Tecnologia
A importância dos NFTs e a propriedade intelectual
Mesmo sob ataques, questionamentos e suspeitas, os ‘tokens não fungíveis’ vieram para ficar.
Atualmente, muitos ainda tentam entender os conceitos por trás dos NFTs e a sua aplicabilidade, tanto no mundo real quanto no virtual. Com a proximidade da Copa do Mundo do Catar podemos fazer uma analogia entre estes dois mundos através do álbum de figurinhas lançado pela Panini. De 4 em 4 anos, muitos colecionam as figurinhas, misturando paixão, socialização entre amigos, trocas e transações. Uma figurinha do Neymar, identificada como rara, já foi colocada à venda por R$ 9 mil.
Mas o que há em comum entre uma figurinha da Copa e o NFT? Além de serem colecionáveis, possuem valores distintos e podem trazer benefícios exclusivos.
Você se dirigiu até a banca mais próxima e comprou o seu pacote de figurinhas. Ao abri-lo, você tirou uma figurinha de um determinado jogador. Neste momento, esta figurinha possui um valor igual a uma réplica que o seu amigo possui e não pode ser comparada a um NFT.
Agora se este jogador assinar a sua figurinha ela passou a ser única e provavelmente possuirá um valor maior do que uma figurinha sem ser assinada, concorda? E se este mesmo jogador resolvesse assinar 10, 100 ou 1.000 figurinhas, criando assim uma coleção de figurinhas autografadas? Os detentores destas figurinhas, consideradas raras, teriam o direito de participar de uma festa, um churrasco ou um jantar único promovido por este jogador, um benefício exclusivo para os detentores desta coleção.
Assim são os NFTs: únicos, raros, colecionáveis, possuem valores distintos e podem trazer benefícios tanto no mundo físico quanto no virtual. Um determinado NFT pode tornar o seu avatar mais rápido ou mais forte dentro de um jogo, por exemplo.
Segundo a Panini, na Copa de 2018 foram produzidos no Brasil diariamente 8 milhões de pacotes, ou seja, 40 milhões de figurinhas por dia! Por que o ser humano se sente atraído por isso? Fatores psicológicos podem explicar a necessidade de pertencimento, medo de ficar de fora e também competitividade. Se você está colecionando ou já colecionou o álbum da Copa, não quer ficar de fora das discussões e trocas com os seus amigos e tem como objetivo completar o álbum, de preferência o quanto antes, talvez ser o primeiro da turma.
Agora você pode aplicar este mesmo conceito para outros assets digitais como música, filmes, obras de arte, fotos históricas, vídeos de shows, jogos e gols memoráveis. Todos eles podem ser transformados em NFTs. Um artista pode gerar receita antes mesmo de começar a vender o seu novo disco. Cada música se transforma em um NFT e pode ser comprada de forma fracionada por vários fãs (como multipropriedade). Uma banda poderia transformar a capa de um disco famoso em um NFT e vendê-la por um valor jamais antes pensado, pois o(s) novo(s) proprietário(s) passaria(m) a ter os direitos sobre essa imagem.
Propriedade Intelectual
NFTs fornecem prova única, verificável e imutável de propriedade de bens digitais.
O NFT passa a ter um papel fundamental no contexto da propriedade intelectual.
A Propriedade Intelectual (PI) ou “IP” em inglês, é conceito que abrange os direitos sobre os produtos ou processos do conhecimento, sejam eles tangíveis ou intangíveis.
Se olharmos como tudo começou no Brasil, no início do século XIX, quando Dom João VI assinou o primeiro alvará sobre patentes reconhecendo o direito do inventor por 14 anos e entendermos a aplicabilidade dos NFTs demos um salto gigantesco, talvez inimaginável anos atrás.
Artistas, atletas, games e empresas de uma maneira em geral começam a vender os mais variados itens através de NFTs e nós como fãs ou investidores (ou ambos) começamos a movimentar essa nova economia digital.
Segundo a Forbes, uma pesquisa da Chainalysis mostra que, até abril, os tokens não fungíveis já movimentaram mais de R$ 144 bilhões neste ano, o equivalente a US$ 30 bilhões. No ano passado, o valor total transacionado foi de R$ 192 bilhões, ou US$ 40 bilhões.
Porém, como um processo similar a outros investimentos financeiros, comprar NFTs exige estudo e avaliação dos riscos.
Nos vemos do outro lado!
*Fernando Godoy é empreendedor serial há mais de 25 anos em tecnologia e inovação nos EUA e no Brasil, especialista em experiências imersivas e metaverso, pioneiro na utilização da realidade aumentada, virtual e mista. Fundador da Flex Interativa e Cervejaria Leuven, autor dos livros Metodologia Startup Village e Revolução Metaverso (breve lançamento), palestrante, professor, mentor e investidor de startups. |
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