Vinho – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Wed, 26 Jun 2024 15:06:35 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico Vinho – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 Dia do vinho: consumo no Brasil cresce, mas portugueses são os que mais bebem https://investnews.com.br/economia/dia-do-vinho-consumo-no-brasil-tem-alta-mas-portugueses-sao-os-que-mais-bebem/ Sun, 04 Jun 2023 09:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=488142 Há quase 20 anos que um projeto de lei instituiu o primeiro domingo de junho como o dia nacional do vinho. O texto, assinado em 2004 pelo deputado federal do PT no Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, defendeu que a instituição de uma data estaria integrada à perspectiva de crescimento do setor, vindo a servir como estímulo ao consumo.

Apesar de parte predominante dos brasileiros optarem por cerveja, o vinho vem ganhando simpatizantes, uma vez que as vendas da bebida cresceram quase 18% nos supermercados no segundo semestre do ano passado, de acordo com a empresa Horus, que compila dados das notas fiscais emitidas no varejo alimentício.

No entanto, analisando do ponto de vista da produção, o Brasil é o sexto maior produtor do Hemisfério Sul, ganhando apenas do Uruguai, segundo dados preliminares para 2022 da Organização Internacional de Vinhos (OIV). O Chile lidera nessa região, seguido de Austrália, Argentina, África do Sul e Nova Zelândia.

Analisando a produção mundial de vinho houve um recuo de cerca de 1% em 2022, para 259 hectolitros (mhl), ficando abaixo da média de 20 anos pelo quarto ano consecutivo, informou a OIV. Os dados foram coletadas em vinte e nove países, que representam 91% da produção mundial em 2021.

Consumo mundial

O consumo mundial de vinho caiu na mesma proporção em 2022 dados os custos mais altos de energia associados à guerra na Ucrânia, bem como a interrupção da cadeia de suprimentos global, levando a aumentos significativos nos preços do vinho para os consumidores.

Mas um outro item também foi o vilão: a inflação. Os apreciadores de vinho tiveram o poder de compra corroído – apesar de o impacto variar de acordo com a classe social.

Vinho (foto: Pixabay)
Vinho (foto: Pixabay)

Qual país consome mais vinho?

Os Estados Unidos continuam no topo da lista de quais países consomem mais vinho no geral, de acordo com dados da OIV.  O consumo de vinho nos EUA voltou aos níveis anteriores à pandemia de no ano passado, aumentando cerca de 3% em relação a 2021, atingindo cerca de 34 milhões de hectolitros (3,4 bilhões de litros), informou o relatório da Organização. O país corresponde a 15% do consumo mundial da bebida.

Veja abaixo lista com os 10 maiores países [em consumo], de acordo com os números preliminares da OIV para 2022:

Qual país consome mais vinho por pessoa?

Em uma base per capita, a tabela de classificação fica bem diferente. Portugal liderou o ranking em 2022, muito à frente da França, Itália e Suíça, de acordo com os números da OIV. 

Os portugueses consumiram em 2022 nada menos do que 67,5 litros por pessoa. Os franceses, 47,4 litros seguidos pelos italianos, com 44,4 litros.

Mas franceses seguem preocupados com a queda no consumo de vinho entre os mais jovens, em especial após a Associação Americana de Economistas do Vinho (AAWE) publicar um gráfico apontando para a queda no consumo de vinho em quatro grandes nações produtoras europeias entre 1924 e 2018.

No entanto, os portugueses, que eram os que menos consumiam quando comparado aos espanhóis, franceses e italianos, são hoje os maiores apreciadores do mundo.

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À sombra de trabalho escravo, vinícolas brasileiras têm faturamento recorde https://investnews.com.br/negocios/salton-aurora-garibaldi-faturamento-recorde-trabalho-escravo/ Wed, 01 Mar 2023 21:52:24 +0000 https://investnews.com.br/?p=442057 A mais antiga vinícola em atividade no Brasil e líder nacional em espumantes há 18 anos alcançou em 2022 o maior faturamento de toda sua história: R$ 500 milhões. A centenária Salton viu as receitas aumentarem 10% frente a 2021 – e a meta agora é atingir R$ 1 bilhão até 2030. No entanto, outras metas precisarão ser incorporadas aos planos da companhia, entre elas, a reputação da marca. A vinícola, assim como outras duas – Aurora e Garibaldi – estão envolvidas no caso que veio à tona sobre 207 trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão na capital brasileira da uva e do vinho, Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. 

Com cerca de 123 mil habitantes e localizada na Serra Gaúcha, a cidade, berço da vitivinicultura do Brasil, com cerca de 40 vinícolas cadastradas, recebeu 1,5 milhão de turistas em 2021 e 1,14 milhão nos oito meses de 2022, segundo a Secretaria Municipal de Turismo. Os dados englobam aqueles que fizeram a rota do Vale dos Vinhedos, que fica a 15 quilômetros do alojamento onde os trabalhadores foram encontrados em situação degradante pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Condições análogas à escravidão

A ação conjunta foi feita após três trabalhadores fugirem do local e denunciarem o caso à PRF de Caxias do Sul. As 207 pessoas resgatadas saíram em sua maioria da Bahia para Bento Gonçalves com a promessa de um salário mensal de R$ 3 mil, além de acomodação e alimentação. Eles foram contratados por uma empresa que oferecia a mão de obra para a colheita das uvas – matéria-prima para a produção de vinhos – para Aurora, Salton, Garibaldi, além de produtores rurais da região.

Jornadas de trabalho de mais de 15 horas, precariedade do alojamento, violência física, oferta de alimentos estragados, choque elétrico e uso de spray de pimenta foram relatados pelos trabalhadores como meios adotados contra eles pela Fênix Serviços Administrativos – a empresa terceirizada pelas vinícolas. No entanto, as três produtoras de vinhos, espumantes e sucos negam que sabiam sobre a situação dos trabalhadores recrutados pela terceirizada. 

Dois dias antes do caso ser denunciado para a Polícia Rodoviária Federal, o alojamento recebeu alvará de funcionamento da prefeitura de Bento Gonçalves. Os documentos foram divulgados no perfil da deputada estadual pelo PT do estado gaúcho, Laura Sito. Procurada, a assessoria de comunicação da capital do vinho não se pronunciou sobre o alvará. 

Segundo Fabio Alperowhitch, especialista em ESG no Brasil, é inadmissível que empresas escondam-se atrás de suas cadeias de suprimentos “para fomentar práticas criminosas”.

É assim com o trabalho infantil na cadeia têxtil, é assim com o trabalho escravo análogo à escravidão no agro, têxtil e construção, é assim com o desmatamento ilegal na cadeia de carne, é assim com o garimpo ilegal na cadeia das jóias entre tantos outros exemplos”. 

FABIO ALPEROWHITCH

Segundo o gestor do fundo ESG da Fama Investimentos, a responsabilização pela cadeia não é só uma prática ética como também deveria estar amparada por lei. “No caso das vinícolas em questão, estas faturam em conjunto cerca de R$ 2 bilhões por ano. Se quer dá para alegar a falta de estrutura fiscalizatória”. 

Até a publicação desta matéria, o ministério Público do Trabalho não tinha retornado com pedido de posicionamento sobre a responsabilidade das vinícolas no caso.

Imagem de alojamento dos trabalhadores resgatados. Foto: MPT Rio Grande do Sul

Falta de mão de obra x assistencialismo

Segundo nota pública do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves, a situação em que os trabalhadores foram encontrados têm relação com “um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”. Ou seja: a entidade relacionou a falta de mão de obra na região ao pagamento de benefícios sociais, como o Auxílio Brasil e o Bolsa Família.  

“Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”.

Veja abaixo a nota do CIC na íntegra:

“Na condição de entidade fomentadora e defensora do desenvolvimento sustentável, ético e responsável dos negócios e empreendimentos econômicos, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves vem acompanhando com atenção o andamento das investigações acerca de denúncias de práticas análogas à escravidão no município. É necessário que as autoridades competentes cumpram seu papel fiscalizador e punitivo para com os responsáveis por tais práticas inaceitáveis.

Da mesma forma, é fundamental resguardar a idoneidade do setor vinícola, importantíssima força econômica de toda microrregião. É de entendimento comum que as vinícolas envolvidas no caso desconheciam as práticas da empresa prestadora do serviço sob investigação e jamais seriam coniventes com tal situação. São, todas elas, sabidamente, empresas com fundamental participação na comunidade e reconhecidas pela preocupação com o bem-estar de seus colaboradores/cooperativados por oferecerem muito boas condições de trabalho, inclusive igualmente estendidas a seus funcionários terceirizados. A elas, o CIC-BG reforça seu apoio e coloca-se à disposição para contribuir com a busca por soluções de melhoria na contratação do trabalho temporário e terceirizado.

Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.

É tempo de trabalhar em projetos e iniciativas que permitam suprir de forma adequada a carência de mão de obra, oferecendo às empresas de toda microrregião condições de pleno desenvolvimento dentro de seus já conceituados modelos de trabalho ético, responsável e sustentável.”

Imagem de alojamento dos trabalhadores resgatados. Foto: MPT Rio Grande do Sul

Quanto as vinícolas faturaram em 2022

A Salton registrou no ano passado faturamento histórico na casa dos R$ 500 milhões. Em todo 2022, foram comercializados:

  • 24,5 milhões de garrafas (espumante, vinho e não alcoólicos)
  • 17,8 milhões de garrafas de destilados
  • Cerca de um milhão de garrafas exportadas para 30 países
  • 96% dos espumantes brasileiros consumidos nos EUA (Wine Intelligence – 2021)

Mas a Aurora foi quem registrou o maior faturamento entre os pares: R$ 756 milhões – cifra recorde da vinícola em 2022. Atualmente, a empresa conta com mais de 1,1 mil famílias associadas e desenvolve um programa de capacitação para filhos de associados entre 14 a 24 anos para que permaneçam na viticultura.

A fabricante de vinhos sucos e espumantes Garibaldi reportou um faturamento mais modesto, de R$ 265 milhões, o que é 10% maior em relação ao registrado em 2021. As vendas internacionais foram responsáveis pelo montante de R$ 850 mil.

Pelo menos R$ 15 milhões foram aplicados em investimentos na Cooperativa Vinícola Garibaldi – 50% a mais do que em 2021. O complexo Enoturístico recebeu quase R$ 6 milhões.

O que dizem as empresas

Em nota oficial publicada no Instagram, a Salton lamentou o ocorrido e informou que não foi in loco averiguar as condições de moradia oferecidas aos trabalhadores pelo prestador de serviço Oliveira e Santana. “Foi um fato isolado na trajetória centenária da empresa, mas um ponto de melhoria que será endereçado com toda a seriedade e respeito que a situação exige”. 

Entretanto, no manifesto ESG da companhia, a Salton se compromete em integrar os aspectos ambientais, sociais e de governança em todas as etapas do processo produtivo e junto aos diferentes stakeholders que formam sua cadeia de valor. “A sustentabilidade para a Salton é fundamentada em três pilares estratégicos: Produção Sustentável, Relacionamentos Prósperos e Governança ESG”. 

A vinícola Aurora também se posicionou, em nota, dizendo que “não compactua com qualquer espécie de atividade considerada, legalmente, como análoga à escravidão e se solidariza com os trabalhadores contratados pela terceirizada Oliveira & Santana”

A companhia disse ter se colocado à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos e disse estar prestando apoio às vítimas.

A Garibaldi reportou em nota repudiar os acontecimentos e que foi com surpresa e indignação que soube do caso. A fabricante de bebidas também disse que contratou a empresa terceirizada para suprir a demanda pontual e específica do descarregamento de caminhões no período da safra da uva.

“Prontamente, a Cooperativa Vinícola Garibaldi encerrou o contrato de prestação de serviço e colocou-se integralmente à disposição das autoridades competentes para colaborar de todas as formas com as investigações necessárias”.

O administrador da Fênix Serviços Administrativos e Apoio a Gestão de Saúde LTDA, chegou a ser preso pela polícia, mas pagou fiança e foi solto.

Já os trabalhadores receberam parte das suas verbas rescisórias e foram enviados de volta para seu Estado natal em quatro ônibus fretados, com garantia de custeio da alimentação durante o trajeto, segundo o MPT. Apenas 12 dos resgatados permaneceram no Rio Grande do Sul por não terem manifestado interesse em retornar.

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Brasileiro pode economizar 80% ao trazer vinho da Argentina na bagagem https://investnews.com.br/economia/brasileiro-pode-economizar-80-ao-trazer-vinho-da-argentina-na-bagagem/ Mon, 15 Aug 2022 18:22:06 +0000 https://investnews.com.br/?p=355647 A desvalorização do peso não apenas deixou baratos os restaurantes na Argentina, mas também se apresentou como uma oportunidade para os brasileiros aficionados em vinhos. Tanto é assim que, segundo lojistas do comércio especializado na bebida de Buenos Aires, os brasileiros já representam a maior parte da clientela. E esse interesse tem razão de ser: vinhos que saem por R$ 100 ou mais no Brasil podem sair entre 40% e 80% mais em conta quando trazidos na bagagem.

Isso fica claro nos bairros Palermo, Recoleta e Retiro, que concentram muitos hotéis frequentados por turistas brasileiros. Gerente da loja de vinhos Go Bar, no shopping Patio Bullrich, em Palermo, Florencia Ibarra conta que os brasileiros são seus principais clientes. A maioria busca rótulos de Malbec e Cabernet Sauvignon, principalmente de vinícolas da região de Mendoza, no Norte do país.

“Os brasileiros vêm querendo provar vinhos diferentes e acabam comprando muito porque a diferença de preço é muito grande. Temos clientes uruguaios e dominicanos também, mas os brasileiros são 80% do movimento dos vinhos“, diz Florencia. “Os argentinos, curiosamente, compram mais destilados.”

Na loja Go Bar, uma garrafa de DV Catena Malbec 2019, por exemplo, sai por 2.600 pesos. Na conversão do câmbio paralelo do fim de junho, quando a reportagem do Estadão esteve em Buenos Aires, o real valia 53 pesos. Logo, os 2.600 pesos se traduziam em cerca de R$ 51. No Brasil, o mesmo rótulo varia de R$ 100 a R$ 150 em supermercados online.

Enrique “Quique” Martínez é gerente de uma enoteca na Recoleta, outro ponto muito frequentado por brasileiros em Buenos Aires. Ele calcula entre 60% e 80% a proporção de brasileiros que frequentam sua loja. E concorda com a percepção de que eles são atraídos pelo câmbio favorável.

“Os preços são, em média, um terço menores do que no Brasil. E como temos muitos hotéis na região eles acabam vindo comprar conosco”, explica. Ali, o Rutini Malbec 2019 custa 2,5 mil pesos, cerca de R$ 47 reais. No Brasil, esse vinho não sai por menos de R$ 130.

Três caixas na bagagem

Vinho (foto: Pixabay)
Vinho (foto: Pixabay)

A família Belo foi de carro a Buenos Aires para visitar a produtora audiovisual Fernanda Belo, de 37 anos, que está morando na cidade. A visita às lojas de vinho foi obrigatória. E o clã Belo vai voltar para o Brasil com o porta-malas cheio, segundo João Marcos, de 67 anos: “Estamos de carro e temos autorização para levar até três caixas. Vamos levar uma caixa por família.”

Segundo o patriarca, vale a pena levar vinho na bagagem. “Está valendo muito a pena não só comprar vinhos, mas em geral. A comida também é muito barata. A Argentina como um todo ainda é muito barata para nós. Sempre que eu venho pra cá, o pessoal que gosta de vinho pede alguma coisa… Então, a gente leva uma lembrança – e nada melhor que vinho”.

A família Gonçalves também aproveitou para passar em uma loja de vinhos antes de voltar para o Brasil. “Os preços estão bons para alimentação, e os preços dos vinhos também”, diz o farmacêutico e bioquímico Maurício Gonçalves, ao lado da esposa Ingrid e do filho Enzo. A família, de Iracemápolis (SP), visitou pela primeira vez Buenos Aires e aproveitou para conhecer a neve em Bariloche.

“Compramos muitos vinhos de Argentina e do Chile. Agora, vamos aproveitar pra levar duas caixas, que eu acho que é o que podemos levar. Fazendo a conversão do peso por real, em média o valor dos vinhos que conhecemos está saindo por R$ 60 ou R$ 70, e lá a gente paga mais caro”, diz Maurício.

Grande consumidor de vinho, o engenheiro Sílvio Barros, de 69 anos, está aproveitando para levar para casa rótulos que no Brasil têm alto preço, como Catena Zapata, Marcelo Pelegrini, Salentein, Vale del Uco e El Enemigo. Considerando todos os descontos, ele diz que a economia em relação aos preços praticados no Brasil pode facilmente ultrapassar os 50%.

“Vale a pena. Primeiro, tem a questão do preço, em relação ao Brasil. Depois, aqui na Argentina, pagando em ‘cash’ (dinheiro vivo), você ganha ainda mais 10% de desconto. No freeshop, tem também 14% em devolução de impostos. Então, somando tudo isso, você consegue pagar uns 70% mais barato”, diz o engenheiro de São Paulo.

Há ainda uma última opção, caso as garrafas não caibam na mala: é o freeshop do Aeroporto de Ezeiza. O segredo é gastar os últimos pesos da viagem, já que as lojas aceitam a moeda local na conversão do peso oficial – muito abaixo do valor praticado nas ruas, o que na prática favorece o turista.

Ali, vinhos como o Rutini Cabernet Malbec 2020 custam o equivalente a R$ 50. O El Enemigo sai por R$ 90 e o Angelica Zapata, por R$ 100. A vantagem, claro, é que o turista não corre o risco de sujar a bagagem caso a garrafa quebre, já que é possível levar as compras no avião como bagagem de mão.

Outra opção para quem busca vinhos baratos em Buenos Aires são os supermercados de bairro. Todos possuem setores de vinho, ainda que não possuam uma variedade de rótulos tão grande quanto a das as enotecas. A reportagem por exemplo encontrou um DV Catena Malbec 2019 por 1.800 pesos em um supermercado no bairro de Retiro – R$ 33 na conversão do fim de junho. Para quem busca vinhos bem baratos é possível encontrar garrafas por menos de R$ 20, como é o caso do San Valentín.

Apesar dos brasileiros, setor está preocupado

Notas de peso argentino 03/09/2019 REUTERS/Agustin Marcarian/Ilustração

Apesar do bom momento nas vendas, catapultadas pelo retorno do turismo à Argentina com o avanço da vacinação contra a covid-19, e o próprio aumento no consumo de álcool na pandemia de covid-19, a crise econômica e a alta inflação no país prejudicam o setor.

Um dos principais problemas é a escassez de garrafas de vinho. A Argentina tem apenas duas fábricas do material e precisa muitas vezes importar o material de países como a França. Com a restrição à compra de dólares para importadores imposta desde junho pelo governo de Alberto Fernández, fontes do setor relatam dificuldades.

Outro problema são os reajustes. As lojas têm dificuldades em segurar os preços diante de uma inflação que pode chegar a 90% neste ano. É comum nas lojas do centro os vendedores brincarem: “Hoje está mais barato que amanhã”. Eles relatam ainda que um mecanismo comum para atrair clientes é repassar o aumento que vem dos fornecedores e anunciar promoções com algum desconto.

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Ficou sabendo? Evino compra Grand Cru; lucro do Inter https://investnews.com.br/economia/ficou-sabendo-producao-da-petrorio-em-tubarao-martelo-lucro-do-inter-e-evino/ Tue, 26 Oct 2021 23:52:55 +0000 https://investnews.com.br/?p=284279 PetroRio inicia produção de poço em Tubarão Martelo

A PetroRio (PRIO3) iniciou produção do poço TBMT-10H, no campo de Tubarão Martelo, com volume de aproximadamente 3.800 barris de óleo por dia, ainda em período de estabilização, informou a companhia em fato relevante nesta terça-feira (26).

O poço TBMT-10H foi perfurado em 2013 e a instalação da completação superior e interligação do poço ao FPSO Bravo, recentemente realizados pela PetroRio, representam um investimento de aproximadamente US$ 17,5 milhões, com um “payback” estimado de menos de três meses, adicionou a empresa.

“Esta produção incremental também terá o benefício da alíquota marginal de royalties reduzida, de 5%, conforme aprovado pela (agência reguladora) ANP em julho de 2021”, disse a empresa no documento.

Banco Inter tem lucro de R$ 19,2 mi no 3º tri

O Banco Inter teve lucro no terceiro trimestre, no momento em que procura mostrar a investidores que o negócio é rentável antes de buscar uma listagem nos Estados Unidos.

O banco digital anunciou nesta terça-feira (26) que teve lucro líquido de R$ 19,2 milhões no terceiro trimestre. Um ano antes, a empresa havia tido prejuízo de R$ 8,1 milhões.

Segundo a companhia, a diferença reflete aumento nas receitas de crédito e das transações no marketplace. No fim de setembro, a carteira de crédito ampliada do Banco Inter somava R$ 15,9 bilhões, alta de 116% ano a ano.

O saldo de provisão para perdas esperadas com inadimplência ficou em 2,5% da carteira, estável, enquanto o índice de inadimplência acima de 90 dias representou 2,8% da carteira, redução de 0,7 ponto percentual na comparação anual.

Segundo o relatório, o banco tinha 13,9 milhões de clientes no fim do terceiro trimestre, um avanço de 94% em 12 meses. Destes, cerca de 7,9 milhões eram considerados clientes ativos.

A unit do Banco Inter (BIDI11) acumula queda de 53% desde a máxima de julho, em meio à deterioração do cenário macroeconômico brasileiro, com aumento dos juros para conter a inflação, o que deve afetar negócios baseados de rápido crescimento, como as plataformas digitais de serviços financeiros.

Evino anuncia compra de Grand Cru

O e-commerce de vinhos Evino adquiriu a rede Grand Cru, uma das maiores importadoras da bebida da América Latina.

As duas empresas formarão assim o maior grupo varejista de vinhos importados do país, aumentando o portfólio e a rentabilidade das companhias. A expectativa de faturamento com a união das companhias é de R$ 700 milhões ainda em 2021.

*Com informações da Reuters

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Ficou Sabendo? Perfume da Ford com cheiro de gasolina, IPO da Desktop e vinhos https://investnews.com.br/economia/ficou-sabendo-perfume-da-ford-com-cheiro-de-gasolina-ipo-da-desktop-e-vinhos/ Tue, 20 Jul 2021 23:55:43 +0000 https://investnews.com.br/?p=262731 Magnata dos vinhos deserda três filhas cinco dias antes de morrer

Um magnata de vinhos espanhóis deserdou 3 das 4 filhas no seu testamento. Alejandro Fernández, conhecido como o rei do vinho, deixou uma fortuna estimada em 150 milhões de euros apenas para a filha mais nova.

O motivo? Suas 3 filhas mais velhas tiraram o pai do controle da vinícola Bodegas Pesquera. Fernandez faleceu há dois meses, aos 88 anos.

Ford lança perfume com cheiro de gasolina

A Ford foi além e criou um perfume com cheiro de gasolina – mas sem pretensão de comercializar. 

O objetivo é relembrar os donos de carros elétricos como seria dirigir modelos com motores a combustão.

Para chegar à combinação, os criadores do perfume analisaram quimicamente a cabine dos veículos. E o resultado foi um composto de aroma amendoado que remete ao “cheiro de carro novo”, combinado ao cheiro de pneus com notas de metal e fumaça.

Desktop precifica IPO a R$23,50 por ação

A provedora de internet por fibra óptica Desktop precificou na segunda-feira (19) oferta inicial de ações a R$ 23,50 por papel, segundo informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O preço ficou perto do piso da faixa estimativa que ia de R$ 23 a R$ 28.

De acordo com o prospecto definitivo da operação, foram vendidas inicialmente 30.435.000 ações ordinárias no âmbito da oferta primária, totalizando R$ 715,2 milhões Esse montante pode superar R$ 800 milhões, com a colocação do lote suplementar, de até 4.565.250 papéis.

A Makalu Brasil Partners, que administra a participação do controlador da companhia, o fundo norte-americano HIG Capital, e outros acionistas optaram em não vender ações no IPO, o que poderia ter elevado o volume da oferta em até 6.087.000 ações.

Os recursos com a oferta serão destinados para crescimento orgânico, aquisições estratégicas e aumento de posição de caixa.

O IPO teve como coordenadores Itaú BBA, UBS BB, BTG Pactual e Bradesco BBI e as ações começarão a ser negociadas na B3 na quarta-feira, no segmento Novo Mercado, sob o código ‘DESK3’.

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Brasileiro consome mais vinho, impulsiona e desafia o setor, que mira a bolsa https://investnews.com.br/negocios/brasileiro-consome-mais-vinho-impulsiona-e-desafia-o-setor-que-mira-a-bolsa/ Wed, 17 Mar 2021 08:30:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=235183 Se por um lado 2020 exigiu resiliência e trouxe dificuldades para muitos segmentos, por outro teve os que se beneficiaram com os desdobramentos trazidos pela pandemia do novo coronavírus. E o mercado de vinhos foi um deles. A necessidade do isolamento social, fechamento e restrições ao funcionamento de bares, restaurantes e cancelamento de eventos acabaram impulsionando os negócios do setor.

Leia também: Vinho brasileiro tem salto histórico no ano de pandemia

De acordo com a Ideal Consulting, a comercialização de vinhos no Brasil em 2020 cresceu 31% em relação a 2019. Segundo a consultoria, a soma das vendas das vinícolas brasileiras com as importações de vinhos e espumantes totalizou 501,1 milhões de litros, contra 383,9 milhões de litros no ano anterior. Foram 172,2 milhões de litros a mais.

venda de vinhos no Brasil
Venda de vinhos no Brasil

Com este aumento, o consumo por pessoa, medido entre os maiores de 18 anos, ficou em 2,78 litros. Em 2019, eram 2,13 litros. Apesar desse crescimento, o consumo individual da bebida no país ainda segue baixo, ocupando a 74ª posição no ranking mundial, segundo a consultoria inglesa Wine Intelligence. 

Além do aumento do consumo, cresceu também o número de novos adeptos ao vinho no Brasil. De acordo a Wine Intelligence, em 2010, os consumidores regulares somavam 22,4 milhões de pessoas. Uma década depois, totalizou 39 milhões. Só entre 2019 e 2020, foram mais de 3 milhões de novos consumidores regulares, aqueles que passaram consumir vinho ao menos uma vez por mês.

E não foi só diante dos consumidores que o mercado de vinhos chamou atenção em 2020. Ele se aproximou da bolsa de valores também. Com o boom de IPOs no ano passado, diversos foram os segmentos que protocolaram pedidos de abertura de capital junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E, entre eles, o de vinhos, como o clube de assinatura de vinhos Wine.

A companhia pediu registro para oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em setembro de 2020, estimando levantar cerca de R$ 700 milhões com o processo, mas suspendeu seus planos, citando “instabilidades no mercado financeiro e o ritmo acelerado e constante de crescimento da empresa”. Neste mês, porém, a empresa voltou à CVM com o pedido de registro de companhia aberta.

2021 positivo para o setor

Neste cenário, o ano de 2021 continua sendo visto com bons olhos por este mercado e com novos rumos para o setor.

A importadora e distribuidora de vinhos Grand Cru estima crescer por volta 35% este ano e faturar acima dos R$ 310 milhões. No ano passado, o faturamento foi de R$ 235 milhões. A empresa, que possui 1.600 rótulos e é multicanal, tendo lojas próprias, franquias, vendas online, atendimento a supermercados e restaurantes, além de um clube de assinaturas, já está entregando 30% mais que em fevereiro do ano passado, antes do início da pandemia. Para 2021, a intenção é abrir 35 lojas, número muito maior que a média, que fica entre 15 e 17 lojas.

Apesar disso, a importadora viu seus canais de vendas ganharem novas direções. Os restaurantes, por exemplo, representavam 80% do canal B2B (empresas que vendem para outras empresas) na pré-pandemia. Em fevereiro de 2021, caiu para 25%. As lojas próprias representavam 33% e foram para 25%. Já o canal digital saltou de 8% de representatividade para 25%.

Os números estão na esteira do que aponta a Wine Intelligence. Segundo a consultoria, o Brasil já é o terceiro maior mercado do mundo, em número absoluto, de consumidores de vinhos online. São mais de 10,6 milhões, atrás apenas dos Estados Unidos (19,3 milhões) e da China (27,3 milhões).

Este cenário fez a Grand Cru olhar ainda mais para os negócios digitais. “A gente sempre foi multicanal e vinha crescendo em todos os canais. Se a empresa fosse só digital, talvez teria “surfado uma onda” melhor em 2020. Nossa base de clientes digital é menor. Agora, o nosso desafio é aumentar ela”, diz Alexandre Bratt, CEO da importadora.

Bratt explica que a empresa, que tem como carros-chefes vinhos que ficam entre R$ 120 e R$ 300, sentiu no começo da pandemia uma busca grande de consumidores por promoções. Com isso, o ticket médio da importadora caiu no começo da pandemia. Ele conta que, neste período, o segmento de atuação da empresa diminuiu com força já que, na avaliação dele, as pessoas estavam mais preocupadas financeiramente e deixaram de consumir vinho caro.

“As pessoas começaram a procurar e a reagir muito a campanhas. Quem tivesse a melhor campanha iria trazer mais gente. E a Grand Cru não é de fazer promoção, mas a gente fez mais para ajudar as lojas e franquias a vender”, explica.

Por outro lado, com o perdurar da pandemia e da necessidade de quarentena, a empresa conseguiu crescer e entregou crescimento 30% maior de setembro a dezembro de 2020 na comparação com 2019, com destaque para a venda de vinhos de maior valor.

“O que a gente viu no final do ano foi quase uma inversão. As pessoas que consomem vinhos mais caros, normalmente em viagens, acabaram perdendo as oportunidades de viajar e os vinhos das adegas delas foram terminando. Então, vimos uma elevação do ticket médio e uma venda muito maior de vinho de alto valor agregado. O consumo de vinhos acima de R$ 1.000 subiu mais do que 1.000% no final ano”, destaca Bratt.

Em entrevista ao InvestNews, o CEO da Grand Cru falou ainda sobre concorrência, o futuro do mercado de vinhos, desafios para os negócios e da importância do setor estar presente na bolsa de valores. Leia abaixo:

InvestNews – Como está a relação do brasileiro com o vinho? A tendência de aumento do consumo veio para ficar?

Alexandre Bratt – Tem uma migração natural. Isso aconteceu em muitos países. O Brasil está muito atrás no mundo, a gente tem o consumo per capita de 2,7 litros por ano, o que significa menos de uma taça por mês por adulto, mas isso já é um crescimento importante, pois, no começo do ano de 2020, a gente estava com 2 litros por pessoa. Se comparar, na África do Sul são 9 litros per capita. Em relação à Europa, a gente fica 20 vezes abaixo o consumo de lá. Mas, sim, mudou bastante o relacionamento do brasileiro com o vinho. A busca na internet pelo termo vinho aumentou, as postagens em redes socias também. O paladar não regride. A gente tem um cenário muito positivo pela frente.

InvestNews – A Grand Cru tem lojas próprias, lojas franqueadas e vendas para bares e restaurantes. Isso tudo foi impactado com as medidas de restrição social impostas por causa da pandemia. Quais foram os desafios para os negócios que acabaram sendo afetados e como crescer e continuar ganhando mercado?

Alexandre Bratt – Desafios internos e externos não faltaram. Externos, o primeiro foi pandemia e o segundo foi câmbio. O câmbio subiu muito ano passado e a gente tomou uma decisão de não repassar preço para o cliente. Absorvemos isso internamente, porque não era o momento para repassar. Decidimos apoiar os nossos clientes como B2B, franquias e os novos consumidores. Fomos penalizados em margem. Internamente, a gente teve um desafio de cultura muito forte e uma adaptação natural de time para esse novo modelo. Trouxemos figuras diferentes, como uma head de transformação digital. Não era uma posição que a gente imaginava ter no começo do ano passado, mas tem tantos projetos de transformação digital que estamos implementando, que precisamos estruturar uma área de digital. Esse ano, um dos projetos mais importantes é transformar cada uma das nossas lojas em hubs logísticos. Não vamos esperar alguém começar abrir lojas para a gente fazer isso. Vamos começar este ano.

InvestNews – O dólar foi um grande vilão das importações em 2020. Sendo uma importadora, como conseguir manter clientes e oportunidades?

Alexandre Bratt – Nós não aumentamos o preço. Absorvemos em margem. Conseguimos ter ótimas negociações com todas as nossas vinícolas para nos apoiar. Boa parte dessa flutuação de dólar, não tivemos. Combinamos isso com as vinícolas. Elas também estavam sendo afetadas pela pandemia, o mercado delas tinha diminuído e elas não queriam perder mercado no Brasil. Então, conseguimos ter boas negociações. Além disso, fizemos também muitas compras antecipadas no ano passado, ainda com outras negociações com vinícolas. Tínhamos um caixa robusto que permitiu ter condições especiais para trazer vinhos. O mercado de vinho não usa derivativos para fazer hedge cambial. Este ano, vamos começar a fazer. Em 2020, perdemos alguns milhões por causa de câmbio. Nosso estoque hoje está dolarizado a R$ 4,80. Conseguimos ainda ter algum fôlego, mas é pouco. E parte das negociações que tínhamos em 2020 não se manterão para 2021. Estamos tentando e renegociando, mas não são todas que a gente consegue. O dólar foi e continua sendo um bom vilão para a gente.

InvestNews – Na pandemia, cresceu o número de consumidores e a quantidade consumida de vinho. E, neste cenário, os vinhos nacionais ganharam força. Como foi e é competir com este mercado de novos consumidores de vinho, que procurou itens nacionais e com preços mais acessíveis?

Alexandre Bratt – Nós não competimos tanto. Temos poucos vinhos nacionais. Houve, sim, uma demanda específica por vinhos nacionais, mas vinhos baratos nós não temos. A nossa segmentação é ter o melhor custo e benefício dentro das faixas onde atuamos. Vinhos abaixo de R$ 50 nós temos, mas são poucos, não é o nosso foco. Nossa faixa mais estrelada é uma que vai até R$ 250/R$ 300. Os nosso carros-chefes ficam entre R$ 120 e R$ 300. Esse é o tipo de vinho que os nossos consumidores mais buscam. Nós vamos, sim, e já está fazendo um movimento de ter um sortimento maior, abaixo de R$ 100, mas não queremos competir com vinhos de R$ 20, que não é a nossa proposta e não é aonde costumamos atuar.

InvestNews – Em 2020, houve um crescimento de consumo e de importação atípicos, em função da pandemia. Como manter esse ritmo de alta conquistado pelo setor?

Alexandre Bratt – Nós ficamos aquém do planejamento original, que fizemos em 2019, que era um crescimento de 17%, e nós crescemos 5%, mas tivemos um crescimento bom em margem. Nossa margem Ebtida cresceu 37%. Tivemos uma concentração de importação no segundo semestre. No primeiro, quando veio a pandemia, a gente parou a importação, pois a gente não sabia o que iria acontecer. Todo mundo quer proteger o caixa. Foi tudo surpresa e nossa primeira reação foi ser conservador, parar as importações. Estávamos com quase 2 milhões de garrafas em estoque. Então, a gente tinha um bom estoque para girar o negócio por alguns meses e paramos a importação. No final de abril, vimos que estávamos conseguindo vender e que o cenário não estava tão caótico como a gente esperava. Desenhamos um cenário onde nosso Ebtida seria zero. Foi nosso cenário de guerra. Em abril, conseguimos vender 85% do que estava planejado. Em março, 80%. Vimos que tinha alguma esperança e que o mercado não tinha derretido como um todo. Aí voltamos a comprar, concentramos muito das vendas no segundo semestre, negociamos com fornecedores pagamentos à vista e fizemos a compra de algumas milhões de garrafas com pagamento à vista para consertar o câmbio que estava nas alturas. Tivemos uma importação no segundo semestre que foi praticamente o dobro do primeiro semestre.

InvestNews – Até que ponto essas novas tendências do mercado de vinho vão permanecer relevantes após a quarentena? É possível fazer alguma projeção?

Alexandre Bratt – Com certeza. Temos alguns movimentos. O vinho nacional teve um impulso muito grande no ano passado. Muitas pessoas experimentaram vinhos nacionais e de menor valor agregado. Então, é muito provável que isso se mantenha. Ele só não cresceu mais porque acabou a produção nacional. Houve uma ruptura muito grande em vinícolas nacionais. Com certeza vamos ver uma intensificação de consumo de vinhos nacionais este ano. Não vejo como um movimento de massa, como foi o ano passado, com mais milhões de pessoas entrando no mercado de vinho. Acho que a gente volta para uma estabilização. O que vamos começar ver é uma troca dentro da categoria de vinhos. As pessoas que não costumavam beber vinho e consumiam outras bebidas destiladas têm uma tendência de subirem cada vez um degrau na escada dos vinhos. E, antes, não, pois não era uma pessoa iniciada no mundo dos vinhos. Com certeza vamos ver anos muito fortes para o vinho.

InvestNews – A Grand Cru tem concorrentes que já são 100% digitais, outros que já eram antes da pandemia. Como estão atuando para ficar competitivo neste segmento?

Alexandre Bratt – Vários aspectos. O nosso cliente já busca um portfólio diferenciado. Nosso digital vai se tornar cada vez mais relevante por meio das nossas lojas, por mais maluco que isso possa parecer. Acreditamos muito na experiência humanizada do vinho. A Grand Cru cresceu com esse paradigma e ele se provou muito verdadeiro. Se você tem alguém falando da história do vinho, da vinícola, de harmonização, é muito diferente do que ser self service e você ir para o site comprar. Temos um site para cada loja e é um diferencial competitivo. Nossos concorrentes são muito bons em digitais, têm plataformas robustas, mas a velocidade de eles mudarem o digital é mais devagar que a nossa velocidade, até pela cultura que a gente tem de não ser digital. Então, agora, estamos imprimindo essa cultura de ser digital e podemos errar muito mais do que eles também erraram para chegar em modelos super firmes. Nossa base de clientes digital é menor. Agora, o nosso desafio é aumentar a base. E o deles é usar a base que já têm para vender vinhos mais caros. Cada um tem o seu desfio. Temos concorrentes que são só online, mas também tem os que são só offline. O nosso modelo é juntar o melhor dos dois mundos. Isso é o que estamos buscando esse ano.

InvestNews – Existem também os empreendedores, que estão dando novas caras para os vinhos, novas formas de consumir, agregando valor e praticidade. Isso chega a ser uma concorrência direta, uma ameaça aos negócios das importadoras?

Alexandre Bratt – Depende. Tem um pouco de tudo. Tem startups que estão sendo criadas que são completamente complementares ao nosso modelo de negócio. Tem startup, por exemplo, que leva vinho para condomínios residenciais. Isso é complementar, eu quero ter meu vinho lá. Tem startups que ajudam cliente no supermercado a escolher o vinho, por meio de totem. Tem outras que estão importando vinhos de algumas outras regiões e isso, sim, é 100% concorrente com a gente. Tem startups de tecnologia que estão virando marketplace de vinho, acho que é complementar ao nosso negócio. Então, tem de tudo. Concorrentes fortes surgindo e empreendedores que são complementares ao nosso modelo. Hoje, eu vejo muito mais complementariedade do que concorrência nesses novos empreendimentos que estão surgindo. Eu converso com muitos deles. Por mais que somos uma empresa tradicional, hoje queremos ser quase uma startup. Queremos crescer e falar com todo mundo.

InvestNews – O clima quente no Brasil, os altos preços, a dificuldade de importação e uma produção incipiente são fatores que afastaram o país de se tornar uma grande referência no mercado mundial. Como reverter este cenário? A questão tributária também é um empecilho?

Alexandre Bratt A questão tributária do Brasil é muito complexa. O vinho nacional tem ganhado muita qualidade nos últimos anos, tem muitas vinícolas que estão sendo premiadas e reconhecidas internacionalmente. O clima, que antes era um fator muito determinante na qualidade do vinho, hoje já temos tecnologia para a produção de uvas que são mais adequadas ao vinho. O que temos hoje no Brasil é um custo não competitivo que leva a um preço não competitivo. O mercado nacional, e não é só o do Brasil, está caminhando para a vinícola vender direto para o consumidor. Eles estão querendo acessar maior margem da cadeia. Isso é no Brasil, na Argentina, no Chile. Acontece em todos os países. Por isso que é tão difícil para nós, como importadora, ter grandes rótulos de vinhos nacionais no nosso portifólio, pois as vinícolas querem vender direto e grande parte delas tem seu site para isso. Em um futuro muito próximo, os vinhos nacionais vão ter mais mercado e, inclusive, para exportação. É difícil a exportação de vinho brasileiro, porque os nossos países vizinhos são referência em produção de vinho. Mas, sim, sempre vai ter algum mercado. Vai ter um momento muito em breve onde o vinho brasileiro vai ganhar mais relevância.

InvestNews – Se comparado aos europeus, por exemplo, os brasileiros consomem bem pouco vinho. Pode-se dizer que o mercado do Brasil ainda é imaturo neste aspecto? O que falta para o país se tornar mais forte no consumo de vinhos? Ainda há muito terreno para ser explorado?

Alexandre BrattPara mim, o principal fator, hoje, que impede que a gente cresça mais rápido é o preço. O preço de uma garrafa de vinho ainda é caro, se considerar outras bebidas. Para termos um fortalecimento do mercado, precisamos ter uma revisão da tributação do mercado de vinhos. Uma garrafa de vinho bom em Portugal, que consome 56 litros per capta, custa 2 euros. Esse vinho vai chegar aqui por R$ 100, com os impostos. É muito difícil que a gente chegue neste patamar. Já conseguimos o crescimento de 2,7 litros per capta, vamos evoluir, evidentemente, mas não vamos chegar em 50 litros per capta, muito provavelmente nem em 10 litros per capta, o que não é grave. Significa que ainda temos espaço de quadruplicar nosso mercado. E o meu desafio é como pegar esse mercado e fazer com que as pessoas comecem a tomar vinhos cada vez melhores, mas não da para comparar com Portugal, que tem um consumo muito maior. Com um vinho de 2 euros na prateleira, todo mundo consegue tomar vinho por lá. E é cultural também. Nossa cultura não é muito de vinho, é mais de cerveja, mas, se uma garrafa de vinho bom custasse aqui R$ 2, com certeza teríamos um mercado maior que o de Portugal. 

InvestNews – Qual espaço ainda falta para o setor conquistar? O que você vê como tendência nos negócios do setor?

Alexandre Bratt – Hoje, o vinho se associa e é o que é por causa da gastronomia. O vinho se fez e vai continuar se fazendo muito em cima disso. Então, a gastronomia é fundamental no desenvolvimento do vinho. Acho que é um começo, ainda tem muito a desenvolver de gastronomia, mas em algum momento o vinho tem que descolar dela. Ele tem que ser uma bebida para se tomar em qualquer ocasião. E isso já acontece. Tem pessoas que levam o vinho para um churrasco, uma praia, em outros momentos em que não eram tão comuns. Tem duas grandes tendências que a Wine Intelligence fala para 2021: em lata e em caixas. E eles são opostos. O vinho em lata é para ser prático. E o em caixa por uma questão de custo. São duas tendências importantes no mercado do vinho e que vão ajudar muito no consumo. Ainda temos muito preconceito no mercado do vinho. Isso é uma barreira importante por crescimento do segmento. O vinho tem que ser tomado da forma que cada pessoa entender que tem que ser tomado. Precisamos desmistificar a indústria do vinho e aí, sim, ela vai crescer. Esses conceitos de rolha, taça específica e temperatura ideal afastam muito a população do mercado do vinho. Não digo nem baratear o vinho, mas desmistificar. Temos 99% da população que não toma vinho. Se tivermos esses obstáculos, não vamos chegar lá.

InvestNews – Vimos no ano passado o interesse da Wine em fazer abertura de capital. Como você avalia este cenário? Está nos planos da Grand Cru fazer IPO algum dia?

Alexandre Bratt Ter uma empresa do segmento de vinhos em bolsa de valores, eu acho ótimo. O mercado do jeito que estava aberto, muita gente poderia entrar. Eu acho que seria muito bom, para dar visibilidade para a indústria. Eu gostaria de ver uma empresa na bolsa, sim. Acho que, de uma maneira estrutural, nenhuma empresa de vinhos hoje tem muito tamanho para abrir capital. Se bem que isso está deixando de ser um ponto nevrálgico na questão de IPO. Hoje, vemos empresas bastante menores que a Grand Cru abrindo capital. O cenário de abertura de capital mudou e acho que alavancado pelos juros baixos e alto números de CPFs novos na bolsa. Acho que tem espaço, sim, para algumas empresas se mexerem, não para muitas. Sobre a Grand Cru, não discutimos isso. Em algum momento tem que começar a discutir uma transição do fundo de private equity, que é controlador da Grand Cru, o Aqua Capital. Nos próximos anos, o Aqua vai ter que se desfazer do controle e aí a temos alguns cenários. Ele pode vender a participação para algum outro fundo de private equity, para um estratégico, não necessariamente do mercado de vinhos, como o de varejo, ou abrir capital. Acho que é um dos três caminhos que vai estar na mesa em um futuro não muito distante.

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Wine volta a pedir registro de companhia aberta https://investnews.com.br/negocios/wine-volta-a-pedir-registro-de-companhia-aberta/ Fri, 12 Mar 2021 12:35:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=234525 O clube de assinatura de vinhos Wine pediu registro de companhia aberta, retomando os planos para explorar ferramentas de financiamento no mercado de capitais, incluindo uma eventual oferta de ações (IPO, na sigla em inglês), para apoiar o ritmo acelerado de crescimento do plano de negócios.

Leia mais: O que é IPO? Saiba como é a estreia das empresas na Bolsa

A empresa havia entrado com pedido no ano passado, mas decidiu suspender citando “instabilidades no mercado financeiro e o ritmo acelerado e constante de crescimento da empresa”.

No ano passado, a empresa faturou R$ 450 milhões, um crescimento de quase 40% em relação a 2019, com 40% da sua receita decorrente do clube de assinatura, enquanto 60% das vendas do e-commerce já são originadas no aplicativo.

Fundada em 2008 e atualmente com mais de 240 mil sócios no Clube Wine, a companhia afirma que vem desenvolvendo novas frentes, como sua unidade de B2B e vendas diretas, “que estão em ritmo acelerado de crescimento”.

Além da presença no online, a Wine inaugurou nos últimos meses lojas físicas em diferentes regiões e hoje possui oito unidades — três em São Paulo e outras em Campinas, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. A previsão é de abrir mais cinco lojas físicas no primeiro semestre.

“De modo a manter sua expansão e seguir consolidando o mercado, a empresa vai buscar fontes de financiamento, para movimentos orgânicos e inorgânicos”, afirmou a Wine, que se apresenta como o maior clube de assinatura de vinhos do mundo.

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