma pesquisa da Reuters com analistas.

O índice de preços ao consumidor permaneceu inalterado na comparação anual, de ganho de 0,2% observado em maio, impulsionado por uma queda mais rápida nos preços da carne suína. Isso frustrou a expectativa de alta de 0,2% e foi o ritmo mais lento desde fevereiro de 2021.

A Nomura espera que os preços ao consumidor caiam 0,5% em julho em relação ao ano anterior, mesmo levando em consideração um aumento potencial na inflação de serviços como resultado das férias de verão.

As leituras de inflação mais fracas do que o esperado derrubaram os mercados financeiros asiáticos.

Palácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília

Congresso concentra atividades da semana em comissões

Após aprovar a reforma tributária, nesta semana, a Câmara de Deputados se concentrará nas atividades dos colegiados do Congresso Nacional, com destaque para a Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de Janeiro. Na manhã de terça-feira (11), a CPMI ouvirá o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Preso desde o dia 3 de maio, Cid será questionado sobre mensagens e documentos com teor considerado golpista encontrados em seu celular.

As mensagens encontradas pela Polícia Federal (PF) no celular de Mauro Cid foram tornadas públicas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As mensagens apontam para a elaboração de um plano de golpe com decretação de estado de sítio, suspensão da atual ordem constitucional, possível afastamento de ministros do TSE e a convocação de novas eleições.

Havia também diálogos de Cid com outros militares da ativa, nos quais eram apresentadas supostas justificativas para um possível golpe.

Além da CPMI, os deputados e senadores foram convocados para uma sessão do Congresso Nacional, que vai analisar diversos vetos presidenciais, também na terça-feira (12).

Como, até o momento, não há previsão de sessão deliberativa do plenário da Câmara, os deputados devem participar apenas das reuniões das comissões parlamentares.

Ainda na terça-feira, os trabalhos se concentrarão nas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, que debaterá a Política Nacional de enfrentamento aos crimes transfronteiriços; do Esporte, que vai abordar a readequação de velocidades para a segurança de pedestres e ciclistas; de Saúde, que avaliará o tratamento para Distonia no Sistema Único de Saúde (SUS); de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; Indústria, Comércio e Serviços, com debate sobre os impactos do regulamento da União Europeia contra o desmatamento.

Já as comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; de Indústria, Comércio e Serviços; de Administração e Serviço Público se reunirão para discutir e votar propostas legislativas.

Na quarta-feira (12), a comissão de Viação e Transportes vai tratar da atuação do Exército como executor de obras de infraestrutura; a Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação, dos impactos e perspectivas de revisão do novo Marco Legal da Inovação; a de Desenvolvimento Econômico, sobre sanções administrativas previstas para casos de vazamento de dados pessoais e a de Defesa do Consumidor, da manipulação de informações das Big Techs contra o Projeto de Lei das Fake News (PL 2.630/20).

As comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Defesa do Consumidor; de Viação e Transportes; de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; do Esporte de Fiscalização Financeira e Controle; de Ciência, Tecnologia e Inovação; de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família e de Cultura terão discussão e votação de propostas legislativas.

Na quinta-feira (13), não haverá atividade dos colegiados.

Senado

Já no Senado, a semana começa com sessão deliberativa do plenário, que será realizada de forma semipresencial na terça-feira (11). Na pauta, projetos que tratam da instituição do Programa Escola em Tempo Integral; de Conselhos Escolares e de Fóruns dos Conselhos Escolares; da implantação do serviço de monitoramento de ocorrências de violência escolar; da formação técnica profissional e tecnológica e de articular a formação profissional técnica de nível médio com a aprendizagem profissional; e do acesso a bolsas de pesquisa, desenvolvimento, inovação e intercâmbio para alunos, docentes, ocupantes de cargo público efetivo, detentores de função ou emprego público.

Na quarta-feira, também haverá sessão deliberativa do plenário semipresencial para tratar da autorização da ozonioterapia no território nacional; para estabelecer a inexistência de vínculo empregatício entre confissão religiosa, incluídos igreja, instituição, ordem ou congregação, e seus ministros, pastores, presbíteros, bispos, freiras, padres, evangelistas, diáconos, anciãos ou sacerdotes.

Os senadores também se revezarão nos trabalhos das diversas comissões que terão atividades até quinta-feira (14)

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião em Moscou 07/07/2023 Sputnik/Alexander Kazakov/Kremlin via REUTERS

Kremlin diz que chefe de grupo mercenário se encontrou com Putin após motim

O Kremlin disse nesta segunda-feira que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniu com o chefe do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, em 29 de junho, cinco dias depois que o grupo marchou em direção a Moscou em um motim de curta duração.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que Putin convidou 35 pessoas para a reunião, incluindo comandantes de unidades, e que ela durou três horas. Os comandantes do Wagner disseram a Putin que eram seus soldados e que continuariam a lutar por ele, disse Peskov.

O breve motim liderado por Prigozhin, no qual os combatentes do Wagner assumiram o controle da cidade de Rostov, no sul do país, confrontou Putin com o mais grave desafio ao seu poder desde que assumiu o cargo de líder supremo da Rússia no último dia de 1999.

O conflito foi neutralizado em um acordo intermediado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko. Desde então, Putin agradeceu a seu Exército e serviços de segurança por terem evitado o caos e a guerra civil.

Prigozhin disse que o motim não tinha como objetivo derrubar o governo, mas “levar à justiça” os chefes do Exército e da Defesa pelo que ele chamou de erros e ações não profissionais na Ucrânia.

Prigozhin deveria ter partido para Belarus de acordo com os termos do acordo, mas Lukashenko disse na semana passada que ele estava de volta à Rússia e que os combatentes do Wagner ainda não haviam aceitado a oferta de transferência para Belarus, levantando questões sobre a implementação do acordo.

*Com Reuters e Agência Brasil

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